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Ensaios-->A LITERATURA NO TOCANTINS-ANA BRAGA. -- 10/07/2012 - 10:58 (Mário Ribeiro Martins) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A LITERATURA NO TOCANTINS

ANA BRAGA(PEIXE, GOIAS, HOJE TOCANTINS, 29.11.1923).
ESCRITORA, FUNDADORA DA ACADEMIA TOCANTINENSE DE LETRAS, MEMBRO DA ACADEMIA GOIANA DE LETRAS, ETC.

Antes do mais, lembremo-nos, juntos, de que “tudo se adquire pela educação própria, pelo esforço lento e demorado, porque todos nós sabemos o que falta à nossa terra e ao nosso povo”.
Para se inteirar bem sobre assuntos literários é necessário obter-se um conhecimento, ainda que mínimo, sobre historiografia. Vale dizer que à história e à geografia, também, é indispensável o conhecimento dos nomes de autores que num determinado tempo, ao longo de sua vida, escreveram, fizeram sua literatura. Cabe aos que trabalham no caminho literário, especialmente os professores – nas escolas, nas instituições, associações de classes, grêmios literários e Academias de Letras, examinarem essas produções literárias, marcando seus valores dentro das diversas subdivisões ou títulos em que a literatura se apresenta. Da mais antiga à moderna. Dentro desse espaço verifica-se a DINÂMICA LITERÁRIA: seu valor e sua apresentação no passado e seu viver no presente. Tais conhecimentos exigem – vocação, tempo e dedicação. Aliás esta forma de captação e avaliação da literatura e seus valores do passado são, também, válidos para o estímulo do espírito nacional, em seus ímpetos de criatividade e de afirmação brasileiros. Esta afirmação já se vem revelando como idéia-força nos movimentos de renovação literária, estética e até social. Temos como exemplo o modernismo de 1922 (Semana Modernista), em São Paulo, e o Regionalismo de 1926, em Recife. Não podemos negar que ambos, esses dois citados movimentos, denunciam íntima associação literária entre o tradicional e o moderno. O festejado filósofo Ortega y Gasset dizia que “a vida do homem é uma equação entre o passado e o futuro”. Pensando assim, o notável espanhol antecipou-se àquela expressão hoje tão usada, pela nossa atual e irriquieta juventude, adepta do pensamento - “Para Frente”! É que, quando jovens, é natural, projetemo-nos mais para o futuro. Bem por isso raciocinando, para concluir àquele seu pensamento anterior, Ortega y Gasset apontou um fato paradoxal, mas, essencial à nossa vida: “O único meio do homem se orientar para o futuro, é tomar consciência do que foi no passado, lembrando-se que o passado tem um contorno INEQUÍVOCO e IMUTÁVEL”.
E é claro, notáveis ouvintes, que no exercício literário, como no de outras atividades, devemos acumular experiências. Estas experiências, é obvio, precisam receber novas energias, nova luz! Somente assim, podemos criar, recriar, inovar e renovar nossos pensamentos e valores. Pois, todos sabemos: Não podemos aceitar integral e infinitamente a herança do passado, mesmo que esse passado tenha sido eficaz. Temos em qualquer momento, por razões sociais e científicas, ou, apenasmente íntimas, de fazer, e aceitar modificações.
Assim se verifica nos nossos hábitos, nas nossas residências, nas nossas vestimentas, nos mobiliários e, até, nos nossos utensílios. E se há essa mudança em tudo que rodeia o homem e nele próprio, é, exatamente, porque não há inteira e absoluta consonância do passado com o futuro.
Na literatura é bom e belo o conhecimento das monumentais obras dos clássicos passados. Mas, a nosso ver, antes, estudemos as regras que nos dão conhecimento do verbo, que dão alicerce e beleza, à literatura, que é a mais viva manifestação da liberdade!
A Literatura nasce da musica, dos sons que formam A PALAVRA. E a palavra é o verbo, e o VERBO é Deus e Deus é o Espírito, a sagrada síntese de tudo que se cria e existe. A literatura é a soma de palavras e o continuar destas, formando frases, períodos, textos, tudo a depender da palavra bem colocada na escrita ou, oralmente.
A PALAVRA é, pois, o supedâneo da literatura, desde o mais simples panfleto aos mais históricos volumes das mais antigas e famosas bibliotecas do mundo.
O APARECIMENTO DA LITERATURA perde-se no rolar do século! É preciso que nos debrucemos sobre a história dos mais antigos povos e nos mergulhemos até na escuridão das cavernas dos Neandetrais, que teriam vivido a mais ou menos trinta mil anos, ou, nos mistériosos segredos dos primitivos representantes do homem das cavernas de Chauvet, há 28 mil anos. (Descoberta em 1994).
Detenham os estudiosos da literatura as testemunhas do longo passado das gerações vividas, quando, talvez, o homem apenas aglutinava alguns sons para se comunicar com seu grupo.
A ANTROPOLOGIA é a historia aliada às novas ciências. A cada dia, ela nos vai mostrando tantas descobertas sobre a humanidade e o mistério desse nosso planeta “tão conhecido”. Porém, muito ainda, tem a antropologia a revelar aos cientistas, aos literatos e aos estudiosos.
Neste auditório, há um ano, ouvi do Dr. Waldênio Porto, Presidente da Academia Pernambucana de Letras, o seguinte: “ O escritor precisa ter muito bom ouvido, pois, a palavra é musica. A frase tem melodia, tem ritmo e sonoridade.” De fato, ela é luz que clareia o espírito, mostra o desconhecido, retempera o cansaço, deleita a alma e nos ensina a viver e nos prepara para ensinarmos aos menos iniciados. O escritor é antes de tudo, um idealista. Não nasce nem se faz um escritor de improviso. Deve ser ele um vocacionado para esse mister, que não é fácil. Não precisa ser um filólogo ou um mestre. Dele se há de exigir, que tenha conhecimentos gramaticais que o conduzirão a uma produtividade simples que seja, mas, correta e clara, fazendo-se compreendido e despertando o interesse de quem o lê, pelo valor do conteúdo, até a conclusão, num remate feliz que não destoe dos objetivos ligados ao titulo escolhido.
Escrever um livro, mesmo sem pretensões de conquistar a difícil “fama de bom escritor”, é necessário que se tenha a convicção de estar transmitido com fidelidade a ideação, ouvindo sua inspiração, procurando transformá-la “materializando-a” com exatidão, arte e leveza, o que lhe foi ditando a alma. Com lealdade a si mesmo, o autor escreve um livro, ou numa carta, ou qualquer criação literária que lhe foi inspirada. Diz ainda o autor de “Violinos no Coque”, Waldênio Porto, que ao se escrever um livro tem de executar “uma verdadeira regência orquestral: pausas; virgulações; vocativos e impostações”. O autor tem que vigiar os ecos para não produzir cacofonias, que afeiam a linguagem. Depurar-se das gírias e das expressões chulas. O mestre Waldênio Porto aconselha, ainda, o escritor a valorizar a riqueza da linguagem local, expressando-a de modo delicado, dando lhe uma roupagem especial e o destaque devido.
Caros ouvintes:
Sei que todos, se aqui estamos assistindo a palestras e debates sobre questões literárias, é porque apreciamos ouvir assuntos ligados a literatura. Também, por acalentarmos o desejo de, quem sabe, um dia, produzirmos uma obra literária. Muito natural e belo esse anseio: “Se já não sou escritor, um dia eu o serei!” Faça-se, pois, um de nós, já viajados nesta estrada, que pode ser uma agradável andança, que nos leva a “um bem sucedido fim”, à conquista de muitos leitores que nos animem com suas opiniões e suas críticas, e que estas, sejam quais forem, devemos acolhê-las, como estímulo.
O Primeiro Livro eclode, enche-nos de entusiasmo. Mas, o ser, bem sucedido como escritor, demanda de um processo lento, de paciência, de prática no exercício, como uma cristalização na arte de transformar em realidade aquilo que não se vê, mas, as letras e as frases externam, “mostram” essa inspiração íntima, esses sentimentos, como se fossem fotografias coloridas e “ouviremos” aquelas vozes distantes, bem ouvidas e em tons adequados.
O bom livro, bem escrito, leva aos ouvidos do leitor, o ciciar da brisa, ou, paradoxalmente, os troantes de um canhão. Tudo isso pode nosso leitor “ver e ouvir” nas páginas que escrevemos: O leve e doce sorriso de uma criança, num sonho com seu anjo da guarda; ou, “ver”, pelos olhos do entendimento, o rosto hediondo de um facínora, cometendo um crime.
Não fica somente ai, no saber transformar sua inspiração numa realidade, o difícil trabalho do escritor. Ele tem de superar-se às comodidades e dar prioridade à sua disciplina intelectual, escolhendo a hora adequada para realizar seu ato de escrever. E, escrever sempre! E fazer do gênero que lhe deu inspiração, seja um romance, um conto, a poesia etc, uma fonte que o alivia, ao mesmo tempo que lhe vai exaurindo todos os meios de saciar-se, absorvendo suas ideias próprias e solvendo seus desejos, amoldando-os ao seu estilo próprio. Lembre-se, ainda, o escritor, que a inspiração é surpreendente. Esteja, pois, apto a recebê-la, anotá-la e configurá-la a qualquer hora. O escritor pode ser inspirado em qualquer lugar, dia ou noite. Mas, não deixe dormir a sua inspiração! Seja, pois, atencioso às suas inesperadas visitas! Só ela e sua paciente dedicação, escrevendo e criticando-se a si mesmo, ativar sua força de vontade. Tudo isso contribuirá para que o escritor avance na sua carreira. Pacientemente, acabará ganhando a fama de bom escritor. Lembremos, ainda, que somente os gênios são rápidos. Mas, eles não gostam do grande público, pois, como se sabe, “os gênios não gostam de ser vistos”. Logo, o melhor conselho a quem se dedica à arte de escrever, é a autocrítica. A sobriedade. A vaidade pode ser, “santa”, mais das vezes, porém, ela nos é prejudicial.

