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Ensaios-->Extermínio sobre Copaoba -- 14/09/2010 - 08:53 (Arlindo de Melo Freire) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Extermínio sobre Copaoba

Arlindo Freire*




Em diversos instantes, com fins premeditados, mais de 15 mil indígenas estabelecidos em Copaoba - foram dizimados numa véspera de Natal, mediante o incêndio das suas moradias e demais estabelecimentos–1587.




01– 1503 – Presença Francesa

Os reinados francês e inglês jamais aceitaram os termos do Tratado de Tordesilhas, pelo qual o mundo desconhecido da Europa fora dividido entre duas nações – Espanha e Portugal contrariando, dessa forma, o direito de outros paises ricos e poderosos daquela época, sob a alegação de que o Sol nasceu para todos.
Portanto, os príncipes franceses, assim como outros poderosos, mediante apoio do reino destacaram os seus navios – para as viagens ao Novo Mundo, inclusive todo o litoral brasileiro, em busca de terras e especiarias para a comercialização em toda Europa, como fonte de renda, visando recuperar os elevados prejuízos causados pelas guerras internas no continente europeu, no curso de 100 anos.
Foi com essa missão que o litoral nordestino passou a ser, naquele ano – 1503 por demais visitado pelos traficantes originários da França, inclusive o Rio Grande, onde foram encontrados os Potiguara – de fácil acesso e entendimentos com os piratas, depois de serem presenteados com espelhos e roupas usados, além de fitas e colares destinados às indígenas adultas e crianças.
Os navios dos traficantes e corsários estiveram em toda a costa do Rio Grande fazendo o escambo de algodão, cereais, tabaco, pimenta, gengibre e plantas medicinais, aves exóticas, peles de onças, pau-brasil e outras madeiras nobres, além das aves, especialmente os papagaios, macacos e sagüis, pedras de ouro, crisólitos e âmbares cinza, negro, além do branco.
O tráfico mercantil em questão foi intensificado em 1516 – na costa habitada pelos Potiguara, de preferência o Rio Grande e Paraíba, de mais fácil acesso para as ancoragens das embarcações nas proximidades das praias, de onde podiam velejar pelos rios de maré alta – com destino a outros pontos anteriores ao sertão.
Em decorrência das boas relações com os indígenas, os franceses também entraram pelo sertão, ultrapassando assim, o litoral – sempre com o fim de obter a produção nativa, especialmente o algodão cultivado nas terras altas do Brasil nordestino, entre as quais a Copaoba, da Paraíba, então por demais conhecida e explorada pelos europeus, de preferência os franceses – piratas, traficantes, corsários, miseráveis e abandonados, das guerras renascentistas de 100 anos na Europa.


02 – 1518 – Jean Ango e Outros

Com a proteção do rei Francisco I de França, o franco-navegador Jean Ango saiu dos portos da Bretanha e Normandia em 1518, com destino ao Brasil, ao lado de Guilherme de Testu, Barré e Jacques Soie para fazerem aquisição das especiarias cultivadas e produzidas pelos indígenas do litoral e sertão nordestinos.
- Quantos pontos da costa e sertão nordestinos foram marcados ou feitos pelos franceses durante os 94 anos em que aí estiveram?
Seria muito bom e saudável ter o conhecimento da resposta, mas, os brasileiros do Nordeste, assim como os franceses, sabem apenas, um pouco dessa ocorrência histórica e cultural levada pelo tempo, desde a Copaoba, que ficou sem este nome, além do passado de hábitos e costumes feitos por mais de 20 mil índios incendiados naquele local.
Na sua História do Brasil – 1500-1627, o frei Vicente do Salvador relata a presença francesa e inglesa nas águas do rio Potengi, então Rio Grande e toda a costa Potiguara, recebendo cargas e navios dos portugueses, fazendo a prisão dos marinheiros lusitanos, para vendê-los aos índios antropófagos estabelecidos nas matas.
No livro Tratado Descritivo do Brasil – 1587, o português Gabriel Soares Moreno menciona seis locais da costa Sul e Norte, do Rio Grande – onde os navegadores franceses, durante o século 16, atracavam suas embarcações para receber as cargas do pau-brasil encomendado aos índios.
O mapa do francês Jacques de Vaux, impresso em Dieppe-1579, contém a figura do território Potiguara com os pássaros, macacos e outros animais, mais as árvores e praias, sem haver a falta dos indígenas, no total de 10 mil guerreiros reunidos em Copaoba, com suas flechas, em pé de guerra – para combater e expulsar os portugueses.
O plano tinha sido estabelecido com o respaldo da rainha Catarina de Médici, acrescido da conquista desde o Amazonas até a região do rio São Francisco, o qual foi logrado com a morte prematura do coronel Filippo Strozzi, por ocasião da guerra nos Açores em 1582.
Hoje em dia – podemos admitir, logicamente que o movimento sindical dos trabalhadores rurais, assim como dos Sem Terra e demais camponeses, seria originário da Liga Índia, criada em 1654, na serra Ibiapaba – fronteira Piauí-Ceará, onde foram dizimados mais de 4 mil homens, mulheres e crianças, pelo abandono, fome e doença, sob a liderança do cacique Antonio Paraupaba, porque recusavam a presença dos portugueses que haviam expulsado dali - os franceses.
Se a França e Brasil tivessem a legítima e verdadeira solidariedade cultural – certamente, com estudo e pesquisa históricos, tudo isso poderia ser restabelecido e preservado para a grandeza, sobrevivência e paz da humanidade alinhada no tempo e espaço infinitos do Universo.

03 - 1530 – Iniguaçu=Diogo Dias

Os irmãos da jovem indígena Iniguaçu, foram designados em 1530 pelo então cacique da Copaoba para fazer o resgate da mesma, no engenho do português Diogo Dias, situado nas proximidades de Itamaracá – Pernambuco, onde ela estaria, de acordo com os compromissos assumidos anteriormente, entre o governo português no Brasil e os Potiguar responsáveis por essa providência.
Os emissários chegaram à sede do engenho, sem haver encontrado a confirmação da palavra do governador de Pernambuco, assim como a vontade dela para voltar às tribos da Copaoba, pois certamente estava decidida em prosseguir a vida amorosa que dera início ao lado de Diogo Dias, motivo pelo qual preferia permanecer.
Diante da nova situação, os enviados retornaram a Copaoba, sem Iniguaçu, levando a negativa desta e do governo, no sentido de que ela voltaria ao seio das tribos de onde partira – para viver na dependência daquele senhor de engenho – o primeiro do Brasil, em Itamaracá.
Após o exame da questão, os chefes indígenas da Copaoba resolveram constituir um grupo de seus guerreiros para uma segunda missão a Itamaracá, mais precisamente ao engenho de Digo Dias, com o fim de resgatar Iniguaçu e, ao mesmo tempo, em caso de sua resistência – incendiar todo o estabelecimento e numerosas moradias.
O resultado – foi a morte de Iniguaçu e a grande coivara sobre o engenho de Diogo Dias, além de outras vitimas fatais de pessoas que viviam naquele local, produzindo o açucar de cana exportado para Europa, especialmente Portugal e outras colônias.
Ao tomar conhecimento da ocorrência, Lisboa ficou estupefata, sem compreender, nem assimilar as atitudes indígenas, pois estas, segundo o governo português, tinham sido, absolutamente estúpidas e injustas porque não correspondiam às expectativas de amizade e apoio do colonizador lusitano.
Nos anos seguintes, Diogo Dias – DD, com o provável reforço da coroa, mandou fazer a recuperação do seu engenho, naquele mesmo local – Itamaracá, dando continuidade à produção e comercio exterior do açúcar, mel e outros subprodutos, além do aumento no rebanho bovino.
Admite-se que os maiores efeitos políticos e administrativos do governo português, relacionados ou causados pelas ações dos guerreiros de Copaoba no engenho de Itamaracá – foram a expansão da colonização no Brasil, ao mesmo tempo em que, qualquer providência poderia ser tomada, visando castigar, perseguir e exterminar os povos nativos, o que, praticamente, foi realizado, sistematicamente, desde aquele momento - fogo no engenho, seguido pelo de Copaoba, além de OUTROS no sertão e litoral do Nordeste.

04 - 1587 - Martim Leitão

No último ano da administração do governador geral Manuel Teles Barreto – 1583-87, no Brasil – foi concluída, depois de 57 anos, a operação do capitão-mor de Pernambuco, Martim Leitão visando expulsar os franceses do Norte brasileiro, assim como de extermínio dos indígenas que estivessem sob a influência dos armadores de França.
Foi com muito fracasso e lutas que Martim Leitão saiu de Olinda – Pernambuco com as tropas de soldados e índios flecheiros, da sua capitania, tendo nos ombros o pesado volume das derrotas.
Ao regressar da terceira investida sobre Copaoba, Martim Leitão decidiu, por motivos desconhecidos, entregar a Capitania da Paraíba, ao seu auxiliar, João Tavares, enquanto ele continuava em Olinda, sob as ordens de Dom Filipe II, da Espanha – e I de Portugal.
Sob o domínio da rica e poderosa Espanha – 1581-1640, Portugal contava, então, com mais ou menos, 50 por cento da frota marítima mundial para ocupar as suas colônias da América, Ásia e África, inclusive o Brasil – procurado pela França.
Com o respaldo da nova situação, Martim Leitão esqueceu o seu fracasso anterior e vestiu a farda de herói, retornando à Copaoba, na quarta oportunidade – para duas missões simultâneas: dizimar os indígenas e expulsar os franceses das terras de planaltos e vales com muita produtividade agrícola, conforme a economia nativa.
Por determinação do Rei Dom Filipe, os indígenas Potiguar apoiados pelos franceses, foram atacados na Copaoba – 50 aldeias, no total de 15 a 20 mil pessoas, por Martim Leitão, Ouvidor Geral do Brasil, com 640 homens de guerra, dos quais 500 índios flecheiros, ao chegar àquela localidade na última semana de dezembro de 1587, após ter saído da cidade N.S. das Neves, atual João Pessoa.
No dia da chegada – 24.12.1587, as tropas invasoras, reforçadas por milhares de índios, começaram a extinção, com ataques e incêndios, de 35 a 40 aldeias na extensão circular de 6km., onde houve, em três períodos diferentes, antes de dezembro de 1587, as tentativas do extermínio de Copaoba.
Naquele mesmo ano, o celeiro das aldeias estava lotado de algodão e milho cultivados pelos indígenas, para comercialização com os franceses e sua exportação para Europa, se não fosse o incêndio de toda mercadoria feito pelos colonizadores de Portugal-Espanha.

