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Bitucas de cigarro pelas paredes,
vultos escandalizados esparramados pelo teto,
livros, livros, livros e mais livros,
Alencar, Levy, Homero, Massaud, Dickens, Poe,
Gibson, Benitez e seus aliens, Wilde, Campos,
Quevedo e sua chatice incrédula, Plínio Marcos,
o velho caolho, Augusto dos Anjos
gritam silenciosamente,
pedindo atenção.
A luz artificial e radiante da mágica caixinha virtual me chama.
Meu outro eu está inquieto, necessita de dados,
necessita de informação.
As noites em claro,
as noites de solidão,
as noites de viagens ao lado do sábio grego
em busca de sua terra e de sua amada.;
pela tenebrosa Rua Morgue,
pelos confins idealizados das matas intocadas
de nossa gloriosa e mesquinha nação.
As noites em claro,
as noites de solidão,
as noites de viagens inacreditáveis
pelos espetaculares universos 3D,
pelas incansáveis variáveis
das linguagens de programação.
As noites em claro,
as noites de solidão,
as noites de várias viagens
levam-me também à esplendorosa
fragmentação.
Eu não sou eu: sou uma máquina
ultrapassada,
de clusters danificados,
repleta de worms, Cavalos de Tróia,
sem conexão, isolada.; sem memória
disponível, meu disco rígido com falta de espaço,
meus circuitos integrados, sobrecarregados,
a eletricidade que por eles corre,
estática.;
sou uma rede de chips enferrujados,
um conjunto de enigmáticos modens queimados,
uma máquina ineficiente e desatualizada.
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