Com finos fios de puro ouro amarelo
Teci o lençol dourado da nossa cama.
Com os raios do luar de um noite de verão
Iluminei os recantos todos de nosso quarto.
Com o perfume das flores de mitológico jardim
Perfumei a brisa fria da noite silenciosa.
Com bordada e fina e branca seda natural
Confeccionei as alvas cortinas da janela.
Com raro e suave incenso do altar dos deuses
Preenchi o ar que ela respirava tangida pelo desejo.
Com folhas tenras e macias das árvores da colina
Atapetei o caminho dos seus pés descalços.
No início da noite, junto com a brisa inquieta,
Ela chegou espalhando azulada claridade.
Junto com o barulho dos grilos no arvoredo
Veio o roçar de suas leves vestes diáfanas.
Quando um raio de luar dardejou pela janela
Seus olhos brilharam na penumbra do amor.
Com o roçar da brisa nas cortinas esvoaçantes
Veio o sussurros dos seus doces rubros lábios.
Como asas de etéreo leve pássaro cristalino
Suas mãos tocaram a pele do meu rosto triste.
Como longa e afiada e prateada espada indolor
Suas claras palavras penetraram meu peito jovem.
Naquela noite o prazer envolveu nossos corpos excitados,
As palavras fluíram como água tépida do regato,
Nossas bocas se procuraram na loucura do desejo,
Nossos membros se enroscaram em divina simbiose,
Minha boca buscou o bojo dos seus seios túrgidos,
Desenhei curvas na sua pele quente e arrepiada,
Suguei seu pescoço, suas coxas, suas costas, seu sexo,
Minha língua penetrou sua boca e meu corpo o seu,
E nós, tresloucados amantes da fria noite eterna,
Sem medo, sem pejo, sem vergonha, sem dor,
Nos abraçamos no êxtase supremo da natureza
E mais uma vez acreditamos na existência do amor.
BSB01112002