Eu sei, as vezes é inútil falar.
O mundo tem tantos ouvidos que é bem posível
Que ele não te escute.
Mas fale assim mesmo, sem objeção aos materias
Que se condensam na recepção da tua voz aguda,
Teus verbos precisam manterem-se vivos
E para isso é preciso que fales.
Receita tua oratória aos canais que passam
E vão se hospedar na órbita ensurdecedora de um
[ silêncio
Ali plantas se projetam para o leite, dão à luz
Criaturas sem óculos atrás dos olhos
E o champagne da tua voz embriaga as prateleiras,
As células de uma vértebra de escape, que escapa
Entre os dedos, cora as faces e se implanta
Na paisagem constituída após a lenda.
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