Na véspera do Natal de 1587 – a Copaoba foi banhada de sangue, fogo e morte, transformada no grande inferno que ficou na memória do Nordeste, esquecida e abandonada por suas vinte gerações.

05 – História Sem Nomes

O segundo êxodo dos Potiguara expulsos do litoral pela dominação portuguesa - foi encerrado naquele momento, em nome da civilização sedenta de poder, terra, domínio e expansão econômica no continente americano.
A dor infinita de Copaoba – ficou na história, desde o momento em que cerca de 20 mil indígenas foram exterminados, enquanto os sinos das igrejas nas cidades européias convidavam para as cerimônias de paz e amor sobre o nascimento do Salvador.
Os melhores testemunhos desse acontecimento – foram o Ouvidor-Geral Martim Leitão, em companhia de seus auxiliares Pedro d´Albuquerque, João Tavares e Duarte Gomes, além de outros ilustres senhores que tiveram receios dos castigos que poderiam receber, se continuassem olhando a matança praticada por eles na extensão de Copaoba.
A carnificina também foi assistida pelos padres Baltasar Lopes e Manuel Carneiro, da Companhia de Jesus, relatores dos fatos da colonização portuguesa no Brasil, para outro religioso da mesma ordem, segundo as determinações do padre Cristóvão de Gouveia, Visitador da Companhia de Jesus na província do Brasil, naquele período.
O relato completo das ocorrências em questão está inserido nas 120 páginas sobre a “História da Conquista da Paraíba”, volume 73, das Edições do Senado Federal – 2006.
O jesuíta autor dos relatos – preferiu não mencionar o seu nome, por motivos inexplicados, deixando em seu lugar apenas a expressão Por Um da Companhia de Jesus que recebeu dos historiadores o indicativo de Anônimo.
Naquele mesmo tempo, o Bispo de Chiapas – México, Bartolomeu de las Casas iniciava a sua campanha de protesto, segundo a doutrina da Igreja Católica, sobre o tratamento de perseguição e morte aos indígenas, contrariando o que vinha sendo feito pelos colonizadores espanhóis.
Os missionários destacados para o Brasil, inclusive os que acompanharam Martim Leitão, pareciam desconhecer as recomendações feitas por Las Casas, vez que sempre estiveram de acordo com os absurdos do Ouvidor Geral, segundo os escritos da mesma época, elaborados por esses missionários.
No mundo americano de então, a maior figura estava na pessoa do “conquistador, guerreiro, mercenário e jogador” - Fernando Cortez procedente da Espanha, para fazer a exploração do México e outros futuros paises da região, onde ele encontrou uma grande população indígena com bastante riqueza em minérios, principalmente ouro, além de grandes cidades.
Para a vitória de Cortez, o rei ou cacique Montezuma, das tribos Azteca, ficou ao lado de Cortez, depois de conceder-lhe a jovem Marina, para sua concubina e intérprete que muito facilitou o acesso do invasor ao poder indígena em todo o espaço mexicano.
Esta situação – deveria ser conhecida de Martim Leitão, no cargo de Ouvidor Geral, equivalente ao de governador, nomeado para o Brasil de então, conforme a decisão do rei da Espanha-Portugal, bem como os seus entendimentos freqüentes com outras autoridades procedentes de Madri e Lisboa.
Por esse motivo, o Ouvidor Geral estava imaginando sobre as investidas de guerra em Copaoba, com o que poderia ter a fama e prestígio no Reino do tratado íbero-americano, a exemplo do que se verificava com Cortez, sem deixar de lado a própria riqueza adquirida com assaltos e guerras aos mexicanos primitivos.
Acima de tudo isso - estava a maquina de guerra transportada da Europa para América, visando à conquista ou dominação de novo espaço e seus recursos naturais necessários à recuperação dos países que estavam semi-destruidos, com suas populações sob a doença, fome e miséria causadas pelos conflitos sanguinários de 30 a 100 anos.
Nas chacinas de hoje em dia – pelo menos os responsáveis secretos são reconhecidos e processados, sem a longa duração de tempo, apesar de não haver imediata punição, a exemplo do que se verifica desde a colonização, não somente no Nordeste, como em todo país.
Os responsáveis pelo massacre de Carajás – Pará, em que foram assassinados 19 trabalhadores Sem Terra – 1996, continuam na impunidade, após dez anos da ocorrência, a exemplo do que vem sendo constatado com 41 vítimas anuais de camponeses que lutam pelos seus direitos.
A grande resistência indígena em Copaoba serviu de exemplo para que depois de 100 anos desta, outros povos semelhantes levantassem suas cabeças e continuassem as lutas pelo domínio de seus espaços, sendo que, neste caso, foi à vez de Janduí, no Rio Grande, seguido por Pedro Potí, Antonio Paraupaba, Canindé e outros que deram início em 1687 à Guerra dos Índios, com raio de ação até o rio São Francisco, no Maranhão.
Nesta altura – começa outra história dos indígenas nordestinos ou o prosseguimento do maior acontecimento da resistência nativa aos colonizadores no território brasileiro, sem haver nas áreas da história e cultura – o devido, necessário e indispensável estudo de reconhecimento e análise, em termos de causa e efeito para a coletividade atual e futura.

06 – 1594 – Franceses=Indígenas

Os piratas ou exploradores franceses estavam dominando o norte da serra Ibiapaba, entre o Piauí e Maranhão, mediante o apoio dos indígenas, sem haver as grandes resistências violentas de ambos, razão pela qual esses europeus tinham a disposição dos nativos na coleta dos produtos naturais, visando ao mercado Europeu.
As informações extraídas da Enciclopédia dos Municípios Brasileiros – 1959, p. 246, não mencionam os nomes dos chefes corsários, assim como maiores detalhes a respeito deles e suas atividades naquela localidade, acrescentando que os caciques nativos Diabo Grande e Mel Redondo – eram por demais violentos nos seus combates e resoluções, especialmente em se tratando dos portugueses e seus aliados.

07 - 1597 - Paraguaçu=Mar Grande

Os franceses iniciaram a exploração da costa nordestina do Brasil em 1503/1516, com os seus corsários/traficantes fazendo a coleta de produtos vegetais, como resultado de suas aproximações feitas aos indígenas, principalmente os Potiguara que se tornaram aliados dos exploradores.
Os produtos vegetais consistiam, preferencialmente de algodão – fios e rêdes, cereais, tabaco, pimenta, gengibre, plantas medicinais, óleos balsâmicos, pau-brasil e outras madeiras nobres, peles de animais - destes a maior parte de onças, papagaios e outras aves exóticas, macacos e sagüis, minério de ouro e pedras preciosas – crisólitos, âmbar cinza, negro e branco.
O armador francês Jean Ango financiava os barcos e tripulantes para o tráfico dessas mercadorias, desde 1518, quando se destacaram, nessas atividades, os aventureiros Guilherme de Tostu, Barre e Jacques Sore, além de outros, vindos, na sua maioria, da Bretanha e Normandia, sob a proteção do rei Francisco I, da França.
Na foz do rio Potengi, no Rio Grande, Aires da Cunha e sua armada de l0 navios conduzindo 900 soldados, foram impedidos pelos Potiguar aliados dos franceses, em janeiro ou fevereiro de 1536, de fundar uma colônia em terras concedidas a ele e João de Barros, a 8 de março de 1535.
No seu mapa elaborado em 1579 – Jacques de Vaux assinalou que os franceses tinham o projeto de conquistar parte do território Nordeste do Brasil, desde o rio São Domingos – PB até o Acaraú – CE com o apoio de dez mil indígenas, inclusive os Tarairiú, localizados nas ribeiras do Rio Grande e Ceará.
A primeira derrota da França na Paraíba foi –- causada por 20 combatentes portugueses na destruição dos 13 navios franceses aportados ao forte Santa Catarina, anteriormente construído pela coroa portuguesa para evitar que piratas ou traficantes originários daquele país, continuassem o domínio que vinham fazendo.
Foi por conta das insistentes expulsões dos portugueses sobre os franceses que estes, após a grande derrota no litoral paraibano, entraram pelo sertão, dando preferência à sua localização, mediante o apoio indígena, no vasto planalto da serra Copaoba, onde havia volumosa produção agrícola que passou a ser exportada para a Europa.
O combate à presença francesa no Brasil teve prosseguimento em dezembro de 1597, pelo capitão-mor de Pernambuco, Manoel Mascarenhas Homem, ao ser designado pelo reinado de Espanha/Portugal – para a construção de um fortim no Rio Grande, onde seria feita a concentração de forças para expulsar os traficantes da França no território do litoral nordestino, segundo a Carta Régia de Dom Filipe II da Espanha, I de Portugal, de 9 de novembro de 1596.
Com dois mil flecheiros indígenas, o cacique Paraguaçu – veio da Copaoba combater os portugueses no Rio Grande, onde houve intensas lutas após 13 dias de sua chegada, além da prisão de oito caciques, inclusive o chefe Paraguaçu ou Mar Grande.
O ataque foi realizado de madrugada, com flechas “atiradas entre as varas” do fortim construído em madeira, enquanto os portugueses usavam armas de fogo fazendo com que os índios recuassem e outros fossem presos.
Os prisioneiros tiveram “suas vidas poupadas” em troca de informações, segundo as quais os cinqüenta franceses estavam preparando outros ataques com a participação de 20 mil indígenas, visando expulsar os portugueses do território invadido e habitado pelos nativos.
Na prisão, o cacique Paraguaçu resolveu atender aos apelos do padre Francisco de Lemos, no sentido de que houvesse a paz da população indígena com os portugueses, proposta esta que foi aceita, também, pelo chefe Surupiba que, em seguida foi enviado aos demais estabelecidos na Copaoba – para que viessem ao Rio Grande falar de pacificação.
Surupiba, ao ser liberado da prisão, recebeu alguns pacotes de tecidos para levar ao seu povo, como presentes de paz, sem haver manifestado satisfação com os mesmos, daí porque renovou as suas reclamações, no sentido de que houvesse mais cortes de tecidos, pois dessa forma ele esperava ser tratado com maior consideração, a exemplo do que fizera Mascarenhas Homem, depois da pacificação com as tribos revoltadas em 1597.
Nos dois ataques aos Potiguara, efetuados à primeira semana do regresso de Mascarenhas Homem e Feliciano Coelho às capitanias de Pernambuco e Paraíba, foram mortos 1.650 índios do litoral ou da nova capitania instalada no Rio Grande, auxiliados ou reforçados por centenas de outros procedentes da Copaoba.

08 - 1599 – Ibiratininga ou Pau Seco

Depois de haver aceito a proposta para ir a Copaoba, o cacique Ibiratininga viajou àquela região, dia 15 de abril de 1599, com autorização de Mascarenhas Homem e João Rodrigues Colaço – este recém nomeado capitão-mor do Rio Grande, além dos padres Francisco Pinto e Gaspar de Samperes – todos com a finalidade de fazerem a pacificação com os Potiguar fixados naquela área.
Na visita a Copaoba, o padre Pinto pregava aos índios, durante toda a viagem, até chegar à aldeia de Ibiratininga, onde foram acomodados em paz, ao mesmo tempo em que faziam entendimentos com os chefes de outras tribos – para que fossem em companhia do missionário, fazer o acordo de paz na Filipéia.
Com os dois padres doentes de malária – sentindo febre e dores de cabeça, a comitiva saiu da aldeia de Pau Seco – Ibiratininga, a 23 de maio de 1599, com destino a capitania de Filipéia, aonde chegaram após 15 dias de viagem, aí encontrando os capitães portugueses procedentes de Pernambuco, para firmar o acordo de paz entre Portugal/Copaoba.
O primeiro tratado de paz dos portugueses com os índios – foi assinado a 11 de junho de 1599, na Filipéia de N.S. das Neves, com a presença de 40 a 50 indígenas, dos quais 15 a 20 eram chefes ou principais, seguidos pelos capitães-mores de Pernambuco, Manoel Mascarenhas Homem – Feliciano Coelho de Carvalho, da Paraíba, além dos oficiais da Câmara local – o capitão-mor da Ilha de Itamaracá, Alexandre de Mesma, sucessor de Mascarenhas Homem, em Pernambuco – provedor Braz de Almeida e os jesuítas Gaspar de Sampéres, Francisco Pinto.
Os povos indígenas foram representados na assinatura do documento – pelos caciques Ibiratininga, mais o Braço de Peixe e seu filho Braço Preto, seguidos de Pedra Verde, mais outros da nação Potiguar no Rio Grande e Copaoba.

09 - 1625 - Manoel Rodrigues

No governo de Gregório Matos – foi realizada a primeira expedição de tropas portuguesas à Copaoba – 1625, pelo alcaide da Paraíba, Manoel Rodrigues, com a missão de reconhecer as populações e riquezas daquela região, atendendo às recomendações do reino de Portugal.
Os expedicionários passaram cinco meses para fazer o percurso de 150 léguas – 900km desde o Rio Grande, com mantimentos para 90 dias, depois do que tiveram de comer ratos, cobras e mel silvestre, durante o regresso, sem água, famintos, cansados e doentes.
Ao retornar, Manoel Rodrigues concluiu que a viagem fora um desastre, em decorrência da falta de condições e, portanto deveria ter sido feita a pé, sem cavalos, pois assim os viajantes poderiam ter subido os montes e serras, suportado as dificuldades causadas pelo sol e as matas, além da seca – falta d´água.11
As referências de Barléu sobre a expedição de Manoel Rodrigues – foram muito resumidas e sem destaque, exceto no tocante a validade da experiência deste para efeito de esclarecimento e ajuda ao plano da viagem de Elias Herckmann com destino a Copaoba, efetuada depois de 16 anos da primeira viagem do alcaide, sem resultados expressivos para o governo, exceto quanto à nomeação deste para governar a Paraíba, como forma de reconhecimento pelo seu pretendido esforço.

10 - 1637 - Alguns Holandeses

No início do governo holandês, do conde Maurício de Nassau – em 1637, a Copaoba continuou sendo uma preocupação ou interesse maior, tendo em vista o potencial econômico daquela área explorada anteriormente pelos franceses, mediante o apoio indígena efetivado desde a terceira década do século 16.
Portanto “alguns holandeses” foram designados pelo novo governante para uma missão à Copaoba, visando reconhecer as riquezas daquela área de onde os nativos foram expulsos pelos portugueses por motivos militares, em favor da Espanha/Portugal.
Como resultado dessa viagem, a história registra somente o fato de que foram encontrados pelos flamengos, alguns “montes de cristais” em Copaoba, em vez do ouro pretendido pelos exploradores que ficaram sem nomes assinalados na história de Barléu.
Os holandeses – mais do que outros colonizadores, sempre tiveram bastante preocupação acerca do potencial de Copaoba, pois acreditavam que naquela região haveria elevada quantidade de minérios à semelhança do que ocorria em Potosi – Colômbia, sob o domínio da Espanha, de nome parecido com Potengi – no Rio Grande.

11 - 1641 - Elias Herckmann

Com a finalidade de prestar grande serviço ao seu governo holandês, através da Companhia das Índias Ocidentais – o poeta e literato Elias Herckmann, governador da Paraíba, também foi a Copaoba, sem haver obtido os resultados esperados.
Para tanto, Herckmann teve o apoio e autorização do governo Nassau, visando organizar a expedição iniciada no dia 3 de setembro de 1641, desde Igaraçu – PE, com 40 soldados e 36 índios, em direção à Filipéia da Paraíba, onde reforçou a sua tropa e esteve com Manoel Rodrigues – para melhor informar-se e saber das dificuldades existentes nos caminhos da viagem.
Rodrigues, então recomendou a Herckmann que a jornada não fosse realizada em cavalos, tampouco em carros de bois, mas, a pé, considerando os numerosos acidentes geográficos existentes em todo o percurso de Copaoba, além das matas, muito sol e falta de água para os homens e os animais.
Herckmann, entretanto, preferiu levar os cavalos para a sua tropa, além de sete carros de bois – estes para o transporte dos alimentos fornecidos pelo governo holandês para os expedicionários.
No decorrer da expedição, uma das maiores dificuldades, foi encontrada depois do rio Araçaí, com grandes despenhadeiros dos montes, por onde seria impossível a passagem dos animais, assim como dos 37 homens famintos e cansados que se recusaram em continuar a viagem, contrariando os insistentes pedidos feitos pelo chefe da expedição.
Naquele mesmo local foi decidido que os carros-de-boi alugados, não poderiam ultrapassar o rio Araçaí, nem os montes expostos naquele horizonte, razão pela qual os expedicionários revoltados desistiram da viagem e voltaram com os seus veículos com destino a Filipéia.
Após os longos entendimentos e pedidos feitos por Herckmann, os 39 homens que resolveram prosseguir a viagem – compreenderam a responsabilidade manifestada pelo seu chefe, no sentido de que fosse executado todo o plano da jornada.
Em continuação – foi atingido o cume de uma serra, além do rio Araçaí, onde Herckmann, depois de falar à tropa – expôs o brasão da Companhia das Índias Ocidentais para marcar a passagem dos holandeses por aquele local até então desconhecido por eles, anteriormente muito habitado pelos índios, sob a denominação de Iruparí-Bakaí, ou seja, Lugar em que o Diabo deu a Volta, com pouca distância dos caminhos próximos ao Rio Grande.
No planalto posterior àquela montanha, os viajantes tiveram muita admiração com duas pedras de moinho, “ambas perfeitamente redondas” na posição da “maior sobre a menor”, tendo no centro da mesma um pé da árvore Caraguatá.12
- Como se explica a situação dessas pedras de moinho?
Tanto Barléu, quanto outros historiadores ficaram sem resposta para esta pergunta, bem como os exploradores dessa região, seguida pelos pesquisadores em geral.
A serra mais alta da região, na extinta aldeia indígena de Ararambé – foi atingida por Herckmann e sua tropa, onde este fez um discurso com o fim de animar os seus subordinados para a continuidade da viagem, sem que houvesse o fracasso no meio do caminho.
Naquele mesmo local – os índios da expedição disseram que não podiam ir além de Ararambé porque não conheciam os caminhos deixados pelos seus antecessores expulsos, perseguidos e mortos pelos colonizadores portugueses.
O que aconteceu na localidade Ararambé, antes da chegada dos holandeses, também não foi mencionado por Herckmann, nem Barléu, exceto quanto à presença de dois índios - filhos de Ararambé, membros da expedição, além do fato de que o cacique de Copaoba – foi levado para Lisboa, onde faleceu no exílio, abandonado e distante do seu povo, sob o desprezo e humilhação dos portugueses.
Na longa caminhada de Herckmann, iniciada na Paraíba, com destino ao Rio Grande, mais 10 expedicionários recusaram-se em prosseguir, a partir de Ararambé, pelo que voltaram à Filipéia, em desacordo ao que fora estabelecido pelo governador holandês.
Depois de um dia completo de chuvas – foi alcançada outra serra baseada num planalto, de onde os viajantes puderam avistar a Copaoba com a distancia de 10 léguas – 60km, sem ter sido alcançada pela comitiva de holandeses, brasileiros e índios que se recusaram, mais uma vez, em avançar, sob alegação de que não dispunham mais de resistência física.
Naquela altura, os 76 homens do início da viagem – estavam reduzidos a 29 desiludidos, cansados e sem mais qualquer ânimo, inclusive Herckmann que, portanto resolveu voltar daquele monte denominado por este, de Monte do Retorno.

