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Ensaios-->A FORMAÇÃO DA IMPRENSA ACREANA NO CONTEXTO BRASILEIRO -- 28/05/2010 - 04:12 (ALZENIR M. A. RABELO MENDES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A FORMAÇÃO DA IMPRENSA ACREANA NO CONTEXTO BRASILEIRO

Por

Maria Alzenir Alves Rabelo Mendes
(Este trabalho é parte da minha dissertação de mestrado em Letras, Linguagem e Identidade, pela Universidade Federal do Acre,com o título: 'Marcas da memória cultural nas crônicas jornalísticas de Xapuri - 1907 a 1917', sob a orientação da Profª Drª Olinda Batista Assmar).

Início da imprensa no Brasil

O contexto em que a atividade de imprensa foi criada no Acre, não difere muito do que ambientou os primeiros serviços tipográficos em outras partes da Amazônia brasileira, assemelhando-se das condições em que também funcionou imprensa nacional, do Brasil colônia . No que tange aos homens das letras, foram-lhes dadas atribuições de tradutores e intérpretes das idéias de um patronato que, quase sempre, transformou-os em porta-vozes do poder.
A cultura letrada e seus instrumentos de difusão estão historicamente atrelados à busca de autonomia econômica e política, patenteadas nas descobertas de novas fontes de riqueza, no desenvolvimento das tecnologias e no alargamento das relações comerciais nas possessões conquistadas e dominadas pelos povos mais desenvolvidos e patrocinadores do saber.
O avanço tecnológico expandiu a busca de novas fontes de matéria-prima para a Amazônia e agilizou a descoberta das aplicações úteis do látex para a indústria mundial em amplo crescimento no final do século XIX e início do século XX. Fez também com que, em pouco tempo, as áreas produtivas dessa matéria-prima se tornassem lugares de confluência dos muitos grupos advindos das mais diversas nacionalidades.
Durante a chamada “corrida pelo ouro negro”, a necessidade de exploração do látex para a indústria internacional foi o móvel que aproximou os viajantes dos nativos sul-americanos, resultando em trocas materiais e culturais entre eles, mesmo que tais trocas tenham se dado em condições de desvantagem para os habitantes dos trópicos. Pois muitas comunidades nativas foram massacradas e tiveram seu patrimônio espoliado em decorrência da ação exploradora, acomodamento de especuladores e de outros migrantes na região.
Mesmo que não se possam minimizar os danos causados pelos novos ocupantes das terras acreanas, não se pode por em dúvida que foi por meio deles que os chamados bens culturais da civilização foram disseminados na terra recém-descoberta. No Acre e em outras partes da Amazônia, a cultura letrada foi inserida por meio dos viajantes europeus, os quais eram ou representavam cientistas e investidores que vislumbravam êxito nos experimentos e negócios com as novas fontes de matéria-prima.
Há que se lembrar que nem todos os viajantes eram movidos por meras razões aventureiras e ou lucrativas. A história registra que muitos migravam pela necessidade extrema de sobrevivência, a exemplo dos nordestinos que se deslocaram para o Norte brasileiro no final do século XIX e início do século XX, período em que, no Nordeste, ainda eram causticantes os resquícios da grande seca de 1877.
Outra razão para a demanda de novas levas migratórias rumo ao Norte tinha sua origem no desejo de libertação política e religiosa. Sendo esta a aspiração de judeus e demais falantes de língua árabe, em maioria, sírios e libaneses oprimidos, que vieram para o Brasil durante a desestruturação do império Turco. Os que compunham esse grupo rumavam para a Amazônia como estivessem em busca da terra prometida, onde livres pudessem, além de lutar por uma vida digna, exercer o credo de seus antepassados sem medo do preconceito e da perseguição.
A história registra que a primeira corrente migratória de judeus para a Amazônia brasileira foi motivada, em primeiro lugar, pelas possibilidades de enriquecimento antecipadas pelo Decreto de 1814, que ampliou as relações comerciais entre o Brasil e outras nações. Em segundo lugar, pela liberdade de culto autorizada no Tratado de Aliança e Amizade em 1810.
Esses migrantes, atraídos por uma campanha internacional do governo brasileiro, vislumbraram na Província do Grão-Pará uma nova vida, assim registra o documentário: “Judeus na Amazônia”. Trabalho produzido pelo jornalista Henrique Veltman e pelo fotógrafo Sérgio Zalis, para o Museu da Diáspora da Universidade de Tel-Aviv, Israel .
Ao chegarem à nova pátria, um bom número de judeus empenhou-se na atividade comercial. Outros se dedicaram aos serviços escrituração do comércio. É possível que, a exemplo dos judeus que se instalaram no Recife, por ocasião das invasões holandesas, muitos dos que migraram para o Norte tenham também se incumbido dos primeiros serviços gráficos nesta região. Abre-se aqui um parêntese para lembrar que a atuação de judeus no campo das letras, no Brasil, remonta ao início do século XVIII.
Nelson Werneck Sodré (1999) registra que a instalação da primeira tipografia particular em solo brasileiro deu-se ainda em 1706, por iniciativa de comerciantes membros de uma comunidade judaica no Recife. E que, por imposição da Coroa, essas oficinas foram fechadas. Somente depois do Tratado de Aliança e Amizade, os judeus puderam se expandir no setor comercial e cultural. Cessadas as perseguições, a imprensa de caráter privado logrou se desenvolver e se estender da metrópole (Rio de Janeiro) para as regiões mais longínquas, como a Amazônia.


A continuidade dos moldes nos primeiros jornais do Norte

A inauguração da imprensa na região Norte deu-se com a criação da Gazeta do Pará, em 1821, referencial histórico que, no Brasil, demarca um período de livre expressão das idéias por força de um decreto de D. Pedro I, que extinguiu a censura prévia aos impressos. Embora fundados sob os auspícios da liberdade e com recursos privados, os periódicos da região Norte, em quase nada diferiram da Imprensa Régia, nos moldes da Gazeta do Rio de Janeiro. Os jornais da época, com exceção do Correio Braziliense , do maçom Hipólito da Costa , funcionavam como porta-vozes da administração oficial. Fora algumas notas do comércio, noticiavam somente os fatos considerados importantes, da vida social de pessoas influentes.
Esse modelo também influenciou a imprensa amazonense. De acordo com a Associação Brasileira de Imprensas Oficiais, nos dados colhidos pela Imprensa Oficial de Macau , o Amazonas foi um dos primeiros Estados a imprimir o seu Diário Oficial, ainda no século XIX. Este veículo, como os demais da época, tinha como missão principal a divulgação dos atos do Governo, incluindo os atos do Legislativo e do Judiciário.
A editoração dos primeiros jornais na região Norte, assim como em outras regiões brasileiras, contou com recursos tecnológicos importados da Europa. O Diário Oficial do Amazonas, por exemplo, funcionava com impressoras importadas da Alemanha , pelos idos do primeiro Ciclo da Borracha, responsável pela inserção da região no mercado internacional e pela adequação de suas cidades ao modelo de urbanização europeu, em voga no Brasil da época.
Nas capitais dos dois Estados em desenvolvimento da Amazônia brasileira, Pará e Amazonas, a imprensa oficial estabeleceu-se quando Belém e Manaus, suas respectivas capitais, vivenciavam a Belle Époque, financiada pela economia gumífera, no final do século XIX e início do século XX. Período em que ocorreu a expansão das relações comerciais entre os países europeus e americanos. Nesse âmbito, pode-se afirmar, sem dúvida, que a borracha foi o elemento propulsor do desenvolvimento econômico e que este possibilitou a inserção da região na era da modernidade.
Não obstante, até o final daquele século, tanto no Norte como nas outras regiões do Brasil, a imprensa não se ocupava com as causas das pessoas comuns. Nos primeiros periódicos, a manifestação de uma voz não oficial excetuava-se aos dotados de pendores literários, isso quando se prestavam aos interesses dos mandatários.
Não se pode, contudo, obscurecer que, durante o movimento pela emancipação do Brasil, jovens intelectuais brasileiros, educados na Europa, e membros da Maçonaria pulverizaram os ideais liberalistas através da imprensa. A difusão de suas propostas políticas deu-se, porém, em um discurso ornado característico do nacionalismo literário do período pós-independência e pré-republicano (Cândido, 1975).
Na imprensa nacionalista, o texto literário e o jornalístico não se distinguiam um do outro, tal era a falta de delimitação de seus espaços e a indefinição da linguagem usada. Luís Roberto Cairo (2001) lembra que a tradição literária no Brasil se explica pelo fato de a imprensa estar entregue, desde o início, a uma elite formada por homens de letras. As pessoas que exerciam o jornalismo eram as mesmas que faziam a literatura. Isso fez com que se operasse uma simbiose entre as duas atividades.
Sodré (1999) avalia de forma negativa a não dissociação entre uma atividade e outra. Para ele, essa mescla fez com que o jornalismo fosse confundido com a literatura, até mesmo nas chamadas informações sociais. A linguagem carregada de emotividade chega a se confundir com a que é usada pelos namorados. Esse jornalismo caracterizou, pelo menos, os primeiros cinqüenta anos da imprensa brasileira. Contudo, não se deve minimizar a sua importância como um instrumento para a construção da memória escrita da cultura nacional.
Somente ao término do século XIX, a imprensa começou a se voltar para a discussão dos problemas da República, principalmente, para as questões referentes às deformidades decorrentes do sistema escravagista, já extinto. Essa atitude, porém, não significou o fim do modelo jornalístico anterior, persistindo, pois, uma relação muito estreita entre o jornalismo, a política e a literatura.
No início do século XX, a imprensa republicana passou a ter um sentido crítico e cívico ao participar da construção do processo político e econômico do país. E por força da expansão capitalista, essa imprensa aderiu ao modelo empresarial proposto pelo crescimento da industrialização, que promoveu o aprimoramento das tecnologias da Revolução Industrial.
No contexto da modernização do país, emergiu uma nova ordem social nas cidades, definida como modernidade, marcada pela mecanização e rapidez nos procedimentos, exigindo agilidade nos serviços e requerendo, cada vez mais, a utilização racional dos espaços. E na esfera da imprensa não podia ser diferente.
A urgência da informação rápida e em espaços visíveis foi uma das razões para a eliminação dos adornos, vinhetas, fios e enfeites que contornavam as colunas dos jornais. Com essas mudanças, os espaços foram mais valorizados e a notícia passou a ocupar o lugar que lhe era devido nos jornais. Estes passaram ser mais um produto de consumo de uma massa de leitores da classe alta e média.
Segundo Juarez Bahia (1990), a imprensa começava a assumir o caráter de empresa e como tal deveria primar pela difusão da notícia, ser mais informativa que doutrinadora. Fato que não ocorreu logo nos primeiros anos do século XX. Segundo esse autor, ocorreu uma atitude de dubiedade em que se fundiam a informação e a doutrinação na maioria dos periódicos. Retrocessos à parte, a imprensa e a indústria editorial evidenciaram um crescimento significativo devido, principalmente, ao aumento do número de pessoas alfabetizadas, que contribuiu para a ampliação do universo de leitores e para o desenvolvimento da vida intelectual no país.
Depois da primeira vintena de 1900, proliferaram muitos jornais de facções políticas com a finalidade de influenciar o público leitor e alcançar setores diversificados da sociedade, enfocando, assuntos de natureza filosófica, religiosa, artística e educacional.
Naquele início de século, o Acre, apesar de ser uma região desconhecida para a maioria dos brasileiros, viu surgir e desaparecer muitos jornais, assim como ocorria nos grandes centros do país. Não obstante, a curta e restrita circulação desses periódicos, eles configuram-se como lugares de memória escrita. E oferecem um painel sobre o tempo e o lugar em que foram produzidos, bem como representam as idéias, os interesses e as formas de organização da sociedade que se formava no Acre da época.


A criação dos jornais em Xapuri-Acre

No Acre, os serviços de imprensa tiveram início no contexto turbulento da Revolução Acreana, logo nos primeiros anos do século XX, quando grupos opostos, vindos de diferentes partes do Brasil e do mundo, disputavam a dominação sobre o local. Muito embora tal intenção fosse velada sob o argumento de libertar os habitantes da região do jugo boliviano e fazer do Acre um Estado autônomo, incorporado à nação brasileira.
Os grupos de especuladores eram compostos por civis, militares, clérigos, leigos, artistas; por pessoas rudes e por intelectuais de várias profissões como engenheiros, médicos, advogados e professores. Enfim, por pessoas com ou sem nenhuma titulação, de orientação política e religiosa diversificadas.
E que, quando não contribuíram de forma direta para a construção da memória escrita do período fundador do Acre, contribuíram com a disponibilização de recursos materiais para a criação e manutenção dos jornais. Além de que, das vivências de muitos deles, rechearam-se os escritos dos fazedores da memória escrita do Acre. E esta foi feita por meio dos periódicos, mesmo que a existência deles deva-se a causa nem sempre de interesse dos que tomaram o Acre por pátria adotiva. É de conhecimento histórico que a imprensa era porta-voz de dois grupos mandatários: os que representavam o poder aquisitivo do coronelismo da borracha e os que se firmavam no cenário político sob a chancela do governo brasileiro.
Abre-se aqui um espaço para a relevância da Maçonaria, no que tange à criação da imprensa no Acre. Maçons residentes na região, a exemplo da ação de seus co-irmãos do período pró-independência e instauração da República, exerceram forte atuação na vida política e cultural através dos jornais, seu principal meio de difusão de idéias.
Em Xapuri, os primeiros boletins e pequenos informes locais, bem como documentos do comércio, foram impressos na gráfica da Loja Maçônica Igualdade Acreana, onde também foi confeccionado o primeiro periódico da cidade, o jornal O Acre, em 1907. A referida loja maçônica cedeu por muito tempo seus equipamentos para a impressão dos muitos outros jornais que foram criados no local já sob domínio brasileiro.
Embora o marco inicial da ação dos maçons na imprensa acreana date do ano de 1907, a presença da Maçonaria no Vale do Acre já era fato desde 1903. Ano em que se realizou uma sessão solene a bordo do navio Rio Tapajós, ancorado no Porto de Xapuri, segundo relata o jornalista Juraci Xangai, em matéria publicada no jornal Página 20, de 02 de março de 2006, por ocasião do centenário da Maçonaria no Acre. Na referida sessão, estiveram presentes mais de 50 pessoas de um grupo seleto, formado por obreiros, seringalistas e outras pessoas ligadas ao comércio.
No artigo citado, consta que os maçons comprometidos com o seu tempo e sua pátria ajudaram a construir o Acre, desbravaram rios e florestas e se revoltaram contra o esbulho que seria promovido pelo Bolivian Sindicate sobre as riquezas regionais. Ainda com base no texto de Juraci Xangai, os maçons participaram ativamente da Revolução Acreana, bem como de vários feitos da vida administrativa do Acre.
Para ilustrar, citam-se aqui algumas funções exercidas pelo primeiro venerável mestre da Maçonaria no Acre, o cearense Francisco de Oliveira Conde , homem culto, conhecedor do grego, esperanto e tupi-guarani. Francisco Conde foi tenente-coronel comandante do 5º Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional, promotor de justiça, governador do Território, nomeado pelo presidente da República, de 1954 a 1955. Homem bem instruído, ele exerceu atividades culturais, tanto no âmbito da imprensa, na redação do jornal O Acre, como no ensino, tendo contribuído para a fundação do Colégio Acreano, o mais tradicional estabelecimento de ensino do Acre.
Em âmbito nacional há que se destacar o nome de maçons ilustres simpatizantes da causa do Acre e que até se empenharam em busca de uma resolução pacífica para a chamada “Questão do Acre” . Não são poucas as fontes históricas que citam a participação efetiva dos maçons na “Questão”. Dentre eles merecem deferência o jurista e político renomado Rui Barbosa e o Barão do Rio Branco.
O primeiro defendia, tanto na imprensa como no senado, a idéia de que o Acre era possessão brasileira. O segundo é mencionado como o “hábil diplomata” no artigo “Tratado de Petrópolis”, do jornal o Acreano, de 24 de novembro, de 1907, por ter intermediado as negociações que puseram termo à disputa sobre as terras em litígio, as quais passaram definitivamente para o domínio brasileiro.
Na histórica “Questão do Acre” havia dos pólos. De um lado, encontravam-se os que advogavam a causa em favor dos muitos migrantes, de diferentes regiões do Brasil, que fizeram do Acre sua nova pátria, os chamados “brasileiros do Acre”, para quem a autonomia imediata do Acre, como um Estado independente, era o ponto fulcral. A maioria deles, comerciantes, donos de casas aviadoras, banqueiros e seringalistas, promoviam a defesa de sua causa ancorada no capital internacional que movia a economia do extrativismo.
Do outro lado, postavam-se os representantes do governo federal, homens de patente militar, nomeados para funções administrativas e posteriormente judiciárias, mandados para a região, a pretexto de garantir a paz e a soberania brasileira no Acre, embora também munidos pela força bélica.
E em ambos os grupos, encontravam-se os intelectuais do Acre, que faziam um jornalismo amador, mais opinativo do que informativo, não se distanciando do tipo de jornalismo praticado nas metrópoles brasileiras do final do século XIX. Os redatores dos primeiros jornais acreanos perfilavam-se conforme as alegações da causa que diziam defender na disputa pelas terras do Acre .
Interesses à parte, deve salientar-se que esses grupos inseriram e movimentaram a cultura letrada no Acre, quando neste a floresta ainda se encontrava quase em estado bruto. Em um cenário que contrastava com as cidades brasileiras em processo de desenvolvimento, onde por força da modernização da imprensa, os jornais, cada vez mais, tornavam-se produtos de consumo, alargavam seu enfoque e ocupavam-se, também, das questões que interessavam aos diversos extratos sociais de seus consumidores.
No Acre, porém, dadas as circunstâncias de produção, circulação e patronato, esse instrumento de cultura de massa esteve, principalmente durante os dois grandes Ciclos da Borracha, a serviço e ao alcance de poucos leitores. Dentre eles, sobrepõem-se os seringalistas, os comerciantes (financiadores da imprensa) e os enviados pelo governo brasileiro: militares imbuídos da manutenção da ordem e, ao mesmo tempo, designados para funções administrativas e jurídicas. Das especificidades desse público leitor é que se pode atribuir a recorrência dos assuntos na pauta dos jornais dirigidos por e para cada grupo organizado em torno da “causa do Acre”, conforme os interesses de cada um deles.
Esses fatores respondem pelo distanciamento do fazer jornalístico acreano do que já era praticado nas regiões onde os jornais assumiam o caráter de veículos noticiosos, cuja função imediata devia se prestar ao registro dos fatos do cotidiano, com a descrição objetiva dos eventos, tratados de forma imparcial. Ainda que tal imparcialidade não passasse de uma vontade de isenção, uma vez que a própria escolha do que devia ser ou não publicado já implicava uma tomada de posição.
É oportuno registrar que as atividades tipográficas e a veiculação de jornais no Acre são anteriores à anexação do Território ao Brasil. No ano de 1901 foram instaladas as oficinas do jornal El Acre , em Puerto Allonso, cidade considerada ponto estratégico para o estabelecimento do domínio boliviano sobre as terras acreanas. Mas sua permanência no local foi tão curta quanto a dos representantes daquele país no Acre, os quais rendidos pela Revolução de Plácido de Castro e seus seringueiros, em 1903, se retiraram da região.
O primeiro exemplar do jornal El Acre foi publicado no dia 20 de outubro, de 1901, em Puerto Allonso, atual município de Porto Acre, local onde os bolivianos instalaram um posto aduaneiro, a fim de arrecadar impostos dos brasileiros sobre a venda dos produtos extrativistas. Fato que gerou a revolta dos acreanos, ou melhor, dos “brasileiros do Acre”, como eram conhecidos os brasileiros envolvidos na questão, desencadeando os movimentos de reação por parte dos comerciantes e seringalistas.
Esses movimentos culminaram na Revolução Acreana que deu aos brasileiros o domínio sobre as terras em disputa. No entanto, para o desapontamento dos revolucionários, estas não foram reconhecidas pelo governo do brasileiro como um Estado da federação, tal qual desejavam os partidários de Plácido de Castro. Tampouco foram anexadas ao Amazonas ou ao Pará, Estados que também pleiteavam a posse da Acre.
À revelia dos acreanos, o Acre foi anexado ao Brasil na condição inédita de Território Federal. Essa medida, mesmo não tendo respaldo na Constituição Brasileira vigente à época, efetivou-se após a assinatura do Tratado de Petrópolis, que propôs indenização à Bolívia, pelas terras perdidas, e pôs termo à questão das fronteiras, em 1904.
Do surgimento do El Acre, em 1901, até o ano de 1907, quando os jornais O Acre e o Acreano passaram a ser editados, não há material comprobatório, tampouco fontes precisas, que indiquem a existência de atividade jornalística em Xapuri, ou em qualquer outra cidade do Vale do Acre nesse período. Consta apenas, no Catálogo de Periódicos Raros da Biblioteca Nacional Digital, o registro de “O Acre, órgão patriótico” , de 1902. Ressalve-se que sua edição não era feita no Acre, e sim na capital da República, Rio de Janeiro.
Somente a partir de 1907 é que, conforme o levantamento feito na Fundação Cultural do Acre Garibaldi Brasil, no Museu da Borracha do Acre e no CDIH (Centro de Documentação e Identificação Histórica) da UFAC, os jornais voltaram a circular nas principais cidades do Vale do Acre .
De acordo com Olinda Batista Assmar, Iracilda Bonifácio e Gleysson Lima (2007), no estudo que realizaram sobre os editoriais do século XX no município de Rio Branco, a imprensa local inicia-se em 1908, com a criação do jornal O Rio Acre. Segundo o referido estudo, não foi localizado nenhum outro periódico com data anterior a do surgimento do jornal O Rio Acre, nos acervos consultados. Portanto, a referência que se tem quanto à edição de jornais no Vale do Acre, sob o patrocínio de brasileiros, é o ano de 1907, quando foram fundados os periódicos O Acre e o Acreano, ambos com formato de 0,m38 de altura por 0,m25 de largura.
O jornal O Acre era editado, quinzenalmente, em prensa de mão e tinha a chancela da Loja Maçônica Igualdade Acreana , fundada em Xapuri em 1906, mas que esteve atrelada à Maçonaria do Estado do Amazonas até o ano de 1933. Vale lembrar que a atuação na Maçonaria na imprensa acreana não se limitou ao período revolucionário, tampouco ao Departamento do Alto Acre. Estendeu-se também aos outros departamentos. Em Sena Madureira, por exemplo, em 1908, com o aval da Loja Maçônica Fraternidade e Trabalho, um periódico sob o título O Jornal veiculava as idéias do Partido Republicano do Alto Purus e os interesses dos seringalistas.
Os redatores do jornal O Acre eram afinados com os ideais de liberdade da Maçonaria. E mesmo sendo pessoas pertencentes a um grupo de ex-combatentes da Revolução Acreana, eram regidos por um sentimento de dever e fidelidade ao governo federal. Logo se colocaram publicamente em contraposição aos partidários da autonomia imediata do Acre e da criação de um Estado independente.
Dentre eles, citam-se os ex-combatentes: Capitão Justo Gonçalves da Justa , que ocupou o cargo de tabelião interino do Segundo Termo da Comarca do Alto Acre, sediada em Xapuri, e o Tenente-Coronel Francisco Conde, primeiro venerável da Maçonaria no Acre e que exerceu a função de adjunto de promotor público do Departamento do Alto Acre.
A circulação do jornal O Acre ocorreu de 24 de junho, de 1907 a 01 de outubro de 1908. E segundo estampava a edição de 16 de março, de 1913, o veículo era “completamente imparcial” e aceitava “independente de pagamento, qualquer artigo tendente aos interesses do Território do Acre, assumindo a sua redação o compromisso de publicar na integra, a realidade dos fatos, dentro dos limites da moral” (Jornal O Acre. 16 de março, de 1913, p.01).
Em sua página de abertura, trazia como slogan a frase: “Orgão dos interesses acreanos”. Na prática, contrariamente ao que indicava seu texto inicial, o jornal O Acre não reservava uma única coluna para tratar dos problemas cruciais que martirizavam os “acreanos” extratores do látex. Isolados nas matas na lida árdua de seringueiros, mateiros, comboieiros e outros trabalhos braçais que os expunham diariamente às feras e febres, solitariamente a morrerem à míngua enquanto produziam riqueza para o patrão e seus financiadores.
As condições de vida, atividades diárias e dificuldades desses “acreanos” raramente eram mencionadas em um ou outro artigo esparso. O seringueiro, quando muito, era citado como sendo “rude e laborioso... constante, a golpear a árvore de onde obtém o precioso líquido que tantas cobiças há despertado” (O Acre, 06 de Agosto, Xapuri, 06 agosto 1907, ano I, n.º 04), ou nas crônicas humorísticas em que é tratado como alguém capaz de se unir ao indesejado regatão turco para “fazer mal ao patrão”, vendendo àquele, peles de borracha por preço abaixo do custo, conforme relata o cronista Zé do Barranco, em sua coluna intitulada “Riscados” (O Acre, 11 de março, de 1913, p. 02).
A menção ao seringueiro, feita pelo cronista, se dá para a louvação pelo seu trabalho “hercúleo” no enriquecimento da nação ou para divertimento do leitor, que poderá rir da fala do homem simples que sobrevive no interior da selva e da sua maneira de lidar com a constante falta de dinheiro. Razão que o levava a realizar transações em que pagava dívidas com sernambi de caucho, em vez de sernambi de seringueira, ou empenhava a própria mulher como garantia perante o fiador, assunto de que trata uma das crônicas humorísticas do Zé do Barranco (O Acre. 20 de abril, de 1913).
O jornal O Acre não colocava em sua pauta os problemas cruciais dos extratores do látex, como a exploração da mão-de-obra, as condições desumanas de trabalho e habitação, as doenças que os afligiam, a constante exposição às feras, somados ao desamparo por parte das autoridades.
A primazia era dada aos temas históricos, à exaltação dos heróis e às datas cívicas nacionais: 07 de setembro, dia da Independência do Brasil, e 15 de novembro, dia da Proclamação da República, e outras datas que fossem significativas para a instigação do espírito patriótico que devia orientar e disciplinar o anseio dos defensores da autonomia imediata do Acre.
Em segundo plano, situam-se as datas comemorativas da história do Acre: 06 de Agosto, início da Revolução Acreana, 17 de novembro, Tratado de Petrópolis. Estas intitulam uma série de artigos redigidos quase em tom declamatório, como se tivessem sido feitos para serem lidos em alguma solenidade pública. Textos dessa natureza são freqüentemente encontrados tanto no Jornal O Acre como no Acreano, primeiro e segundo periódicos de Xapuri, respectivamente.
O Acreano, embora não tendo regularidade em suas edições, circulou por um período mais longo do que seu antecessor. E em alguns momentos, chegava a ser editado semanalmente com quatro ou seis páginas . Em outros, no entanto, mensalmente, chegando a ficar mais de um ano sem nenhuma publicação. Suas colunas eram dispostas na horizontal e na vertical, padrão aceito também por outros periódicos da mídia nacional da época.
Em sua primeira aparição, que se deu de novembro de 1907 a setembro, de 1910, o jornal Acreano esteve sob a direção do médico e ex-combatente na Revolução Acreana Joaquim da Cunha Fontenele, auxiliado pelo também ex-combatente Major Antônio da Silva Rabelo. Depois de alguns meses sem edições, o periódico voltou a circular por um curto período de tempo, outubro de 1911 a junho de 1912, do qual foram localizados apenas oito números.
O jornal Acreano apresentava-se como “genuíno representante dos habitantes da Região”. A princípio, com o subtítulo de “Orgão do Club Político 24 de Janeiro”, uma sociedade organizada em prol da autonomia imediata do Acre, formada por seringalistas, comerciantes e outros representantes das praças do Estado do Amazonas e do Pará. Posteriormente, passou a estampar o subtítulo: “Orgão do Partido Autonomista Acreano”, que se opunha aos membros do Partido Construtor Acreano, fundado pelo revolucionário Coronel Rodrigo de Carvalho, que se aliara aos que se diziam defensores da autonomia do Acre, porém, somente no momento “oportuno”.
O grupo partidário da “autonomia oportuna” era composto também por maçons, magistrados e militares da antiga Guarda Nacional. Dentre eles, figura o poeta cearense e um dos pioneiros da imprensa acreana, o Tenente-Coronel e também Juiz de Direito, Antônio Bruno Barbosa , secretário do partido e redator dos jornais Correio do Acre, fundado no ano de 1910, Alto Acre, de 1913, e do Commercio do Acre, de 1915.
O “Club Político 24 de Janeiro” era dirigido por seringalistas e ex-combatentes da Revolução Acreana: Coronel José Plácido de Castro, o líder do movimento, Simplício Costa, que atuou também como vice-presidente da Associação Comercial de Xapuri, em 1912, e o Coronel Antônio Antunes de Alencar. Este, além de ser proprietário de um vasto seringal na região de Xapuri, era também dono do jornal Acreano e prefeito interino do Departamento do Alto Acre.
A manutenção do jornal Acreano era feita com recursos provindos da venda das assinaturas, anual e semestral, e dos recursos angariados junto aos comerciantes e seringalistas, e outros membros do “Club 24 de Janeiro”, que a exemplo de Plácido de Castro e Antônio Antunes Alencar reivindicavam a emancipação do Acre. Desse modo, os assuntos veiculados nesse jornal eram a expressão das idéias e aspirações de um dos grupos que disputavam a posse e o mando na região.
Os líderes da Revolução, seringalistas e comerciantes eram freqüentemente referenciados como cidadãos beneméritos, tidos em alta consideração pelo povo do Acre. O coronel Antônio Antunes de Alencar, fundador do jornal, era tratado com distinção como sendo o “prestimoso chefe (...) amigo verdadeiro, dedicado e sempre cheio de condescendência para todos que o procuram (...) alvo de todas as simpatias, senhor de todas as afeições e árbitro de todas as vontades (Jornal Acreano. Homenagem Merecida. 31 de dezembro, de 1908. p. 01).
Após um intervalo de um ano e dois meses sem publicar nenhuma edição, o periódico reapareceu (em 1911), sob a direção dos Senhores Manoel Vasconcelos e Jaime Memória. Com o soerguimento da campanha autonomista, noticiada também na imprensa do restante do País, em especial, na do Amazonas e Pará, o periódico passou a veicular mais expressamente, a defesa da emancipação imediata do Acre, a começar pelo novo subtítulo, “Orgão do Partido Autonomista Acreano”.
A pesquisadora Marta Renata da Silva Freitas, em sua pesquisa sobre o projeto gráfico e retórico dos jornais de Xapuri (In: Assmar, 2002), afirma que o jornal Acreano, não se limitava à mera informação, assumia também posição crítica diante dos fatos, que eram narrados detalhadamente, atendendo à meta principal do jornal que era informar a população sobre os acontecimentos ocorridos em Xapuri e em outros lugares.
O jornal dispunha de agências em outras localidades, tanto dentro do Território do Acre como nos vizinhos estados do Amazonas e Pará. Essas agências tinham por finalidade difundir as informações locais a nível regional. No Pará, seu agente era o historiador e bacharel em Direito, Henrique Jorge Hurley, natural do Rio Grande do Norte que, como tantos outros intelectuais de sua época, ele migrou para a Amazônia, onde exerceu várias funções ao mesmo tempo.
Na capital do Estado do Amazonas, Manaus, o jornal Acreano era representado pelo senhor Paulo Gerechter, mencionado em nota jornalística, por ocasião de um concerto em Xapuri, como sendo também um pianista de mérito conhecido, de “finas qualidades de um perfeito virtuose” (Jornal Acreano. 03 de maio, de 1909, p.03).
No próprio periódico, consta que havia um agente também em Xapuri, o senhor J. Assumpção . Havia agentes até em lugares mais distantes, como no Rio Iaco, onde ficava o senhor José Celeste de Pontes, e no Seringal Montevidéu, nas redondezas de Xapuri, onde o comerciante Samuel Bastos era o agente responsável. Fato esse que demonstra haver pessoas letradas também nas regiões mais isoladas das sedes dos seringais, do contrário não haveria razão para colocar agentes nas brenhas.
Ainda conforme a pesquisa feita por Marta Renata, mesmo o jornal Acreano tendo primado pela notícia e não tendo reservado grande espaço para a literatura, a linguagem usada era bem construída, as notícias simples do cotidiano eram feitas, quase sempre, com um toque poético. A notícia sobre a chegada de um mandatário à cidade de Xapuri era dada em tom laudatório, com adjetivações valorativas que tinham como finalidade a exaltação das qualidades dos representantes políticos, dos comerciantes, patrocinadores dos jornais e, principalmente, dos defensores da autonomia do Acre.
Para os redatores do jornal Acreano, no texto intitulado “Tratado de Petrópolis”, as datas cívicas “devem sempre ser recordadas ao povo, para despertar-lhe o sentimento de amor, dedicação e entusiasmo pelos seus grandes homens” (Jornal Acreano. 24 de novembro, de 1907, p. 02). A ênfase às chamadas “datas gloriosas da Pátria” e aos “vultos nacionais” era uma herança da imprensa nacional dos tempos posteriores à emancipação do Brasil.
Segundo a pesquisadora Carla Siqueira , a imprensa brasileira passou a reforçar essa tendência desde o advento do primeiro aniversário da Proclamação da República, em 1890. Data a partir da qual, os jornais da época deram relevância os nomes que compõem a memória do feito patriótico. Dentre outros nomes são recorrentes as inserções de: Barão de Rio Branco, Benjamin Constant, Quintino Bocaiúva, Campos Sales, Ruy Barbosa, Nilo Peçanha, Assis Brasil.
