Usina de Letras
Usina de Letras
99 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62182 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22532)

Discursos (3238)

Ensaios - (10351)

Erótico (13567)

Frases (50584)

Humor (20028)

Infantil (5425)

Infanto Juvenil (4757)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6184)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->Haraquiri -- 03/01/2003 - 22:58 (Jornalista) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Os olhos grandes e negros de Lee Yen refletem a chama escassa da lareira.Toca o rosto iluminado e sente o calor febril da pele.Uma enfermidade seria muito inoportuna na solidão dessas colinas.
Precisa de lenha.Calça os chinelos de couro,que rangem sobre o chão de madeira.Toca a maçaneta gélida,a porta geme.Uma corrente de ar frio lambe-lhe a cara.Dá os primeiros passos corajosos e fecha a porta.
O aroma milenar da terra chega-lhe às narinas.A escuridão verte seu licor sobre os céus.A selva de pinheiros encerra os mistérios da noite.Lee Yen mete as mãos nas luvas que trazia no bolso da calça.Sai em busca de seu machado.
O machado deve estar na mesinha de bambu.Ele vai até os fundos da casa.A mesinha está lá,mas sobre sua superfície há somente um punhal.Suspira,impaciente.A terra fofa sob seus pés,a escuridão sobre sua cabeça,o silêncio e o silêncio,todos em comunhão.
Um uivo violenta a placidez de Lee Yen.Perscrusta a selva.Não há sinal de lobos.Mais um uivo,mais próximo.Ele toma seu punhal.Cauteloso,continua a prerscrustar a selva.Um barulho atrás de si.Vira-se.
Dois olhos brilham no meio dos arbustos.A fera rosna.Lee Yen engole em seco.Recua.Os dois olhos avançam.Ele corre,mergulha na selva de pinheiros.Seus cabelos se agitam,o vento é uma lâmina. presença monstruosa atrás de si- veloz,imensa,pesada- se aproxima.
As árvores,a casa,tudo fica para trás.Os olhos de Lee Yen ardem.A perseguição prossegue.O desespero apodera-se dele.Suas pernas fraquejam.Tenta despistar a fera.Com vigor minguado,esgueira-se por um corredor espesso de arbustos.Volve o olhar para trás.Apenas o escuro denso da selva.A calma repentina não lhe engana.O medo se esconde nas entranhas dessa selva.
Pisa a terra escura,avança lentamente,olhos baixos e terríveis,mandíbulas ensanguentadas.Lança o olhar furioso para suas costas.Espvorido,sente a presença enorme da fera.Corre em contorções de dor,a febre queima-lhe o corpo.
Um tênue luz borra a medonha trilha.Lee Yen acelera,o corpo aniquilado,a alma corroída.A clareira de relva meiga e a cúpula violeta do céu engolem-no.Para subitamente,próximo às margens ridentes do lago.Fita o céu violáceo,abre os braços.Ouve as pulsações.Palpita,palpita,palpita.O céu,as aves,o mundo emudece.A respiração da fera acaricia sua nuca.Esse ser violara seu espírito,sepultara seus sonhos fabulosos.Esse sopro quente é o sopro letal que lhe tirara a ingenuidade e cultivara em sua alma o pecado e o milagre.
Palpita,palpita,palpita.As garras entram com furor metálico rasgando sua carne,cerra os olhos.Em decúbito ventral,sente a dor suprema.Rasteja deixando um rastro de sangue.Restam-lhe poucos segundos.Precisa realizar esse último ato.Descerra os olhos.Um riso imcompreensível brota em seus lábios ao se deparar com seu assassino.
Nas águas límpidas do lago,surge o reflexo de Lee Yen,sua face maculada pelo sangue e um corte profundo que se prolonga desde o ventre e acaba no punhal,a altura do peito.
A fera desloca o punhal para esquerda e exala seu último suspiro.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui