Usina de Letras
Usina de Letras
194 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62152 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10448)

Cronicas (22529)

Discursos (3238)

Ensaios - (10339)

Erótico (13567)

Frases (50554)

Humor (20023)

Infantil (5418)

Infanto Juvenil (4750)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140785)

Redação (3301)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6176)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Ensaios-->O Clandestino Morto no Exílio -- 18/11/2010 - 08:16 (Arlindo de Melo Freire) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O Clandestino Morto no Exílio
Arlindo Freire* Arlindo Freire*


Seria muito bom que não houvesse esquecimento, abandono ou desprezo sobre os fatos que marcaram a história da humanidade, sobretudo os que tiveram as marcas do respeito, dignidade, coerência, responsabilidade e demais valores indispensáveis à evolução humana em todos os sentidos.
O saudosismo e tampouco a consideração pessoal do interesse, não fazem parte de nossa concepção, agora e sempre, menos ainda o propósito de fazer apologia a quem passou por este mundo diante dos holofotes na expectativa de ficar em evidência ou sob a projeção da luz colorida.
Se a história dos vencedores não fosse tão egocêntrica – certamente a situação poderia ser outra – espaço aberto para os humilhados, perseguidos e ofendidos pelo fato de terem sido legítimos e capazes de fazer o que deveriam na defesa dos outros humanos, sem voz e sem vez, no mundo em que vivemos.
Viagem sem Volta – Depois do retorno a Paris, como auto-exilado – 1972 na companhia da esposa Marie-Christine e o filho Bruno, nascido no Brasil, Aldo de Melo Freire se dizia bastante cansado e sem disposição normal, apesar de haver passado seis meses sem trabalho, enquanto a angústia e depressão tomavam conta de sua vida, além da insegurança.
Em março daquele ano, o filho Bruno ainda com 6 anos, querido e amado pelo casal – morreu por afogamento numa represa do interior da França, no momento em que seus pais deixaram o menino com uma senhora amiga à margem do reservatório em que ele aproveitou a ocasião para tomar um banho, sem ter a proteção direta da acompanhante, quando brincava na água de profundidade desconhecida por ambos.
Em setembro – 1972, depois de Bruno, o segundo filho Sandro nasceu em Bayonne-França, sob a angústia, dor, saudade e bastante preocupação do pai auto-exilado vivendo uma situação de absoluto transtorno e dos problemas sem as soluções adequadas e necessárias, longe de sua pátria, dos amigos e da família que estava a distancia de 7.500km
entre Natal e Paris – na expectativa de outras condições de vida.
Nos três anos seguintes, enquanto Aldo tinha a perda de Bruno, a criança Sandro não podia compreender porque o seu pai estava cada vez mais sofrendo, distante do filho, faltando, naturalmente, com o calor do corpo, sangue e do carinho voltados, ainda, para aquele menino ausente ou sem retorno aos braços da mãe do pai.
Todos os dias, ao regressar da escola, no final da tarde, Sandro encontrava o pai deitado na cama – doente, sem forças e disposição para cuidar do filho, enquanto a mãe voltava do trabalho entre as 6 e 7 horas da noite, motivos pelos quais o menino ficava chorando sem parar, recusando outras pessoas e o jantar, pois no fundo do seu íntimo – esperava somente
o apoio emocional que os pais não podiam oferecer.
Naquele período desolador, o jovem militante político saído de Pernambuco – Brasil, não conseguia esquecer de que se tivesse continuado em Olinda-Recife teria desaparecido para sempre, a exemplo do que aconteceu com o seu amigo e companheiro Ruy Frazão, em 1974 até a presente data, depois de ter sido preso por alguns policiais civis, quando estava vendendo mercadorias na feira-livre de Petrolina, no interior daquele Estado.
Na cabeça de Aldo rodava todo esse filme de terror e desespero feito pelo governo militar que havia dominado o Brasil, a partir de 1964, em nome dos reacionários, da burguesia capitalista e até mesmo dos Estados Unidos que pretendiam de qualquer forma estabelecer as suas normas governamentais, sem respeitar os direitos políticos da população, especialmente das classes sociais menos favorecidas constituídas pela maioria dos habitantes.
Além disso, uma das cenas dessa história – era a possibilidade de que fosse confirmado o plano da traição feito por alguns militantes, no sentido de salvar a própria pele da perseguição militar que vinha sendo efetuada em qualquer parte, contra a minoria dos militantes das organizações e movimentos revolucionários daquela época, entre os quais a parcela de jovens e adultos que tinha a inocência e pouca experiência nas atividades políticas.
A hipótese mencionada não estava comprovada pelos fatos, mas tudo leva a crer, que no caso de Ruy Frazão, alguém que esteve ao lado dele, dando cobertura ou protegendo a clandestinidade do mesmo em Pernambuco, mais precisamente em Recife – foi quem “abriu o bico” para algum agente da segurança militar que pretendia fazer de Frazão um dos defuntos desaparecidos.
Os traidores estariam ao lado de Frazão e Aldo, acompanhando os seus passos, dentro de casa e nas ruas de Recife, Olinda e Petrolina – em qualquer lugar, sabendo e vendo tudo que eles faziam para o atendimento das exigências feitas pelos tiranos militares com seus agentes infiltrados em qualquer setor público e até mesmo privados.
Muito antes dessa última ocorrência, o revolucionário Frazão passou 15 dias em Natal-RN, andando diariamente pela periferia, sempre pela manhã, morando com uma família, no bairro do Alecrim, sob a recomendação de Aldo, segundo as instruções recebidas de outros coordenadores que procuravam evitar, sob intenso sigilo, outra prisão do homem procurado pela segurança militar.
Quem sabia e acompanhava a trajetória de Frazão – admite que no dia da sua prisão – ele estava na companhia de uns simpatizantes ou pessoa de compromisso, talvez duvidoso nos quadros da Ação Popular sob a clandestinidade.
Em seguida ou depois das duas semanas em Natal – o plano para a defesa de Frazão voltou a ser feito em Recife pelos dirigentes da AP- Ação Popular que resolveram encaminhá-lo a outras cidades do Nordeste, inclusive Petrolina, onde seria mais viável manter o esquema de proteção necessário a esse militante do movimento em questão.
Quando Frazão foi preso e desaparecido, Aldo estava em Paris – passando por numerosas dificuldades, ao mesmo tempo em que tomou conhecimento dessa ocorrência com o seu companheiro, razão pela qual, conforme a teoria psicossomática, este adoeceu e foi cirurgiado de última hora, com inflamação no fígado, causada pelo câncer que resultou em sua morte – a 19 de novembro de 1975 – no dia Nacional da Bandeira Brasileira.
Opção pelo Índio = E agora, o que a história de Aldo tem a ver com os indígenas do Nordeste e Brasil nesta página da Internet?
Muito simples e objetiva a explicação devida sobre esta indagação: Nas vésperas do nascimento de Bruno – primeiro filho de Aldo-Marie-Christine, 1966 em Olinda-Recife, o pai fez aquisição do Dicionário da Língua Tupi, de Gonçalves Dias, escrito em Viena – 1857 e publicado no Brasil – 1965.
Na concepção de Aldo, o filho gerado na França e nascido no Brasil deveria ter um nome indígena, mas a sua esposa preferiu, de comum acordo com o marido, chamá-lo de Bruno em homenagem ao seu querido irmão.
No pensamento do casal que se ama – a vontade da mulher está sempre na definição da preferência de ambos, sem haver conflitos, nem atritos para que assim tenham prosseguimento a alegria e felicidade dos dois, caminhando juntos na mesma direção.
Em função do pequeno livro de Gonçalves Dias, Aldo soube manter a sua convicção para outra oportunidade, depois de haver plantado a semente indígena brasileira para a sua família, ainda em formação, através do passado e presente com mais de 100 anos – 1857-1966.
Por esse motivo, a primeira filha desse casal – Jussara nascida em 1975, em Paris, ficou com o nome da palmeira na língua Tupi, sob a concordância da mãe, atendendo à vontade do pai com sangue e genética indígena+européia.
O nascimento de Jussara – parecia ser salvo engano, a comemoração dos 10 anos da publicação do livro Dicionário da Língua Tupi, de Gonçalves Dias, escrito no início da segunda metade do século 19 – Viena.
