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Ensaios-->O brasileiro é o maior inimigo do Brasil -- 05/08/2009 - 08:56 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O brasileiro é o maior inimigo do Brasil

Gerhard Erich Boehme
boehme@folha.com.br

Muitas vezes me atenho a textos que são produzidos pela Igreja Católica, o faço pelo fato de conviver com muitos que são católicos ou dizem ser católicos. O Brasil é um país de maioria católica. Faço parte de uma geração, como diz a Lya Luft: que soube superar as divergências entre luteranos e católicos.

Procuro dar destaque a um deles, que, a cada dia mais, se mostra indicado, não apenas aos católicos brasileiros, mas a todos os brasileiros, dada a sabedoria nele contida. Trata-se de alguns trechos da Encíclica Centesimus Annus – 1991 (http://www.institutoliberal.org.br/resenha.asp?cdc=1826), escritas por Karol Józef Wojty& 322;a, conhecido por Johannes Paulus II e aqui no Brasil por João Paulo II.

É um trecho particularmente recomendado aos clérigos da CNBB, pois os vejo afastados de tais ensinamentos, principalmente quando apóiam ou lideram, não uma democracia, mas uma oclocracia.

Nesta Encíclica há uma citação fundamental para os dias atuais:

'Além disso, o homem, criado para a liberdade, leva em si a ferida do pecado original, que continuamente o atrai para o mal e o torna necessitado de redenção. Esta doutrina é não só parte integrante da Revelação cristã, mas tem também um grande valor hermenêutico, enquanto ajuda a compreender a realidade humana. O homem tende para o bem, mas é igualmente capaz do mal; pode transcender o seu interesse imediato, e contudo permanecer ligado a ele. A ordem social será tanto mais sólida, quanto mais tiver em conta este fato e não contrapuser o interesse pessoal ao da sociedade no seu todo, mas procurar modos para a sua coordenação frutuosa. Com efeito, onde o interesse individual é violentamente suprimido, acaba substituído por um pesado sistema de controle burocrático, que esteriliza as fontes da iniciativa e criatividade. Quando os homens julgam possuir o segredo de uma organização social perfeita que torne o mal impossível, consideram também poder usar todos os meios, inclusive a violência e a mentira, para a realizar. A política torna-se então uma «religião secular», que se ilude de poder construir o Paraíso neste mundo. Mas qualquer sociedade política, que possui a sua própria autonomia e as suas próprias leis , nunca poderá ser confundida com o Reino de Deus. A parábola evangélica da boa semente e do joio (cf. Mt 13, 24-30. 36-43) ensina que apenas a Deus compete separar os filhos do Reino e os filhos do Maligno, e que o julgamento terá lugar no fim dos tempos. Pretendendo antecipar o juízo para agora, o homem substitui-se a Deus e opõe-se à sua paciência'. (Karol Józef Wojty& 322;a - Johannes Paulus II)

Neste texto destaco, em especial, as citação de que “o homem foi criado para a liberdade” e que “onde o interesse individual é violentamente suprimido, acaba substituído por um pesado sistema de controle burocrático, que esteriliza as fontes da iniciativa e criatividade”.

Devemos refletir sobre isso, em especial para contrapormos a ideologia que nos está sendo impingida¹ a todos os latino-americanos, aos brasileiros em especial, que tem como foco radiador o Foro San Pablo, com seu socialismo bolivariano, ao qual o atual governo federal está alinhado, ou melhor, subjugado.

Se internamente temos a predominância do clientelismo político, onde se alia o republicano capitalismo de comparsas - um capitalismo sem mercado, sem a valorização do mérito e irracionalmente tributado - com o socialismo de privilegiados, que desconsidera a democracia e enaltece a oclocracia, a começar com a emPTização e o nePTismo promovido em toda a máquina pública e estatal, que o atual presimente diz conhecer, conforme afirmou por ocasião das últimas eleições majoritárias, quando o estelionato eleitoral das bolsas-família já produziam o seu efeito, depois vieram os fracassados PAC e piriPAC e o Programa Minha Casa, Minha vida, Meus sonho, Meu pesadelo, com toda a discriminação espacial que o acompanha..

