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Contos-->A VELHA -- 28/07/2000 - 15:52 (Leonardo Almeida Filho) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
... a velha não deu um pio, ficou ali, quietinha, quietinha, ali ... ó ! naquele canto mesmo, os olhinho sem sal, desse tamaninho, pretinhos, um jeito sem gosto nenhum, ficou acocorada, encostada na parede, parecia que tava mesmo esperando, acho que tava rezando, não sei; foi assim mesmo como tô lhe dizendo, deu vontade, esquisito mas ... deu uma vontade danada de sangrar a velha, comecei a sentir um gosto amargo de coisa quente na língua, um cheiro de sangue velho, um cheiro assim de saudade, de mofo - estranho, saudade que vejo e que dói, quarto fedorento de madeira, muita gente, um velho bêbado espancando uma velha gorda, uns gritos, um barulho dos diabos ... estranho - deu vontade, peguei a faca na cozinha, a véia num saiu do canto e é claro que ela tava ouvindo o barulho que eu fazia quando procurava a faca, num fez nada, peguei logo a maior, era essa peixeira que o senhor tem aí, num deu pena não, num sei por que, peguei a velha pelos cabelo, uns cabelinho branco, cheiroso ... degolei de um golpe só, ela num reagiu, num gritou, num se sacudiu, num nada ... desabou ali no canto, era uma sangueira danada, jorrava do taio da garganta; limpei a faca na cortina e sentei nessa cadeira aqui, é, nessa mesma, fiquei um tempão olhando o sangue correr no chão, fazia cada desenho bonito na cerâmica, umas linha encarnada no rejunte, parecia um riozinho vermelho sem peixe correndo no cimento da sala, só o senhor vendo; acho que as pápebra da coitada ainda batia, sei não , pareceu que tremia, ela num deu um pio; não, num tive medo de nada não, ela tava sozinha, acho que era viúva, tinha duas aliança .... num quis tocar nelas, só roubei o que num tava na véia, só tirei dela o que ela já num tinha; vi a notícia no jornal, não, num me arrependi não, era véia, tinha vivido demais, tinha que morrer mesmo; Depois ? depois levantei da cadeira e desarrumei a casa toda, peguei um lençol, joguei umas coisa dentro, um rádio, uns copo de cristal, uma bandeja e um crucifixo, achei que era de prata, num era não, os copo também dancei com eles, se quebraro tudo, quando tava de saída vi que a véia num botava mais sangue, morreu, pensei, me deu então uma coisa esquisita, uma raiva da véia, um ódio como eu nunca tive de ninguém, aquela fia da puta tinha me deixado, era uma coisa que vinha de dentro, com força, como quando a gente queima umas pedra de craque, sabe ? quando cê tá noiado cê se treme todo sem poder fazer nada, cê num é você, pois é, eu senti essa gastura de raiva, num conhecia a véia mas tava numa raiva do caralho, engraçado né ? foi coisa de espírito ruim, só deve de ter sido isso, como diz um amigo meu, o Quelemem, peguei a faca e avancei pra cima da puta véia, enfiei a faca na barriga moxibenta, até o cabo, uma ... duas ... três, trinta e tantas vezes ... perdi a conta, num via nada, quanto mais enfiava mais vontade dava de enfiar, era uma raiva tesuda, rasguei a roupa da cretina, ficou assim, nua e cheia de sangue, comecei então a chutar aquele corpo velho, era bom, um tesão gostoso, bati, bati, cuspi, mijei na véia morta, dava gosto lascar aquela véia, cortei um peito dela, mole, uma pelanca que só vendo, enfiei as unha no buraco que ficou no lugar do peito, num sei porque mais queria pegar o coração dela .... ohhhhh, então gozei, eu esporrei em cima da véia doutor, o melhor gozo que já tive, melhor que qualquer trepada que já dei por aí, minha porra e o sangue dela, era bom, muito bom, tava todo sujo de sangue e cansado, fui na cozinha e achei um vinho na geladeira, um desses vinho de padre, bebi feito bebê, queria mesmo era umas pedrinha pra queimar, o suor na testa... me deu um suador danado e a véia dura; não, num tive dó ... num me arrependo, já disse, a véia num deu um pio, estava esperando por mim, sabe ? acho que aquela véia sempre me esperou, casou me esperando, nasceu me esperando, pariu me esperando.... morreu me esperando; ela arrumava a casa só pra me esperar, toda noite, do lado da janela, sabe doutor, que ninguém me espere, eu nunca vou chegar; o outro peito tava com buraco de faca, clarinho, alvinho, mole que nem o outro, peito de veinha mesmo, né ? outra vez senti umas coisa esquisita, uma formigação, agora era diferente, não, num era raiva, era um carinho esquisito por aquele presunto ali, senti que ... cada coisa doutor, cada danação, o senhor num sabe, num sabe mesmo, eu vi a foto dela no jornal, achei uma sacanagem eles publicar aquilo, é só pra vender jornal, são todos uns filho da puta, sem coração, sem sentido; deu um troço, uma vontade de pegar nela, de proteger ela, os olho preto dela no teto, alisei os cabelo branco da coitada, cheirei eles, era cheiroso mesmo, um choro estranho veio chegando devagar, uma vontade de abraçar a véia me bateu nos pensamento... de pular no colo dela, de ser castigado por ela, tomar cascudo doutor, uma coisa de querer ganhar presente, de ouvir ela contar estória, de apagar a luz, de dormir num quarto quente ouvindo ela cantar pra mim boi boi boi da cara preta pega essa criança que tem medo... chorei, chorei feito um moleque, soluçava e soluçava e chorava, perdi o controle, meti as fuças no peito dela, o peito que sobrou, me sujei de sangue, chorava forte, meio maluco chupei o peito dela, quanto mais chupava mais me acalmava, sentia umas coisa, saudade de minha mãe que eu nem conheci, eu via apenas a véia gorda tomando porrada de um cara bêbado, ouvia um zum-zum de gente correndo e num tinha ninguém, doutor, eu via tudo e num via nada, já nem chorava mais, apenas soluçava baixinho, viver é muito doloroso doutor, eu que nunca fui de chorar, doutor, tinha chorado feito um maricão, chorei sim e tava me sentindo muito bem, um gosto de sangue na boca, delicioso, achei delicioso; dormi, acordei, num sei quantas hora eu dormi, nem sei se foi hora o tempo que eu dormi, acordei ali, naquele canto, do lado do corpo duro e frio da véia, tava um frio, devia de ser madrugada, peguei minhas coisa com o roubo, a velha tava lá, durona, dormindo, entrei no metrô no Jabaquara, tava cansado e com sono, mamãe devia de tá preocupada, acordada, me esperando; a velhinha não deu um pio doutor, um pio




...não doutor, num me bate não, ai, ai, pelo amor de ai ai pelo amor de deus doutor ...
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