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Ensaios-->Isolados pela Civilização -- 17/01/2011 - 09:54 (Arlindo de Melo Freire) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Isolados pela Civilização
Arlindo Freire*


Com a passagem das vinte gerações sobre a história brasileira, a pobreza e miséria continuam sendo um constante desafio para todos os governantes e políticos que ainda não compreenderam, nem assumiram a decisão para resolver o problema existente desde o início da colonização, a partir da população indígena que passou a viver sob a exploração.
Os cientistas da Genética têm comprovado em seus laboratórios que em cada fio do cabelo humano, da grande maioria dos brasileiros, reside a indicação da presença do índio – assim denominado levianamente, sem o reconhecimento de sua condição biológica humana, adotada no início do século 16, sob alegação pressuposta de que era procedente da Índia.
Foi naquela época que tudo começou, sem considerar o direito natural de então, tampouco a lembrança, reconhecimento, necessidade, justiça e dignidade dos povos selvagens sul-americanos que estavam em seus territórios fazendo a sobrevivência – sem a presença dos invasores europeus que deixavam os seus países destruídos pelas guerras.
A história de toda América do Sul assinala de forma parcelada, incompleta e comprometida que a maioria dos povos autóctones em questão – foi dizimada de modo quase radical – passando até pelo genocídio com prosseguimento aos dias atuais sob a decisão dos civilizados que vieram fazer o Novo Mundo
deles, isto é, a grande riqueza e patrimônio perdidos nos conflitos das suas origens.
Foi por conta de tal situação que se estabeleceu o profundo silêncio dos indígenas sobre os brancos ou civilizados que se recusavam em respeitar, reconhecer e aceitar, não somente o espaço físico dos naturais, mas, também todos os seus valores, costumes e hábitos de vida feitos por eles para a constituição de sua própria cultura adquirida dos ancestrais e repassada para as demais gerações.
Na expectativa do silêncio anterior e atual – os índios tiveram maiores informações sobre as agressões, perseguições, chacinas e mortes praticadas com eles, em suas áreas de habitação, pelo que fizeram inúmeras resistências com resultados sempre negativos: genocídio em massa pelas doenças, guerras, incêndios das tribos, além do canibalismo com adultos e crianças amarradas em troncos de árvores para serem comidas ou devoradas pelos cachorros famintos dos colonizadores.
Nas longínquas distancias da Amazônia atual – depois dos cinco séculos, ainda resistem mais de 10 mil homens, mulheres e crianças selvagens, na condição de Isolados – recusando a presença dos civilizados, vivendo em matas fechadas, nas suas tribos, sem vestimentas de folhas ou tecidos para cobrir o corpo – nu dos pés à cabeça, igualmente aos primitivos de 140 mil anos atrás – era do Homem Caçador.
No interior do Amazonas, inclusive em São Gabriel da Cachoeira – 1.500km de Manaus, os índios que chegam àquela cidade são tratados como marginais porque roubam para comer, bebem para se divertir quando andam pelas ruas e dormem nas calçadas, sempre afastados e arredios dos habitantes das zonas urbanas que, por sua vez – evitam qualquer contato com esse “tipo de gente” procedente de outras áreas.
Com o silêncio de sua fisionomia desconfiada e contraída – eles andam pelas ruas e avenidas, de cabeça baixa, evitando qualquer aproximação com os “brancos” das gerações atuais e passadas que continuam reforçando o tratamento preconceituoso feito com os indígenas de qualquer procedência para quem reservam alienação e abandono.
Hoje em dia – os pequenos fatos dos civilizados contrários aos povos em questão, fazem a grande montanha do medo, ódio, rancor, revolta e toda espécie de injustiças praticadas no decorrer da história brasileira e latino-americana, objetivando acima de tudo, à extinção das populações humanas que ficaram sem acesso às transformações sócio-culturais condicionadas pelos civilizados que fecharam suas portas para outras gerações.
A causa e efeito do Isolamento estão muito bem caracterizados no cenário dos cinco séculos da colonização, de maneira objetiva e concreta, conforme os acontecimentos reconhecidos e desconhecidos desde o princípio e até a atualidade da escolha pela condição burguesa estabelecida para a formação histórica deste país.
Apesar disso, quando existe alguma oportunidade rara – para a civilização de algum indígena, sob os mais diversos preconceitos e até mesmo a humilhação prontamente vem à resposta dele de maneira positiva sobre o processo da evolução, através da educação até em nível superior, motivo pelo qual uma pequena minoria dá o seu atestado de capacidade e confirmação acerca do seu potencial humano semelhante aos demais que vivem nas cidades ou no meio civilizado.
Os governantes, assim como as pessoas de consciência social, política, econômica e administrativa sabem, perfeitamente, que o Isolamento dos índios – tem sido causado pela concepção burguesa do capitalismo petrificada
ou implantada no raiar do velho Novo Mundo, com suas raízes pivetantes, quando o Pau-Brasil foi devastado do litoral, para atender aos interesses das famílias ricas européias.
Pensar e falar sobre este assunto – vem sendo uma bobagem, para as atuais gerações de visão limitada com assento cativo nas escolas e universidades, a exemplo do que se verificam nas instituições culturais e demais setores do conhecimento, da informação e do saber alienado em que vivemos menosprezando e desfazendo os valores antecedentes em que tivemos as bases para o que somos na atualidade.
Se assim não fosse – os homens e mulheres indígenas que resistem ou ficaram separados da civilização, no outro lado do Grande Muro da Vergonha construído nas quatro direções do Brasil, no decorrer dos cinco séculos, teriam os seus direitos e deveres respeitados sob a paz e justiça, indispensáveis à sobrevivência.
Por incrível que pareça, para efeito de analogia, ainda temos a foto da profa. Zélia Maria de Souza – colocando a sua mão, alegremente, na boca de um homem primitivo, feito de cerâmica – exposto como monumento ao Homem Caçador, de 100 mil anos atrás, na cidade de Martins-RN, onde ela esteve a passeio na companhia de parentes e amigas.
Com essa imagem simples e verdadeira, podemos admitir que nem tudo está perdido na perspectiva do Brasil indígena: existe alguém que admira, respeita, estima e reconhece a importância do país baseado nos valores de quem foi e continua sendo Isolado pela Civilização, ou seja, no meio dos espinhos encontramos a flor de cores variadas, gerada pela sábia natureza com todo o seu vigor e beleza.
Na linha da solidariedade e coerência – depois de trancos e barrancos, ainda esperamos que através de outra mulher – presidente Dilma Roussef, os povos indígenas do Brasil – sejam mais considerados em todas as suas reivindicações, nos seus direitos e deveres da condição humana, segundo a Constituição deste país e da Carta dos Direitos Humanos – ONU, pois assim o governo Federal poderá ser a Vanguarda para esses povos da América do Sul.
*Jornalista e Sociólogo – UFRN.


















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