12 – 1643 – Rodolfo Baro

Aos trinta e três anos de idade, o holandês Rodolfo Baro que desde 1617 vivia com os índios Tarairiú no Rio Grande, foi a Copaoba em abril de 1643, com a finalidade de fazer amizade com outros das aldeias Waripeba, Carapató e outras, conforme recomendações do conde Maurício de Nassau.
Sem cavalos, alimentos e carros-de-boi, Baro andou mais de 420km do Recife a Copaoba, atravessando rios, serras e matas – levando machadinhas e tecidos oferecidos pelo governo Nassau – para os indígenas do sertão que poderiam ser aliados dos holandeses, mediante a influência desse mensageiro.
Naquelas tribos, Baro tomou conhecimento de que havia mais 14 aldeias, além de Copaoba, das quais poderiam vir os representantes para visitar o conde Maurício de Nassau, sediado no Recife, com quem eles poderiam fazer amizade e maiores entendimentos com vistas à futura aliança.
Segundo as observações de Baro, os grupos indígenas da Copaoba viviam em constantes litígios entre si, apesar do que aceitaram o convite no sentido de que viessem ao Recife para serem recebidos pelo governador batavo.
Portanto e sem grande resistência dos caciques, Baro retornou ao Recife com 40 chefes tribais representando os povos selvagens da Copaoba – perseguidos e massacrados pelos colonizadores de Portugal.
Naquela oportunidade, ou seja, quando Nassau recebeu em seu palácio, as delegações indígenas apresentadas por Baro – ficou estabelecido o pacto de aliança entre os selvagens e o governo holandês, pelo que este ofereceu aos visitantes, cortes de tecidos em linho branco, como sinal de alegria pelo encontro.
O historiador do governo Nassau – Barléu, não menciona em que dia de abril-1643 aconteceu esse encontro – talvez o primeiro, da história do governo flamengo no Brasil, mas acrescenta que em clima de alegria e entendimentos – todos os chefes regressaram às suas origens.
Portanto e sem grande resistência dos caciques, Baro retornou ao Recife com 40 chefes tribais representando os povos selvagens da Copaoba – perseguidos e massacrados pelos colonizadores de Portugal.
Naquela oportunidade, ou seja, quando Nassau recebeu em seu palácio, as delegações indígenas apresentadas por Baro – ficou estabelecido o pacto de aliança entre os selvagens e o governo holandês, pelo que este ofereceu aos visitantes, cortes de tecidos em linho branco, como sinal de alegria pelo encontro.
Houve muito interesse dos portugueses e holandeses em conhecer as terras e demais recursos da Copaoba, inclusive a sua população nativa, aliada dos franceses, desde o início do século 16, com o fim de ampliar a política de colonização da América.
Sobre a presença francesa em Copaoba – antiga região do Rio Grande e Paraíba, assim como em Ibiapaba – extremo do Ceará-Piauí, as informações são muito escassas, desencontradas e sem organização, levando em conta a falta de pesquisa histórica e arqueológica que os especialistas relutam em fazer, por motivos variados e desconhecidos.
Nas proximidades de Copaoba, Elias Herckmann deparou-se em 1641, com as Ruínas Históricas de Ararambé, onde os índios denominados Tapuia, isto é, selvagens nômades, canibais, arredios e violentos, “temíveis mais do que os animais” – fizeram, durante o século 16, a sua maior concentração – “forte e populosa”, ao mesmo tempo em que tinham grande comercio com os franceses, a exemplo do que acontecera no litoral e outras regiões do território brasileiro.
Como literato e poeta, Herckmann teria sabido de alguém que era indispensável conhecer Copaoba e toda a sua história indígena, bem como o seu potencial, na perspectiva de que os povos fixados naquela área fossem aliados dos holandeses, visando ao futuro combate.

13 – 1654-1656 > Cambressive=Ibiapaba

As lutas indígenas pela sobrevivência tiveram prosseguimento, desde os acontecimentos em Copaoba, sem grandes recuos e desânimos, na esperança de algum dia encontrar a paz e tranqüilidade, de modo igual ao que vem sendo feito pelos demais homens e mulheres de consciência e responsabilidade com a vida.
Depois das ocorrências sangrentas em Copaoba, mesmo levando em conta que fazia 67 anos da carnificina de Martim Leitão, numa véspera de natal, os índios Potiguara, juntamente com outros perseguidos e expulsos de suas terras, atenderam aos apelos feitos pelo cacique Antonio Paraupaba - para o refúgio em outra serra, situada no alto sertão do Ceará, denominada Ibiapaba, antes designada Cambressive – para onde os franceses tinham ido, anteriormente, livrando-se da perseguição portuguesa.
Cambressive em francês é algo em forma de arco, figura esta que representava também a entrada de uma grande caverna situada naquela área serrana do Ceará, habitada por franceses e índios que deixaram a Copaoba com a finalidade de permanecerem vivos – longe dos assaltantes, invasores das terras brasileiras.
A opção de Paraupaba foi adotada por uma série de motivos, principalmente, a morte do seu companheiro e cacique Pedro Poti – chefe dos índios na Paraíba, depois de preso e perseguido pelos luso-brasileiros, assim como o fracasso do governo holandês no Brasil, a partir de 1654, quando Maurício de Nassau regressou para Holanda.
Foi com o apoio do holandês Matias Beck – dono de engenho, comerciante e pessoa de confiança do governo flamengo, que Paraupaba teve os meios para fazer com que os indígenas da Paraíba, Rio Grande, Ceará, Pernambuco e Piauí, no total aproximado de cinco mil – fossem refugiados na Ibiapaba, onde eles poderiam plantar e colher, durante todo o ano.
Essas condições eram oferecidas pelo micro-clima serrano, mais úmido e frio do que o atual, além do isolamento natural, naquela época – quando os colonizadores desconheciam aquele local distante, coberto de matas e animais, sem acesso natural aos viajantes exploradores.
Quando Beck – 1654 incentivou Paraupaba, este já havia deixado o Ceará, após a sua permanência de cinco anos, iniciada em 1649, quando na companhia de outros holandeses, fez o primeiro forte, mediante apoio dos índios, dando início ao governo flamengo naquele domínio, ao mesmo tempo em que fazia a busca das minas de prata nas serras Itaretama e Ibiapaba, sem haver obtido os resultados esperados.
Com a reunião dos índios naquela serra cearense, Paraupaba pode, sem dificuldades, criar a pioneira Liga Índia, visando acima de tudo, esperar que as forças holandesas voltassem ao Brasil após dois anos da retirada de Nassau, com todos os recursos necessários para a continuação da luta pela expulsão definitiva dos portugueses.
Na forma semântica da língua Tupi – Ibiapaba quer dizer o lugar em que todos vivem ou morrem, isto simbolizando o sonho de Paraupaba, ao fazer com que os seus companheiros escolhessem aquele espaço para viver, juntamente com mulheres e filhos, sem a subordinação e perseguição dos colonizadores.
No alto da serra – entre a terra e o céu, com mais de mil metros de altitude, representando a terça parte de Copaoba, os silvícolas dali, também foram extintos, durante os anos da colonização, através da perseguição, matança ou etnocídio, enquanto uma pequena quantidade continuava fazendo êxodo e nomadismo – para se livrar dos tiranos.
Os fugitivos foram para diferentes e desconhecidos locais, através de vales, terras de animais ferozes e locais de recolhimento dos indígenas, entre os quais a vila de Portalegre, com altitude 642m no Rio Grande, de onde mais tarde foram expulsos e mortos, em 1825 – antes da prisão e levados para Natal, durante a estação das chuvas, quando 60 homens indígenas foram massacrados pelas forças policiais, no momento em que faziam o descanso, no sopé da serra, atual município de Viçosa.
Nesse mesmo ano, a feiticeira Cantofa, após apanhar alguns cajus, para matar a fome, sem autorização do proprietário do sítio, foi apunhalada no peito, rezando o Ofício de N. Senhora, motivo pelo qual a sua neta Jandi – com 12 anos, saiu correndo de mata a dentro, gritando e chorando, sem nunca mais haver voltado.
À semelhança de Jandí, Paraupaba também desapareceu, sem que a história, pelo menos tenha registrado a data, hora e local de sua morte, talvez porque em 1645 ele esteve no massacre de Cunhau-Uruaçu, manobrado pelos holandeses, mediante a participação dos índios.
Na Ibiapaba de hoje, os holandeses estão produzindo as melhores flores do Brasil, desde 1993, fazendo exportação para toda Europa, esquecendo-se que ali – eles abandonaram os índios que passaram mais de dois anos – 1654-56, esperando que os flamengos retornassem ao Brasil – para reforçar a guerra de expulsão dos portugueses e espanhóis.
Com a memória do tempo – podemos lembrar, diante dos fatos, que no passado de 450 anos, a mesma Holanda – recusou-se em atender à expectativa dos seus aliados indígenas, nas terras ibiapinas, ou seja, fez a entrega dos seus aliados aos inimigos de Portugal, pelo que, posteriormente recebeu do governo luso-espanhol, mais de 200 mil florins, conforme decisão tomada pelo Tribunal Internacioal em Haia.
- E agora, o que as rosas e flores produzidas em Ibiapaba têm a ver com isso?
Na imagem da solidariedade e do respeito à dignidade do ser humano o tempo é único e definitivo, isto é, não existe passado nem presente, razão pela qual ocorre ainda, a necessidade e compromisso dos holandeses – para que a memória indígena extinta na Ibiapaba, assim como em todo o Nordeste, seja motivo de recuperação e reconhecimento, de forma a ser examinada e estabelecida.
Para que isso seja realizado, bastaria que os flamengos das rosas em Ibiapaba examinassem ou procurassem saber o que poderá ser feito, neste sentido, com as lideranças sócio-culturais de Fortaleza, Natal, João Pessoa, Recife e Terezina – considerando que dessas cidades antigas partiram os Potiguara com destino ao refúgio em Ibiapaba.
Se por acaso, não houver uma providência dessa natureza, a boa imagem da Holanda no Nordeste será esquecida e negada, assim como as ocorrências relacionadas com as tulipas – decadência na produção.
Maior esclarecimento sobre estas idéias pode ser feito com o diário Relações de Viagem, escrito pelo holandês Rodolfo Baro, após a sua convivência de 30 anos com os indígenas do Nordeste, desde os 7, de idade quando passou a viver com os índios Tarairiú, de Janduí, na Serra de Santana – RN, de onde teve influência nos demais da região.
Sobre Baro com os Tarairiú – quem melhor escreveu foi o professor Teensma, Benjamim Nicolau – 2000, da Rijkuniversiten, de Leiden – Paises Baixos, acrescentando que o seu compatriota, aos 38 anos de idade, depois da longa presença no meio indígena, morreu “sobre as águas do rio Potengi” em circunstância desconhecida pela história.
O diário de Baro foi publicado em Paris, pelo historiador Pierre Moreau – 1647, contendo avaliação de “monumento aos índios Tarairiú” jamais visto em toda a Europa e daí por diante, passou para o mundo inteiro, enquanto o autor dos originais escritos ficou em completo ostracismo.
No seu pequeno mundo, Baro sabia que os seus amigos indígenas são as flores e rosas – de tulipas e outras espécies, tanto da Holanda, quanto de Ibiapaba e outras serras do nordeste brasileiro banhado de muito Sol, ventos, umidade e frio seco, mais o sangue indígena.
Em decorrência de sua evolução a região de Ibiapaba tem como seu primeiro município a antiga aldeia indígena – Viçosa, constituída pelos Anacé, Arariú e Croatá, dos Tabajara da raça Tupi, originários da Paraíba e Bahia, os quais viveram, durante a colonização portuguesa, sob a direção de padres da Companhia de Jesus.
A fase anterior aos Jesuítas em Ibiapaba – foi toda ela marcada com a presença dos franceses – 1590-1604, segundo a enciclopédia Wikipédia, 2007, quando o açoriano-luso Pero Coelho de Souza -1603 conseguiu expulsa-los, depois de combater os caciques Diabo Grande e Mel Redondo naquelas terras, em nome da coroa portuguesa.
Com a morte do padre Francisco Pinto – 1607, quando vivia em Ibiapaba, entre os índios Quixelô e Tacarijú, aí tiveram início os numerosos conflitos destes com os Tabajara até 1877-79, tendo como resultado final o enfraquecimento destes e extinção dos seus adversários, segundo a Enciclopédia dos Municípios Brasileiros, 1959.
Em seguida – 1695 foi realizada a fundação da cidade, provavelmente de Ibiapaba que mais tarde – 1700 recebeu o nome de Viçosa com profundas raízes nas questões de lutas sanguinárias entre os indígenas nativos e colonizadores da Europa, apesar das missões de paz religiosa feitas pelos Jesuítas.
No espaço de tempo da morte do padre Pinto e a fundação da cidade – passaram-se mais de 90 anos, entre os quais houve 64, da extinção dos Jesuítas no Brasil, pelo marquês de Pombal, a partir de 1759 – sem ter ocorrido o esperado avanço do governo na pacificação indígena.