'Mas doutor, uma esmola, pra um homem que é são, ou lhe mata de vergonha, ou vicia o cidadão...' ('Vozes da seca', de Luiz Gonzaga do Nascimento - Gonzagão - e José de Souza Dantas Filho)

O brasileiro é inimigo do Brasil, são palavras duras, mas que nos levam a questionar e refletir para que possamos responder aos quesitos fundamentais:

a) Quais são as tarefas autênticas do Estado para que ele possa ser eficaz nos seus resultados?

b) Em que nível, federal, estadual ou municipal, devem ser realizadas?

c) Como controlar os gastos estatais e impedir que eles se expandam continuamente?

Estes são os problemas a serem solucionados, pois aí estão o desperdício e a ineficiência estatal que têm limitado gravemente o potencial do país. Sem solucioná-los continuaremos com as chamadas reformas, usando remendos, ao invés de reformas abrangentes e profundas e assim dando sustentação ao Sr. José Ribamar Ferreira de Araújo Costa, como dono do Brasil e ao Sr. Luiz I. da Silva, como dono da consciência dos brasileiros.

Não acredito em um Estado provedor, sua capacidade de prover é limitada e deve se ater a fazer pouco, mas com competência e sob o controle da sociedade organizada sob o princípio da subsidiariedade.

Nesta linha o Estado deve prover bens públicos, como defesa nacional, justiça e aqui incluídos os primeiros passos da justiça que devem ser dados pela polícia judiciária, que no Brasil é indevidamente chamada de Polícia Civil e inclui também a Polícia Técnico-científica, segurança pública – com atuação eficaz na prevenção e, subsidiariamente assegurar serviços de saúde pública e educação básica, geradores de externalidades para toda a sociedade.

Bens públicos têm como característica essencial a impossibilidade de limitar o seu uso àqueles que pagam por ele.

Outra característica importante dos bens públicos decorre do fato de que provê-los para um usuário ou para todos os usuários potenciais custa a mesma coisa. O exemplo clássico é a defesa nacional, já que um exército que defenda o território nacional defende tanto um único indivíduo quanto todos os cidadãos do país. Daí a necessidade do uso do poder de coerção para financiar a defesa nacional. Sem o exercício desse poder, não haveria como impedir que algumas pessoas deixassem de pagar pelo serviço tentando pegar carona (free-ride) nos serviços pagos por outrem. Se houver a prática da carona, é provável que muitos, ou mesmo todos os demais contribuintes, desistam de custear tal serviço. O Estado surge como a instituição adequada para resolver o impasse, porque detém o direito de cobrar compulsoriamente dos cidadãos o custeio dos bens públicos.

Saúde pública e educação básica são serviços cuja provisão também deve ser garantida pelo Estado, apesar de que a melhor solução provavelmente se encontra no financiamento a cada contribuinte para aquisição desses serviços e não na prestação direta do serviço pelo Estado. Os gastos estatais nesses setores se justificam porque geram externalidades positivas para a sociedade, que se beneficia de uma população educada e sadia, benefícios estes que não poderiam ser individualmente apropriados por investidores privados. Além disso, existe um argumento normativo: os gastos nessas áreas reduzem as diferenças de oportunidade dos indivíduos no momento da partida do jogo social, para que a partir daí a competição ocorra baseada nos talentos e méritos de cada um.

Cabe ao Estado ser forte em suas atribuições básicas, que na esfera Federal são: Emissão e controle da Moeda, através de um Banco Central independente, Relações Exteriores, Supremo Tribunal Eleitoral, Supremo Tribunal Federal, Comércio Exterior, Forças Armadas, Segurança Pública nas faixas de Fronteira, Polícia Federal, normatização da Aviação Civil, Marinha Mercante, Vigilância Sanitária e Obras de Integração Nacional, Administração de Parques Nacionais, Administração Indígena, diretrizes de Meio Ambiente, Propriedade Intelectual, Energia Nuclear, e Previdência Pública Federal.