A LITERATURA NO TOCANTINS

É diferente das que se vêem em outros lugares do Brasil? – Pessoalmente, sem querer ferir a opinião de outros, pois a liberdade de idéias é fundamental, não só para as democracias, mas, para todos os planos onde se manifestam os direitos individuais. E o direito não é erro. E o que é certo, dá ao individuo o “ir e vir”, livremente, também, as idéias, faladas ou escritas, guardando-se o respeito e a dignidade dos outros, garante liberdade ao estilo do autor. Mas, há o Regionalismo de um povo ou de uma região, que, também deve ser respeitado.
A literatura tocantinense é brasileira por isso, ela nasceu como nasceram todas as literaturas dos diversos Estados irmãos. Ela é nativa, quanto mais se prende à terra a que se refere o autor. O autor pode ser, ou não, tocantinense; também sua criação literária pode ser, ou não, escrita no Tocantins, porém, o autor sendo tocantinense a sua literatura será tido, como o é o seu autor. De modo geral, quando se escreve se reporta aos fatos, coisas e pessoas do local onde estamos. Mas, se ele é filho da terra escreverá com mais ardor e com mais conhecimento do que o cerca, no seu lugar. Entretanto, a literatura é feita com outras buscas, longe de onde se acha quem escreve.
A primeira pagina literária do Brasil, chamada “Certidão de Nascimento do Brasil,” é a Carta de Pero Vaz de Caminha, dando conta ao Rei de Portugal, Dom Emanuel, sobre o descobrimento da nova terra. É uma bela literatura ao estilo do século XV, onde se entrelaçam o lirismo e o ufanismo. Nesta famosa carta começa nossa literatura, sempre favorecida pelos dons naturais, a beleza da flora e da fauna brasileira. A importante página literária que é a carta de Pero Vaz de Caminha: Tem forte poesia bucólica da paisagem virgem do Brasil de 1500 nela, diplomaticamente, o escrivão da frota de Alvares Cabral fazia à Corte entender dos tesouros e riquezas a se explorarem no recesso dos nossos sertões desconhecidos. Note-se, porém, a primeira obra literária, com algumas páginas descritivas,e, verdadeiramente informativa e comercial, foi a escrita por Pero Lopes de Souza, em 1532. Magalhães Gôndavo, em 1576, escreveu o “Tratado Descritivo do Brasil”; Gabriel Soares Souza, em 1587 já faz uma descrição de cunho elucidativo, informando à Sociedade Mercantilista do Reino Português, sobre as vantagens econômicas da Terra de Santa Cruz. E adverte ao Reino do perigo que poderia enfrentar e do prejuízo que Portugal poderia ter, se demorasse em fazer as explorações convenientes das riquezas da imensa terra descoberta.
Começa, já nos primórdios da descoberta do Brasil, a instrução e a arte de ler e escrever. Pois, com a chegada de Tomé de Souza, 1º Governador Geral do Brasil, vieram com ele os Jesuítas – Padre Manoel da Nobrega e mais dois. Os Jesuítas homens de cultura e usavam uma linguagem lírica e simples. Com ela inaugurou-se, digamos, a técnica da linguagem informativa, através das cartas que a Missão Jesuíta encaminhava à Coroa portuguesa. Os jesuítas, enquanto aprendiam a língua indígena e ensinavam a nossa; descreviam o índio com seus hábitos, costumes e instituições. Ligavam a suas relações de civilizados e colonizadores com o modo da vida indígena. Desde essa época registra-se a grande influência dos padres jesuítas na formação litero-cultural da terra descoberta – o Brasil. Mas, sem dúvida, foi José de Anchieta o relevo maior no capitulo inicial da literatura brasileira. Seus escritos, mesmo se relacionando com a catequese, possuem uma intenção literária. Anchieta deixou a Primeira Gramática de Linguagem usada na costa do Brasil (1595); vários hinos, canções, poesias, monólogos escritos em português, tupi-guarani e espanhol. Anchieta veio para o Brasil em 1553, acompanhando o 2º Governador do brasil, Duarte da Costa.
Esses conhecimentos se estenderam ao Brasil do século XVI. Começam ai as Entradas e Bandeiras. Se lá nas Piratininguas a catequese deu inicio a literatura, também aqui, na região do Tocantins a nascente literária iniciou-se sobre as pisadas dos missionários vindos do Grão-Pará, conforme se lê na revista Memórias Goianas, vol. I a III. Em 1574, o reino ordenou a organização de uma Bandeira com o objetivo de se descobrir a “Lagoa do Ouro” e nomeou Domingos Garrucho, para chefia-la. Garrucho partiu da Capitania de São Vicente, rumo ao interior brasileiro, seguindo antigos roteiros, com o fim: conhecer os sertões de Goiás, rumo ao PARAUPA, região onde os “roteiros” diziam se encontrar a “Lagoa Paraupava”, a mesma “Encantada”. Domingos Garrucho aliou-se ao filho de João Ramalho (o Caramuru), chamado Antonio de Macedo. Essa Bandeira, igual a muitas outras que a sucederam, vagueou pela região do PARAUPAVA, rio Araguaia, em busca daquela lagoa, cujo leito deveria ser coberto de ouro (o primeiro mapa do Brasil de Andre Homem, em 1559, já mostrava essa lagoa), vez que se acreditava na sua existência, tendo os mapas subseqüentes apontado esse sinal, ate 1600. Chamavam-na Lagoa PARAUPAVA – Lagoa Grande.