Foi por causa disso que em 1965-66 tivemos a opção pelo estudo da questão indígena do Nordeste e do país, através da leitura de livros, jornais e revistas relacionados com este assunto da minoria social que não constitui fator do interesse maior na opinião pública.
Apesar disso, mantém-se a concepção de que o homem, na visão sócio-antropológica, continua sendo o fator primordial para a humanidade na constituição do Universo em que vivemos e do qual dependemos, mesmo sendo ele comparável ou inferior ao grão de areia que se transforma em pedras e montanhas.
No processo das atividades, desde adolescência e juventude, Aldo sempre teve a preocupação de considerar os humildes, pobres e simples, antes de quaisquer outros, assim como na fase adulta, como empregado, partindo de sua própria condição, a exemplo do que fez na França, em diversas oportunidades, para efeito de sobrevivência.
Como adolescente estudando no Seminário São Pedro – Natal-RN, sabendo que a família não dispunha de recursos para atender às suas necessidades normais, jamais insistiu que fossem levados os bens que precisava – roupas, calçados e outros, pois os indispensáveis eram atendidos, anualmente.
Certa vez a sua mãe Francisca conseguiu de uma amiga e parenta, uma bolsa de estudo para ele, no Seminário, a qual dependia da autorização do Administrador Apostólico, Dom Eugênio Sales que se recusou em receber a mesma em nome de Aldo, sob alegação de que o então seminarista tinha melhores condições do que outros, naquela casa.
No fundo, a questão era bem outra: Aldo era considerado rebelde porque vivia questionando os assuntos relacionados com a Igreja e seus representantes religiosos, bem como a forma de levar as mensagens do Evangelho para a sociedade.
Assim mesmo, o seminarista pobre considerado “menos necessitado” perdeu a bolsa, mas continuou os seus estudos no decorrer de 4 anos, naquele Seminário, de onde saiu para fazer o curso de Filosofia, no Seminário Maior, em Fortaleza-CE, de onde a seguir foi para o Seminário Regional, em Olinda-PE.
As condições de vida no meio rural – foram conhecidas e respeitadas por Aldo, desde a sua infância em Pendências-RN, onde nasceu-1940, com prosseguimento nos períodos anuais das férias em companhia dos seus colegas seminaristas, com quem viajava pelo interior do Rio Grande do Norte, todos os anos, sem depender de muita despesa.
Sob a copa do imenso Juazeiro, aos 2 a 3 anos de idade, localizado no sítio Bamburral, de
Pendências, onde o pai e irmãos adultos trabalhavam na várzea do Açu, plantando os seus alimentos, à semelhança do que fizeram os índios, Aldo dormiu de rede, ainda criança, quando recebeu os costumes e hábitos deixados pelos seus ancestrais das selvas, a exemplo que aconteceu com outros, sem haver a perda total da cultura originária.
Nas horas de repouso daquela criança, os passarinhos cantavam pousados nos galhos e nas folhas do verde permanente da árvore viçosa e alta fazendo sombras no chão do piso que fora limpo, sem os espinhos secos e caídos, de laterais fechadas com as paredes das folhas de carnaúba – para evitar a forte ventania nordeste caída depois do meio-dia formando os redemoinhos de areia fina do solo varzeano.
Vida Coerente = A mais profunda emoção que podemos experimentar é inspirada pelo senso do mistério.
Este pensamento de Einstein ficou para a humanidade, fazendo efeito, também na vida de Aldo, através do seu silêncio, sorriso, alegria e a estima de todos que estiveram ao seu lado, apesar de não ser das Ciências Exatas, porém da Sociologia Política abrindo os braços para a liberdade que deveria existir na complexidade do país em que viveu – sufocado pela ignorância proposital do capitalismo selvagem.
No trabalho de educação de adultos, pelo MEB – Movimento de Educação de Base, Recife-PE, de 1962-63, antes da primeira viagem a França, manteve contatos freqüentes com os camponeses dos canaviais, além de outros da zona rural, levando o ensino fundamental para analfabetos – homens e mulheres adultos, com a metodologia de Paulo Freire, ao mesmo tempo em que fazia estudos com moças e rapazes da Ação Católica, durante longas horas, até as madrugadas, numa casa velha da Rua do Leite, onde às vezes tinha que dormir no mesmo quarto das jovens, sem jamais abusar dessa liberdade, sob o clima de confiança e respeito.
