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Ensaios-->Reforma Pornográfica -- 08/04/2009 - 13:17 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Reforma Pornográfica

Luís Mauro Ferreira Gomes (*)

Em 30 de março de 2009

Quem tem lido o que escrevemos sabe que, na seleção dos temas, dificilmente, fugimos do nosso objetivo principal – denunciar os avanços do grupo que, a partir do governo federal, pretende implantar uma extemporânea ditadura de esquerda no País.

Desta vez, aparentemente, vamos romper a regra para falar sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Embora o façamos justamente no momento em que o editor do único veículo que ainda publicava os nossos artigos políticos (e os vinha acolhendo, desde meados do ano de 2003) decidiu não mais fazê-lo, não foi essa a razão da nossa escolha.

Se, para não desagradar os detentores do poder, para satisfazer a antipatias ou maus humores ou, ainda, por qualquer outra razão, rejeitam os nossos textos sérios, não nos interessa que divulguem matérias em que, por ventura, abordemos o que a sabedoria popular convencionou chamar de “abobrinhas”.

Não obstante, o assunto de que trataremos está intimamente ligado à nossa principal preocupação. É o que veremos a seguir.

Os mitos

Como tem sido muito comum, sempre que pretendem impor à sociedade normas que lhe ferem profundamente os interesses ou os direitos, a mentira é usada sem nenhum pudor pelos agentes públicos e por formadores de opinião inescrupulosos. Por certo, aqui não foi diferente. Vamos contradizer alguns dos argumentos mais usados para defender essa excrescência conhecida como Reforma Ortográfica

Vejamos:

1) A língua portuguesa é a única que não tem uma ortografia única.

Inverdade! Ao contrário, todas as que conhecemos admitem que certas palavras sejam grafadas de forma diferente, conforme os países em que são faladas. Em inglês, por exemplo, as palavras licença e centro grafam-se, respectivamente, “licence” e “centre”, na Inglaterra, e “license” e “center”, nos Estados Unidos. Os bons dicionários registram as duas formas. Como disse George Bernard Shaw, “England and America are two countries separated by a common language”. Já os nossos amigos e vizinhos, os argentinos, fazendo o uso do “voseo” (emprego do pronome “vos”, por “tu”), escrevem “vos tenés”, em vez de “vosotros teneis”. A Gramática, o Dicionário e o Dicionário Pan-Hispânico de Dúvidas da Real Academia Espanhola registram-no. Como esses, há uma infinidade de outros exemplos, qualquer que seja o idioma escolhido.

2) O português, até hoje, não é uma língua oficial da ONU, porque não tem uma ortografia unificada.

Inverdade! Como vimos, o inglês e o espanhol admitem mais de uma forma de se grafarem as palavras e são idiomas oficiais daquela Organização. Se o nosso ainda não o é, isso provavelmente se deve à ineficiência da ação diplomática dos governos dos países lusófonos. Além disso, como veremos a seguir, as mudanças cosméticas pouco alteraram a duplicidade de grafia das palavras em português.

3) O Acordo Ortográfico não pretende unificar a língua, procura, apenas, estabelecer uma grafia única para as palavras.

Inverdade! O Acordo não fez nem uma coisa nem outra. Muitíssimas palavras continuam ter a dupla representação gráfica que antes tinham, enquanto outras, que já adotavam forma única, passaram a grafar-se de outra maneira distinta da anterior, ou seja, inútil para a alegada unificação. Vejamos alguns exemplos disso: A palavra nucleico, que em Portugal se escrevia nucléico, continua com as duas formas, sem unificação, portanto. O mesmo se pode dizer de caráter e carácter. Enquanto isso, nefróide, que só apresentava essa grafia, passará a escrever-se nefroide, diferente, como se vê, da antiga. O hífen tornou-se outra forte evidência do festival de bobagens em que se transformou o Acordo. Como são incontáveis as palavras que continuam a ter reconhecida a duplicidade ortográfica, pode dizer-se que a unificação foi a exceção. Na prática, não houve unificação, somente alterações sem sentido e sem critério. E não poderia ser diferente. Alguém consegue imaginar um brasileiro escrever, por exemplo, torre de controlo, ou um português dizer que perdeu o controle da situação?

4) O Acordo Ortográfico facilitará o aprendizado da língua, pois simplifica a escrita.

Inverdade! Resumidamente, há três tipos de pessoas que escrevem em português. Os semi-analfabetos, que não sabem o que é hífen nem o que é trema; confundem “C”, “Ç”, “S”, “SS”; não usam o plural dos substantivos nem dos adjetivos; e nunca ouviram falar em concordância, qualquer que seja o tipo. Esses continuarão a ser assim formados em nossas péssimas escolas e não será a alteração na grafia de umas poucas palavras que lhes dará maior domínio do vernáculo. Continuarão a escrever como sempre o fizeram, e ninguém se preocupará com isso. Há, também, aqueles que, por falta de tempo ou preguiça, ou, ainda, por ignorância, escrevem seus textos & 822; inclusive livros & 822; sem o menor cuidado com a gramática do nosso tão violentado idioma, e os confiam, depois, a revisores que se encarregam de torná-los legíveis. Esses autores também continuarão a escrever como sempre fizeram e em nada se beneficiarão com as alterações do Acordo. Os revisores, estes sim, terão de aprender as novas regras, provavelmente, no manual barato da editoria de algum jornal. Finalmente, há os que têm um carinho especial pelo que escrevem. Para esses, as dúvidas estão muito além dessas mudanças ridículas e, sempre que ocorrem, são dirimidas com a leitura dos bons autores, das boas gramáticas e dos bons dicionários. Não precisariam de que alterassem a grafia das palavras para escreverem corretamente, pois já o faziam antes do Acordo.