Um Estado que privilegie as Agências reguladoras e não a acomodação política em ministérios e estatais. Se observarmos o Princípio da Subsidiariedade, podemos concluir que caberia ao Estado apenas a solução de três grupos de problemas econômicos: bens públicos, externalidades negativas e positivas, monopólios naturais.

Voltando ao título deste tema para debate, chamo atenção para as palavras de um dos mais lúcidos mandatários da América Latina atual e um dos mais afastados do que podemos caracterizar como os personagens de dois bestsellers de Plinio Mendoza, Carlos Alberto Montaner e Álvaro Vargas Llosa, o 'Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano' e o mais novo livro 'A Volta do Idiota' (http://rodrigoconstantino.blogspot.com/2007/12/volta-do-idiota.html)

Cito o Presidente Oscar Arias da Costa Rica na Cúpula das Américas em Trinidad e Tobago, no último dia 18 de abril, quando proferiu um dos mais importantes discursos a todos os líderes latino-americanos, colocando-os na encruzilhada entre a decisão de darem continuidade aos ditames do “Foro San Pablo” ou darem condições para que possamos conferir a liberdade aos latino-americanos e desenvolver também a América Latina.

O título do discurso foi: 'Algo Hicimos Mal' los Latinoamericanos, que pode ser traduzido como 'Fizemos algo errado', cuja tradução segue abaixo e o texto original lhes apresento ao final.

Abraços,

Gerhard Erich Boehme
gerhard@boehme.com.br
Curitiba - PR

¹ Impingir - Fazer acreditar numa coisa falsa: Impingir uma lorota, um conto-do-vigário.


***

'Algo Hicimos Mal' los Latinoamericanos

Dr. Oscar Arias Sánchez
Economista
Presidente de la República de Costa Rica
The Nobel Peace Prize 1987
Albert Schweitzer Prize for Humanitarianism

http://www.casapres.go.cr/iniciocontactenos.aspx

'Tenho a impressão de que cada vez que os países caribenhos e latino-americanos se reúnem com o presidente dos Estados Unidos da América, é para pedir-lhe coisas ou para reclamar coisas. Quase sempre, é para culpar os Estados Unidos de nossos males passados, presentes e futuros. Não creio que isso seja de todo justo.

Não podemos esquecer que a América Latina teve universidades antes de que os Estados Unidos criassem Harvard e William & Mary, que são as primeiras universidades desse país. Não podemos esquecer que neste continente, como no mundo inteiro, pelo menos até 1750 todos os americanos eram mais ou menos iguais: todos eram pobres.

Ao aparecer a Revolução Industrial na Inglaterra, outros países sobem nesse vagão: Alemanha, França, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e aqui a Revolução Industrial passou pela América Latina como um cometa, e não nos demos conta. Certamente perdemos a oportunidade.

Há também uma diferença muito grande. Lendo a história da América Latina, comparada com a história dos Estados Unidos, compreende-se que a América Latina não teve um John Winthrop espanhol, nem português, que viesse com a Bíblia em sua mão disposto a construir uma Cidade sobre uma Colina, uma cidade que brilhasse, como foi a pretensão dos peregrinos que chegaram aos Estados Unidos.

Faz 50 anos, o México era mais rico que Portugal. Em 1950, um país como o Brasil tinha uma renda per capita mais elevada que o da Coréia do Sul.

Faz 60 anos, Honduras tinha mais riqueza per capita que Cingapura, e hoje Cingapura - em questão de 35 a 40 anos - é um país com 40.000 dólares de renda anual por habitante. Bem, algo nós, os latino-americanas, fizemos mal.

Que fizemos de errado?