Esta revelação fazia parte dos costumes entre os rapazes e moças da Ação Católica, naquela época do idealismo com estima e tranqüilidade, segundo os depoimentos de Maria Áurea Guedes, como ex-participante daquele grupo de jovens amigos e companheiros que atuavam no movimento da Ação Católica apoiada e reconhecida pelo então Bispo de Olinda-Recife, Dom Hélder Câmara e os demais sacerdotes que viviam dando assistência eclesiástica aos trabalhos.
Na convicção e determinação desses jovens – manifestava-se o Senso do Mistério de Einstein, tendo como explicação e justificativa as diretrizes dos profetas que fizeram o anúncio da vinda de Jesus Cristo, para a redenção da humanidade, a partir de antes, durante e depois do Império Romano massacrante da humanidade por mais de 300 anos, a exemplo de outros períodos seguintes, como ainda acontece no mundo atual.
No silêncio e liberdade da cabeça de Aldo, esses princípios e idéias foram uma constante de sua vida, desde as raízes indígenas fundamentadas na história e antropologia, anteriores a 1500 de Pedro Álvares Cabral, quando navegava pelo Atlântico com destino a Índia, sem as condições de se livrar dos ventos que fizeram com que as embarcações fossem dirigidas às terras de Santa Cruz, antes e depois denominadas Brasil.
Poucos dias depois do golpe militar no Brasil – 1964, Aldo na companhia de amigos brasileiros tiveram um encontro casual com senador Dinarte Mariz-RN, no escritório da Varig, em Paris, onde procuravam os jornais brasileiros para tomar conhecimento das notícias de então.
Após uma breve conversa com o senador acerca de sua ausência do Brasil, naquela oportunidade, este chamou os seus compatriotas para que fossem com ele ao Boulevard, no que foi atendido e ofereceu um almoço aos conterrâneos.
Ao concluir o curso em Desenvolvimento no IRFED – Paris, de 1963-66, quando conheceu os principais países da Europa, entre os quais Albânia e Grécia, Aldo regressou ao Brasil, direto para Recife, onde conseguiu trabalho de técnico em desenvolvimento no DRH-Sudene, enquanto a esposa Marie-Christine, posteriormente, obteve trabalho de nível superior na Sudepe.
Ambos tiveram as suas atividades profissionais voltadas para os setores sociais de produtores rurais e urbanos, além de pescadores nas áreas litorâneas do Nordeste, conforme as suas opções aceitas pelos órgãos governamentais em questão, na oportunidade em que a região tinha projetos sócio-econômicos visando ao progresso.
Marcado para Morrer = No espaço de 4 anos consecutivos – 1966-70 residindo em Olinda-PE, Aldo Freire assumiu o compromisso, com livre e espontânea vontade, para organizar o movimento Ação Popular na área do Nordeste, desde Recife, Salvador além de outras cidades, partindo dos antigos membros dessa organização constituída anteriormente pelos ex-militantes da JUC – Juventude Universitária Católica nos anos de 1950.
A nova organização da AP – deveria ser o bloco de vanguarda política e ideológica voltado para os estudantes, universitários e trabalhadores do campo e das cidades dispostos às lutas do povo brasileiro para o combate ao governo militar que estava no poder, desde 1964, sob a imposição dos Estados Unidos, visando à dominação da América Latina.
Naquela altura, os grupos de organização da esquerda estavam sem atuação sistemática, recolhidos das suas atividades públicas, sem atuação objetiva, talvez por receio às perseguições que vinham sendo efetuadas aos opositores do regime militar, especialmente no tocante aos estudantes que tinham coragem de sair às ruas para fazer os seus protestos.
Nas grandes cidades do país – onde as manifestações estudantis tinham mais expressão, as vanguardas da AP estavam inseridas nas movimentações, procurando ampliá-las e fazer com que fossem mais constantes, avançassem cada vez mais, mediante o apoio popular que logo atendeu aos apelos feitos no Sul do país – para o reforço da vontade estudantil e universitária de oposição à ditadura militar e civil.