5) A unificação beneficiará o mercado editorial, tornando mais fácil a venda dos nossos livros nos outros países de língua portuguesa.

Inverdade! As pequenas diferenças gráficas hoje existentes & 822; que, como já dissemos, não foram eliminadas & 822; jamais dificultaram a leitura de obras brasileiras nos outros países de mesmo idioma, nem as deles, no Brasil. Se alguma dificuldade existe, está no uso de palavras com significados diferentes, o que o Acordo não contempla. Nada que não se resolva com um bom dicionário que registre as acepções dos verbetes nos vários países em que são usadas, como o faz o já citado Dicionário da Real Academia Espanhola.

É incompreensível que membros da Academia Brasileira de Letras, que supostamente, deveriam defender o idioma, tenham aderido, tão despudoradamente, a essa tolice.

Faz algum tempo, vimos, em um programa de televisão, o acadêmico Domício Proença Filho sofismar de todas as formas, para defender o indefensável. Chegou, então, próximo do deboche, quando disse que as palavras não foram alteradas na essência, mas “na roupagem”. Aquelas que se viram privadas do trema teriam apenas “perdido um adereço”, como se tal sinal diacrítico fosse tão inútil e vulgar quanto um brinco na orelha, uma argola nas fuças ou um “piercing” no umbigo, no mamilo ou em outra parte da anatomia de um idiota qualquer.

Esse Acordo é de 1990 e, somente agora, o governo brasileiro resolveu, açodadamente, pô-lo em prática. Por que o fez?

Como sabem os que vêm acompanhando, com um mínimo de atenção, o movimento criado por Luiz Inácio da Silva no Foro de São Paulo, para a implantação de ditaduras de esquerda nos países latino-americanos, o nosso presidente não têm qualquer compromisso com o Brasil nem com o povo que o elegeu. Todas as suas atenções estão voltadas para o objetivo maior da ideologia internacionalista que o condiciona: o estabelecimento de uma grande pátria socialista na Região.

Para tanto, é preciso impedir qualquer possibilidade de reação por parte do Brasil, que, como se mostra evidente, é o país que se tem revelado menos propício a sucumbir, sem luta, às investidas totalitaristas de grupelhos subversivos. Isso implica destruir tudo o que, tradicionalmente, nos une.

Explicam-se, assim, os ataques irracionais e violentos às Forças Armadas; a desmoralização das Instituições; o fomento da discórdia; a reinvenção do racismo. E, também, a instituição da insegurança física e jurídica; a negação dos verdadeiros heróis da Pátria e a exaltação dos criminosos; a criação de enclaves indígenas e quilombolas, tão desproporcionalmente extensos e númerosos, a ponto de fracionar todo o território nacional; além de tantas outras ações deletérias dos agentes governamentais.

Mas faltava ainda solapar um dos pilares da existência do Brasil como nação única: a nossa unidade lingüística, até então intocada.

Muitas ações já começaram a ser adotadas para modificar essa realidade. Estão aí vários programas de televisão transmitidos em espanhol por estações Oficiais. Tais programas são desnecessários, porquanto somente abordam temas de interesse exclusivo das ditaduras de esquerda que se instalaram nos países vizinhos, contudo, abrem mais uma fenda na unidade do nosso idioma.

Também é de se notar o grande esforço do governo para ressuscitar línguas já mortas, antigamente faladas por grupos étnicos, há muito, aculturados.

O Acordo Ortográfico, violentamente imposto sem que, pelo menos, fosse discutido por aqueles que, verdadeiramente, escrevem em português, é mais uma ação nesse diapasão.

As línguas não são imutáveis, mas o que lhes determina a evolução é o uso que delas fazem os grandes escritores. Seguramente, não é por decreto que as alterações devem ser impostas. Estes servem, somente, para oficializar aquilo que já foi consagrado pelo uso.

O nosso idioma é assunto muito sério para ser tratado apenas por uma meia dúzia de acadêmicos desavisados e burocratas governamentais mal-intencionados.

Para que serve, então, esse Acordo? Apenas para os propósitos dos que o impuseram e para o benefício dos que vão lucrar com ele, “fabricando” dicionários ou promovendo as adaptações decorrentes, pagas, naturalmente, com o já tão mal utilizado dinheiro público.

Além dessas, não vemos qualquer outra utilidade. Vivemos em uma época em que os processadores de texto e os corretores ortográficos que os acompanham tornam-se, a cada dia, mais eficientes. Se os que engendraram essa “Reforma” escrevessem os seus próprios trabalhos, saberiam que é possível escolher a versão da língua, conforme o país para o qual se escreve. Existem opções para português brasileiro e português de Portugal ou europeu; inglês dos Estados Unidos, da Inglaterra, da Austrália; espanhol da Colômbia, do Peru, do México. Enfim uma escolha para cada necessidade.

Se as correções gramaticais são muito falhas, as ortográficas são um pouco mais aceitáveis para os menos exigentes. Seria mais racional esperar que algum ignorante escreva melhor, se acatar, sem qualquer análise, todas as sugestões do corretor ortográfico, do que por se ter tornado mais fácil escrever depois do Acordo Ortográfico.

Mas o atentado ao idioma não ficará nisso. Agressões cada vez maiores virão. Esse foi o avanço possível na direção da “novilíngua” de George Orwell, em 1984.

Lamentamos que algumas pessoas e também certos jornais e revistas tenham aderido tão rapidamente à nova ortografia. Nós reagiremos e não a usaremos, enquanto nos for possível, pelo menos até o último dia do prazo. Depois decidiremos o que fazer.

Quem sabe, até lá, apareça um salvador da Pátria que revogue essa insanidade, pelo bem ou pelo mal.


(*) O autor é Coronel-Aviador reformado.


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