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Contos-->O Salvador -- 28/12/2002 - 00:53 (Warny Augusto da Silva Marçano) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Gláuber era um homem bastante respeitado tanto como pessoa como profissional. Era um conceituado advogado , famoso por defender acusados quase sem nenhuma esperança. E muitas vezes conseguia inocentar seu cliente , mesmo suscitando dúvidas perante ao povo sobre a culpabilidade ou não do réu. Sua fama fez com que ele ganhasse uma considerável fortuna , possibilitando um padrão de vida semelhante a altos juízes do Tribunal Federal. Era bastante requisitado por milionários acusados de corrupção , e algumas vezes ,até de crimes mais graves como homicídio.
Casou-se cedo , com apenas dezoito anos , antes de alcançar sua estabilidade financeira. Suzana era uma amiga de infância , que ele não via desde seus treze anos. Mas o casamento foi marcado para alguns meses depois do encontro , e logo tiveram uma filha , Lílian.
Dez anos se passaram , e Gláuber encontra-se em uma indecisão. Suzana tenta dar sua opinião ,como sempre fez em casos difíceis do marido.
_ Carlos é um dos melhores colaboradores de sua empresa. Eu acho que não podemos fazer essa desfeita a ele _ comenta o advogado.
_ Mas uma acusação de assassinato já é algo terrível , ainda mais a vítima sendo uma atriz bastante apreciada pelo povo. Se você defender Carlos , sua popularidade pode cair.
_ E se eu não defendê-lo , ele abandona sua empresa e nos deixa na bancarrota. Eu investi uma grande parte do nosso dinheiro lá , o lucro é certo , mas se ele sair , certamente entraremos em falência.
_ Não deveríamos ter mos arriscado tanto com aquela empresa.
_ Não se preocupe ,querida , eu tenho uma história e ela não vai por água abaixo apenas por um caso.
Lílian entra no escritório de repente. A filha do casal é bastante quieta e obediente para seus dez anos de idade.
_ Vou dormir ,papai. Boa noite.
Gláuber abraçou a filha , que saiu acompanhada pela mãe. Sozinho , o advogado ficou pensando no que poderia fazer para melhorar sua situação. Resolveu sair para refletir entre os becos e ruas estreitas da cidade , tinha esse hábito noturno há muito tempo. Estava andando tranqüilamente pela calçada quando um homem estranho o deteve. Gláuber percebeu de imediato o que estava para acontecer.
_ É um assalto , passa a carteira logo depressa _ gritou o homem ,empunhando uma arma.
_ Não vou lhe dar nenhum dinheiro.
_ O que? Você está louco? Não está acreditando que essa arma é de verdade? _ riu , dando um tiro para o alto , que soou bastante convincente.
_ Nenhuma arma de fogo nem arma nenhuma vai me destruir _ afirmou Gláuber resoluto _ meus poderes são maiores que os seus.
O assaltante olhava estupefato para o advogado , que parecia estar fora de si. E ele próprio estava fora de si com aquela situação. Naquele momento , um policial foi avistado por eles , fazendo com que o criminoso fugisse do local. O policial ,percebendo algo de errado , aproximou-se mais.
_ O que estava acontecendo por aqui?
_ Nada , policial _ afirmou Gláuber _ faça o seu trabalho , mais saiba que existe alguém pra combater o que vocês deixam de fazer por incompetência.
Mais tarde , o advogado entra num bar e senta-se pensativo. Um homem ao seu lado tenta puxar conversa com ele.
_ Algum problema ,amigo?
_ Não , só que não sou compreendido pelas pessoas e por isso tenho que ocultar minha verdadeira identidade _ falou , olhando fixamente para o outro.
_ Você está maluco ,cara?
_ Você nunca entenderá ,é um completo ignorante como todos dessa espécie.
_ Está a fim de arrumar confusão , não é?
_ É só o que vocês sabem arrumar mesmo. E culpar uns aos outros também é característico dessa raça _ comentou ,mais falando consigo mesmo.
O outro então começou a ficar com raiva e deu um soco no advogado. Este saiu do bar como se nada tivesse acontecido ,apenas rindo do que estava acontecendo.
Gláuber passou então numa loja de brinquedos e ficou observando fixamente os bonecos de super heróis nas prateleiras. Ao seu lado ,um menino contemplava um urso de pelúcia , e de repente começou a pisotear o produto. O olhar do advogado desviou-se para o menino.
_ Não faça isso com o ursinho! Não faça isso! _ gritou desesperadamente o homem , com lágrimas nos olhos. Deitou-se então no meio da loja abraçado com o urso de pelúcia , venerando-o.
As pessoas olhavam para aquela cena hipnotizadas pelo comportamento surpreendente daquele sujeito. Tão logo percebeu o fato , ele levantou-se e saiu do estabelecimento , rindo mais ainda do que no episódio anterior.
Novamente nas ruas ,ele se depara com um mendigo que lhe pede uma esmola. O advogado pára e o analisa , sempre com o olhar fixo.
_ Vocês não tem nenhuma força de vontade _ gritou , começando a correr logo depois.
Alcançou a casa dele e estranhou que a porta estivesse aberta. Entrou na sala e viu um bilhete em cima da estante. O bilhete afirmava que Suzana e Lílian tinham sido raptadas. Ficou alguns minutos refletindo , quando o telefone tocou.
_ Venha à Rua Linhares ,130 agora mesmo. É sobre sua família _ disse a voz no outro lado da linha , desligando logo após.
O endereço revelava uma casa que serviria de lar para qualquer família. Esperava algo como um depósito abandonado ou coisa parecida. Mas mesmo assim não teve nenhum receio de empurrar a porta e entrar.
No interior , estavam mãe e filha amarradas e amordaçadas em uma cadeira. De repente , um homem aparece na escuridão do recinto.
_ Carlos? Tinha que ser você mesmo _ afirmou Gláuber _ o que você quer?
_ Você sabe muito bem. Preciso de sua defesa no tribunal e se você negar , sua família morrerá.
_ Não vou deixar você cometer mais uma maldade , nem vou me sujeitar às suas maquinações.
_ Como você pretende me vencer , Gláuber.
_ Meus poderes são infalíveis ,Carlos _ e com um impulso , jogou-se para cima do vião ,que foi desarmado quase na mesma hora. A polícia então chegou no mesmo momento , no qual o advogado retrucou que mais uma vez ele fez o trabalho que a polícia deveria ter feito.
Gláuber então saiu triunfante da casa , continuando sua peregrinação , ciente de mais uma vitória sua naquele mundo cheio de armadilhas.
Na casa , Suzana cumprimentava Carlos. Mais uma vez eles conseguiram encenar algo convincente para a mente insana do advogado. O inspetor Lopes entao quis saber de mais informações sobre o caso.
_ Aconteceu logo após que a gente casou _ começou Suzana _ Percebi que ele havia adquirido um trauma , pensava que era um super herói e agia como tal. Eu consultei médicos e psicólogos para obter algum conselho , afinal eu queria fazer alguma coisa por ele. Eu sabia que ele sempre fora um garoto bastante humilhado por seus colegas de colégio , era chamado de insignificante e sempre ficava num canto ,sem amigos. Todos riam dele , que não tinha a coragem de fazer nada para mudar a situação. O trauma decorreu desses fatos , então resolvi fazer com que ele se sentisse mais feliz. E encontrei essa alternativa , criar um universo só para meu marido. Mas tinha que ser algo convinvente , e um produtor de cinema me ajudou nisso. Como vocês sabem , eles gravam com câmeras escondidas o que meu marido pensa que é verdade ,ou seja ,todas as proezas que ele faz ,como um super herói.
_ Ele nunca desconfiou de nada? _ perguntou o inspetor.
_ Não , ele não tem noção do nosso mundo ,só tem conhecimento do mundo que ele criou pra si mesmo. Por isso é sempre fácil convencê-lo. E quando ele consegue realizar algum "salvamento" , fica feliz e normal por algum tempo. Mas se ele por algum motivo ficar sem exercer aquilo que ele acha que é , as coisas começam a ficar perigosas.
_ Por quê?
_ Se ele tiver o mínimo de conhecimento que o mundo não depende dele , ocorrem ataques e ele pode entrar em colapso a qualquer momento. Dias depois do nosso casamento ocorreu algo parecido. Foi então que eu resolvi entrar nessa encenação. Eu amo Gláuber e sei que ele é feliz só assim. E os programas que mostram as aventuras dele só passam no outro lado do mundo , de modo que ele nunca vai perceber nada. De qualquer jeito ,a mente de Gláuber nunca vai abrir para esse mundo em que vivemos. É uma porta que ele tenta arrombar desesperadamente , eu tenho a função de acalmá-lo e deixar ele feliz , sem se preocupar com nada.
_ Você pensa em continuar com isso até quando?
_ Se for preciso , vou fazer isso sempre , eu sou uma pessoa feliz vendo a pessoa que eu amo feliz também.
_ O que sua filha pensa de tudo isso?
_ É a primeira vez que ela participa da encenação. Contei pra ela há uns meses atrás , era necessário. Mas pretendo deixá-la longe de tudo isso.
Suzana e a filha saem da casa e se dirigem para a mansão onde moram , prontas para felicitar Gláuber por sua nova aventura e por mais um vilão atrás das grades.
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