Foi nesse clima de rebeldia, protesto e ação nas ruas que os estudantes e universitários da AP-Recife, sob a coordenação de Aldo, fizeram numerosas manifestações públicas sobre os erros, incompetência e perseguições dos governantes aliados dos militares, de acordo com as instruções dos dirigentes nacionais, de forma clandestina, pois de outra maneira eles teriam sido presos desde o início das lutas.
Nas reuniões da AP o que mais se reclamava – era a falta de objetividade política e ideológica dos demais grupos que se diziam revolucionários com seus encontros restritos e
fechados em locais reservados e nos bares comemorando a estupidez dos governos e políticos subservientes.
Quando a nova AP chegou a Natal-RN, através de Aldo e mais cerca de 15 militantes vindos de outras cidades, os líderes esquerdistas começaram a se revelar, procurando saber quem estava nos colégios, nas ruas, faculdades e outros estabelecimentos – dando sinal de que havia uma sintonia com os militantes de vanguarda de outras cidades.
Por esse motivo, os mesmos líderes entraram nas movimentações resultantes dos atos clandestinos feitos pelo grupo da AP, fazendo as suas criticas sobre essa organização e, ao mesmo tempo ocupando os lugares de liderança em busca dos holofotes que faziam a grande projeção deles.
Os jovens da esquerda conservadora incentivados pelo PCB – Partido Comunista Brasileiro defendiam o propósito para que não houvesse manifestação de rua, tampouco a revolta sobre o regime militar pelos universitários, estudantes e trabalhadores que não podiam enfrentar o poder constituído, ao contrário do que vinha sendo feito por outras organizações adversárias dessa linha do Velho Partidão.
Naquele momento histórico da juventude de vanguarda política – foi iniciado o processo de redemocratização do país com o esfacelamento do poder militar realizado no decorrer de 25 anos – 1964-88, com antecipação dos militantes da AP, de 1966-72 quando essa organização entrou na fase da desintegração provocada pelos adversários da esquerda e direita que se recusaram em reconhecer o espaço do futuro preconizado pelos jovens e adultos sedentos de mudanças.
Aos 25 anos de idade, Aldo Freire poderia estar no esforço pela redemocratização do Brasil que estava em fase de gestação para ser feita mais de vinte anos depois?
O interessante nessa perspectiva histórica é que Aldo, desde a sua adolescência, no meio dos familiares e amigos, vez por outra dizia com simplicidade e alegria que estava na sua caracterização normal, sem faltar com atenção e estima aos demais, as palavras:
= Dizem que sou um profeta!
Na opinião do professor José Candido Cavalcante, ex-presidente do MEB-Natal e do Conselho Estadual de Educação-RN, o seu amigo e colega Aldo, desde adolescente no Seminário São Pedro, manifestava o conhecimento ou visão do que poderia acontecer com 100 anos na frente.
Quando a história tiver pesquisas, estudos e análises sobre a vida do sociólogo ou profeta revolucionário Aldo de Melo Freire – 1940-1975 poderá conhecer melhor o pensamento e comportamento do homem feliz e digno, assim como a sua alegria de sorriso permanente e suave, sincera e verdadeiro em qualquer momento da sua existência marcada para morrer, sob o olhar dos tiranos.
Na escolha pelo auto-exílio na França, o pavor de Aldo foi tão grande e decisivo que ficou sem condições de atender aos insistentes pedidos de uma grande amiga, residente em Recife, a assistente-social Judite da Mata Ribeiro, no sentido de que não pedisse demissão do emprego na SUDENE, mas apenas uma licença do trabalho sem remuneração.
Parece que no diálogo com Judite, certamente ele não acreditava que o governo militar poderia ser desfeito em curto prazo, nos 3 a 4 anos seguintes, para que houvesse o seu retorno ao Brasil, mas somente em 1988, na redemocratização depois de quase 3 décadas do golpe militar-civil.
Apesar de tudo e todos – os sinais invisíveis do sociólogo e revolucionário clandestino Aldo de Melo Freire ficaram no espaço do universo em que estão situados o Bamburral, de Pendências e Natal-RN, Fortaleza-CE, Olinda, Recife e Petrolina-PE, mais Paris-França e outros países europeus, onde ele esteve depois de cantar a música preferida:
Eu não morro sem ver Paris.* Jornalista e Sociólogo – UFRN.



















































Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui