Usina de Letras
Usina de Letras
74 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62243 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10450)

Cronicas (22538)

Discursos (3239)

Ensaios - (10370)

Erótico (13570)

Frases (50641)

Humor (20032)

Infantil (5440)

Infanto Juvenil (4770)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140811)

Redação (3308)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6198)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->PARA VOCÊ, BIG USINHER , QUEM ESTÁ COM A RAZÃO? -- 17/03/2002 - 10:16 (denison_obras selecionadas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
No outdoor está lá em caixa alta: ENQUANTO A PAZ NÃO VEM, BLINDE O SEU CARRO.

Sou contra a forma com que a indústria de blindagem de carros na Bahia tenta vender o seu produto. Façamos um exercício. Pensemos num grande outdoor, encomendado por uma rede de supermercado de Salvador, com a palavra FOME escrita em letras garrafais, três esqueletos de crianças (as principais vítimas deste terrível mal) cravadas nela e a seguinte subscrição: “Enquanto ela não acaba, coma seu caviar”. A mensagem subliminar da campanha da Delta segue a mesma linha. Mais: usa, inadvertidamente, o pânico coletivo para vender uma mercadoria.



Não é à toa que o Código Brasileiro de Auto-Regulamentação Publicitária prevê que “todo anúncio deve ser preparado com o devido senso de responsabilidade social (...)”, “não deverá provocar o temor popular”, nem “exibirá situações dramáticas”. O fio que separa a lógica da comercialização de sabonetes da que vende proteção à vida é tênue, mas existe. É reconhecido pelo meio publicitário e pautado pela ética, pela sensibilidade. Anunciar é legítimo. Como fazê-lo é que é o problema.



Não tive intenção de provocar prejuízos financeiros à Delta. Nem acredito que minha opinião provoque a queda das vendas da empresa. Ninguém deixará de blindar seus carros por causa dela. Pode até ser que cause efeito inverso, ou seja, que a polêmica ajude a vender carros blindados. Nenhuma das duas coisas importa, aqui. O que está em discussão não é o “público-alvo” da publicidade, ou da blindagem. É o impacto negativo que a campanha provoca na grande maioria da população, que, impotente, vê-se sob o fogo cruzado de uma guerra urbana que mata, apenas em Salvador, quatro pessoas ao dia.



E, acreditem: não é raiva o que se sente ao olhar para o outdoor sobre o produto da empresa Delta. É perplexidade. E medo.



Atenciosamente,



Suzana Varjão, editora do Caderno 2 – Jornal A Tarde ( Bahia ) e uma das coordenadoras do movimento Estado de Paz - Uma Ação pela Vida-Estado: Bahia.





Resposta da Empresa de propaganda de Salvador a esta acusação:



Prezados senhores,



No último domingo, dia 10, fomos surpreendidos pelo conteúdo da matéria publicada no jornal A TARDE e assinada pela jornalista Suzana Varjão, editora do Caderno 2 e uma das coordenadoras do Movimento Estado de Paz – Uma Ação pela Vida. Ela clama contra a propaganda da empresa Delta, nossa cliente, empresa especializada em blindagem de automóveis. Na matéria, ela trata um outdoor que veiculamos como sendo uma peça publicitária que extrapola “em demasia os limites da ética”.



Em primeiro lugar, gostaríamos de esclarecer um ponto: nos parece que a questão levantada na matéria pela jornalista Suzana Varjão não é apenas uma opinião contra a peça publicitária que criamos. A impressão que dá é que ela é contra, mesmo, a existência de empresas que fazem blindagem de automóveis. É uma opinião que ela tem total direito de expressar, mas daí a acusar a formulação existente na nossa peça publicitária como antiética da maneira como ela fez é, no mínimo, desleal.



Não é um problema ético que é levantado. A jornalista tem uma opinião de que blindar um automóvel é ineficaz: ela também é contra “a segurança da redoma de vidro. Dos muros altos. Dos cães ferozes. Das travas de segurança. Das grades e dos alarmes”. Tudo bem. Essa é a opinião dela, que nós respeitamos profundamente e vamos ainda mais longe: ah, que bom seria que voltássemos ao tempo em que você, em Salvador, poderia deixar as portas da sua casa destrancadas, as janelas abertas, sem grades de proteção, para dormir embalado pela brisa do mar. Todos nós queremos muito que voltem esses tempos. Mas acordamos na própria segunda-feira sob o impacto da notícia do atentado contra o jornalista Luiz Adolfo Jonas, diretor da Rádio Metrópole, que, ao sair do seu condomínio em Buraquinho, em companhia da sua esposa, teve seu carro abordado por um motoqueiro que, contra eles, desferiu tiros à queima-roupa – sabe-se lá por quê – e hoje se encontra entre a vida e a morte.



A solução seria blindar todos os carros? Óbvio que não. O ideal seria que o país oferecesse segurança para todos os cidadãos poderem andar em paz pelas ruas, livres das ameaças de assaltos, atentados e seqüestros. Mas num país livre, quem quer comprar uma casa num condomínio fechado com altas grades de segurança e tem dinheiro para isso, pode. Quem quer blindar seu carro, também pode. Não pode é armar-se e sair por aí a dar tiros, mas trancar a porta de casa, assim como blindar um carro, é um procedimento meramente defensivo.



Observe que a jornalista Suzana Varjão, do alto da posição de editora de um caderno de um grande jornal, tenta impor o seu ponto de vista exclusivamente pessoal, ocupando quase uma página inteira desse veículo de comunicação para acusar a Delta, o seu produto e, até, o direito dessa empresa de existir, sem dar uma linha para o natural direito de defesa da empresa acusada: isso é tão antiético quanto antidemocrático.



Olhem para a nossa peça publicitária e percebam bem como a jornalista Suzana Varjão é parcial em sua análise. A peça diz, literalmente: “Paz: enquanto ela não vem, blinde seu carro”. Em momento nenhum se promete conquistar a paz. Portanto, ao contrário do que ela afirma, a propaganda não “vende uma falsa idéia” e, muito menos, “fere a legislação que regulamenta o setor”. Na sua interpretação, no entanto, a jornalista distorce completamente o que está escrito para justificar seu ponto de vista. Ela afirma: “A propaganda da Delta está vendendo uma mentira”.



Vejam mais o que diz a jornalista: “Enquanto a camada bem-aventurada da população acreditar, erroneamente, que poderá imunizar-se contra os efeitos da guerra urbana que mata, em média, quatro pessoas ao dia em Salvador, nada fará para neutralizar suas causas”. Ora! Então destranque as portas e escancare as janelas de sua casa! Vá passear pela Orla de noite com jóias penduradas no pescoço. Se você não fizer isso – dentro do raciocínio da jornalista Suzana Varjão – , você estará se omitindo de lutar contra o aumento da violência.



A jornalista Suzana Varjão, se arvorando a dona da verdade, começa e termina a sua matéria com uma pérola “genial”. Ela inverte a frase da nossa peça publicitária para ficar assim: “Paz: para que ela venha, NÃO blinde seu carro”. Como conceber que uma jornalista investida na posição que ela se encontra seja capaz de tamanha manipulação e irresponsabilidade, distorcendo a verdade ao seu bel-prazer, sem se importar se está causando perdas e danos aos negócios da referida empresa?



O outro argumento da jornalista Suzana Varjão é, no mínimo, ingênuo: “Quantos brasileiros têm recursos para pagar a blindagem de um carro?” Ora! Propaganda lida exatamente com diversidade, é sempre dirigida a um público-alvo (sem trocadilhos com a palavra “alvo”, por favor), a um “target”. Pois a propaganda, um dos meios que mantêm viva a imprensa livre e responsável, é, por natureza, uma comunicação dirigida a um determinado público, aos seus desejos, aos seus anseios. Qualquer produto que seja anunciado vai encontrar na população aqueles que querem comprá-lo e aqueles que não querem ou querem, mas não têm condição de comprá-lo. Ou então, vamos passar a enquadrar como antiética a propaganda da loja que anuncia um DVD, pois nem todo mundo pode comprar. Também seria antiético um supermercado anunciar seus produtos num país onde boa parte da população nem tem o que comer? E o que dizer das concessionárias de automóveis? E as empresas de segurança, de um modo geral? Vamos bani-las? Vamos passar a impedir essas empresas de anunciar? Temos certeza de que essa não é a opinião do jornal A TARDE.



Do mesmo modo, sabemos que a queixa raivosa e intempestiva da jornalista contra uma empresa que está exercendo o livre direito de anunciar seu produto não deve ter sido por má-fé, mas, provavelmente, por simples incapacidade de interpretação de texto. Mesmo sendo ela uma experiente jornalista, é possível que tenha feito confusão sobre o conceito de liberdade e ética na propaganda.



Liane Sena, pela Leiaute Comunicação e Propaganda Ltda.





E então? Quem tem razão?

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui