estou, à noite, sonhando os dias de outrora,
de tempos quando a vida luminosa se prendia
nos profundos sulcos que o vero amor abria
em nossos jovens corações, que agora
morrem distantes um outro.; sigo ansiando
que as horas de ternura indizível venham
de novo vicejar e assim sejamos de vez aceitos
na nuvem de testemunhas do amor de que desdenham
homens parvos que jamais tiveram em seus peitos
o fogo do amor cujas cinzas vou soprando
a ver se ressurge com a força dos antigos dias.
ah! noite longa de escuridão bisonha e dores
tão mortais me tomam, a ponto de tantos amores
que me sondam eu rejeitar, porque sabias
seres tu a luz que, minhas trevas dissipando,
a todo bem, e gozo, e glória infindos me guiava.
hoje, solto em ares de solitários medos,
não sei a quem dispor tantos segredos,
se tu, em quem apenas minha alma confiava,
segues ausente e cada vez mais te afastando!
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