Os citados beneméritos são também com freqüência reverenciados nos jornais de Xapuri, especialmente nos textos comemorativos da data máxima para os republicanos que faziam questão de alardear os feitos do novo regime até mesmo no recém-conquistado Território do Acre.
No artigo “15 de novembro. Ave!”, o autor Júlio Montenegro afirma que foi somente após a implantação da república que houve a integração entre as várias regiões brasileiras e a valorização de seus produtos. Diz o escritor que “A goma elástica ... a mais larga fonte de riqueza do país, estava até então quase que escondida e esquecida ... nas, outrora, impenetráveis, longínquas e monstruosas florestas da Amazônia” (Jornal Acreano. Xapuri, 15 novembro, de 1907, p.2 e 3).
Na imprensa xapuriense, os promotores desse novo Brasil “figuram bem merecidamente na resenha dos fatos da propaganda e proclamação da república Brasileira”, conforme artigo publicado no jornal O Acreano, de 15 de novembro, de 1909, em uma explícita manifestação de concordância com o discurso em voga nos meios de comunicação da época.
Em 1910, o jornal Acreano teve sua tiragem interrompida a primeira vez, “capitulou com armas e bagagem, sem dar satisfação a seus assinantes, porque ninguém mais nele confiava”, conforme expressa uma carta satírica, com o pseudônimo feminino de “Chica Thereza Noronha” , publicada no Correio do Acre de abril, de 1911. Além da possível desconfiança dos leitores, pode-se apontar como outra causa para a derrocada do Acreano a relação de dependência econômica entre a imprensa e a empresa extrativista. Se os coronéis da borracha retirassem o patrocínio, os jornais que lhes serviam de porta-vozes saíam de circulação.
Para a “autora” da carta, o seringalista Neutel Maia, a quem ela cita textualmente: “já estava cansado de marchar na Folha”, uma referência ao jornal Folha da Empreza, da cidade de Rio Branco, sede do antigo seringal “Empreza”, de propriedade desse seringalista. E embora se trate de uma carta satírica e sem autoria reconhecida física e juridicamente, pode-se deduzir que, pelo menos, no caso de Neutel Maia, ele era, ou sentia-se, explorado por um dos dirigentes do periódico por ele patrocinado. Nas palavras de “Chica Thereza Noronha”, ele, Neutel Maia, “resolveu cortar certas despesas que já não lhe convém agüentar, o mesmo está estafado de engordar o meu parente Noronha, que é uma sanguessuga impossível”. Mesmo conhecedora da avidez de seu suposto parente, a pseudo-autora afirma que não deseja a falência daquele periódico. Segundo ela, “para não ver seu parente Nelson Noronha na vagabundagem”. O que permite conjecturar que, na ausência de quem bancasse as despesas dos jornais, os “intelectuais” da imprensa acreana ficariam no ócio.
No entanto, antes de encerrar a missiva, “Chica Thereza” reproduz versejando a informação que lhe confiara um anônimo visitante: “Certo jornal lá da Empreza,/ Morrerá por todo este ano,/ Como quebrado morreu/ O jornaleco Acreano” (Correio do Acre, 23 de abril, de 1911).
A falência do Acreano e de outros jornais da época não se deve talvez somente à falta do patrocínio direto da empresa gumífera, mas também à falta de assinaturas. Estas se eram escassas em outras partes do país, muito mais deviam ser em um lugar quase primitivo como era o Acre nos primeiros anos do século XX.
Em outra missiva, “Chica Tereza Noronha” reporta-se a outro aspecto que representava um obstáculo a mais para a difusão dos jornais e por conseqüência para a aquisição de assinaturas: a dificuldade de acesso para os que residiam fora do espaço das pequenas cidades sedes dos seringais. Ela se queixa de que no seringal São Pedro, de onde ela postava sua missiva, era “raro me vir às mãos um jornal” (Correio do Acre, 03 de fevereiro, de 1911).
À escassez de assinantes e à retirada do capital da empresa privada, os jornais foram deixando de serem porta-vozes dos comerciantes e seringalistas para tornarem-se instrumentos a serviço do poder público. Representado, no Território do Acre, por militares, nomeados pelo governo federal para as funções de mando no âmbito administrativo e jurídico: intendentes, prefeitos, delegados, juízes, promotores, e outras funções. Porém, por se incluírem no grupo dos “defensores da autonomia oportuna”, por estarem imbuídos da “famigerada” cobrança tributos e manutenção da ordem, tais servidores públicos eram considerados pelos defensores da autonomia imediata do Acre, como sendo promotores da vilania e da desordem, contra “os brasileiros do Acre” ou “acreanos” por opção.
Em matéria publicada no próprio jornal Acreano, quando veio a público sua última edição, em 1912, há outra possível razão para o fechamento desse periódico, embora o autor não faça uso do termo “fechamento”, já que apenas menciona “suspender a publicação”, usando como justificativa a truculência do comandante da Companhia Regional, que com seus com seus soldados teriam agredido brutalmente um dos seus redatores, além de ameaçarem colaboradores e outros redatores.
É necessário considerar que o período era de crise política e econômica, ocasionada pela frustração dos autonomistas em seu propósito de tornar o Acre um Estado independente e pela queda na exportação da borracha. O contexto permite inferir que o grupo mantenedor do periódico vivenciava os efeitos negativos da crise. Segundo o cronista Zé do Barranco, do jornal O Acre (27 abril, de 1913), o desânimo dos acreanos, tinha como “causa real, certa, indiscutível... a quebradeira que nos assoberba”, e não causas ambientais e climáticas, com diziam alguns, orientados pela idéias deterministas ainda vigentes.
Contudo, a própria crise fez com que novos jornais fossem fundados a fim de torná-la de conhecimento público aos que possivelmente viessem a ter interesse na problemática. Semelhante ao que acontecia nos centros movimentados do país, os embates políticos, cuja motivação e ênfase se davam nos interesses comerciais e econômicos, impulsionaram a proliferação e o desaparecimento de inúmeros periódicos em um curto período de tempo no Acre.
O grupo do jornal O Acre, apesar de ter ficado por quase quatro anos inativo, de 1909 a 1913, sem que se saibam as razões desse retiro, retornou à praça em 1913, e no mesmo ano suas edições cessaram definitivamente. Seu desaparecimento coincide com o surgimento de outro periódico, também de curta duração, o Alto Acre que circulou, semanalmente, de 1913 a 1914.
Antes, porém, de o jornal O Acre sair de circulação e de o Alto Acre ser editado, existiram em Xapuri mais dois jornais, fundados pelos defensores da autonomia acreana: o Pró Acre , criado em 1910, com a finalidade de reivindicar a autonomia imediata do Território, cuja capital deveria ser a cidade de Xapuri. E o Correio do Acre, criado pelos representantes do governo federal, que defendiam a emancipação acreana somente quando fosse conveniente para a nação.
