Eu vi a plantinha nascendo na fresta do muro, onde não havia como ser fixada sua raiz...
Uma semente germinou no meio do lixo e cresceu retirando adubo para seu fortalecimento, num lugar onde tudo parecia podre...
No barraco sujo, um gemido se ouviu: era a mulher dando à luz e trazendo para a vida um pequerrucho...
Entre canhões, bombas e escombros eu vi a criança inocente, de olhar tristonho, brincando, rolando seu arco colorido...
O jovem drogado, desesperado, deixou rolar uma lágrima de tristeza...
Na cama, moribundo, o homem tinha um olhar de esperança. Talvez não sobrevivesse à sua doença, mas lutaria até o fim, sem desanimar...
A tempestade devastava tudo à sua volta, mas eu sabia que o sol nasceria novamente...
Brotar algo daquela terra seca parecia impossível, mas a chuva veio e fecundou-a...
Numa humilde estrebaria, nasceu um Menino, humilde, pequeno, mas que se tornou grande, forte e sinal de contradição entre os povos...
Sinal de maldição era morrer na cruz, mas o Homem-Deus assumiu até o fim a sua missão...
O sepulcro é lugar dos mortos... mas, foi dali que brotou a vida nova...
No mundo, são tantos os sinais de morte e contradição!
Precisamos enxergar sinais de vida, onde só é possível enxergar sinais de morte.
É necessário olhar o mundo com os olhos do coração e dizer: é possível sim para a plantinha nascer num muro de pedra; é possível a vida brotar no barraco e na estrebaria; a pureza da criança pode trazer esperança de paz ao mundo em guerra; a vida se faz presente no doente que agoniza ou na lágrima que alguém derrama num momento de lucidez, com o desejo de mudar de rumo; mesmo a morte física não é o fim e encerra uma vida nova. Sempre é preciso morrer para renascer. Até os bebês quando nascem, estão morrendo para a vida intra-uterina e renascendo para uma nova vida, fora do útero materno.
Que hoje, nesta manhã, neste dia, nesta tarde ou nesta noite, cada um de nós possa olhar ao redor e perceber pequenos sinais de vida escondidos nas coisas, nos acontecimentos e principalmente nas pessoas.
Lembremo-nos: os olhos do coração enxergam além das aparências. |
