Para que tanto drama, se só tu sentes a dor?
Se a insônia é só tua, por que não dormir?
Se todos conseguem sonhar,
Se tudo é feito para acabar.
Por que não sorrir, se o injusto é o justo,
Se o errado é o certo,
Se o falso é a verdade,
Se a mentira é a regra,
Por que chorar?
Mas mesmo assim,
Na vida falsa,
Na mentira cotidiana,
No errado justo,
Na regra, no molde, não digo sim.
Não quero não sentir.
E por isso,
E por mim - íntegro, humano, vidente,
Choro.
E não durmo.
E sinto.
Sinto.
Sinto muito.
1975
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