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Artigos-->ETANOL E ALIMENTOS -- 22/02/2013 - 14:13 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


ETANOL E ALIMENTOS



 



 



Edson Pereira Bueno Leal, fevereiro de 2013.



 



 



Ambientalistas internacionais como o americano Lester Brown advertem que “se utilizarmos quantidades crescentes de grãos para dar combustível aos carros, isso levará à alta no preço de alimentos e será uma ameaça à população mais pobre do planeta.” Ele está preocupado ainda” com o efeito que eles estão tendo no desmatamento na Amazônia brasileira e no Sudeste Asiático, onde Malásia e Indonésia são os principais produtores de óleo de palmeira, que é usado como biodiesel”. (F S P 2.7.2007, p. A-9). 



A preocupação com os alimentos aparece em relatório da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que reúne os 30 países mais ricos do mundo, onde a corrida para plantar produtos que possam se transformar em álcool leva a uma alta de preços dos alimentos, na medida em que o plantio destes é deixado de lado em favor do mais rentável biocombustível. Relatório anterior já previa que os preços das commodities agrícolas tendiam a ficarem acima dos níveis históricos pelos próximos dez anos, em parte por causa da competição com a produção de combustíveis. (F S P 12.09.2007, p. B-6).



Para o economista Bruno Parmentier, diretor da Escola Superior de Agricultura de Angers (ESA), a mais importante do setor da França, “se continuarmos com essa política insensata de queimar cereais ou oleaginosas em nossos motores, esse erro inicial dos agro combustíveis de primeira geração vai de fato converter-se em crime. Existe uma diferença essencial: no Brasil vocês já estão de certo modo nos biocombustíveis de segunda geração, ou seja, feitos a partir da planta inteira, a biomassa – logo não a partir do grão. Parece-me que vocês estão indicando o caminho a seguir e, é claro, sua produtividade é bem melhor do que a nossa” (F S P, 27.04.2008, p. B-5).



 



Segundo estudo do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Estratégico (Nipe), da Unicamp, em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia, o Brasil tem condições de oferecer ao mercado global uma quantidade de etanol correspondente a 10% do consumo atual de gasolina até 2025. Para isso, seriam utilizados 3% da área cultivável do País, em regiões do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, sudoeste de Minas Gerais, Goiás, Tocantins, sul do Maranhão, sudoeste do Piauí e oeste da Bahia, ficando excluídas áreas de proteção ambiental como a Amazônia, o Pantanal e a Mata Atlântica e as áreas mais apropriadas para a produção de alimentos.  Marcos Jank, um dos maiores especialistas brasileiros em agricultura afirma que “O Brasil poderia produzir os 132 bilhões de litros de álcool, que seriam necessários para substituir 15% da gasolina dos Estados Unidos [meta do governo Bush], com cerca de 20 milhões de hectares de cana-de-açúcar, o triplo da área atual, porém apenas 10% da nossa reserva de pastagens”. ( F S P , 12.09.2007, p. B-6) .  



Nos cálculos do físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite, “para substituir todo o combustível fóssil consumido hoje por etanol, incluídas tecnologias que aproveitassem integralmente os resíduos ligno-celulósicos da produção de álcool e cereais, seriam necessários entre 300 milhões e 400 milhões de hectares. Ora, a FAO informa que o total de terras cultivadas é de 1,5 bilhão de hectares, havendo ainda uma disponibilidade adicional de terras cultiváveis de 3,5 bilhões de hectares.”. No Brasil, “a cultura de cana ocupa cerca de 6,5 milhões de hectares (aproximadamente metade para o álcool e metade para o açúcar), a soja ocupa 22 milhões e as pastagens, 200 milhões. Dobrando a produção de álcool e mantidas as mesmas deficiências tecnológicas atuais, seriam ocupadas menos de 2% da área de pastagens”. (F S P, 6.7.2008, p. A-3). 