14 – 1655-1657 = Fernandes Vieira

Os valentes guerreiros do reino – sempre obtiveram os melhores prêmios pelas suas vitórias, daí porque jamais ficaram sem grande riqueza, promoção, destaque e muita projeção social desde o início até o fim de suas vidas, exceto alguns que preferiram seguir outros caminhos.
Na confirmação desta idéia – encontramos João Fernandes Vieira – o herói da Guerra de Libertação feita em Pernambuco, contra o governo holandês, depois de haver passado pela administração do mesmo, na companhia do Conde Maurício de Nassau – quando era pessoa da confiança deste, à mesa de refeição até o gabinete de trabalho.
Durante toda a guerra em questão, Fernandes Vieira teve as suas tropas constituídas com 80 por cento de índios aliados dos portugueses, servindo como “bucha de canhão”, sob as ordens de Potí – Felipe Camarão e outros caciques das mais diferentes tribos espalhadas pelo litoral nordestino.
Na sua personalidade dupla – Vieira foi não somente colonizador de Portugal e da Holanda no Brasil, mas, também colonizado pelos lusitanos nos Açores, de onde ele provinha – para fazer, em Pernambuco a plantação da cana de açúcar com que se tornou rico e poderoso por longos anos.
Rico e poderoso – sim, porque depois da guerra foi nomeado capitão-mor da Paraíba quando mandou prender dois filhos do cacique Canindé, do povo Janduí, pelas suas ações de conflito sobre os luso-brasileiros, em favor dos holandeses, através dos indígenas localizados na Copaoba.
Os prisioneiros foram encaminhados ao reino em Lisboa, a exemplo do que ocorreu com Ararambé, em período anterior, onde e quando ele morreu na masmorra do exílio, sem haver regressado ao convívio do seu povo.
Na prisão portuguesa, um dos índios - chamado Antonio Mendes solicitou aos governantes que fosse libertado para retornar ao Rio Grande, sob a obrigação de ajudar na “redução” dos nativos revoltosos, inclusive e principalmente, dos que viviam na Copaoba.
O resultado dessa proposta, certamente deixou de ser registrado pela história, sabendo-se, porém, que por esse motivo a revolta dos Janduí cresceu, ou seja, foi ampliada para todas as tribos do litoral e sertão, sem que houvesse outra solução, a não ser os freqüentes ataques aos colonos, com cenas de morte constante dos homens e animais, à semelhança de outros procedimentos.
- Houve alguma viagem de Fernandes Vieira à Copaoba?
Se houve ou não – ficou sem indícios pelos caminhos históricos, isto é, deixou de ser registrado, apesar do status de capitão-mor equivalente ao título atual de governador, sem eleição, mas por nomeação do rei, mediante sugestões e indicações de outros auxiliares reinantes.
Em conseqüência desses fatos - admite-se pela linha de discussão que a Guerra dos Bárbaros, mais precisamente Guerra dos Índios, teve início naquela época, ao contrário do que tem sido afirmado sobre diferentes períodos, sem confirmação de outros historiadores.
A verdade em torno de Vieira com relação à Copaoba – deve ser esta: se é que ele não esteve lá, pelo menos autorizou alguém – para fazer a prisão dos índios naquela área, durante o seu governo, o que não deixou de ser realizado, conforme e vontade e decisão do reinado luso-espanhol.
O denominado libertador, João Fernandes Vieira, depois da guerra de Pernambuco, foi agraciado, também no Rio Grande, com uma sesmaria de Natal a Touros, onde ele jamais esteve, pelo menos em visita, assim como outra no sertão do Assu.
Por esses motivos, os índios de Janduí manifestaram seus protestos invadindo essas terras que lhes pertenciam, desde os tempos remotos de 70 a 100 mil anos – Antes do Presente, antecedidos pelo Homem Caçador, conforme os arqueólogos Spencer, Walner Barros – 1996 e Laroche, Jean-François.
Neste aspecto, as diversidades são numerosas e contraditórias, dependendo do autor, sem haver qualquer concordância entre os historiadores, vez que para cada um deles existe uma data estabelecida, de acordo com o fato examinado por ele, daí resultando uma confusão absoluta, sem qualquer indício de acordo na maioria de quem analisou os acontecimentos.

