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Ensaios-->A ilusão de segurança: defenda-se -- 12/05/2010 - 15:04 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A ILUSÃO DE SEGURANÇA: DEFENDA-SE

Francisco José Fonseca de Medeiros (*)

A atividade de Inteligência Competitiva se firma cada vez mais como um importante e imprescindível instrumento de assessoramento para tomadas de decisões em variados segmentos da Economia. Sabemos que ela se estrutura em dois ramos: Inteligência, que produz conhecimentos baseados em fatos ou situações que possam, de uma maneira geral, agir proativamente para aproveitar as oportunidades futuras, e Contrainteligência, responsável pela salvaguarda dos bens tangíveis e intangíveis de uma organização ou empresa, em face da ação antagônica de pessoas, mal intencionadas ou não, e fenômenos naturais.

Por vezes, quando o assunto “Inteligência Competitiva” está sendo tratado, a Contrainteligência é abordada de uma forma secundária ou, até mesmo, nem é considerada. Isso acontece porque temos a ilusão de estarmos sempre em segurança. Não percebemos que com a rapidez do avanço tecnológico, o que antes nos dava alguma proteção, agora não dá mais. Ficamos expostos a abordagens nocivas, seja por meios digitais, como a Internet, ou fisicamente, nas instalações prediais e telemáticas vulneráveis ou até pessoalmente, sob as ameaças constantes que circulam no meio urbano.

É natural que empresas busquem meios que possam proporcionar mais e melhores condições de se manterem no mercado. Porém, não se pode esquecer que o primeiro passo para a competitividade é proteger o seu patrimônio, seus conhecimentos acumulados, suas experiências adquiridas, seus projetos e segredos.

Na realidade, é preciso entender que somos vulneráveis à ação de pessoas que, lançando mão de inovações tecnológicas e de forma dissimulada, agem sobre o elo mais fraco de um sistema de segurança: o fator humano. Kevin Mitnick cita em sua obra “A Arte de Enganar” que “com frequência, a segurança é apenas uma ilusão, que às vezes fica pior ainda quando entram em jogo a credulidade, a inocência ou a ignorância”. Ou seja, as ações danosas ao patrimônio têm grande possibilidade de sucesso quando as pessoas não estão integradas às medidas de segurança e proteção.

Os governos, as empresas e instituições e, na verdade, a maioria de nós somos alvos fáceis para o que hoje é chamado de engenheiro social, ou seja, um indivíduo que se especializa em trapacear e enganar as pessoas.

Nessa conjuntura, na qual a segurança é cada vez mais discutida, empregamos uma grande quantidade de dinheiro na busca de novas tecnologias para proteger os ativos e os conhecimentos de uma empresa, mas não preparamos o nosso pessoal, do presidente ao mais novo contratado dos funcionários, para um cenário que varia do mais simples descuido de um empregado ao ciberterrorismo.

É nessa situação negativa da empresa que proporcionamos aos engenheiros sociais e aos competidores as condições essenciais para agirem. Para obterem o que desejam, tais elementos transmitem simpatia e confiança, exploram o medo dos funcionários em perder o emprego por não atenderem bem e o desejo de serem úteis, ou mesmo a ambição em conseguirem uma posição melhor por parecerem simpáticos e eficazes.

Observa-se que são muitos os benefícios de ter, implantar e manter uma política de segurança sólida e personalizada para a sua empresa, seja ela grande, média, pequena ou micro. Para isso, se quiserem manter seguros os seus conhecimentos e a sua empresa, preparem os seus funcionários, implantem um programa de capacitação e treinamento e exerçam uma fiscalização rigorosa.
Mas a segurança não é um produto que podemos comprar pronto, ela é um processo. Começa com a conscientização da sua importância e o comprometimento de quem dela necessita. É preciso envolver a todos os que atuam na empresa, instruindo-os para que adquiram comportamento e atitude de modo a influenciar positivamente a cultura organizacional. Não bastam os mais sofisticados softwares e equipamentos de segurança, se o corpo funcional, a começar pela alta direção da empresa, negligencia as rotinas de proteção por achar que nada irá acontecer de errado, pois a empresa “possui um sistema de segurança considerado muito bom”.

Atualmente os crimes cibernéticos assustam muito as empresas devido à possibilidade de causar grandes estragos. Esses eventos estão aumentando assustadoramente pela facilidade com que são praticados. As empresas permitem que os ataques aconteçam porque colaboradores mal intencionados, negligentes ou despreparados facilitam o rebaixamento do grau de segurança e a proteção de seu patrimônio.

No momento, os criminosos nem precisam mais de especialistas para roubar senhas e praticar atividades ilícitas. O número de fraudes na Internet cresceu 6.513% no Brasil entre 2004 e 2009. Os dados são do Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil. Os números se referem às queixas feitas por administradores de redes, mas o total de fraudes pode ser bem maior. Para a Justiça, vários fatores dificultam o combate a esses grupos, dentre eles a burocracia. O crime é online. A legislação, off-line.

Informações aparentemente banais, mas que, devidamente contextualizadas, formam um quadro revelador da estratégia de competitividade, podem ser alcançadas com relativa facilidade, comprometendo a estabilidade da empresa. Dessa forma, dados como os constantes em uma lista contendo o nome, telefone, e-mail, função e uma planta ou fotografias que mostram a estrutura interna e os seus pontos sensíveis podem ser manipulados e trabalhados por criminosos para causarem grandes danos e prejuízos para a empresa. O que se quer dizer é que coisas aparentemente inofensivas podem ser a porta de entrada para os conhecimentos mais valiosos da empresa. Assim, mesmo que seja uma medida antipática, é preciso que todos os empregados sejam treinados para conferir não apenas a identidade de quem faz perguntas, mas também a necessidade do requisitante em conhecer o que está sendo pedido, independente da função ou cargo alegado. Nem mesmo reconhecer a voz é seguro, pois é da natureza humana confiar, particularmente nos colegas, ou quando a solicitação ou a maneira de fazê-la nos parece razoável.

Às vezes, distraidamente ou por demonstração de poder, ao telefone ou em conversas informais em lugares públicos, ou até mesmo no próprio ambiente de trabalho, são feitos comentários sobre assuntos sensíveis que põem pessoas a par de certas informações que implicam risco de grandes prejuízos caso sejam do conhecimento da concorrência.

Não podemos nos esquecer da segurança dos que possuem conhecimentos e da integridade da própria empresa. Qual a segurança que essas pessoas possuem em seus escritórios e em suas casas para tratar de assuntos sigilosos? Elas estão preparadas para se protegerem dos engenheiros sociais e dos concorrentes? Elas sabem como fazer para dificultar um assalto ou sequestro, situações nais quais poderão comprometer não só a sua integridade física pessoal ou de seus parentes, mas também os conhecimentos da empresa? A sua empresa sabe o que fazer para, após um fenômeno natural, controlar a situação e passar o menor tempo possível sem produzir o necessário?

Algumas pessoas perguntarão: “o que fazer?”. Bem, certa vez um mestre disse que “não se pode ensinar nada a quem não quer aprender e não se aprende nada sem que alguém saiba ensinar”. Dessa forma, a maneira mais apropriada de demonstrar a importância da Contrainteligência é deixar evidente àqueles que decidem e que têm o dever-saber, que tanto mais o empreendimento estará seguro e protegido, quanto estiver sob a orientação daqueles que detêm o conhecimento técnico, o saber-fazer, de um ramo fundamental da Inteligência Competitiva.


(*) Analista de Inteligência e Diretor da
Associação Brasileira dos Analistas de Inteligência Competitiva (ABRAIC).


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