ENLEIO
Fagundes de Oliveira
Exemplo de esperança com firmeza,
Mas, com certeza , sofrimento atroz.
Soltas a voz em cantilena errante
Qual doce amante em frenesi, feroz.
Distância das distâncias merencórias
Como que histórias de sobejo amor,
Resto de flor caída no jardim
Ficando ao fim deixada, sem ter cor.
Manhã sem sol, de uma esperança fria,
Mente vazia e coração sem fé.
Perdida até que a vida recomece
Mas que parece se fazer de pé.
Extrato da razão em vão sobejo
Em que o desejo é força projetada
Na caminhada de esperança nova,
Cheiro de alcova sempre desejada.
Força fugaz, enorme e interesseira,
Sempre a primeira a despertar querência.
Doce vivência de secreto amor,
Gozo e calor, cheirando a experiência.
Vulcão de idéias e vontade enorme,
Sempre conforme o instante que projeta.
Roteiro em seta para um novo achado,
Verso acabado, enleio de poeta.
Manhã radiosa, de alvorada amiga,
Doce cantiga de esperança ardente.
Broto em semente de secreta flor
Soltando olor, apaixonadamente.
Sempre te encontro desejando amor,
Em meio à dor, na solidão perdida.
Mas se vivida intensamente a sorte
Serás bem forte e alegre em toda a vida.
Então por que cantar um verso agora
Se o tempo implora pra esperar silente?
Prefiro ausente uma aventura nova
Que, ardendo, à alcova, explodirá demente.
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