15 – 19l8-1944 = Manoel Camilo Guedes

Na luta pela vida no sertão, desde criança, Manoel Camilo Guedes, antes de completar l8 anos de idade – foi para o Amazonas trabalhar no seringal, juntamente com centenas de sertanejos do Nordeste que passaram a viver nas matas, entre milhares de índios, as cobras e onças, além de outros animais ferozes.
Durante a sua vida de silêncio e solidão na selva, somente Deus sabe o que se passou com o jovem Camilo Guedes, após haver saído da sua terra natal na localidade de Oiticica, onde nasceu em 1886, no atual município de Ielmo Marinho, à margem do rio Potengí – Rio Grande do Norte.
Naquele mundo selvagem, Camilo Guedes viveu menos de 20 anos, ao lado de amigos e conterrâneos, trabalhando nas estradas de seringueiras, pescando e caçando, tomando banhos nos rios e seus igarapés, fazendo raras amizades com os nativos – homens e mulheres nus, nas matas profundas.
Quando a II Guerra Mundial estava no auge, depois de quase 20 anos de trabalho na extração do leite de borracha, Camilo Guedes, com dois ferimentos cicatrizados numa das mãos e outro no nariz, além de ser portador da malária – doença de chagas, voltou em 1917 com os seus amigos para Oiticica – no então Poço Limpo, atual Ielmo Marinho, para continuar a sua vida passada e levada pela metade.
Agora – 1918, restava-lhe somente um meio de vida: ser tropeiro, com 8 a 10 jumentos, para comprar rolos de fumo nos brejos da Paraíba e revende-los nas feiras-livres de Macaiba, Ceará-Mirim, São Pedro do Potengí, Bom Jesus, Poço Limpo e outras cidades do Agreste norte-rio-grandense.
A nova atividade durou quase 30 anos consecutivos, ou seja – o novo tropeiro fazia a cada semana uma viagem com sua tropa de burros, desde Oiticica até um dos municípios do brejo paraibano, de preferência Dona Inês e Serra da Raiz, onde surgiram novas amizades.
Na cidade de Dona Inês, Camilo Guedes reforçou amizade com uma jovem de 12 anos de idade, sua prima, nascida em 1902 – Maria das Dores, com quem ele casou e daí nasceram 17 filhos – todos em Oiticica, com área de 56 hectares, de propriedade do casal, onde faziam agricultura para manutenção da família com algodão, milho, feijão, mandioca, jerimum e frutas, anualmente, além do leite de vaca.
A compra-venda de fumo adquirido na região indígena da Copaoba – sempre foi mais rentável do que a agricultura, naquela época, para a família Camilo Guedes, mesmo considerando que nos dias úteis da semana – todos trabalhavam no campo, enquanto no sábado ou domingo, o pai e seu filho Cícero atuavam nas feiras-livres.
- E agora, qual a relação da família Camilo Guedes com a Copaoba?
Aqui, continua a resposta: Manoel Camilo, toda semana, com sua tropa de burros, viajava de Oiticica para Copaoba, no percurso de 120km, sem levar mercadorias, daí trazendo 20 a 30 rolos de fumo, nas cangalhas dos jumentos, para revenda nas cidades do Agreste potiguar.
Na personalidade do tropeiro de fumo, o fator predominante da vida consistia, basicamente na simplicidade silenciosa e tranqüila com a determinação pelo trabalho sob a responsabilidade, coragem e persistência, sendo este o motivo pelo qual, viajava a cada semana, ao lado dos seus jumentos, sem querer, terminantemente, outra companhia, exceto aquela chamada de “eu sozinho com Deus” criada por ele.
O medo ou receio humano – jamais esteve na cabeça daquele homem magro, alto, disposto e de poucas palavras, pois em diversas oportunidades das viagens efetuadas, especialmente durante os anos 30, da Revolta Comunista – ele encontrou grupos de revoltosos viajando por fora das estradas, dentro das matas, sem haver recebido deles – qualquer agressão, insulto e perseguição, como diziam na sua casa, ao ser perguntado pelos familiares e amigos.
Aos seus familiares, Camilo Guedes afirmou que numa certa viagem, de volta ao Rio Grande do Norte, procedente da Paraíba, com os animais carregados de fumo, ele teve muita preocupação, ao avistar em longa distância, dentro das matas, um bando de revoltosos comunistas, como sempre acontecia, durante os anos de 1930-35, sem que ele estivesse levando mercadoria.
Naquela ocasião, porém, a coisa era diferente: a tropa de burros tinha uma carga de considerável valor em rolos de fumo, motivo pelo qual aqueles homens poderiam tomar toda essa mercadoria para revendê-la, deixando com ele, apenas o elevado prejuízo ou a morte, no meio da caatinga abandonada.
Havia, portanto, somente um caminho para evitar, antecipadamente, a possibilidade dessa ocorrência com o viajante solitário, a qual foi prontamente executada: sair da estrada vicinal com todos os animais, até que fosse encontrado um recanto em que todos pudessem passar a noite e dormir de olhos abertos, o que, felizmente aconteceu em paz, até a madrugada do dia seguinte.
Foi nesse período de receio e temor dos comunistas revoltosos que Seu Néco deixou a sua esposa, Maria das Dores Guedes grávida em Oiticica, para fazer uma dessas viagens pelo pão de cada dia, quando ao voltar – teve que dormir pelos caminhos temendo o ataque dos revolucionários.
Enquanto o tropeiro com seus animais – passavam dias e noites refugiados nos matos, a sua esposa tinha muita preocupação com a vida dele, ao mesmo tempo em que chegava a hora do parto de mais uma filha – nascida sem a presença do pai na casa da família – quando a mãe estava por demais preocupada pela falta de notícias do marido.
Certa vez, entre suas filhas, Seu Néco disse para estas que as mulheres indígenas do Amazonas costumavam lavar os seus utensílios diários, sentadas nuas, nas beiras dos riachos, conforme a foto que ele mesmo mostrava do livro trazido do Amazonas para a família.
Em decorrência de tal afirmação, as meninas saíram até a cozinha, onde disseram entre si, na base do cochicho, que o seu pai estava mentindo, pois não era verdadeira, a nudez daquelas mulheres.
Nas suas raízes antropológicas, Dona Dorinha, a esposa de Manoel Camilo Guedes, natural de Dona Inês – região de Copaoba – PB, dizia com orgulho que o seu bisavô fora casado com uma mulher indígena que ele encontrara vivendo no mato, sozinha, nas terras de Copaoba – onde viveram os ameríndios da nação Potiguar, sobreviventes do extermínio efetuado em 1587 – pelo Ouvidor Geral, Martim Leitão.
Entre os seus familiares descendentes de povos indígenas, Dona Dorinha aprendeu muitos hábitos e costumes, inclusive o poder de curas sobre algumas doenças de pessoas e animais, sendo que neste caso – sabia curar os bovinos que adoeciam nos campos, a partir de seus rastros deixados no curral e outros locais.
A mesma Dona Dorinha tinha apenas 36 anos, quando seu marido faleceu em 1946, deixando os 17 filhos – adultos e crianças, numa casa à margem do rio Potengí, sítio Oiticica, construída com recursos adquiridos pela família, através do trabalho no comércio de fumo, na agricultura e criação de animais.
Com essas atividades rurais – a família Camilo Guedes nunca passou fome, nem esteve na marginalidade, apesar das grandes dificuldades na educação ou pela falta de escolas na localidade onde vivia.
O trabalho no campo, principalmente durante os anos de boas chuvas, ocupava todos os filhos – homens e mulheres, além de mais 20 a 30 pessoas de fora, na plantação e colheita, para as quais a boia ou refeição era farta e cozida na casa do sítio, todos os dias para os trabalhadores.
A família Camilo Guedes morou durante 46 anos, em sua única residência do sítio Oiticica, até 1964-65, quando foi destruída pelos últimos herdeiros, com os 600m2 de área coberta, de frente para o Norte, a 200m do rio Potengí, composta de 5 quartos, sala de jantar e cozinha, além do armazém numa lateral com 30m de comprimento e banheiro externo.
O pé de Mulungú – plantado pelos Guedes, continua vivo, no mesmo local – ao fundo da casa, com 6m de raio e 10, de altura – dando as suas flores vermelhas todos os anos, apesar das várias tentativas, feitas pelos seus vizinhos, para que ele fosse cortado e sua madeira transformada em utensílios domésticos.
Hoje, o Mulungú é a única árvore de grande porte, resistente e superior a quem não respeita, nem defende a preservação do meio ambiente, porque desconhece o valor e a necessidade desta concepção, em Oiticica e qualquer outro local do mundo.
Na visão de um sonho, depois da morte do seu marido, Dona Dorinha dizia que Néco, Manoel Camilo, veio pela madrugada, dizer que se ela tivesse alguma necessidade, fosse ao fundo do baú, onde ele havia deixado o dinheiro de sobra - 2 mil Reais, como reserva, entre as páginas de um livro, utilizado como cofre da casa.
O mesmo livro – Geografia Geral, eles guardavam com muito carinho porque fora adquirido pelo chefe da família quando estava no Amazonas, contendo cerca de 500 páginas, algumas das quais sobre a vida indígena mostrada e ensinada aos filhos, sentados no colo do pai, nas horas de descanso, após o jantar.13

16 – Serra da Raiz

A velha, intrigante e misteriosa Copaoba, antes denominada Copaíba, em alusão a grande árvore existente e extinta, naquela localidade, ficou sem essa indicação no decorrer da sua história, sobretudo a partir de 1959, quando naquela mesma área foi situado o município de Serra da Raiz, em referência indireta ao mesmo vegetal.
A copaibeira, hoje em dia, é conhecida desde o Amazonas, onde existe com fartura, dela extraindo-se um tipo de óleo balsâmico, aplicado no tratamento de infecções, com resultados muito positivos, a exemplo do que faziam os índios com a resina daquela árvore bastante preferida e respeitada por eles, no tratamento de suas doenças.
Hoje em dia, o óleo da Copaíba – vem sendo indicado até mesmo para o tratamento do câncer, com apenas três gotas diárias, no suco ou até mesmo no café da manhã, sem o reconhecimento médico, a exemplo do que tem sido feito com outras numerosas substâncias extraídas de vegetais diferentes.
O estudo e pesquisa do sistema farmacêutico brasileiro – sobre a propriedade da diversidade vegetal existente no país – continua sendo, ao contrário das expectativas, uma das maneiras de alienação da medicina, causada, talvez pela vontade e determinação dos laboratórios interessados, exclusivamente, nos produtos ou medicamentos rentáveis para os industriais, comerciantes e até mesmo os médicos.
A síndrome da cirurgia, na atualidade, tem sido o melhor caminho para resolver o problema das enfermidades, em curto espaço de tempo, sem considerar que o organismo humano tem as condições de reagir, naturalmente aos males introduzidos e pode fazer mais do que isso, quando recebe algum incentivo exógeno.
Na sua maioria – os médicos são radicais na repulsa ao tratamento da saúde pelos métodos naturais, sob alegação de que desconhecem os resultados da pesquisa acerca dos mesmos, tendo em vista a falta de comprovação científica publicada em revistas e livros especializados, como se isso, também não ocorresse em procedimentos técnicos adotados pela medicina.
Este paradigma acontece desde o princípio da medicina – mesmo considerando que na sua fase inicial – ela partiu de experimentos empíricos, a exemplo das demais ciências que se declaram pelo absolutismo da verdade, inexistente no universo do conhecimento ou da sabedoria.
Essas contradições – são muito parecidas com o que se verificou na Copaoba, ao ser criado o município, há 47 anos, quando ficou algum sinal, mesmo de leve, relacionado com a cultura indígena – Serra da Raiz, ou seja, a resina e látex do pau e raiz daquela árvore.
Os índios situados naquela área – aprenderam com os animais a comer o látex em forma sólida, ao mesmo tempo em que observaram como efeito, a cura de seus ferimentos, assim como de infecções existentes em seus corpos.
- Como os animais e os índios descobriram essas reações?
Ninguém sabe, nem mesmo a medicina e tampouco os pesquisadores da farmacologia, biologia e química!
Na imensa confusão desses fatos – reside, também, a atual – prefeita de Serra da Raiz, Adailma Fernandes, eleita em 2004, pela legenda PFL, daí passando ao PDT, por motivos ignorados, apesar das acusações de que passou 210 cheques sem fundos que resultaram no seu afastamento da prefeitura, seguido do reingresso ao cargo até 2008, por decisão da Justiça.
Em conseqüência desses acontecimentos, a consciência popular de Serra da Raiz, com 3.240 habitantes, em 29km2 e 331m de altitude, certamente vive sem os efeitos de sua dignidade e bem-estar na esfera política, na microrregião de Guarabira, do Agreste Paraibano.
As chuvas anuais sobre Serra da Raiz, também são escassas caracterizando assim, o clima semi-árido, mesmo levando em conta que no período 1990-2000, a média foi de 1.018,8mm, em vez dos 431,8, Nos pontilhões das serras indicada pela CPRM – Serviços de Pesquisa dos Recursos Minerais.
A grande safra de algodão feita pelos indígenas da Copaoba para o mercado europeu – deixou de existir, a partir do período da colonização, especialmente da época em que os portugueses resolveram expulsar os franceses do território ocupado pelos Potiguara – na véspera do natal de 1587, quando foram incendiadas as 20 aldeias da Copaoba, pelo “herói” Martim Leitão.
Nos pontilhões das serras onde viveu o cacique Ararambé, antes de ser preso e exilado em Lisboa, não existe mais nem a silhueta de sua imagem – apagada pelo abandono e esquecimento das gerações contidas pelos “civilizados colonizadores,” tanto do passado, quanto do presente, vivendo à sombra do medo estabelecido pelos tiranos.14

17 – Proposta Cultural

O imenso patrimônio cultural e histórico existente em Copaoba – jamais poderá ser valorizado – se não houver a opção, neste sentido, dos habitantes da região, especialmente dos que vivem no município Serra da Raiz – PB, onde os indígenas tiveram o centro das atividades.
Além disso, torna-se indispensável a atenção dos paraibanos e norte-rio-grandenses, vez que estes são os descendentes dos indígenas Potiguara que viveram naquele mesmo espaço, após sua expulsão do litoral, feita pelos colonizadores portugueses, quando fizeram de tudo
para a retirada dos franceses.
- Como fazer ou preservar a memória Potiguara?
A base dessa iniciativa, certamente está na vontade da prefeita Adailma Fernandes da Silva, de Serra da Raiz e sua população, mediante a vontade e decisão, começando pelos estudantes e professores, seguidos de todos os civilizados daquela comunidade, entre os quais outros que se dizem esclarecidos, conscientes e responsáveis pelo presente e futuro das gerações.
Aos vereadores de Serra da Raiz – compete um dos passos decisivos para que a Copaoba venha ser, certamente, o maior patrimônio cultural do Nordeste, com atenção e interesse dos turistas de todo o mundo – para conhecer a história deixada naquelas terras pelos índios Potiguara.
Esperamos que algum dia – Copaoba tenha, no centro da cidade, um memorial simples, objetivo, concreto e específico sobre o que aconteceu ali, a partir de 1530, com Martim Leitão queimando, matando e destruindo tudo; as figuras dos caciques mortos, inclusive de Ararambé, preso e levado para Lisboa, onde morreu no exílio; a jovem índia Iniguaçu, morta em Itamaracá; o holandês Baro, juntamente com os índios que foram ter com o chefe do governo flamengo no Recife, além de outros fatos espalhados na história.
Quando isso acontecer – aí sim, teremos orgulho e consciência da história que fazemos e foi realizada pelos nossos ancestrais – na perspectiva social da humanidade em que estamos inseridos.


18 - 2005 - Explicações

Houve muito interesse dos franceses, portugueses e holandeses em conhecer as terras e demais recursos da Copaoba, inclusive a sua população nativa aliada dos franceses, desde o início do século 16, com o fim de ampliar a política de colonização da América.
Sobre a presença francesa em Copaoba – antiga região do Rio Grande e Paraíba, assim como em Ibiapaba – Ceará e Piauí, as informações são muito escassas, hoje em dia, levando em conta a falta de pesquisa histórica e arqueológica que os especialistas relutam em fazer, deixando tudo a favor dos portugueses e, conseqüentemente a completa dominação do Brasil, desde a era cabralina.
Antes de Herckmann, os franceses souberam aproveitar a ausência dos portugueses das terras brasileiras, em todo o decorrer do século 15 até o final da primeira metade do seguinte, sempre fazendo alianças com os índios do litoral e sertão, ao ponto de estabelecerem-se, não somente em Copaoba, mas, em Ibiapaba-CE/PI, além de Macaguá, atual serra de Santana-RN.
As serras e os planaltos – foram os pontos geográficos de maior preferência dos indígenas, por uma série de razões, especialmente a climática, pois esta oferecia as condições para que houvesse produção agrícola durante o ano inteiro, garantindo a manutenção das populações, sem depender de outros meios.
Os estudiosos dos povos indígenas – escrevem sobre este assunto, sem a preocupação de aprofundamento e detalhamento do meio físico, como se nada tivesse acontecido nas maiores concentrações dessas populações nativas que fizeram a base da civilização americana, muito antes de Cabral e sua tropa haverem chegado ao Brasil.
No tecido da história brasileira, as principais figuras do meio selvagem nordestino – são vistas, como simples molambo esfarrapado ou alienado da civilização em que se deu a origem da cultura brasileira, a exemplo do que ocorreu com numerosas expressões dessa natureza, entre as quais os caciques Ararambé, Janduí, Potiguaçu, Paraupaba, Pedro Potí, Canindé, Potí – Felipe Camarão e muitos outros que viveram no Nordeste.
Com a dominação portuguesa de Copaoba, Ararambé e sua gente – foram vencidos e expulsos de suas terras – pelos invasores, sob alegação de que os franceses estavam naquela área reforçando as lutas contrárias ao reino de Portugal, sendo esse o motivo pelo qual, o cacique foi levado à Lisboa, onde mais tarde morreu no exílio.
Sob a memória de Ararambé e outras lideranças desaparecidas dos povos Gê, o pajé Janduí, com e sem o apoio dos holandeses, à frente de 100 mil índios excluídos e perseguidos pelo sistema espanhol/português – fez a guerra de resistência aos colonizadores, de 1597 a 1825 em todas as capitanias do nordeste brasileiro.
A história dos vencedores do passado e da atualidade tem manifestado a sua posição de coerência, somente com os acontecimentos que engrandecem os seus heróis, deixando no abandono e esquecimento, os vencidos que, apesar disso, projetam-se com exemplos de valor sob as injustiças sofridas até a morte.
Entre os vencidos pela tirania européia do século 16 – está o Menino Abandonado que veio da Holanda em 1617, à bordo do navio Mar Azul – para viver com os índios canibais de Macaguá, no Rio Grande, onde tornou-se selvagem/civilizado até os 39 anos de idade.
O Menino Abandonado em questão – recebeu o nome de Rodolfo Baro, foi criado por Janduí, viveu com outros indígenas pelo Rio Grande, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Ceará e outras capitanias – sempre com os selvagens, fazendo o que eles queriam, respeitando a liberdade dos adultos, jovens e crianças das matas.
Os efeitos positivos da viagem de Baro a Copaoba – 1643 podem ter causado o sentimento de revolta ao governador da Paraíba, Elias Herckmann, pelo fato deste em 1641 – haver feito uma expedição semelhante, sem ter alcançado o sucesso esperado e necessário, apesar de contar com todo o apoio da Companhia das Indias Ocidentais.
O “certo Baro” do historiador Barléu, autor da história de Nassau no Brasil, faleceu ou foi morto, depois de haver pedido demissão da Companhia holandesa, em “algum lugar sobre as margens do rio Potengí” no Rio Grande, de 1648/49, sem haver, até o presente – 2005, maiores informações acerca dessa ocorrência.
Baro sabia e conhecia os índios do Nordeste, na palma da mão, além de sua história, seus planos, sonhos e aspirações, suas necessidades, desde a Copaoba-Ararambé, Ibiapaba, Macaguá e outras pequenas ou grandes aldeias por onde ele passou e esteve no decorrer de 30 anos seguidos.
Antes de ser “extraviado” em circunstâncias desconhecidas, o Diário de Baro, escrito em 1647 – sobre os hábitos e costumes dos índios Tarairiú - foi publicado em Paris, 1651, pelo historiador Pierre Moreau, com grande repercussão na França e toda Europa, daí passando para o mundo.
Baro, assim como os heróis indígenas e toda a sua gente – foram vítimas fatais das guerras dos 100 anos ocorridas na Europa, à mesma época em que a América foi colonizada ou serviu de refúgio para os europeus que perderam os seus bens de sobrevivência, familiares, parentes e amigos.
Os excluídos, abandonados, humilhados, pobres, famintos e desempregados de hoje, são descendentes dos índios que foram chacinados pela tirania européia colonial, à semelhança do que aconteceu com Ararambé, Janduí, Baro, Paraupaba, Pedro Potí e milhares de outros sepultados no ostracismo da civilização.
Os grandes feitos de Baro no Nordeste permanecem desconhecidos na dimensão sociocultural do Brasil de hoje, assim como da Holanda, considerando, neste caso as impressões do jornalista holandês Joost Jong, publicadas a l0 de julho de 2005, no jornal Diário de Natal, em que o autor deixou de fazer qualquer consideração ao seu compatriota.
Parece que tal alienação amplia-se para os 10 mil holandeses que anualmente, fazem turismo em Natal, sem manifestar as suas atenções para a linha cultural deixada por Baro, entre Holanda e Nordeste do Brasil, com maior destaque para o Rio Grande do Norte, desde a serra Macaguá, atual Santana.
Nesta altura, seria injustiça esquecer o trabalho do professor B.N. Teensma, da Universidade de Leiden, publicado em 2001, pela Ufal – Universidade Federal de Alagoas, sobre a vida de Baro entre os indígenas do Nordeste e os holandeses, no qual foram inseridas as idéias que negam o reconhecimento do valor da história feita pelos indígenas.
O jornalista Jong, certamente perdeu o grande momento para fazer com que os seus compatriotas holandeses, assim como 50 mil pessoas de Natal, tivessem mais conhecimento do que foi realizado por Baro no Rio Grande, entre os índios e os holandeses, em função da história e cultura de 358 anos.
No plano cultural – isto revela que a perspectiva da interação entre as nações do Primeiro e Terceiro mundo – ainda é uma utopia que não deveria existir mais no século 2l, da Comunicação.
Por aí – chega-se à diversidade cultural que se originou na época da colonização e vem se mantendo pelas vinte gerações, sem encontrar a resistência ou mudança esperada pelo bom-senso humano, como fator de evolução das populações que pretendem fazer a sua história pelo caminho da dignidade.


AS DÍVIDAS dos europeus, sobretudo franceses, portugueses, holandeses, espanhóis, alemães, ingleses e até mesmo judeus - assumidas com as populações do Nordeste e demais regiões brasileiras, na época da colonização, são por demais elevadas, não somente em termos econômicos e financeiros, mas, principalmente, nos culturais, históricos, sociais, éticos e morais que nunca foram compensados.