O CICLO BANDEIRANTE

À busca dessa lagoa sucederam-se várias bandeiras; foi o chamado Ciclo Paraupava. De 1580 a 1618 desenvolveu-se uma intensa atividade explorando as terras do Araguaia (PARAUPAVA) e o Tocantins (PARAUPEVA). As andanças se repetiam a procura dessa famosa lagoa.
As Bandeiras traziam sempre um, ou mais padres jesuítas, ou de outras Ordens, de preferência os Capuchinhos, os Beneditinos, os Carmelitas, os Franciscanos e por ultimo os Dominicanos. A penetração cristã ensinava a religião, a leitura e a escrita.

A LITERATURA TOCANTINENSE

Deve-se muito a esses abnegados missionários.
Até fins do século XVII, as primeiras Entradas e Bandeiras partiam de Piratininga ou de São Vicente (São Paulo) e vinham em demanda das terras já descobertas pelo Anhanguera. Passavam por Goiás (antiga Vila Boa) e tomando rumo ao Araguaia. Uns desciam por embarcações (canoas e ubás); outros continuavam pela margem direita do Araguaia rumo Norte, atravessando o que hoje chamamos de Alto, Médio, até o Baixo Tocantins. O objetivo das Entradas e Bandeiras, era o conhecimento da terra, o alargamento das extensões para o reino e, sobretudo, a descoberta de minas, especialmente de ouro e pedras preciosas, achados que constituíam alegria para a Corte e muita riqueza. Para os missionários essas longas viagens, tinham o fim religioso: amansar, catequizar e batizar os índios. Esses serviço só lhes era possível executá-lo, onde as Bandeiras ou as entradas parassem por um tempo, afim de, ajudados pelos braços dos índios preados, mansos ou não, plantavam pequenas lavouras de milho, arroz, mandioca, banana e batata. Feitos os suprimentos, a Bandeira continuava a sua viagem. Ficava atrás alguns ranchos, poucos habitantes. Apenas, uma semente de colonização.
Com o passar dos anos as Bandeiras e as Entradas, já haviam deixado rastros de sua passagem, colonizadora. Para facilitar esse trabalho, no ano de 1812, o Governador e Capitão General de Goiás, Fernão Delgado, autorizou a construção do Presídio de Santa Maria. O que eram os presídios? Eram locais previamente escolhidos onde se instalavam alguns militares pagos pelo governo e ali ajudavam, na garantia dos Bandeirantes e aos aldeamentos dos índios, já mansos e cristanisados.
A autora Francisquinha Laranjeira Carvalho escreveu uma obra de notável valor histórico sobre o trabalho dos Bandeirantes, das Entradas e dos Presídios. Ela registra em sua obra “FRONTEIRAS E CONQUISTAS PELO ARAGUAIA”, as andanças e o trabalho de catequese feito pelos missionários e do aldeamento, colonizadores e preadores de índios e missionários andavam em toda a região, a partir do Araguaia (antigo PARAUPEVA) até o Grão-Pará, passando pelo Rio Grande (local assim chamado definitivamente, o Tocantins, quando o mesmo se encontra com o Araguaia, nas proximidades da cidade Chambioá. Outrora, Aldeia do Chambioá). Seguindo as páginas da notável e referida obra da ilustre escritora mencionada, o primeiro presídio, o de Santa Maria, originou a cidade de Aragacema. Mas, mesmo havendo vigilância militar e o trabalho de defensiva cristã feita pelos missionários, mesmo assim, este e outros presídios que se instalaram ao longo e as margens dos rios Tocantins e Araguaia, sofriam, sempre, ataques dos índios que não se conformavam com a invasão de suas terras e, muitas vezes, esses presídios tiveram de ser reconstruídos. Mas, enfrentando essas dificuldades, no correr de anos, foram erguidos 21 presídios, sendo o ultimo o lugar que mais tarde teve nome histórico, que foi o presido de São João das Duas Barras. Todos esses presídios, com exceção de três foram instalados a margem do Araguaia. A margem do Tocantins ficaram, apenas, o de Monte Alegre, o de Santa Cruz e o de Poço Grande.
As investidas dos índios contra esses presídios e aldeamentos geravam mortes e o abandono dos mesmos. Mas, o trabalho da catequese venceu o temor dos ataques selvagens, dos naufrágios, da fome e da falta de tudo! O ideal cristão encorajava os missionários, especialmente, no Baixo Tocantins. Hoje, graças a relatos publicados em obras extraordinárias igual a citada: “FRONTEIRAS E CONQUISTAS PELO ARAGUAIA”, e a de autoria do Frei Reginaldo Tournier, “LÁ LONGE NO ARAGUAIA”, somos capazes de medir o sacrifício e a extensão do trabalho missionário feito na região do Baixo e Médio Tocantins, por esses abnegados padres, de várias Ordens. Nos aldeamentos, iguais ao de Santa Maria, esses abnegados missionários, não apenas batizavam, mas, além do trabalho religioso, ensinavam a língua e a gramática portuguesa aos aldeados; também os educavam. Muitos desses missionários vinham do Grão-Pará. Havia grande interesse pelas missões, no Tocantins. Era grande o desejo de conhecer esta região. E foi bem por isso que o padre Vieira veio do Grão-Pará, na sua ânsia de aldear índios e amansá-los. Veio até as imediações da CACHOEIRA GRANDE, no Baixo Tocantins. Doente e desanimado pela certeza de que não daria conta de vencer os obstáculos que o separavam do Arraial de São Luis, no Alto Tocantins, voltou, deixando a imagem de Nossa Senhora da Natividade, sob cuidados de alguns índios por ele amansados e de alguns cristãos, incumbindo-os de levá-la até o dito arraial, onde ficavam as famosas minas de ouro do Arraial de S. Luiz, que deu origem à cidade de Natividade, antes. Mais tarde, cabeça de Comarca e, hoje, cidade Mãe da Cultura Tocantinense, por do decreto do Governo de TO.
A LITERATURA TOCANTINENSE tem, sem duvida alguma, sua dívida maior para com os missionários, especialmente os Dominicanos e os Capuchinhos.
Nos meados do século XIX, vieram para o Tocantins o padre Francisco Antonio Vivaldi, que saiu de Roma com destino de amansar os Xerentes na região, onde hoje está a cidade de Pedro Afonso, nas proximidades da confluência do rio do Sono, com o Tocantins. Em 1888, veio para Piabanha Frei Antonio de Gangi, em cuja região ficou 40 anos, visitando aldeias, catequizando, ensinando a leitura e escrita aos índios e aos ribeirinhos do Tocantins. Levou a grande desenvolvimento àquela região. Rocha Pombo, escreveu: “Frei Gangis, foi um missionário que tanto serviços prestou à obra religiosa e à cultura das antigas aldeias do Tocantins. A ele se deve importantes trabalhos e a fundação de Tocantinea (Piabanha)”.