Estudo realizado pela Universidade de Stanford nos EUA concluiu que existem em 2008 4,7 milhões de quilômetros quadrados de áreas agricultáveis abandonadas no mundo, o equivalente a 13 vezes o território da Alemanha. Se este espaço fosse utilizado para plantar vegetais que são matéria prima de biocombustíveis, já seria possível suprir grande parte da demanda global de energia. (Veja, 16.07.2008, p. 39).



Segundo o suíço Jean Ziegler, relator especial da ONU para o Direito à Alimentação “a produção em massa de biocombustíveis representa um crime contra a humanidade por seu impacto nos preços mundiais dos alimentos”. Ziegler deixou o cargo em abril de 2008



Para Lawrence Goldstein, analista da Fundação de Pesquisa de Política Energética dos EUA, comentando o uso de milho para produzir álcool “nossa política energética é como fazer roleta-russa com uma arma totalmente carregada”. (Exame, 16.0-7.2008, p. 83).



 Michael Grunwald na revista Time, afirma que: “os biocombustíveis estão fazendo o oposto do que se propõem, pondo em risco o planeta, em vez de salvá-lo.”.



Dominique Strauss-Khan, então, diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional declarou em entrevista à rádio Europe 1, “quando produzimos biocombustíveis de produtos agrícolas não usados como alimentos, tudo bem. Mas quando eles são feitos de produtos alimentícios, isto representa um sério problema moral”. (F S P, 19.04.2008, p. B-3).



Para o sueco Lennart Bagé, presidente do Fida (Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola), agência da ONU criada no fim dos anos 1970 em resposta às crises alimentares na África “alguns biocombustíveis são muito eficientes e não competem diretamente com os alimentos. Os especialistas dizem que o álcool brasileiro é muito mais eficiente e tem muito menos impacto na produção de alimentos que outros. Não devemos condenar os biocombustíveis de forma generalizada. Os feitos de grãos como o milho, geralmente são menos eficientes e competem com os alimentos.” (F s P, 30.04.2008, p. B-12). 



O novo relator da ONU para o Direito à Alimentação, o belga Olivier De Schutter, pediu que se limite a produção de biocombustíveis, para enfrentar a alta de alimentos observada em todo o mundo. Para ele “é preciso consumir menor energia, utilizar menos automóveis e não criar expectativas sobre a capacidade das novas tecnologias de nos permitir manter novo nível de vida ocidental.” (F S P, 3.5.2008, p. B-4).



Ele propõe: “o congelamento de novos investimentos no setor, o que implicaria, naturalmente, que Estados Unidos e Europa renunciassem às metas de aumento no consumo de agro combustíveis. Peço também pesquisa de desenvolvimento de agros combustíveis a partir da biomassa. Esse combustível de ‘segunda geração ‘, ao contrário dos agro combustíveis de ‘primeira geração ‘ não viria da plantação de alimentos. Além disso, a energia da biomassa é ambientalmente mais saudável, embora sua produção requeira um consumo mais elevado de água. A terceira coisa que peço é investimento em pesquisa com culturas menos conhecidas, como o arbusto jatrofa ou o sorgo-doce, que podem ser usados na produção de agro combustíveis sem competir com a produção de alimentos”. (Veja, 28.05.2008, p. 76-78).  



Em maio de 2008 na sessão especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU para debater a crise mundial de alimentos afirmou que todo o aumento da produção de milho nos EUA desde 2004 foi dedicado à produção de combustível e em 2008, 25% do milho produzido pelos americanos será para o etanol. Já para ele a produção de álcool de cana no Brasil é diferente “Primeiro porque a produção de” cana gera mais empregos que a de outros biocombustíveis, com um impacto social positivo e, além disso, o etanol de cana é menos prejudicial ao ambiente porque precisa de menos energia para ser produzido, gerando menos gases poluentes “(F S P, 23.05.2008, p. B-5)”.



