VEM
Enquanto eu esperava
O tempo passou.
Ficaram uns olhos tristes na distância.
Distância atapetada de temores,
De medo do amor e de amar,
Medo de gestos de carinho,
De desejo, de vontades,
Medo da entrega,
Do salto no vazio,
Da falta do chão firme.
Medo de sentir medo
Nas noites cinzas
Coalhadas de solidão
Enquanto sua boca dizia: vem.
Enquanto seus lábios diziam: vem.
Enquanto seu corpo dizia: vem.
Enquanto seus braços
Se abriam num abraço
Enquanto sua alma
Se abria ao amor
Enquanto seu corpo
Se abria ao meu
E ao meu se dava
E ao meu se entregava.
Vem. Vem...
Você dizia
Ao meu coração que sofria
Torto nas curvas do tempo,
Pequeno na imensidão da planície,
Ingênuo diante das palavras dos livros.
Todo seu corpo se comunicava
E me chamava
E me implorava
Um pouco de carinho,
Um texto de prazer,
Um gesto de amor.
E seu corpo me dizia: vem.
BSB12072002
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