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Contos-->Céu transparente, vida fantasma -- 25/12/2002 - 14:57 (Rejane Luiza Auler de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
São olhos molhados por lágrimas de angústia que observam o céu, perguntam em silêncio o que devem fazer, procuram ver uma forma ou qualquer coisa que lhes dê a certeza de estarem sendo cuidados, amados. O céu fica cada dia mais transparente, mas nenhuma das quatorze criações consegue ver algo, não sabem se devem realmente usar os olhos, mas estão desesperados, tão desesperados que depositam justamente em seus olhos toda a esperança que possuem. Suas almas já não encontram equilíbrio algum, a paz vai abondonando seus corações. O real já sugou deles a capaciadade que tínham de crerem em suas próprias importâncias.
São fragmentos de luz que vagam por uma vida fantasma. Todos se enrolam em suas próprias tristezas e frustrações e caminham sem rumo, já passaram a interpretar como sendo uma lenda o caminho que conduz à harmonia. Decidiram deixar de lado o amor, já acham pesado demais o amargo destino que precisam carregar. As chagas causadas pela escuridão que escolheram seguir vão se tornando cada vez maiores, olham tristes para o sangue escuro que lhes brota dos braços, mas a conformação criada por eles próprios sobre suas vidas faz com que o sofrimento que sentem seja amenizado, ainda que só fisicamente, porque suas almas vão apodrecendo.
Um plano que começa a ter suas estruturas abaladas. O lado negativo das forças, das ações, do tempo, começa a se manifestar, o inverso surge protegido por uma couraça de motivos infâmes. Uma multidão perdida em crenças criadas à partir de devaneios desencadeia a mudança, o que deveria ser extraordinário e existir no interior de todos é tido como algo comum e ilusório. As engrenagens acham que, estando uma dentro da outra, conseguirão se tornar a máquina suprema, a origem deles mesmos. Uma multidão seguidora de sua própria sombra, multidão que não se deu conta da sua sombra estar sendo produzida pelo sol que se encontra bem atrás dela, e continua à caminhar, cabisbaixa, na direção oposta.
O supremo um foi despedaçado e cada um de seus pedaços foi lançado ao cosmos. Mas agora, muito tempo depois, cada fragmento do supremo um começa a cair do céu, em forma de chuva, uma chuva tão escura que entristece todos que a vêem cair. Cada gota cai em uma região diferente deste plano, estão todas separadas, e cada povo acolhe os pingos de forma diferente dando à eles significados diferentes, criando crenças e atribuindo poderes diferentes à cada um. O supremo um deixou de existir. Muito poucos se lembram de como ele era e o que ele representava, e esses pegaram suas gotas e as jogaram em uma imensa cova, formando no centro dela uma pequena poça de água escura, almejando um dia poderem ver um oceano negro naquele lugar. O supremo um renascendo como eterno um.
Todos procuram uma espada para se defender, temem algo, sentem alguma coisa ruim, fogem, gritam, mas não sabem porque. Desconhecem a origem do seu pânico, pois nunca viram nenhuma forma, nenhum corpo, também nunca foram feridos. O inimigo de alguém que, é invisível, sempre está presente, não carrega armas e não quer matar, é ele próprio, cada um teme à si mesmo, talvez por desconhecer a maneira como fora criado. Um inimigo inserido em meio às escuras dúvidas, uma alma maligna que amedronta o corpo onde vive e faz sua presença ser tão forte no real quanto é no mental.
A ira finalmente revela seu real poder à todos. Convence muitos a abraçá-la em momentos de paranóia e desespero, provoca um caos sem proporções sobre o solo já bastante rachado e fraco do caminho. As vozes dos que se intregaram à ira podem ser comparadas aos trovões provocados por uma davastadora tempestade. A razão adoece no interior dos frágeis e rapidamente é deixada de lado, agonizando por um tempo incálculável. Todos os que se apóiam na razão e, se sentem desprotegidos com a mesma, procuram força e poder, e encontram tudo isso na ira. Mas esses que escolheram se devotar à ira ao mesmo tempo vão tornando cada vez menor o tempo de suas próprias existências e a de muitos outros semelhantes à eles. Semelhantes que também portam uma ira incontrolável. O caminho não importa mais agora que a destruição é desejada por vários.
O sentido das coisas vai desaparecendo junto com o sol poente. Já não se trata mais de uma vida rica em ações e momentos, já se sabe que não se trata de algo imprevisível o que acontece todos os dias pelo caminho. Para a multidão, realmente se tornou uma coisa sem sentido continuar caminhando para onde abstratos indicadores apontam. Um tempo foi especialmente criado, emoções foram desenvolvidas com extremo carinho, tudo em vão, apenas serviram de motivo para a formulação de uma pergunta/resposta óbvia: "Por que?" Todos só querem ir para casa, sozinhos, sem mais perguntas, e com a certeza de que as respostas que possuem para tudo estejam erradas.

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