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Poesias-->Bala perdida -- 06/03/2003 - 15:38 (Marcos Woyames de Albuquerque) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Bala perdida



Tentei falar, tentei dizer

Ficou engasgado, preso, atravessado.

A dor é grande, tão grande quanto pode ser.

Um pedaço de mim está ferido, machucado.



Faz algum tempo, a vida me deu uma lição,

Me colocou, como disse o poeta, “uma pedra no caminho”.

Uma família sofrida, atropelada pela vida, nem tenho definição.

Foi ali que aprendi, que por mais que eu me julgasse sofrer,

Perto deles era muito pouquinho.



Um homem, uma mulher e um bando de crianças.

No homem a morte próxima, na mulher a doença mais terrível.

Nas crianças... pobre coitadas, nem mesmo esperança.

E a vida me jogou ali.

Eu, inocente, tentei vencer o invencível



Enchi meu peito de ar, pus-me fundo a respirar e acreditei.

Tenho amigos. Existem no mundo pessoas de bom coração.

No princípio foi uma maravilha, muitos ajudaram e eu, inocente, acreditei.

Continuei minha luta e contei com aquelas pessoas,

Mas o que havia de bom, acabou em cada coração.

E eu, eu que acreditei, fiquei sozinho.

Como se diz na gíria, fiquei na mão!



O homem... a morte levou.

A mulher... a doença ficou e com ela só fome e frio.

A família... desagregou... não há apegou que a fome e o frio contente.

E eu, ainda assim acreditei.

Pedindo aqui, pedindo ali, pedindo até ao mais arredio.

Demora mais. As vezes a fome aperta mais, uma vez ou outra ...

Surge alguém que também sente e então lá vem...comida num repente.



Por uma das crianças me apaixonei, com consentimento dos pais, dou todo o cuidado,

Queria fazer mais, queria ajudar aos demais.

Conversei com quem pude, mas não deu em nada, ninguém quis dar cuidado.

Ninguém quis ser responsabilizado.



O menino que peguei, está bem, graças a Deus.

Os que não peguei, ajudo quando sou ajudado.

Tenho agora uma dúvida em meu coração,

Será que fiz o suficiente?

Será que não fiz a coisa errada?

Era esta a forma, desta família ser ajudada?



Cada contato que tenho, cada notícia que me chega, só me deixa revolta.

Se ao menos a mulher eu pudesse, em sua doença, ajudar.

Se meus conselhos pudessem manter a esta família sem desagregar.



De nada adiantaria, nada do que fizesse resolveria

Se ao menos os pequeninos eu tivesse conseguido tirar de lá.

Ao menos ela, ao menos a dor de hoje não haveria.



A violência, a ignorância, a intolerância, aliadas a minha incapacidade,

São agora a causa dessa grande dor.

Eu não consegui tirá-la de lá, eu não consegui tirá-la do caminho,

Eu não pude protegê-la da bala perdida.



Só me resta pedir, não mais aos amigos, não mais aos temporários salvadores,

Não mais a aqueles que me foram deixando “na mão”.

Me resta pedir a Deus... Pai, cuida desta criança e a livra dos horrores.

Que se for para que sofra, que se vá para teu reino então!

Cuida das outras crianças, com ferimento do coração,

Com ferimento da desunião

Cuida para que em seu caminho,

Não encontrem o de outra bala perdida.

Cuida para que esta mulher,

Pare em sua vida, de ser tão sofrida

Cuida Pai, desta família e de todas as famílias,

Que como está, é desprotegida.

Amém!



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