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Ensaios-->CPT já é 3ª entidade em invasões -- 18/05/2009 - 13:15 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
CPT já é 3ª entidade em invasões (O Estado de S. Paulo, 17Mai09)

Vinculada à CNBB, ela mobilizou cerca de 60 mil pessoas em oito anos, de acordo com pesquisa da Unesp

Roldão Arruda

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) - instituição vinculada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) - tem como objetivo apoiar a organização dos trabalhadores rurais, para que possam defender suas causas. Esse é o objetivo declarado. Na prática, porém, a organização tem mudado seu foco, assumindo a frente de ocupações de terras, como se fosse um movimento social.

No total de invasões, a CPT figura hoje em terceiro lugar na lista dos 89 movimentos de sem-terra que atuam no País. Se for considerado o número de famílias que cada um deles mobiliza, a entidade pastoral também ocupa posição de destaque: a quarta posição.

Essa informação faz parte de um artigo divulgado pelo Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária (NERA), vinculado à Universidade Estadual Paulista (Unesp). Assinado pela pesquisadora Elenira de Jesus Souza, que trabalha sob orientação do geógrafo Bernardo Mançano Fernandes, coordenador do núcleo, o artigo aponta os seis principais movimentos de luta pela terra do País. Ali, a CPT só perde para o Movimento dos Sem-Terra, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e o Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST).

O artigo confirma tendência já observada por outros pesquisadores e também pela imprensa. Sua maior contribuição são os números que utiliza, a partido do Banco de Dados da Luta pela Terra, o chamado Dataluta, do Nera - provavelmente o mais amplo do País, reunindo informações de jornais, movimentos sociais, órgãos de governo e, sobretudo, levantamentos da própria CPT.

Entre 2000 e 2007, de acordo com o artigo, 89 movimentos estiveram em ação, realizando pelo menos uma ocupação de terra. O MST lidera a lista com larga vantagem, tendo mobilizado 376.329 famílias no período. Utilizando a média de 5 pessoas por família, pode-se dizer que esse movimento, sozinho, pôs em campo um exército de quase 1,9 milhão de pessoas. No quarto lugar, a CPT movimentou 11.477 famílias - o que corresponde a 57,4 mil pessoas.

A maior parte dos movimentos de sem-terra atua de forma localizada, atingindo regiões restritas. As duas únicas organizações que estendem suas ações por todos os Estados são a Contag - que conta com uma rede ampla de sindicatos e federações - e o MST, que nasceu e cresceu sob as asas da CPT.

Com apoio de bispos católicos e de alguns pastores protestantes, especialmente luteranos, a CPT também se espalha pelo País. Mas não atua de forma homogênea. A ação como movimento socioterritorial continua localizada no Nordeste.

...

'A ação da CPT como movimento que tem a terra como objetivo final de sua luta, que nós chamamos de movimento socioterritorial, é bem acentuada no Nordeste', diz o professor Fernandes. 'Ali existem outros movimentos socioterritoriais, mas as famílias de sem-terra tem um vínculo mais forte com a CPT e se organizam em torno dela na luta pela terra. As famílias são a CPT.'

Segundo representantes da pastoral, a realidade varia de um região para outra e exige respostas diferentes. Em entrevista ao Estado (leia nesta página), o padre italiano Hermínio Canova, coordenador da CPT na Paraíba, admitiu: 'Foi necessário, como missão, se meter na luta pela terra'.

Pastoral chegou ao Nordeste antes do MST

Ocupação da CPT em 1986 culminou com desapropriação de terras em Pernambuco

Angela Lacerda, RECIFE

Coube à CPT promover a primeira ocupação de terra no Nordeste, em Pernambuco, em 1986. Ela culminou com a desapropriação das terras do Engenho Pitanga, no município metropolitano de Igarassu, depois de uma luta que incluiu um acampamento de quatro meses de duração na praça da República, no centro do Recife.

Na época o MST ainda não existia no Nordeste. Mas os padres católicos envolvidos com questões sociais já acompanhavam os conflitos agrários desde os anos 60.

'Na nossa região, nos anos 70, a prioridade número 1 da Igreja, no nível pastoral, era o campo', relembra o padre italiano Herminio Canova, de 63 anos, dos quais 30 vividos no Nordeste. Coordenador da CPT na Paraíba, ele conta que se identificou com a questão logo que chegou à região. Participou da Pastoral Rural e do Movimento de Evangelização Rural (MER), antes da criação da CPT - que ocorreu em 1975, na parte final do governo do general Garratazu Médici, em plena ditadura militar.

Segundo seu relato, no início a pastoral apoiou sobretudo os posseiros, ameaçados de expulsão por grandes empresas e latifundiários. Também ajudou na formação de lideranças sindicais e apoiou greves de cortadores da cana.

Nos anos 90, com a chegada do MST ao Nordeste, começaram as grandes ocupações. 'Nossas equipes se envolveram nas ocupações', diz Canova.

'Com tanta gente desempregada e pedindo terra foi necessária uma missão nossa, foi necessário se meter', diz. Ele destaca, no entanto, que a CPT não é um movimento: 'É uma pastoral. Movimento é direção política, tem dirigentes, nós não temos dirigentes, não somos quadros politizados de sem-terra. A CPT promove o protagonismo dos trabalhadores'.

A Igreja, segundo padre Herminio, analisa hoje um novo modelo de reforma agrária. 'Este modelo está esgotado', observa. 'Ele mexeu, arranhou a estrutura fundiária, mas não resolveu o problema fundiário do País. A estrutura agrária ainda é complicada, com muita concentração de terra, muita disputa pela terra, pela água.'

Foi pensando nesta nova direção que a CPT lançou uma campanha para impor um limite máximo na propriedade rural, considerada um bem comum. Isso permitiria democratizar a propriedade.

Em outra frente, exige que o governo aumente o atual índice de produtividade, que estaria defasado em relação às técnicas de produção. Isso facilitaria a obtenção de terras para a reforma agrária, uma vez que, legalmente, terras improdutivas podem ser desapropriadas.

Para o padre, o campo 'está em disputa'. De um lado estariam grandes empresas do agronegócio; do outro, comunidades tradicionais, camponeses e índios.

Nessa luta já existem 'territórios livres', segundo o padre. Ele cita como exemplo os 40 assentamentos acompanhados pela CPT no litoral paraibano, que contam com cooperativas, associações, escolas e até um pequeno banco de crédito, gerido pelos assentados.


Obs.: CPT - Também pode chamar de 'Centro dos Padrecos Terroristas' (F. Maier).




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