O climatologista americano Patrick Michaels, da Universidade Virgínia nos Estados Unidos, um dos céticos do aquecimento global, coloca números ainda mais graves com relação ao milho: ”A demanda foi tamanha, que no ano passado [2007], os Estados Unidos dedicaram a esse fim 33% da colheita de milho. A colheita americana representa 54% da produção mundial. Em outras palavras, 15% de todo o milho do planeta foi desviado para a produção de combustível. Como consequência, o preço do milho, da soja, e do trigo subiu drasticamente... O caso do etanol americano foi o resultado de uma intervenção política irracional” (Veja, 11.06.2008, p. 15).



Relatório do FMI sobre preços de alimentos e combustíveis divulgado em julho de 2008 mostra que o aumento da produção de álcool à base de milho respondeu por cerca de 75% do aumento do consumo do cereal em 2006 e 2007.



A Comissão Europeia emitiu comunicado propondo a suspensão das subvenções para a produção de biocombustíveis. Devido ao problema dos alimentos a Agência Europeia do Meio Ambiente suspendeu um de seus objetivos: que 10% de todo o transporte por veículos no continente fosse realizado por biocombustíveis até 2020. Voltou-se à meta anterior, de 5,75%%. (Revista da Semana, 21.04.2008, p. 6).



Segundo David Orden, do International Food Policy Research com sede em Washington “calculamos que os biocombustíveis respondem por cerca de 30% do aumento do preço do milho, mas menos que isso no caso dos preços do trigo e do arroz”. (Veja, 28.05.2008, p. 77).



Relatório do Banco Mundial divulgado em julho, de autoria do economista Dan Mitchell, responsabiliza os biocombustíveis por 75% do aumento nos preços dos alimentos no mundo, no pressuposto de que os agricultores estão preferindo desviar grãos da alimentação humana para o abastecimento de automóveis, assim como destinam terras de plantio para a produção de combustível. A FAO e o FMI calculam em 10% e 30% respectivamente a fatia dos biocombustíveis na chamada “agflação”. Segundo o relatório, “se o aumento da produção de biocombustíveis, os estoques globais de trigo e milho não teriam declinado de maneira apreciável e os incrementos de preços devidos a outros fatores teriam sido moderados”.



A Oxfam, respeitável órgão internacional de promoção do desenvolvimento e da luta contra a fome denuncia que os biocombustíveis levarão 30 milhões de pessoas à fome, ressaltando que “os países ricos gastaram até US$ 15 bilhões para apoiar os biocombustíveis, bloqueando o mais barato álcool brasileiro, que é muito menos daninho para a segurança alimentar global”. (F s P, 5.7.2008, p. B-14).



Relatório conjunto da OCDE e da FAO divulgado no final de maio de 2008 afirma que três fatores principais vão pressionar o preço dos alimentos: o crescimento da demanda nos países emergentes, a alta do preço do petróleo e os biocombustíveis. “O crescimento da demanda mundial por biocombustíveis será responsável por um terço do aumento dos preços dos alimentos previsto para os próximos dez anos.” afirmou Loek Boonekamp, coordenador do estudo para a OCDE.



Tanto a FAO como a OCDE criticaram as subvenções concedidas ao setor dos biocombustíveis, principalmente na Europa e nos EUA. O álcool brasileiro é apontado como um exemplo à parte, mais rentável e viável economicamente. (F S P, 30.05.2008, p. B-6).



 



Até Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial defendeu o fim dos subsídios americanos “No caso dos EUA, se há um mandato que requer uma quantidade de biocombustível e você o subsidia, com uma tarifa [de importação], isso não faz sentido. O que se deveria fazer é reduzir barreiras não só para o biocombustível brasileiro, mas para biocombustíveis africanos baseados na cana.” (F S P, 4.6.2008, p. B-1).  



O presidente Lula fez um enfático discurso em defesa do etanol derivado de cana-de-açúcar na Cúpula de Segurança Alimentar, realizado em Roma em junho de 2008, mas não convenceu. O secretário-geral da ONU, o coreano Ban Ki-moon disse ser necessário “aprofundar a investigação” em matéria de biocombustíveis para chegar a um consenso que ele considera “chave” para as políticas de produção de biocombustíveis.