O Correio do Acre teve circulação de 1910 a 1913 e se apresentava como “Orgam dos partidários da opportuna”, ou seja, dos defensores da autonomia do Acre no momento apropriado segundo os ditames da União. O periódico era apresentado ao público como um jornal que “está ao lado dos oprimidos e do direito”. E manifestava oposição clara aos que integravam o “orgam dos precipitados”, denominação dada pelos redatores do Correio aos partidários do Coronel Antunes Alencar, os “alencaristas”, que tinham como porta-voz, em Xapuri, o jornal Acreano, e em Rio Branco, a Folha da Empreza.
As edições do Correio do Acre eram impressas em tipografia própria e dispunham de iluminação à eletricidade, rara para a época e local, e em máquina de recente fabricação, da marca Alauzet Express, a vapor. Vale aqui observar que foi a partir da chegada de maquinários modernos ao Brasil que os parques gráficos foram renovados, não sendo mais praticados trabalhos tipográficos artesanais. A imprensa brasileira começava, então, a se pautar por uma linha de produção técnica e empresarial. No Acre, o Correio do Acre representava esse avanço, já era vivenciado nas metrópoles do sul do país.
O Correio do Acre foi dirigido inicialmente pelo advogado provisionado, Coronel Manuel Pereira Leitão Cacela, pelos maçons, Major Cícero Mota e pelo Tenente-Coronel Bruno Barbosa. Posteriormente, sua direção passou para o também maçom e Tenente-Coronel Francisco Conde, que havia sido um dos redatores do já extinto O Acre. Esses dois jornais possuíam espaços reservados para os informes da Maçonaria.
No caso do Correio do Acre, além da coluna intitulada “Columna Maçônica”, havia colunas para assuntos específicos. Em sua página de abertura, a coluna “Litteratura” veiculava transcrições de textos poéticos de autores renomados e publicações inéditas de pessoas residentes no Acre. Na “Parte Forense” eram noticiadas as decisões da justiça acreana e nacional. Na coluna “Notas e Factos” publicavam pequenas notas sobre fatos do cotidiano local das pessoas comuns. E em “Prazer no Lar”, os eventos da vida social dos mandatários e de outras pessoas consideradas importantes.
Esse jornal, que se apresentava como partidário e conservador, opunha-se à campanha pela autonomia imediata do Acre, promovida pelo “Club 24 de janeiro”, fundado por Plácido de Castro e seus simpatizantes. Na primeira página da edição de sete de setembro, de 1910, o jornal estampava o ponto de vista de seus redatores sobre a campanha autonomista iniciada pelos membros daquele clube político.
Na concepção dos redatores do Correio do Acre, a campanha da autonomia imediata deu origem à formação de “um partido sem orientação política segura, nem programa definitivo, cuja propaganda tinha a autonomia imediata para o Acre pela revolução, implantando o desrespeito à autoridade e à lei” (Jornal Correio do Acre. 07 de setembro, de 1910). Fato que, para os patriotas corporificados nos militares, gerou a repulsa contra alguns dos engajados no movimento.
A repulsa maior direcionava-se aos autonomistas, mencionados no Correio do Acre como “alencaristas”, os quais se perfilavam em torno do “grande chefe”, o seringalista e proprietário do jornal Acreano, Coronel Antônio Antunes Alencar. Antecipe-se que este foi colocado entre os suspeitos, pela família de Plácido de Castro, de participar da trama que culminou no assassinato de seu ex-companheiro de combate e líder da Revolução Acreana.
Em 1913, o Correio do Acre cessou suas atividades, que foram retomadas, quinze dias depois de seu encerramento, pelo jornal Alto Acre. A confecção deste se deu com o corpo redacional, o maquinário e nas oficinas do jornal extinto. Seu redator chefe era o maçom e Tenente-Coronel da Guarda Nacional, Antônio Bruno Barbosa, que se encontrava em Xapuri desde 1907. Bruno Barbosa, como muitos outros homens que fizeram imprensa no Acre, acumulava várias funções. Além de escritor, advogado e militar, foi o terceiro juiz nomeado da Comarca de Xapuri.
Diferente do Correio do Acre, o jornal Alto Acre não trazia em sua estampa nenhum slogan ou texto que o identificasse expressamente como um órgão partidário. Entretanto, um de seus diretores era o intendente de Xapuri, o Sr. Silvino Coelho de Souza , e seu redator chefe era Antônio Bruno Barbosa. Ambos eram membros do “Partido Constructor Acreano”, que se apresentava como legítimo representante da ordem instaurada, o que permite depreender que o Alto Acre, assim como seu antecessor, veio a público como mais um meio de comunicação atrelado ao poder governamental militarizado.
Ressalve-se que, embora seus membros estivessem sob a tutela do poder constituído, não deixaram de receber críticas de seus adversários. É o que se vê no artigo “Lendas”, publicado no jornal Acreano, sob a assinatura de alguém que se apresenta somente com o nome Clynio . O autor demonstra não depositar confiança nas propostas de um “Partido que constrói? ... Quê? A contradição? A leviandade? A tão perigosa maneira de se impôr aos fracos...”. Ele frisa que o vocábulo “construção” está estreitamente ligado a grandes feitos e não se coaduna com a construção de “Feudos na imaginação (...) Césares na vontade dos outros!” Para ele, “Antes construir... mutás do que querendo passar por... construtor de... Lendas” (Jornal Acreano. Sem data).
O autor condena os construtores de lendas, compreendidas aqui como as propostas do governo federal para os acreanos, comparando-as a algo mais nocivo do que a prática abominável do “mutá”, que resultava inevitavelmente no atrofiamento e na morte da preciosa árvore fonte de riqueza local.
A crítica, publicada no jornal Acreano, ao partido dos redatores do Alto Acre torna mais evidente que este periódico tinha sua razão de existir para a defesa dos interesses do governo central, sendo o principal deles, a permanência do Acre na condição de território federativo, mesmo contra a vontade dos acreanos. Em suas colunas, não raro, são encontradas notas de aplausos às medidas governamentais como, por exemplo, o pagamento dos altos impostos sobre a produção do Acre, a pretexto de cobrir o gasto feito pela União com a indenização paga à Bolívia.
O jornal Alto Acre criticava com veemência todos os que se manifestavam contra as medidas tributárias adotadas pela reforma. Na coluna de crônicas intituladas “Fitas”, assinada por K. Listo , o autor satirizava os seringalistas e comerciantes que se recusavam a aceitar a tributação imposta a eles, tanto pela administração local como pela federal. O colunista refere-se a esse grupo como “patriotas fiteiros”, em uma alusão aos defensores da autonomia imediata (Jornal Alto Acre. 26 de junho, de 1913).
A atitude do cronista revela seu distanciamento dos problemas geradores da insatisfação daqueles autonomistas representados por ex-combatentes, dos seringalistas e comerciantes locais. Para estes, a cobrança de impostos em quase nada contribuía para o desenvolvimento do Acre, visto que, da arrecadação feita somente uma quantia irrisória retornava para região. E mesmo assim, os recursos recebidos, não eram suficientes para atender as necessidades mais urgentes dos moradores das margens dos rios e dos seringais.
Em 1914, o Alto Acre foi extinto logo após a saída de Silvino Coelho da Intendência de Xapuri. No ano seguinte, surgiu o semanário Commercio do Acre, sob a direção de Romeu Ferreira e Rubens Taumaturgo , fundador do “jornalzinho” literário O Paladino, que circulou de 1913 a 1915. Como colaboradores, o Commercio do Acre contava com o Pe. Franklin Gondim, o Dr. Antônio Meira, bacharel em Direito e responsável pela escrituração do comércio local, Stellio Amics e o Capitão Baxir Chaul, ex-combatente do exército de Plácido de Castro. Serviam-lhe também de respaldo, a experiência dos escritores dos jornais que o antecederam, como dos maçons e militares Bruno Barbosa, Cícero Mota e outros, que tiveram atuação nos periódicos extintos Acre, Alto Acre e Correio do Acre.
No subtítulo, “Orgam Independente”, o Commercio do Acre trazia aos leitores um slogan que é reiterado na redação inicial da primeira edição: “Nosso jornal é, antes de tudo, independente, material e moralmente, de qualquer credo ou opinião, de qualquer conveniência” (11 de junho, de 1915, ano I, nº 01, p. 01). Para o corpo redacional, a postura da imprensa deve ser sempre mesma, em qualquer lugar onde a atividade se faça presente, ou seja, “uma voz que brada em nome do povo, pela justiça e pela lei”.
Na prática, no entanto, o slogan não se coadunava com a realidade, visto que, no plano econômico, ou material (usando os termos do redator), seus recursos eram provenientes do comércio, de casas aviadoras, mercearias, bares, hotéis, restaurantes e outros estabelecimentos. Dessa forma, o Commercio do Acre não poderia arvorar-se de independente, posto que no patronato da imprensa, os acordos ou o estabelecimento de regras estavam sempre incluídos. No plano político, ou “moral”, a julgar pela ênfase dada ao pagamento dos tributos aos cofres públicos, não se pode considerar válida sua argüição de órgão independente, já que se colocava como porta-voz do poder.
Em um artigo publicado, por ocasião do sétimo de aniversário da morte de Plácido de Castro , o autor do texto, Antônio Alves Filho, enaltece-o, citando-o como o “grande patriota acreano”, por haver colocado o Acre “na qualidade de um contribuinte superior para os cofres da União” (Commercio do Acre. 15 de Agosto, de 1915). Seu conceito de patriotismo tinha como referência o cumprimento rigoroso das leis instituídas, ainda que para isso, os acreanos fossem submetidos à exploração pelo governo central.
Os moldes do Commercio do Acre eram orientados pelos do Commercio do Amazonas, criado em 1904, que, por sua vez, alinhava-se ao modelo do Jornal do Commercio do Rio de Janeiro, fundado ainda no século XIX. Diferente de seu inspirador, que teve continuidade no decorrer do século XX, o Commercio do Acre, assim como muitos outros periódicos acreanos da época, não teve longa duração. Sua edição foi interrompida em 1918, em um período marcado pelo agravamento da primeira Crise da Borracha, que se iniciou por volta de 1912, e pela conseqüente decadência dos seringalistas e comerciantes. Marcado também pela intensificação dos conflitos em torno do movimento autonomista em todo o Território do Acre.
Não obstante as adversidades do período, o Commercio do Acre foi o jornal que teve maior permanência e número de edições na primeira vintena do século XX, somando um total de 186 edições. Um ano antes do fechamento das oficinas, a direção do periódico havia comemorado a proeza de mantê-lo em atividade ininterrupta. Nas palavras de seus redatores: “Jornal nenhum, neste Departamento, conseguiu, até hoje, publicar-se assim, por dois anos civis, sem interrupção, pelo contrário com números extraordinários” (Jornal Commercio do Acre, 11 de junho, de 1917, ano III, p. 01).
Uma das razões razão para a existência desse cenário talvez se deva ao fato de a abertura de jornais na região ter sido forjada nas relações que envolviam a disputa pela posse do Acre e pela legitimação da “causa dos brasileiros do Acre”, explicitada no movimento autonomista, tanto por parte dos que defendiam a autonomia imediata, como dos que argüiam por uma autonomia no momento oportuno para o governo federal.
Em ambos os casos, a motivação foi originada em interesses econômicos, mascarados em pretensões patrióticas, para as quais a jovem imprensa republicana tão bem se prestava. No recém-integrado Território do Acre, não havia de ser diferente, uma vez que, ao longo da história, os jornais sempre acompanharam o curso dos acontecimentos em quase todos os locais onde houvesse, ainda que escassas, as condições de instalação de serviços tipográficos.
Na imprensa acreana, não raro, encontram-se textos em que é patente a preocupação com os destinos da economia local e com a defesa da autonomia político-administrativa do Acre, conforme observam os historiadores Waldir Calixto, Josué Fernandes de Souza, José Dourado de Souza (1985).
Nos anos iniciais, as razões que movimentavam a circulação das notícias eram alheias aos interesses dos mais pobres que, embora constituíssem a maior parte da população, não opinavam sobre as questões que lhes diziam respeito. Os trabalhadores do látex, em especial, entranhados no interior da floresta, pouco ou nada sabiam sobre as decisões tomadas nas sedes dos seringais e na capital da república, mesmo quando a questão em pauta lhes era de interesse imediato e ou tornavam-se de conhecimento público, via imprensa.
Uma das questões que dizia respeito aos seringueiros era a que tratava da disputa pela supremacia sobre as terras do Acre. E nesta, a causa primeira não era o usufruto da terra como um bem de onde tiravam o mínimo sustento, mas a defesa pleiteada por grupos poderosos, pela liberdade absoluta de explorar a região, ao máximo, e extrair dela todas as riquezas até ao ponto de esvaziá-la. Esses aspectos eram sempre velados aos que se encontravam isolados nas “colocações”, sendo-lhes parcial e “disfarçadamente” revelados somente quando a soberania nacional era ameaçada.
As disputas pelas terras do Acre eram também disputas por questões de fronteiras territoriais não bem definidas pelos Tratados que antecederam ao Tratado de Petrópolis. Disputas à parte, uma motivação comum aproximava os grupos rivais: a apropriação da riqueza gerada pelo extrativismo, principalmente, o gumífero.
Não surpreende, portanto, que ao resgatar a memória da formação do Acre, através dos jornais, constatam-se posicionamentos ideológicos divergentes, e até mesmo, textos de teor ofensivo, nos embates travados por meio da escrita entre os defensores da autonomia acreana. Há, porém, que se levar em conta a existência de um caráter quase doutrinário nos jornais que a defendiam, tal como ocorria no Correio Braziliense, do maçom Hipólito da Costa, quando, no período colonial, ele se lançou na defesa da autonomia dos brasileiros.

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