OS DOMINICANOS E A INSTRUÇÃO LITERARIA NO TOCANTINS

Os dominicanos aportaram no Brasil em 1881. Não vieram somente para catequizar índios, igual o fizeram os primeiros missionários vindos da Itália, os Capuchinhos, entre estes, foram os mais notáveis, Frei Francisco Monsavito, Frei Rafael de Taggia e Frei Antônio Gangi.
Os dominicanos vieram como pregadores do evangelho para todo o povo, espalhado nas diversas regiões do sertão goiano. Vieram para fundar comunidades, igrejas, escolas e postos de saúde. O primeiro bispo a servir a região do Tocantins, foi o Frei Domingos que, ainda padre acompanhou o bispo DOM CLAUDIO PONCE DE LEÃO na sua primeira visita à sua enorme diocese, que compreendia o estado de Goiás até o limite com o Pará, Maranhão, Mato Grosso e, a Oeste, a Bahia.
Regressando de sua viagem ao norte do Tocantins, Dom Claudio recebeu varias solicitações para criar um colégio em Porto Imperial (P. Nacional, hoje). O frei Domingos, mais tarde recebeu a ordem Episcopal e foi exercer a sua missão em Conceição do Araguaia. Como Prelado de Conceição do Araguaia, ele visitou todas as cidades, vilas e arraiais do Baixo e Médio Tocantins. Chegando a Porto Imperial, Frei Domingos (1º Bispo de Porto Nacional) colocou a primeira pedra fundamental, e deu inicio a construção da catedral de Porto Nacional, em 1° de novembro de 1917. Com a prosperidade religiosa e cultural de Porto Nacional, com a criação, pela “Bula Apostolatus Officium”, assinada pelo Papa Bento XV, que criou o bispado, com sede nesta cidade, o ensino, sob todos os aspectos se expandiu pelo resto do ex-norte goiano. Em 11 de julho de 1921, sendo seu 1° bispo, Dom Domingos Carrerot, entrou solenemente, na cidade de Porto Nacional, como Bispo, e ali foi empoçado. Criada a diocese de Porto Nacional, já em 1922, Dom Domingos Carrerot iniciou a construção do Seminário São José, de que foi o construtor engenheiro Frei Reginaldo Tournier. Dom Domingos Carrerot faleceu 14 de dezembro de 1933, com setenta anos e seis meses de idade, cinqüenta e três anos de profissão religiosa e vinte um anos de bispado. Substituiu ao Dom Domingos Carrerot o bispo Dom Alano Dinoday.

PORTO NACIONAL, LÍDER DO ENSINO NO TOCANTINS

Porto Nacional que já vinha liderando todas as questões de ensino por toda a região do Tocantins, como sede do bispado, acelerou-se e se alastrou, cada vez mais, por toda esta região a influência do seu ensino. Pois, os dominicanos tinham a missão, como se disse, não só de catequizar, mais de ensinar e educar. Aos dominicanos se deve a fundação de muitos colégios e escolas no interior dos municípios tocantinenses, sendo que, até 1933 só havia um ginásio em todo norte goiano: o Ginásio Coração de Jesus, em Porto Nacional. Dali o ensino se eradiou por todas as regiões da imensa mesopotâmia nortense, entre o Araguaia e o Tocantins.
COM A CRIAÇÃO DO ESTDO DO TOCANTINS, deu-se uma verdadeira revolução intelectual por toda esta região, antes quase que abandonada pelos governos anteriores.
CONCEITO HISTÓRICO DA LITERATURA: Antigamente, a literatura compreendia o estudo da gramática. Hoje, não. Ela envolve a gramática e o estudo sistemático da língua e preocupa-se com a estética falada, ou escrita. A produtividade literária envolve conceitos filosóficos, psicológicos e outros de acordo com o interesse de quem escreve. Seu objetivo: revelar ao mundo exterior e trazer à tona todos os sentimentos que formam o “Eu” psíquico daquele que escreve.
CONCEITO ESTETICO: a literatura é esteticamente considerada a mais poderosa das artes. Está classificada entre as “Belas Artes” e posiciona-se entre aquelas que têm como principal finalidade: proporcionar o prazer espiritual.
CONCEITO SOCIOLÓGICO: a literatura não é, apenas, um produto sociológico. Ela se sujeita, também, as condições várias que determinam a personalidade do autor.
a) Modernamente, a literatura é participe do espaço e do tempo de que o autor dispõe. É expressamente individual e reflete, também, as condições do ambiente social e do meio em que se forma e em que vive o autor.
b) A literatura se ocupa do drama humano e só tem grande mérito quando contribui para o aperfeiçoamento do homem. Ali a literatura de um povo deve trazer a historia de sua origem, de suas conquistas e de suas fraquezas, bem como de suas evoluções, sublimidades e derrotas.
Quem escreve é o autor, um artista a quem deve interessar, não apenas o real, mas, o possível.

PENETRAÇÃO DA LITERATURA NA REGIÃO DO TOCANTINS:

Já falamos que de Porto Nacional, com a criação do Primeiro Colégio e Seminário, o seminário para a formação de novos dominicanos e missionários e o colégio dirigido pelas irmãs dominicanas de Monteli, para a formação de moças.
Chamou-se Colégio Coração de Jesus. As primeiras irmãs que ali chegaram e que iniciaram a construção desse colégio foram irmã Maria Inês, André; a Maria Fernanda e Maria Rafaela. Vieram da França, atravessando o Oceano Atlântico, depois, enfrentaram, com paciência, o trem de ferro, até Uberaba e, daí, a cavalo viajaram 858 quilômetros de Goiás (velha capital) até Porto Nacional.
Primeiramente, moraram numa casa que pertencia ao Coronel Frederico Lemos. Mas, no dia 15 de setembro de 1904, as Irmãs inauguraram as instalações provisórias de uma escola mista, pública que se iniciou com 70 alunos e o Colégio Sagrado Coração de Jesus, com 19 alunas (internato).
O Colégio Sagrado Coração de Jesus, foi a fonte luminosa de onde a água pura do saber, da cultura, da literatura, dos bons costumes, da educação e da palavra escrita ou falada, se irradiaram para todos os cantos da terra tocantinense, através das professoras que ali estudavam, durante anos, e se fizeram normalistas. Esse colégio funcionou durante 96 anos. Grandes mestres, grandes talentos dali se projetaram, não só moças, saídas do Colégio Sagrado Coração de Jesus, como os rapazes, ex-alunos do Seminário São José, fizeram outros cursos superiores em filosofia e teologia, entre outros; muitos deles alcançaram a ordem dominicana e se tornaram grandes pregadores. Os padres que se distinguiram como mestres dos rapazes, futuros cidadãos de Porto Nacional, foram: Frei Rosário Melisan, Frei Reginaldo Tournier (Foi quem primeiro fez um ótimo mapa do estado de Goiás), Frei Bertrando Ollieres e Frei Gil Gomes Leitão. Os cidadãos educados no Seminário, mesmo alguns que não se fizeram padres, tornaram-se e são talentosos escritores, oradores, juízes, homens talhados para todo e qualquer exercício que dependa da intelectualidade. Entre estes, ressaltam-se o ex-Padre RUI DA SILVA, que foi professor no Ginásio de Pedro Afonso e, depois, secretário de educação do estado de Goiás, no governo de Mauro Borges. Esteve vários anos residindo na França, época em que lecionou em grandes escolas daquele país e fez viagens pela Europa e pelo norte da África e a outros países, fazendo palestras de relevo cultural. O segundo foi o ex-PADRE ANTONIO LUIZ MAYA que chegou a ser Cônego. Licenciando-se da vida religiosa, casou-se. Teve filhos e a todos transferiu seus vastos conhecimentos, todos, hoje, renomados professores e advogados na capital do Estado de Goiás. Antônio Luiz Maya foi eleito senador pelo Tocantins e, embora por um mandato de apenas 2 anos, nele o ilustre tocantinense mostrou sua competência política e sem civismo. Sua eloqüente voz e argumentos ressaltaram os muitos projetos de lei, todos oportunos e necessários ao desenvolvimento do estado do Tocantins. Deixando a política, voltou à cátedra de professor universitário, UFG e nela se aposentou. Como escritor, deixou uma coletânea de notáveis obras literárias, filosóficas e, também, comentários literários, crônicas e biográficas. Ocupou na Academia Tocantinense de Letras a cadeira número 6 da qual é patrono o médico é, também, acadêmico Doutor Francisco Aires da Silva (Portuense).
O doutor Francisco Aires, cuja biografia mesmo resumidíssima ocuparia muito espaço, foi um notável médico, jornalista, literato, orador (À vista deste plenário, está o jornal, com artigo que fiz, sobre o mesmo, após seu falecimento).
REGINA AUGUSTA REIS, patrona da cadeira 22 da Academia Tocantinense de Letras. Regina Reis não teve tempo de escrever livros, pois foi vitimada num trágico acidente na Belém-Brasília, em 8/11/84, quando voltava de Brasília a Porto Nacional, depois de haver colado grau na UNB, com distinção. Formou-se Engenheira Civil. Porém, mesmo tão jovem, (24 anos), deixou uma obra, que, no futuro, ao certo, será procurada para se saber melhor, sobre a construção da catedral de Porto Nacional, sua história e métodos usados àquela construção. Também, sobre o material humano e a mão de obra ali utilizados. Regina Augusta, nascida em Porto Nacional, deixou tudo, meticulosamente explicado em palavras, mapas, plantas e fotografias.
Ao certo, fosse esse trabalho deixado em outros estados, já estaria entre o rol das obras preciosas no arquivo do Instituto Histórico desses Estados. Mas, à falta desse Instituto, no Tocantins, Departamento de Cultura da Secretária de Educação deste Estado, publicou a segunda edição do livro “A catedral do Porto Nacional”.
Registrou na orelha desse livro o seguinte: “Um acidente, na Belém-Brasília, em 8 de novembro de 1984, cortou a vida e tantos sonhos de Regina Augusta, sonhos e ideais, para com a sua família, sua cidade e sua região, o então Norte goiano. O Governo do Estado do Tocantins ao publicar a 2ª edição de seu livro “A CATEDRAL DE PORTO NACIONAL”, presta-lhe justa homenagem póstuma; ainda, ao talento de todos os jovens tocantinenses, que também, se foram tão cedo, e que sonhavam, com a independência do Tocantins, onde desenvolveriam suas aptidões profissionais, ajudando a prosperidade desta dadivosa terra (Ana Braga, Diretora do DEC-TO)- 1986.




