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Cronicas-->Bons tempos -- 28/09/2002 - 21:30 (Hilton Görresen) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Gostava de ver minha avó tirando a roupa. Primeiro, a velha tirava o vestido longo de bolinhas, a anágua, depois, vagarosamente, as roupas íntimas, as meias, as toalhas de banho e os panos de louça, até o varal ficar vazio. (Te peguei, hein?) Após isso, estendia na grama um saco de aniagem e o enchia de grãos de trigo para secar. O trigo era para fazer quibes. Minha avó fazia quibes deliciosos, macios, não os quibes secos de lanchonete. Mas, que azar, eram para os fregueses; mesmo assim eu não saía de lá sem surrupiar um ou dois.
Sua casa era modesta, feita de pedras; a "casinha" (que hoje é conhecida como toalete) era do lado de fora, à beira do mar. Assim, não era necessário utilizar descarga d´água, a maré absorvia tudo, se é que me entendem.
Quando alguma menina ia usar a casinha, a gente esperava alguns minutos, depois alguém gritava: olha o rato! Que rato enorme! A guria dava um pulo, abria a porta e saía apavorada (Onde? Onde?), sem lembrar de baixar o vestido e colocar as calcinhas. Que festa!
Duas coisas eram sagradas, além da matinê dos domingos para acompanhar o seriado: a troca de gibis e os banhos de mar. Eu já morava à beira-mar, quase que dava de mergulhar da janela. Nas férias de verão, a gente só esperava fazer a digestão do almoço (meu pai dizia que não se podia nadar de barriga cheia), e splash! estava na água. No verão, o mar era nossa segunda casa. Quando chovia forte, então, era melhor ainda; nada como correr pelo trapiche e se jogar de ponta-cabeça, debaixo da chuva.
Já os gibis, não sei onde se arranjavam tantos, pois ninguém os comprava, somente trocava. Era um mistério. Revistas que hoje são raríssimas para colecionadores rolavam de mão em mão. Na casa de minha vó, faziam a função do papel higiênico. Era assim: Capitão Marvel, zapt!, Hopalong Cassidy, zupt!, Spirit, obra-prima de Wil Eissner, scrach!
Com os braços carregados de revistas, a gente deitava de bruços na cama e passava a tarde lendo. E, olhem só, ninguém virou marginal.

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