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Contos-->Festa Junina no Bairro Chic -- 03/01/2003 - 21:37 (Manfredo Niterói) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Já havia chamado meu namorado para ir à festa junina do Bairro Chic, um bairro próximo ao meu e que tinha uma tradição de festas juninas bem legais. Normalmente, havia shows de bandas locais, normalmente rock ‘n’ roll e reggae. Ele não quis, dizendo que não ia a festa junina pois iria sair com seu primo. Achei estranho, e lhe disse que iria com uns amigos. Disse que poderia ir.

Fui com Stella, Cristiane, Luciana e Karla. Pegamos o ônibus e saltamos na Avenida Principal. A festa era na rua de trás. Podíamos ouvir o som da Avenida e ficamos animadas.

Stella, mãe de Cristiane estava com um visual apropriado para o local, com cabelos loiros oxigenados. No começo dos anos 90 era moda ficar com os cabelos loiros quase brancos pelo efeito do Blondor, um cosmético que devia ser misturado a água oxigenada. Depois de aplicado o usuário deveria ficar no sol e, em minutos, os pelos clareavam. A maioria das pessoas aplicava na própria casa e, em muitos casos, as medidas deixavam os cabelos bem diferentes do almejado. Stella era um caso clássico de erro de medida, mas ela adorava o jeito que estava.

A mais bonita era a Luciana, que acabara de ser eleita princesa do carnaval daquele ano, com pele morena e pele rija, chamava muita atenção pelos cabelos pretos longos. Cristiane, minha prima de consideração se achava “a gostosa”, “a maravilhosa”, morena baixa, não passava de criação de sua cabeça o número de olhares quer recebia.

Karla e eu trabalhávamos juntas nas Lojas Mesbla, como recepcionistas de crédito. Eu havia alugado uma casa com ela assim que comecei a trabalhar, pois minha mãe não deixava que saísse, mesmo estando com 22 anos, o que me levou a rachar o aluguel com ela.

O apartamento possuía dois quartos e moravam eu, Karla, Marcelo e “Favelinha”, um sujeito que era dono de uma cantina aonde trabalhava. O apelido pegou pois mesmo trabalhando – e morando – juntos, não deixava que eu e Karla “pendurássemos” qualquer coisa na sua cantina. Ricardo estava sempre por ali e era como se morasse conosco também.

Aluguei com Karla pois ela precisava de um lugar para morar, eu precisava de um lugar para ficar quando saísse. Depois que “Favelinha” soube que estávamos morando juntos, pediu para morar conosco. Nem o conhecíamos direito, somente tendo contato com ele na cantina. Ele tinha uma namorada chamada Rosana, que morria de ciúmes de nós, até que fizemos um jantar para nos apresentar. A partir daí, ela ficou mais calma. Ele parecia uma sombra e quase nunca incomodava com o que quer que fosse.

Marcelo veio assim que alugamos o apartamento, pois era namorado de Karla. Meninos num quarto, meninas noutro. Vivíamos bem, os quatro. Ou melhor, os cinco, pois Ricardo estava sempre junto a Marcelo e Karla. Uma espécie de triângulo amoroso era o que se poderia notar qualquer um que os conhecesse.

Naquele dia me sentia livre, como ultimamente me sentia dado a liberdade que adquirira. Mal chegamos e vários rapazes nos abordavam e não dávamos bola pois, afinal, acabávamos de chegar. Tínhamos de verificar se não havia opções melhores.

Não havia comprado cigarros e havia filado um de Stella, uma vez que era uma fumante ocasional. Quando me separei com Luciana para darmos uma volta o acendi e ficamos paradas perto do palco. Foi quando um rapaz de uns 20 anos se aproximou e pediu um cigarro.

Pensei automaticamente que ele estava desejando Luciana, pois realmente chamava atenção. Como tinha namorado não estava lá para paquerar. Depois que lhe ofereci meu próprio cigarro – uma vez que só tinha aquele mesmo – juntou-se a nós um amigo dele chamado Pepe.

Puxavam assunto e Luciana demonstrava a todo instante insatisfação com a situação, chamando-me para ir embora daquele local e, assim, nos livramos deles. Estava gostando do papo do que me pediu o cigarro e o outro foi direto para cima de Luciana.

Pediu para que ficasse quando Luciana insistiu veementemente para sairmos dali. Resolvi ficar e comecei a acha-lo gatinho.

Ele pegou em minha mão enquanto conversávamos. Estava gostando daquilo. Enquanto conversávamos, pude notar o meu primeiro namorado me fitando. Já havia acabado com ele há muito tempo mas ele perseguia-me.

Cristiane apareceu e disse que Wallan, meu namorado, estava na festa com o Primo, Pierre. Achei um absurdo ele não vir falar comigo.

Resolvemos dar uma volta e quando passávamos por uma das barracas de guloseimas pude sentir um braço forte a puxar-me. Era meu namorado Wallan. O recém conhecido largou minha mão e foi andando como se nada estivesse acontecendo.

- Você vem pra festa e não me procura! Agora você vai conversar comigo em casa!! – parti para a ofensiva antes que ele viesse com qualquer assunto.

Desvencilhei-me dele e encontrei parado próximo a uma outra barraca. Fomos para junto de uma Kombi estacionada e ele não queria sair de lá. Naquele momento tive a impressão que a Kombi era dele e, como morava em Icaraí, achei que deveria ser filho de porteiro. Ficamos ainda muito tempo conversando até que Stella me encontrou e, quando nos despedimos, pediu que eu anotasse o seu telefone. Como não tinha papel para faze-lo, ele colocou em letras garrafais no vidro da Kombi o número de seu telefone.

Durante o caminho fiquei gravando mentalmente o número. Ao encontrar as minhas amigas, como nenhuma delas tinha papel, anotei o número dele em meu braço com um batom que levara.

Naquela festa junina de 1990 conheci o homem que viveu comigo durante mais de 10 anos. Ainda nos vemos e sentimos falta das festas que havia naquele bairro. Durante anos fomos até lá nessa época, como se fosse um “aniversário”. A festa era só um pretexto para recordamos essa estória que acabo de lhes contar. Passar isso para o papel é só recordar momentos que não devo me esquecer.
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