Senhores,
Os temas literários, aqui apresentados os mais diversos, à força de serem submetidos a longas e aprimoradas discussões, passam, por uma seleção.
Nesta reunião de intelectuais, amantes da literatura, nos seus diversos ramos. Seja o gênero poético, o romance, o conto, a historiografia ou em outras fontes escritos, bebe a língua pura, e a sua inspiração vem das tramas do quase imponderável, de uma tessitura que só as frases podem tecê-la.
Os trabalhos aqui apresentados neste auditório seleto, sabemos, serão apurados pela cultura literária dos ouvintes. Todos os assuntos aqui tratados receberão a crítica que selecionara e apresentara o resultado, sobre a literatura atual do Tocantins.
Sabendo, dessa primorosa seleção e do juízo ao qual serão submetidos os trabalhos, compareço a este nosso encontro literário, envaidecida. Muito agradeço pelo convite que me fizestes. Mas, afianço-vos, neste meio, nada tenho a oferecer ante os ilustres professores, escritores, jovens estudantes, poetas e escritores modernos, e pessoas tantas dedicadas ao estudo do nosso verbo. Venho, sem outra intenção que não seja a de vos pedir em troca do pouco que possa ofertar, o calor amigo de vossa generosidade. Peço-vos, também, um raio de vossa energia, da vossa luminosidade com que, então, quase aos meus noventa anos, sairei daqui revigorada, altamente gratificada pelo quase nada que posso expor. O meu nada daqui sairá envolvido na riqueza do manancial literário que está em todos os participantes deste encontro. Eu, memória danificada por um AVC, só tenho muito a pedir! Para não me esmorecer de todo, invoco como símbolo de nossa literatura tocantinense aos moços que aqui estão todos promissores escritores e outros tipos de propagandistas da boa literatura brasileira, oradores, ensaístas, teatrólogos, declamadores e grandes oradores. Começarei por lhes falar de FREI REGINALDO que nos deixou obra invejável e esgotada: “La Longe no Araguaia!”. Historiografia, linguagem erudita, Casta, mas, simples e traz em si a verdadeira historia de seu apostolado às margens do Tocantins do Araguaia.
Sua famosa obra esta esgotada. E bem poderia o Governo do Tocantins mandar reeditá-la, para o bem da historiografia do nosso Estado.
ANTONIO LUIS MAIA, ex-dominicano, se houvesse publicado seus sermões, teríamos notáveis obras de um pregador culto, abrangendo o social e a historia de nosso povo. Deixou-nos uma belíssima coleção de suas memórias. Nela a erudição de um filosofo, as explanações de um mestre e o saudosismo de sua terra e de seus parentes. Também, alguns discursos clássicos como aquele, na sua posse na ATL, Cadeira nº 6, cujo patrono é a histórica figura de Doutor Francisco Aires da Silva.
FRANCISCO AIRES DA SILVA, médico humanitário que por mais de 40 anos foi o único médico para toda a região do Baixo e Médio Tocantins. Deixou nos um Diário de suas viagens, da Bahia a Porto Nacional. É a história comovente de um bravo homem culto e amante de sua região, que enfrentando dificuldades conseguiu trazer a sua terra natal – Porto Nacional, o primeiro automóvel Ford, o primeiro caminhão, também foi ele quem lutou e conseguiu a chegada do rádio e do telegrafo para a cidade de Porto Nacional (ao lado está o jornal, com artigo de nossa autoria, homenageando-o logo após o seu falecimento).
Doutor Francisco Aires da Silva foi um grande orador, escreveu em jornais, foi professor no colégio Coração de Jesus e dedicou sua vida, inteiramente à sua cidade, após o falecimento de sua esposa. Então, ele desempenhava o cargo de Deputado Federal no Rio de Janeiro. Tendo ali apresentado vários e importantíssimos projetos de lei beneficiando a região tocantinense. Porém, a triste notícia, que sua esposa estava à morte, abandonou a cadeira de deputado, renunciou a sua posição, e não mais voltou a Câmara Federal, desde então. Sua viagem para assistir a sua esposa na cidade onde ambos nasceram, Porto Nacional, foi uma epopéia. De vapor até Salvador-BA, e daí até Barreiras, em trem de ferro e de Barreiras até Porto Nacional, distância grande e de estradas íngremes, percorreu ele todo esse enorme trecho a cavalos, trocando-os a cada vez que um deles não resistia a cavalgada, em trote, naquela região triste. Após as exéquias da sua esposa dedicou-se inteiramente ao povo de sua cidade e da região do Tocantins. E foi daí que lhe nasceu a idéia de contar sobre essa viagem no seu diário, que hoje constitui um histórico relato de valioso fundamento descritivo, sobre as dificuldades da comunicação em terras norte goianas, pelos sertões íngremes e abandonados, de então. A vida de médico, dedicado, de homem culto e laureado valeu-lhe o assento numa Cadeira da histórica Academia Goiana de Letras.
PADRE RUI SILVA, é considerado por todos que têm a felicidade de conhecê-lo um verdadeiro gênio da cultura tocantinense. Mas, ele é um cidadão universal, saído do Seminário de Porto Nacional. Dono de uma cultura linguística invejável, é um grande pregador. Foi residir em Pedro Afonso, onde exerceu cargos de professor e diretor do ginásio daquela cidade. Suas aulas tiveram fama que atravessou distâncias, pela sua facilidade de expressão, seus vastos e profundos conhecimentos e sua metodologia perfeita, ao se expressar e transmitir conhecimentos. Ainda como padre, foi transferido para Goiânia, capital do Estado de Goiás, e tornou-se o pregador mais ouvido às missas das 9 horas, na Catedral de Goiânia. Tal era o fascínio que despertavam os seus sermões, pela facilidade com que pregava o evangelho com o encantamento de sua linguagem para todas as classes que o entendiam. Era comum em Goiânia, nesse tempo, se ouvirem a expressão: “Amanhã eu irei à missa das 9 horas, na Catedral de Nossa Senhora Auxiliadora, para ouvir o padre Rui Silva, o Padre Vieira do Tocantins!” Latinista, poliglota, filólogo, orador e conferencista de linguagem clássica, dentre de uma simplicidade e clarividência, que compõem o seu estilo oratório-convincente; linguagem tal, que agradava aos cultos e aos que não tinham igual cultura. A facilidade de suas expressões levavam a quem o ouvia à penetração nos mais profundos e variados temas, que tantas vezes, e em muitas elevadas ocasiões, ele-os expunha e os faziam entendidos pelos seus ouvintes. Hoje, já não se pode ouvir o “Padre Vieira do Tocantins”, nem o conferencista dos grandes e seletos auditórios. Seu cérebro, cansado de tanto ensinar, está quase parado. Mas, ainda assim, ele é visitado pelos membros do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás e pelos acadêmicos e professores da UFG. Ele se tornou um sábio silencioso.
DOURIVAL GODINHO- um volume de excelente linguagem literária fez a historia de sua terra “Porto Nacional”, ressaltando o valor cívico de seus cidadãos e a penetração da civilização levada onde quer que pisazem os professores formados em Porto Nacional, ressaltando, ainda, os nomes dos vultos importantes daquele comuna, não se esquecendo, obviamente, de expressar seu agradecimento como bom filho da terra, aos dominicanos, Dom Domingos Carrot (1° bispo) e Dom Alano Marrie de Noday e as irmãs dominicanas que, por 90 anos foram as forças educacionais fortes que através das alunas saídas do colégio Sagrado Coração de Jesus, de que elas foram fundadoras e mestres, expandiram por todo ex-norte goiano, através das professoras normalistas que ali se formaram e adquiriram os conhecimentos gramaticais e tantos outros indispensáveis a quem se dedica à difícil missão:ser professor.
MESSIAS TAVARES – acadêmico, autor de “A viagem do Tempo”, uma obra erudita, pois, no passar de tantas posições e cargos que exerceu, Messias Tavares, dono de muitos títulos é igual ao professor Rui Silva, talentoso orador, profunda cultura adquirida em Cursos e viagens diversas por países do Ocidente e Oriente. Seus talentos e a vastidão de seus conhecimentos linguísticos, escrevendo ou falando, fizeram dele um mestre. Como escritor, é clássico; também orador, latinista e trilíngue, historiador e profundo manejador da história, Messias é admirável! É como se ele fosse um compêndio de todas essas matérias, para encantar com todos os seus ensinamentos. Tão culto e tão humilde! Quando estudante da faculdade de Direito da UFG, em Goiânia e onde tive o prazer de ser sua condiscípula, ele era apelidado pelos seus contemporâneos de “enciclopédia ambulante”. Messias se faz, sem o saber por que é um cultivador da humildade; de fato, uma oficina literária cuja linguagem escrita envolve e influência sobre o comportamento social do ambiente em que ele vive. Ao mesmo tempo, seus discursos e escritos são incentivos à cultura lingüística, que constitui, sem dúvida, o primordial amparo aos conhecimentos e o entendimento entre os homens. Seu livro “VIAGEM NO TEMPO” contém várias de suas palestras e discursos, feitos em lugares distantes e vários, em solenidades, de selecionados ouvintes. É um erudito, leiam-no!
MARY SONIA MATOS VALADARES – é advogada, contista e uma ativista cultural. Apaixonada por sua terra, Tocantinopólis, ali fez o curso ginasial no famoso colégio Dom Orione. Atualmente, ela se dedica a feitoria de livros que pretende publicar. Publicado, “Pedra de Fogo”, conto, nele a escritora revela seu exotismo e a originalidade de seu rico talento. Mary Sonia foi membro participativo de todos os movimentos pro-emancipação política do ex-norte goiano. Seu nome figura entre os mais expressivos componentes da CONORTE e da UNIÃO TOCANTINENSE. Todos esses movimentos que cresciam e foram a voz do povo tocantinense, cansado de sofrer o isolamento e a falta de quase todos os meios educacionais e culturais, teve como Mary Sonia como oradora e sustentadora da ideia. Mary Sonia foi a 2ª Presidente da Academia Tocantinense de Letras, cuja Instituição recebe estímulos de seu gênio comunicativo e de seu caráter firme e sua capacidade intelectual.
JUAREZ MOREREIRA FILHO – atual presidente da Academia Tocantinense de Letras, de cuja Instituição ele tem participação direta, na história de sua criação. Desse autor, podemos afirmar que, entre muitos de nossos acadêmicos, é uma fonte de boas obras por ele escritas e que tornam seu nome conhecido, dentro e fora do Brasil. Como cronista, escreveu “A sombra do Ipê”. Em “Tipos de Rua” ele conta, chistosamente, sobre essas pessoas que são alegria, especialmente, das crianças das cidades inteioranas; Em “O Oco do Mundo” seu primeiro livro, volta-se para sua infância, misturando-a com as saudades de seu tempo de menino e moço, com as travessuras próprias a um rapazinho inteligente. Quase menino, foi levado para fazer seus estudos de ginásio em Ceres e, depois, na capital de Goiás. E foi ai que ele se entusiasmou, freqüentando reuniões literárias e resolveu fazer esse seu primeiro livro, que foi prefaciado pela mais notável filóloga goiana, a escritora NELLY ALVES DE ALMEIDA, que viu nele uma inteligência e um talento que seriam admirados num futuro não muito longe, dentro da literatura tocantinense. De fato, seus sonhos literários apareceram-lhe muito cedo. Juarez é dono de vários diplomas de curso superior. Advogado pela UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS (PUC); e pós-graduado em ciências políticas, pela ULBRA; fez o curso de políticas e estratégias nacionais pela UNITINS/TO. Tem o curso da ADESG/TO e muitos outros. É memorialista, contista, historiador e suas obras montam mais de 12 livros, e são disseminadas pelo Tocantins e pelo Brasil, tendo recebido elogios de muitos e renomados escritores e acadêmicos, inclusive da Academia Brasileira de Letras. Deste festejado escritor tocantinense, podemos fazer uma pergunta ao seu passado: - Quem diria que aquele menino de outrora, saído do antigo norte goiano, isolado e enfraquecido pela falta de comunicação e instrução, viesse, um dia, a ser o co-fundador e o 3º Presidente da ACADEMIA TOCANTINENSE DE LETRAS, a mais velha Instituição do notável Estado? Mas, a resposta é rápida: os gênios aparecem muito cedo, nos predestinados às conquistas, em qualquer atividade a que eles se dedicam. Mas, são raros estes talentos!
JORGE MOURA LIMA – pena expoensial nas estórias e histórias com “h”, dos chefões militantes nos movimentos formados por bandoleiros, que brigavam por vingança e, interesses ofendidos. Deles, Moura Lima conta, como, ninguém antes o fizera sobre essa saga de homens violentos, varando sertões da Serra do Jalapão rumo ao Rio Caracol. Naquele sertão bruto, os jagunços, “armados até os dentes” faziam aquela viagem difícil pras bandas das Serra dos Pilões, com um único intuito: vingança ou bandidismo. Moura Lima na sua obra e linguagem, aproveitando expressões usadas naquelas lonjuras pelos que lá habitam, mereceu muitos elogios por essa obra de raro valor regionalista. De modo bem real, ele faz o leitor viver aqueles tempos, quando eram comuns por aqueles ínvios sertões, o jaguncismo assombrando e esparramando morte e terror. É tão importante este livro de Moura Lima “Serra dos Pilões – Jagunços e Tropeiros”, já em terceira edição, que mereceu vibrantes elogios e comentários de críticos literários renomados, como MOEMA DE CASTRO E SILVA, da Academia Goiana de Letras. A meu ver, este livro de Moura Lima tem um lugar ainda não atingido, descrevendo a realidade do jaguncismo, pelos escavões das serras e lugares inóspitos, por onde os bandoleiros e jagunços passavam semeando, nas fazendas e lugarejos, o vandalismo e o terror. Jorge Moreira Lima ocupa a cadeira 15 da ATL, e seu patrono é Antônio Jose de Oliveira, saudoso e importante cidadão de Porto Nacional.
ANA BRITO MIRANDA – notável tocantinense, fundadora da PRIMEIRA BIBLIOTECA DE PEDRO AFONSO, onde nasceu. Seu livro “A HISTÓRIA DE PEDRO AFONSO” prefaciado pela escritora Amália Hermando, é obra digna de ser reeditada, por se tratar de ser sua autora a primeira mulher tocantinense que se fez historiadora e memorialista e ainda, professora, “sem nunca ter entrado numa escola”, Fundadora da biblioteca de sua cidade natal, jornalista e escritora, de mérito incontestável. Falando de sua cidade e região de onde ela está, próxima a confluência do Rio do Sono com o Tocantins, a historiadora refere-se aos trabalhos dos missionários que visitavam as aldeias dos Xavantes, Xerentes, Cráos e Guarajás, cujas passadas ficaram nos lugares que hoje são Tocantinea, Miracema e Pedro Afonso e adjacências. A autora relata, ainda, não só fatos históricos que envolveram sua cidade, também, os tristes acontecimentos provocados pelos bandoleiros. Conta, ainda, do progresso da sua cidade e da organização política administrativa de seu município e do avanço da civilização naquela Comuna, que teve seu pai como primeiro professor e, nela, a continuadora da saga dos antigos mestres. Escritora e jornalista, Ana Brito viajou muito pelo Brasil, para conhecer, dizia ela, os lugares históricos de nosso país. Era oradora de excelentes recursos, deixando, além do livro citado, outro de poesias “As Rosas”. Seu livro causou admiração ao mundo dos escritores na capital de Goiás, onde foi ele lançado, no DEPARTAMENTO DE CULTURA DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO daquele Estado. Com grande assistência, vez que Ana de Brito era pessoa conhecidíssima e estimada, dentro e fora da região do Tocantins. Naquela mesma noite de autógrafos, esta conferencista, que ora vos fala lançou, também, seu primeiro livro: “A COMUNICAÇÃO NO MÉDIO NORTE GOIANO”, com belíssimo discurso, do acadêmico da AGL, Dr. José Lopes Rodrigues que apresentou aos goianos nossas obras. Ele, secretário nativitano, era professor de gramática e foi, por 40 anos, secretário da vetusta Academia Goiana de Letras. Deixou sonetos belíssimos. O mais declamado é: “NATIVIDADE”, em homenagem a terra em que nasceu.
SEBASTIÃO PINHEIRO – poeta, jornalista e memorialista. Os versos de seu poema “Rio Lago”, embelezam a página 48 da obra “Rio Tocantins Ilustrado”, de Otoniel Fernandes Neto e Juscelino Santos. No estilo moderno, cada um dos quatro versos que, tecnicamente, compõem cada estrofe de seu poema, revela o perfil do autor, Sebastião Pinheiro. Também, su’alma candoreira e sua vida ficam “escondidas”, na beleza “do rio de tantas lutas” “rio de tantos sonhos”, plantados na sua alma poética. Depois, entende-se: vencidas as lutas, o Autor (subentende-se), em um espelho refletindo paz, que se (subentende-se) é a riqueza (moral, intelectual, espiritual e material), que se torna um barco com realizações (subentendidas) que ele, o Autor, se recomenda a si mesmo levá-la “com cautela”, para que ela não se perca, de repente num “triz”. Recomenda não ter “descuido”. Seu poema na sua elevada sincronização espiritual, na beleza de seu contexto, tem uma colocação nos versos, escondendo lições ao sábio modo de viver:
“Zela bem dessa riqueza
Com cautela com critério
Leva a vida mais sério
Cuida dessa riqueza
Não transforma tudo em um triz
Navega esse presente
Do rio ao lago um viver feliz!”
ISABEL DIAS NEVES – por vocação é escritora, poeta, contista, romancista, professora e pode fazer, de improviso, palestra literária sob títulos diversos, pois, é conhecedora e portadora de diplomas vários e de Cursos que atestam esses conhecimentos, sobre a sua habilidade na arte de escrever e, sobre tudo, na arte de poetar. Também, no falar e no escrever ela é inspirada, sempre, no nosso grande rio Tocantins, que é a maior e mais bela inspiração aos filhos desta terra: poetas, contistas, memorialista e sobretudo, poetas, como sempre! O Tocantins, é sabor literário e, também, um mel poético, no versejar de Isabel Dias; “UM MEL AZUL”
“Que corre, banhando de paz
A alma da gente.
Ondas leves dançam moles,
Quebram-se brancas
No corpo dos barcos
Que andam faceiros...”
Isabel tem a alma leve, mas, é igual ao Tocantins. De sua forte formação esconde no seu corpo frágil, aparentemente, resistências, bem como “as ondas leves e moles” do Tocantins, que vencem obstáculos, destes comuns aos jovens idealistas, tocantinenses. Os que viveram antes da criação deste Estado. Ela e todos nós enfrentamos as agruras das distâncias, as saudades da família, as diferenças sociais com que fomos tratados. Difícil era subirmos os degraus superiores! Mas, Isabel e muitos de nós subimos essas ondas opressoras, sem salva-vidas, nem protecionismos. E esse grande rio, está homenageado, nos felizes versos de Isabel: “UM MEL AZUL”. Isabel destacou-se depois de lutas e, hoje, conhecida como poeta e contista, dentro e fora de Goiás. Também, em alguns países europeus. Com seu talento e sua invejável cultura aureolada pela simplicidade, chegou a cargos de confiança e projeção, como o de Diretora do Departamento de Cultura do ESTADO DO TOCANTINS e, logo mais, eleita à Presidência da ATL. Isabel Dias Neves, já se sagrou nome festejado pelos muitos méritos que possui.
ODIR ROCHA – Acadêmico da ATL, é ele um dos suportes colaborando com seus talentos e atividades acadêmicas, para o crescimento, do nome e das realizações desta Casa de Letras, que faz sua história junto com a do Estado do Tocantins. Dr. Odir é autor de vários contos e de poesias. O livro “Auscultando a vida”, é para ser lido, meditando-se. Conhecedor das rígidas regras da arte de poetar, seus versos enriquecem nossa fantasia, buscando ver com os olhos do nosso entendimento e de nossa apreciação, sua páginas obedientes ao bom uso do vernáculo, enquanto nos prendem no que ele escreve. Suas poesias são aprimoradas, pois o autor das mesmas é hábil no seu poetar. Modernista, sem exageros, seus versos são espontâneos, ditados por sua inspiração burilada pelos seus sentimentos humanísticos, no seu apostolado do bem. Sabe observar e sentir a vida cotidiana, no mundo que o cerca, onde fogem as alegrias e vitórias. Fogem, nos desvãos da dor, escondem-se nos gemidos e lances que só um médico é capaz de entendê-los, vivenciá-los e, ainda, transformá-los em poesia! E o autor chega ao fundo dos sentimentos de quem geme e sofre e faz deles os seus versos. Dr. Odir escreve com esse naturalismo de que todo bom escritor sabe usar, obedecendo sua inspiração. Seus versos são traduzidos sob a sensibilidade do seu humanismo. Sua poética brilha e alivia, ao mesmo tempo, como linfa pura saída de sua inteligência aguçada e vai minorar a dor e as ânsias do próximo, a quem, muitas vezes, ele estende sua ajuda. Um novo Cireneu, auxiliando àquele que sofre, no carregar a sua cruz. Caminham por essa mesma estrada seus encantadores e atraentes versos, que estão no seu livro “Caminhada”...
STELLA LEONARDOS – poeta, historiadora, premiada por altas e valiosas Instituições Literárias. Membro de várias entidades litero-culturais. É presidente da Academia Carioca de Letras.
O Tocantins lhe deve um livro de poemas magistrais, onde se inclui este que se vê às páginas 32, do “RIO TOCANTINS ILUSTRADO”. Stella Leonardos usa no seu escrever poético, palavras indígenas ou enquadramento de sílabas que dão som aos seus versos: “Tucamtim” (nome de uma tribo indígena que habitou este nosso Estado, em priscas épocas).
E a inspirada poeta vê e nos convida a ver, nos seus versos, voltando nossos olhos para o alto, o seguinte:
“Eis que um bando de tucanos
tatala as asas gritando
tu-qua! Tu – câ tu – quã – cá!”