O RECONHECIMENTO ao brasileiro pelos atuais países desenvolvidos da Europa - deveria, portanto, ser considerado com o devido e necessário respeito daquelas nações civilizadas e ricas, sem que houvesse o sentimento de favor, tampouco de filantropia, esmola e outros propósitos do menosprezo que têm sido manifestados.


A SOLIDARIEDADE dos europeus deveria ser o maior fator para a ocorrência dos propósitos mencionados e propalados, através dos seus organismos internacionais, no sentido de que a diversidade cultural existente na atualidade – seja corrigida e extinta, abrindo espaço para a mundialização de modo justo e solidário, visando reduzir e acabar com a miséria, ignorância, fome e doença da maioria populacional.


O QUESTIONAMENTO nestes termos tem sido feito em parte, considerando apenas a situação atual das nações sul-americanas – colonizadas pelos europeus, sem levar em conta o que ELES fizeram, ganharam e extraíram das terras em que viviam os nossos indígenas.


O RESGATE dos absurdos feitos nos paises latino-americanos jamais poderá ser realizado – sem que o seu ponto de partida, esteja situado nos povos indígenas que foram perseguidos, massacrados, dizimados e extintos pelos estrangeiros de formas direta e indireta, quando o mundo primava pela cultura da morte, faltando com o respeito básico à vida.


19 – Artigos Jocistas Os ex-Jocistas do Nordeste em 2004-5 fizeram um plano de viagem a Copaoba, visando conhecer a história e cultura daquela localidade paraibana, mas, por uma série de motivos não conseguiram realiza-lo, em diversas oportunidades, tendo em vista a pouca objetividade e organização.
Nos anos seguintes – os problemas foram acumulados, inclusive quanto a falta de reconhecimento sobre a importância cultural do assunto, mais as doenças de membros expressivos do grupo constituido de pessoas residentes em Natal, João Pessoa e Recife, as quais demonstravam pouco interesse pela questão.
Entre os que mais consideravam a história dos indígenas em Copaoba – temos o gráfico Francisco Trindade, de João Pessoa, seguido de Aluísio da Silva, advogado, ambos falecidos naquela cidade, sem que os demais – vivos, tivessem o mesmo interesse e atenção em torno dessa história.
Por esses motivos – o plano de viagem a Copaoba – ficou sem efeito, deixou de ser realizado pelos antigos Jocistas – ex-militantes da JOC – Juventude Operária Católica, extinta no final dos anos 1960, em decorrência das pressões e perseguições feitas pelos governos militares.
Foi uma negativa sobre a longa experiência da história e cultura da classe operária em que os Jocistas tiveram sua origem.


20 – Vocabulário Tupi-Guarani=Português

Copaoba – A plantação e colheita acabadas por todos, mais os seus objetos, até o fim.
- Foi a destruição-extermínio dos indígenas situados na Copaoba, pelo Ouvidor Geral Martim Leitão – 1587. Ver a etimologia do termo:
Co - Aroça, o mato, a plantação
Pa -acabar,finalizar, terminar, cessar.
Pá - Sim. Mesmo que Ba.
O - Seu, sua, dele, dela e plural.
Ba – Coisa,objeto. Bueno, Silveira – 1998, p.69 - Antigo nome de serra na Paraíba. Vem de Copaíba – nome de árvore que expele resina alimentar. Hoje a mesma serra é denominada de Serra da Raiz.
Igaraçu - Vem de Igarassu. Nome de município em Pernambuco.
Igara – canoa.
Ussu – grande.
- Canoa grande. Bueno, 1998 – p.160.
Paraíba - Vem de Parayba.
- Rio ruim, imprestável à navegação. Bueno,1998-p.632.Ob.Citd.
- Rio que banha os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
- Nome de rio e Unidade da Federação – Paraíba, no Nordeste do Brasil.
Araçaí - Nome de rio no Estado da Paraíba.Vem de araçay – o rio dos araçás.
Ara -V. Nascer, ocorrer, acontecer, suceder.
Ara - S. Dia, tempo, claridade, época, estação do ano.
Ara - S. Alto, parte superior de.
Ara - S. Espiga de milho. Bueno,1998 – p.55. Ob.Citd.
Çaí - Adj. Azedo, agro. Dias, Gonçalves e Bueno – 1998, p.442.
Ararambé - Nome de chefe indígena localizado na Paraíba. Nome de Aldeia. amarelos, muito ácidos, em cachos.A fibra era aproveitada pelos indígenas, assim como o espinho, na função de agulha o alfinete,Bueno,Ob. Citd. p.94.
Gê - Nome de tribo indígena. Bueno.Ob.Citd.p.132.
- Vem de gênese – início.
Janduí- Vem de ya-andu, do Tupi.
- Nome de aranha e avestruz.
- Variação de Ianduí = rio da ema ou rio da aranha.
- Nome do chefe indígena dos Tarairiú, situados no Nordeste, desde o Rio Grande até o rio São Francisco, séculos 17 a 18.
Paraupaba - Nome de chefe indígena no Rio Grande do Norte.Reuniu em 1654 – cerca de 5 mil índios do Nordeste, os quais foram levados para a serra Ibiapaba, entre o Ceará e Piauí, onde foi criada a Liga Índia de resistência ao domínio português.
Poti - Artigo A.Bueno/Dias.Ob.Citd.p.514.
Poti - com acento nasal no i.=Limpo. Scott, 1981.p.258.
Poty - Florescer, florido. Scott, 1981 – p.258.
- Flor, virgindade, florescer. Sampaio, Ob. Citd. P.132.
Potí - Esterco, excremento, morrer, fracassar, falhar.
- Espécie de peixinho, camarão. Guarani.
- Nome de chefe indígena do Rio Grande do Norte, que comandou outros na expulsão dos holandeses do Brasil. Ao ser batizado tomou o nome de Felipe Camarão. Sampaio, Ob.Citd.p.132.
Acaraú - Nome de rio no Estado do Ceará.
Aca – Chifre, ponta, corno.
Ra, re, ri, ro, ru – sílabas que se crescentam aos verbos neutros do artigo A.
Ú – vem de Uú = comer, beber, catarro, tosse.
Acará – O cascudo – peixe. Bueno, Ob. Citd. p.33.
Acaraú – Acará preto. Bueno,Ob. Citd. p. 33. Variação de Acaràuna – Idem, idem.
Paraguaçu - Paraguá – variedade de papagaio, baia, golfo. Bueno, Ob.Citd. p. 264.
Paraguassu – Nome de cacique no Rio Grande.
Açu – grande.Vem de guassú – grande. Bueno, Ob.Citd. p.155.
Potiguara - Nome de tribo chefiada pelo cacique Potí no Rio Grande.
Onomástico de quem nasceu no Rio Grande do Norte.
Braço Preto - Nome de cacique sediado na Copaoba/PB.
Surupiba - Nome de cacique – idem, idem.
Surú – Morder, dar botes. Bueno, Ob. Citd. p. 322.
Su – Com nasal no u – agitar, tremer, vacilar. Bueno. Ob. Citd.p. 321.
Ru – com nasal no u – transportar, trazer, conduzir. Sampaio.Ob.Citd.
p.144
Pi – Verbo transitivo, picar, dar picada, falando de animais como a cobra, aves e formigas que picam. Bueno, O. Citd. p.270.
Braço de Peixe - Nome de cacique sediado na Paraíba.
Pedra Verde - Nome de cacique - idem, idem.
Tarairiú - Nome da tribo do cacique Janduí, sediado na serra Macaguá, atual Santana, no RN.
- Comedor do peixe traira .Este, durante a seca hibernava no subsolo até a volta das chuvas, quando renascia.
Pau-Seco - Nome de cacique, sediado na Paraíba.
Ibiapaba -Vem de Ybyã-paba = chapada de terra alta, o escarpado, o alcantilado.
- Serra entre o Ceará/Piauí. Bueno. Ob. Citd. p.595.
- Local do refúgio de 5 mil indígenas perseguidos pelos portugueses e abandonados pelos holandeses, desde 1654 – quando foi criada a Liga
Índia, pelo cacique Antonio Paraupaba.
- Tradução: Lugar em que todos vivem ou morrem. Tupi.
Jocista - São os ex-militantes jovens da Juventude Operária Católica –
JOC – movimento da extinta Ação Católica que perdurou no Brasil,
até os anos de 1968, constituído pelos jovens trabalhadores engajados nas ações em defesa da classe operária, não somente sob o espírito religioso, mas, com objetivos sociais e políticos, motivos pelos quais foram muito perseguidos pelo regime do governo militar estabelecido no Brasil, naquele período.
............................................................................ Natal-RN, 20 de Outubro de 2006

Notas=Fontes

01 – Mendonça, Waldice – pp.22,23 – Revista do IHGP – vol. 32.
02 – Por Um da Companhia de Jesus, 2006 – pp. 96,97.
03 – Idem, idem, idem – p. 99.
04 – Documentário: History Channel – Julho, 2006.
05 – Idem, idem, idem
06 – Medeiros Filho, Olavo de – 2002 – p.3.
07 – Idem, idem – 2001 – pp. 5, 6.
08 - Idem, idem, idem, – Revista IHGP, Vol. 32 – p.22
09 – Ribeiro, João – Ano sem Referência, 11ª. Edição – pp. 131, 134.
10 - Medeiros Filho, Olavo – 2000, pp. 25, 26.
11 – Barléu, Gaspar - 1647, 2005, p. 250 – Edição Senado Federal, Brasília .
12 – Idem, idem – pp.252 a 254.
13 – Fonte Oral – Maria Áurea Guedes, 2005, Pedagoga – UFRN, filha do casal Maria das Dores, Manoel Camilo Guedes.
14 - Wikimedia – Google, CPRM, Emater-PB, 2001
15 – Barléu, Gaspar – 1647, 2005 pp. 253, 417.
* - Jornalista, sociólogo – pela UFRN, sócio do IHGP-RN, fundador do Sindicato dos Jornalistas
Profissionais do Rio G. do Norte.

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