Há virtual consenso de que o etanol derivado do milho, produzido pelos Estados Unidos é prejudicial à produção de alimentos e o mesmo não acontece com o etanol derivado da cana-de-açúcar, mas a praxe tem sido não separar o milho da cana, o que provoca a falta de consenso mencionada por Ki-moon. ( F S P ,5.6.2008 , p. B-10) .



Para Paul Roberts, especialista em energia com o álcool, autor dos livros, The End of Food e The End of Oil, “você troca um sistema que se baseia numa fonte limitada, que é o petróleo, por outro, de outra fonte limitada, que é a terra arável. Uma hora os dois acabam. O biocombustível pelo menos torna o problema mais evidente, mais visível. Quando você vê uma plantação de cana, ela está lá, ocupando espaço. Você é obrigado a enfrentá-la, a pensar a respeito. O petróleo vem do fundo da terra e do mar, oculto. Do ponto de vista do público parece que vem de fonte inesgotável”. A solução segundo ele terá inevitavelmente que passar por uma alteração do atual sistema de consumo em termos globais, pois é inviável que as nações busquem padrões semelhantes aos EUA que a Terra não suporta. Em outras palavras isto significa que estas nações terão que buscar um patamar inferior, bem como os EUA terá de alguma forma de reduzir seu padrão de consumo sob pena de inviabilizar o planeta.  (F S P, 23.06.2008, p. A14).



A OCDE, Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico divulgou estudo em julho de 2008 os bilionários subsídios concedidos pelos países ricos para a produção de biocombustíveis trazem poucas vantagens ambientais e contribuem para a alta dos preços de alimentos, que põe em risco a segurança alimentarem das populações mais pobres do planeta.



O estudo destaca o álcool do Brasil como o biocombustível que mais reduz a emissão de gases poluentes. A diferença é significativa: enquanto os combustíveis de trigo, beterraba e óleos vegetais reduzem a emissão entre 30 e 60%%, e o de milho, 30%, o álcool de cana permite redução até 90%.



 



Em 2007 os EUA foram os maiores fabricantes mundiais de etanol, com 48% da produção mundial, enquanto o Brasil ficou em segundo lugar com 31%. Com 60% do total, a Europa lidera a produção mundial de biodiesel.



Para o autor do estudo, Martin Von Lampe “além de ter um custo bem menor do que no hemisfério Norte, de grãos e oleaginosas, o etanol feito no Brasil tem um potencial muito maior na redução de gases, Mas mesmo no Brasil, é preciso monitorar a produção, para que ela seja feita de maneira sustentável”. (F S P, 17.07.2008, p. B-10).



 



CANA NÃO PREJUDICA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS



 



Trabalhos da USP e da UFRJ indicam que a expansão da cana-de-açúcar para produzir etanol, não afetou, até hoje, áreas de cultivo de alimentos. Para Roberto Schaeffer, especialista em energia da UFRJ, “Até aconteceram mudanças localizadas de cultura, mas no todo não foi significativo. Existem 200 milhões de hectares de pasto no Brasil. Não são os cinco milhões que a cana ocupa que vão fazer falta”.



É para cima dos pastos – e não dos cultivos de alimentos – que a cana avança. Com algumas exceções nos anos 1970 e em alguns poucos locais atualmente. Os dados mostram que os plantios de café, laranja ou feijão não se alteraram, com o crescimento das plantações de cana mesmo em São Paulo, grande produtor nacional de etanol.



Mesmo com o avanço sobre a pecuária, a produção nacional continua aumentando, pois entre 2004 e 2005 a densidade dos rebanhos passou de 128 cabeças por quilômetro quadrado, para 141 nos pastos paulistas e ainda há muito espaço para ganhos em produtividade.



Além disso, a produtividade das plantações de cana vem crescendo com o avanço da biotecnologia. Ou seja, os produtores podem fazer mais etanol sem aumentar seus plantios . (F S P, 18.01.2010, p. A-15).



 



  


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