Atenção pessoal, estou lançando aqui o Bolão do Genoma. Trata-se de apostar em com quantos genes se faz um genoma. Os números giram entre 25 e 120 mil. Qualquer número vale, quem chegar mais perto ganha.
Pois é, divulgaram o rascunho do código genético humano e aqui em casa ainda falta luz de vez em quando. Coisas do paradoxo da humanidade. De um lado, a ultratecnologia, de outro, milhares de pessoas morrendo porque não há comida. Tem gente achando que esse negócio de genoma vai melhorar o mundo, não pela possibilidade de mais comida, mas pela chance de encontrar o gene da pobreza e exterminá-lo, fazendo com que não nasçam mais pobres. Não é assim não, gente! A pobreza não é genética. Mas essa descoberta pode nos tirar dela, basta acertarmos no bolão.
E o porta-voz da Igreja Anglicana? Steve Jenkins disse que "cada vez que a ciência avança, pior fica o cenário". Vejamos. Por causa do avanço da ciência ninguém morre de gripe, pneumonia e muitas outras doenças incuráveis do passado; a mortalidade na hora do parto caiu; corações e outros órgãos podem ser transplantados, evitando que se morra. Não sei onde está esse cenário pior de que fala o religioso, a não ser que a morte seja o desejável para que possamos ir mais rápido para o reino dos céus. Nesse caso, realmente, um cenário em que encontraremos a cura para o càncer e muitas outras soluções para uma vida melhor, só pode mesmo ser o pior.
Em todas as descobertas e invenções humanas há sempre o lado bom e o lado ruim, mas sempre o que há de bom acaba por superar o resto. Assim foi com a invenção da roda. Facilitou ao homem transportar de tudo. Foi a base das engrenagens que fazem funcionar as máquinas que hoje conhecemos: automóveis, barcos, aviões, nada disso seria possível sem ela. No entanto, milhões de pessoas morrem diariamente no mundo atropeladas por algumas dessas peças. E daí? Alguém pensa que maldita foi a hora que inventaram essa tal de roda? Acredito que não, a não ser, talvez, o porta-voz de alguma Igreja. Quando a criaram, não imaginavam que chegaríamos ao avião ou ao automóvel como hoje o concebemos. Assim, não sabemos, hoje, o que vai aparecer por causa da Internet e do genoma. São duas eras que surgem concomitantes e que, tenho certeza, nos levarão sempre para uma vida mais confortável, apesar de haver sempre algo de ruim que certamente virá a acontecer, como novos tipos de crime e segregação social. Hoje, por exemplo, um exame de sangue pode deixar que pessoas consigam empregos. Portanto, num futuro não muito distante, um cartão magnético será sua certidão de nascimento e conterá toda sua carga genética, decidindo boa parte de sua vida.
Não se fala, mas pensa-se numa "limpeza" da humanidade. Temo o retorno do pensamento hitlerista que tanto mal no fez. A preocupação é: quem vai decidir o que é gene bom e o que é gene ruim? Quem vai permitir o desenvolvimento genético disso ou daquilo? Quem vai ser privilegiado e quem vai ser prejudicado? Em outras palavras, quem serão os geneticamente marginalizados? Novamente os pobres e os negros, apesar de Craig Venter, da Celera, mostrar que o conceito de raça não tem fundamento genético? Dúvidas e apreensões próprias de quem vê algo novo e inevitável surgir. É muito bonito tudo isso, mas dá um medo! As plantas transgênicas estão aí e nós já estamos consumindo milho, soja e tomates modificados. É o fim dos agrotóxicos e o início de novas preocupações com a saúde e o equilíbrio ambiental.
Mas, para quem acha que o mundo hoje está melhor do que há duzentos anos, pode ficar tranquilo porque a ciência tem a finalidade de facilitar as nossas condições vida que estarão melhores ainda daqui a duzentos anos. Ou você não confia nos genes da humanidade?