Os maravilhosos poemas de Stella Leonardos compõem vários livros de sua autoria. São, todos, obedientes a originalidade ao modernismo, sem, contudo, ferirem as regras gramaticais. O livro que ela dedicou ao Tocantins, faz parte do projeto de sua autoria – “Brasil”. É poeta conhecida e laureada por instituições literárias fora do Brasil, e tem mais de 120 títulos que comprovam sua capacidade literária.
FIDÊNCIO BOGO – a humilde figura desse acadêmico, esconde o filólogo que nele existe. Vindo do sul do Brasil, fez-se advogado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e, logo depois, mudou-se para uma cidade do interior da Bahia e daí, para Roraima; e, de lá, foi residir em Roma, tendo feito mestrado em filosofia na Pontifícia Universidade Urbaniana. Desistiu do sacerdócio, sob autorização pontifícia. Anos depois, veio fixar-se na cidade de Natividade, onde foi diretor e professor do Colégio Estadual daquela Comuna. Mas, a riqueza de seus conhecimentos obrigou-o, talvez por isso, a mudar-se para a Capital da Instrução Tocantinense, que é Porto Nacional. Ai, foi professor de filosofia e de outras matérias que exigem conhecimento linguístico e filosófico. Fidêncio Bogo é conhecido como “UM PROFESSOR POLIVALENTE”. Criado o Estado do Tocantins em 1988, ele passou a residir na Capital deste Estado, Palmas, onde é professor e membro da Academia Tocantinense de Letras. Faz parte do Conselho Educacional da Unitins. Escreveu com pureza de linguagem inúmeras apostilas, sobre as matérias que ensina, afim de facilitar maior entendimento aos seus alunos. Entre essas apostilas, ressaltam-se “Círculos de Literatura”, que deveria ser publicada como um livro de instrução sobre a leitura e suas exigências. Pois ler, é possuir também algo que ajude o leitor a escolher: a) o livro que deve ler; b) ler com atenção; c) analisar frases dignas de maior cuidado no entendimento, consultando dicionários sobre palavras que não sabe seu significado; Finalizando, fazer o mesmo, memorizando-o, sobre o que aprendeu. Fidêncio Bogo ocupa a Cadeira nº 14 da ATL, onde é respeitado por sua fina educação e seus altos conhecimentos.
NEY ALVES – eu voltaria a meus 36 anos, para melhor falar sobre o jovem intelectual tocantinopolense. Mocinho ainda, era excelente profissional do SEESP. Redigia, fazia contabilidade e os relatórios mensais à Secretaria de Saúde do Estado de Goiás, a que, então, eram subordinados os hospitais e postos de saúde do Governo.
Recém chegada a Tocantinópolis e ex-mulher do médico responsável por aquele Posto de Saúde, enriqueci-me, logo, com a amizade de Ney Alves. Ele analisava, admiravelmente, trechos dos LUSÍADAS, especialmente o CANTO V. Conversar com ele, era dar largas ao meu mundo literário que havia ficado atrás, lá no longínquo “Educandário Santa Clara”, em Campinas-Go, que agora faz 100 anos de trabalho profícuo à instrução do Estado de Goiás. Ainda agora, me detenho, recordando-me da capacidade no escrever bem e de fazer, logicamente, análises sobre poemas de notáveis poetas brasileiros e, sobre tudo, do grande vate LUIZ DE CAMÕES. “Viagem no Tocantins” é um convite a boa leitura que NEY ALVES nos proporciona na sua obra, ao mesmo tempo que nos ensina a andar pelas curvas difíceis do nosso idioma, olhando as ricas margens do Tocantins, com suas paisagens, as quais, vista uma vez, jamais serão esquecidas!
MÁRIO RIBEIRO MARTINS (Mário Martins) – notável pesquisador. Dicionarista, ensaísta e historiador. São de sua autoria: a) “Letras Anapolinas”, onde o escritor faz ricas biografias de vultos que nobrecem a cultura Literária daquela cidade, cognominada a “manchester” goiana. MÁRIO MARTINS é nordestino, mas residente há vários anos, em Goiás e, agora, no Tocantins. Escreveu muitas obras bibliográficas referentes aos literatos de Goiás e Tocantins. Essas obras formam volumosas coleções, não somente sobre as pessoas, mas, também, historiando acontecimentos na vida política e social das cidades destas regiões. MÁRIO MARTINS é aposentado como Promotor de Justiça do Estado de Goiás. Sua verve literária dá-lhe a ânsia de fazer conhecidos, em regiões menos povoados do Tocantins e de Goiás, os vultos históricos destes e a literatura dos muitos estados brasileiros que conhece e, muito da vida sócio-educativa e política dessas regiões. Portanto, o trabalho de MÁRIO MARTINS é, também, educativo. Seus dicionários chegam a grande número de bibliotecas, levando instrução, educação e deleite literário a tantas pessoas! Lendo os seus dicionários, aqueles que não podem frequentar escolas, têm oportunidade de se tornarem autodidatas ou pessoas de bastantes conhecimentos litero-sociais e políticos, que estão no conteúdo das coletâneas dos seus Dicionários.
IONE CARVALHO ARAUJO - é um novo talento poético, vindo de Araguacema-TO. Confesso ter me surpreendido ante seus versos, tão fluentes, cheios de filosofia e de regionalismo. Ela os compôs debruçada sobre as lembranças de sua terra e do Tocantins. É este majestoso caudal, de fato, a mais viva e deslumbrante inspiração a todos os poetas tocantinenses. A autora, que é, também, dinâmica auxiliar na vivência administrativa da Academia Tocantinense de Letras, guarda, igual todos os ribeirinhos do Araguaia e do Tocantins, as histórias e estórias, as canções, modinhas, catiras, trovas de amores e os sorrisos de ilusões, no seu viajar rumo a Miracema. Diga-se, Miracema é um munícipio de onde saem grandes poetas, prosadores e repentistas. Ali é o Araguaia, que encanta os olhos, os ouvidos e o coração. IONE CARVALHO tem um coração para amar sua gente e, também, a todos os Tocantinenses! Seu coração é tão vasto como o Araguaia! Nele há lugar para todas as vidas que já se passaram frente aos olhos vivos e inteligentes de IONE CARVALHO. Vidas felizes, as quais ela deseja que não sejam “lagos cercados de dores”. Também, é ela quem diz:
“Não quero espalhar-me!
Quero ser rio corrente
das águas que falem azul.
Não quero ser represada...”
Mais à frente, ela diz de como gostaria de ser –
“quero ter vida e dar vida”
Ai esta a humanista, a pessoa participativa, que deseja construir o bem de todos seus co-estaduandos. Pensando assim, ela conclui:
“Quero ter vida e dar vida
a quem se nutre
da minha carne.”
Somente os bons enviam seus pensamentos ao longe, desejando o bem comum!

xxx

Termino minhas palavras,fazendo esta longa e pouco rentável conferência.Que essa oportunidade generosamente a mim concedida se transforme em congratulações a meus irmãos co-estaduandos. Sejam acadêmicos, professores, estudantes e profissionais, em vários ramos das atividades humanas e que se dignaram aqui vir para ouvir-me.Grande me foi a distinção. Pequenino é meu mérito.
A todos meus agradecimentos, comovida. Pena que não tive tempo nem espaço para viajar, ainda, na citação de dezenas de outros tocantinenses, escritores, professores, homens de letras, amantes da cultura literária, em outros gêneros!
Peço-vos desculpas pelas falhas que tenha eu cometido. Sei que foram muitas! Mas, ao certo, a amizade de todos que me ouviram suplantará essas faltas que, confesso, não foram voluntárias.
Obrigada.
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