Nem posso enumerar todas as coisas que fizemos mal. Para começar, temos uma escolaridade de 7 anos. Essa é a escolaridade média da América Latina e não é o caso da maioria dos países asiáticos. Certamente não é o caso de países como Estados Unidos e Canadá, com a melhor educação do mundo, assim como a dos europeus. De cada 10 estudantes que ingressam no nível secundário na América Latina, em alguns países, só um termina esse nível secundário. Há países que têm uma mortalidade infantil de 50 crianças por cada mil, quando a média nos países asiáticos mais avançados é de 8, 9 ou 10.

Nós temos países onde a carga tributária é de 12% do produto interno bruto e não é responsabilidade de ninguém, exceto nossa, que não cobremos dinheiro das pessoas mais ricas dos nossos países. Ninguém tem a culpa disso, a não ser nós mesmos.

Em 1950, cada cidadão norte-americano era quatro vezes mais rico que um cidadão latino-americano. Hoje em dia, um cidadão norte-americano é 10 15 ou 20 vezes mais rico que um latino-americana. Isso não é culpa dos Estados Unidos, é culpa nossa.

No meu pronunciamento desta manhã, me referi a um fato que para mim é grotesco e que somente demonstra que o sistema de valores do século XX, que parece ser o que estamos pondo em prática também no século XXI, é um sistema de valores equivocado. Porque não pode ser que o mundo rico dedique 100 bilhões de dólares para aliviar a pobreza dos 80% da população do mundo 'num planeta que tem 2.500 milhões de seres humanos com uma renda de 2 dólares por dia' e que gaste 13 vezes mais (US$1.300.000..000.000) em armas e soldados.

Como disse esta manhã, não pode ser que a América Latina gaste 50 bilhões de dólares por ano em armas e soldados. Eu me pergunto: quem é o nosso inimigo? Nosso inimigo, presidente Correa, desta desigualdade que o Sr. aponta com muita razão, é a falta de educação; é o analfabetismo; é que não gastamos na saúde de nosso povo; que não criamos a infra-estrutura necessária, os caminhos, as estradas, os portos, os aeroportos; que não estamos dedicando os recursos necessários para deter a degradação do meio ambiente; é a desigualdade que temos que nos envergonha realmente; é produto, entre muitas outras coisas, certamente, de que não estamos educando nossos filhos e nossas filhas. Não é preciso dar ao povo migalhas, falsos benefícios, dêem aos seus povos, mais infra-estrutura, educação e ética, menos política e corrupção.

Vá alguém a uma universidade latino-americana e parece que ainda estamos nos anos sessenta, setenta ou oitenta. Parece que nos esquecemos de que em 9 de novembro de 1989 aconteceu algo de muito importante, ao cair o Muro de Berlim, e que o mundo mudou. Temos que aceitar que este é um mundo diferente, e nisso francamente penso que os acadêmicos, que toda gente pensante, que os economistas, que os historiadores, quase todos concordam que o século XXI é um século dos asiáticos, não dos latino-americanos. E eu, lamentavelmente, concordo com eles. Porque enquanto nós continuamos discutindo sobre ideologias, continuamos discutindo sobre todos os 'ismos' (qual é o melhor? capitalismo, socialismo, comunismo, liberalismo, neoliberalismo, socialcristianismo...) os asiáticos encontraram um 'ismo' muito realista para o século XXI e o final do século XX, que é o pragmatismo. Para só citar um exemplo, recordemos que quando Deng Xiaoping visitou Cingapura e a Coréia do Sul, depois de ter-se dado conta de que seus próprios vizinhos estavam enriquecendo de uma maneira muito acelerada, regressou a Pequim e disse aos velhos camaradas maoístas que o haviam acompanhado na Grande Marcha: 'Bem, a verdade, queridos camaradas, é que a mim não importa se o gato é branco ou negro, só o que me interessa é que cace ratos'.

E se Mao estivesse vivo, teria morrido de novo quando Deng disse que 'a verdade é que enriquecer é glorioso'. E enquanto os chineses fazem isso, e desde 1979 até hoje crescem a 11%, 12% ou 13% ao ano, e tiraram 300 milhões de habitantes da pobreza, nós continuamos discutindo sobre ideologias que devíamos ter enterrado há muito tempo.

A boa notícia é que isto Deng Xiaoping o conseguiu quando tinha 74 anos.

Olhando em volta, queridos presidentes, não vejo ninguém que esteja perto dos 74 anos. Por isso só lhes peço que não esperemos completá-los para fazer as mudanças que temos que fazer.

Muito obrigado'

Dr. Oscar Arias Sánchez


***

'Algo Hicimos Mal' los Latinoamericanos

Dr. Oscar Arias Sánchez

Oscar Arias: 'Algo Hicimos Mal' los Latinoamericanos

El discurso del presidente de Costa Rica, Oscar Arias, en la Cumbre de las Américas de Trinidad y Tobago, el pasado 18 de abril, está circulando con gran energía por todo Internet. En el mismo, Arias pide a los líderes latinoamericanos que hagan un 'mea culpa' por los errores políticos que han colocado a América Latina en desventaja frente a otras regiones del mundo, en lugar de culpar a terceros de sus problemas. Arias, artífice de la paz en Centroamérica en los años 80 y Premio Nobel de la Paz, ilustra sus puntos de vista con gran cantidad de ejemplos. Estas fueron sus palabras en la Cumbre de las Américas:

'Tengo la impresión de que cada vez que los países caribeños y latinoamericanos se reúnen con el presidente de los Estados Unidos de América, es para pedirle cosas o para reclamarle cosas. Casi siempre, es para culpar a Estados Unidos de nuestros males pasados, presentes y futuros. No creo que eso sea del todo justo.

No podemos olvidar que América Latina tuvo universidades antes de que Estados Unidos creara Harvard y William & Mary, que son las primeras universidades de ese país. No podemos olvidar que en este continente, como en el mundo entero, por lo menos hasta 1750 todos los americanos eran más o menos iguales: todos eran pobres. Cuando aparece la Revolución Industrial en Inglaterra, otros países se montan en ese vagón: Alemania, Francia, Estados Unidos, Canadá, Australia, Nueva Zelanda… y así la Revolución Industrial pasó por América Latina como un cometa, y no nos dimos cuenta. Ciertamente perdimos la oportunidad. También hay una diferencia muy grande. Leyendo la historia de América Latina, comparada con la historia de Estados Unidos, uno comprende que Latinoamérica no tuvo un John Winthrop español, ni portugués, que viniera con la Biblia en su mano dispuesto a construir “una Ciudad sobre una Colina”, una ciudad que brillara, como fue la pretensión de los peregrinos que llegaron a Estados Unidos.

Hace 50 años, México era más rico que Portugal. En 1950, un país como Brasil tenía un ingreso per cápita más elevado que el de Corea del Sur. Hace 60 años, Honduras tenía más riqueza per cápita que Singapur, y hoy Singapur –en cuestión de 35 ó 40 años– es un país con $40.000 de ingreso anual por habitante. Bueno, algo hicimos mal los latinoamericanos. ¿Qué hicimos mal? No puedo enumerar todas las cosas que hemos hecho mal. Para comenzar, tenemos una escolaridad de siete años. Esa es la escolaridad promedio de América Latina y no es el caso de la mayoría de los países asiáticos. Ciertamente no es el caso de países como Estados Unidos y Canadá, con la mejor educación del mundo, similar a la de los europeos. De cada 10 estudiantes que ingresan a la secundaria en América Latina, en algunos países solo uno termina esa secundaria. Hay países que tienen una mortalidad infantil de 50 niños por cada mil, cuando el promedio en los países asiáticos más avanzados es de 8, 9 ó 10.

Nosotros tenemos países donde la carga tributaria es del 12% del producto interno bruto, y no es responsabilidad de nadie, excepto la nuestra, que no le cobremos dinero a la gente más rica de nuestros países. Nadie tiene la culpa de eso, excepto nosotros mismos. En 1950, cada ciudadano norteamericano era cuatro veces más rico que un ciudadano latinoamericano. Hoy en día, un ciudadano norteamericano es 10, 15 ó 20 veces más rico que un latinoamericano. Eso no es culpa de Estados Unidos, es culpa nuestra.

En mi intervención de esta mañana, me referí a un hecho que para mí es grotesco, y que lo único que demuestra es que el sistema de valores del siglo XX, que parece ser el que estamos poniendo en práctica también en el siglo XXI, es un sistema de valores equivocado. Porque no puede ser que el mundo rico dedique 100.000 millones de dólares para aliviar la pobreza del 80% de la población del mundo –en un planeta que tiene 2.500 millones de seres humanos con un ingreso de $2 por día– y que gaste 13 veces más ($1.300.000. 000.000) en armas y soldados.

Como lo dije esta mañana, no puede ser que América Latina se gaste $50.000 millones en armas y soldados. Yo me pregunto: ¿quién es el enemigo nuestro? El enemigo nuestro, presidente Correa, de esa desigualdad que usted apunta con mucha razón, es la falta de educación; es el analfabetismo; es que no gastamos en la salud de nuestro pueblo; que no creamos la infraestructura necesaria, los caminos, las carreteras, los puertos, los aeropuertos; que no estamos dedicando los recursos necesarios para detener la degradación del medio ambiente; es la desigualdad que tenemos, que realmente nos avergüenza; es producto, entre muchas cosas, por supuesto, de que no estamos educando a nuestros hijos y a nuestras hijas.

Uno va a una universidad latinoamericana y todavía parece que estamos en los sesenta, setenta u ochenta. Parece que se nos olvidó que el 9 de noviembre de 1989 pasó algo muy importante, al caer el Muro de Berlín, y que el mundo cambió. Tenemos que aceptar que este es un mundo distinto, y en eso francamente pienso que todos los académicos, que toda la gente de pensamiento, que todos los economistas, que todos los historiadores, casi que coinciden en que el siglo XXI es el siglo de los asiáticos, no de los latinoamericanos. Y yo, lamentablemente, coincido con ellos. Porque mientras nosotros seguimos discutiendo sobre ideologías, seguimos discutiendo sobre todos los “ismos” (¿cuál es el mejor? capitalismo, socialismo, comunismo, liberalismo, neoliberalismo, socialcristianismo...), los asiáticos encontraron un “ismo” muy realista para el siglo XXI y el final del siglo XX, que es el pragmatismo. Para sólo citar un ejemplo, recordemos que cuando Deng Xiaoping visitó Singapur y Corea del Sur, después de haberse dado cuenta de que sus propios vecinos se estaban enriqueciendo de una manera muy acelerada, regresó a Pekín y dijo a los viejos camaradas maoístas que lo habían acompañado en la Larga Marcha: “Bueno, la verdad, queridos camaradas, es que mí no me importa si el gato es blanco o negro, lo único que me interesa es que cace ratones”. Y si hubiera estado vivo Mao, se hubiera muerto de nuevo cuando dijo que “la verdad es que enriquecerse es glorioso”.

Y mientras los chinos hacen esto, y desde el 79 a hoy crecen a un 11%, 12% o 13%, y han sacado a 300 millones de habitantes de la pobreza, nosotros seguimos discutiendo sobre ideologías que tuvimos que haber enterrado hace mucho tiempo atrás.

La buena noticia es que esto lo logró Deng Xioping cuando tenía 74 años. Viendo alrededor, queridos presidentes, no veo a nadie que esté cerca de los 74 años. Por eso solo les pido que no esperemos a cumplirlos para hacer los cambios que tenemos que hacer.

Muchas gracias'.

Dr. Oscar Arias Sánchez


Fonte: http://www.nacion.com/ln_ee/2009/abril/26/opinion1944940.html



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