Peitos nus, frontes gotejantes,
tambores rufantes,
delitos, desrespeitos, erros alarmantes...,
são gritos que ouço de um passado
distante.
Ecoam de gargantas mudas,
são suplicas surdas
emanando de peles suadas...,
de mãos calejadas...
Os pés rachados que descansam
à sombra dos canaviais
são os mesmos que dançam
antevendo carnavais.
Se as costas lhes sangravam
em infame escravidão
sobre min derraman
o fel da ingratidão.
Ofusca-me o talento
a pele escura,
minha poesia doce e pura
abandonada em desalento
que tormento...
Poesia NEGRA namorada
deusa doce amada,
leva-me por sedução
ao quilombo da solidão
Não sei meu Deus!
Se por respeito
ou por despeito
ainda sangra no peito
o sangüe negro derramado
no eito.
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