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Ensaios-->Exportar não é a solução -- 07/11/2012 - 09:50 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Exportar não é a solução

01/02/2011, por Rui Nogueira

Exportar não é a solução
Rui Nogueira

Nunca foi. Desde os tempos da colônia, as nossas riquezas naturais são "exportadas" sem que isto traduza uma vida melhor para nós, nativos deste Brasil. Sai pau-brasil, pura e simplesmente extraído e levado; ouro, diamantes, minérios e chegando mesmo nos produtos agrícolas, açúcar, café e, agora, a soja. As plantações são incrementadas apenas no interesse exterior (países exploradores).

 

Sempre levam a riqueza e fica o buraco e a miséria. Em Trayras, Goiás, isto está bem estampado. Com o ouro descoberto no rio de mesmo nome e afluente do Rio Maranhão, a cidade chegou a ter centenas de casas com milhares de escravos. Hoje se resume em cinco casas, apenas, e em ruínas a igreja e a cadeia. O ouro esgotou e a riqueza foi transferida para o exterior.
 

A borracha deixou apenas um imponente teatro em Manaus. O açúcar, há séculos viçoso no Nordeste, não consegue retribuir com uma vida de qualidade para os brasileiros que plantam e colhem a cana.
 

O cacau brasileiro de tempos áureos, mesmo em uma estrutura semifeudal, hoje está relegado ao segundo plano, pois os fabricantes de chocolate (principalmente da Europa), preferem o cacau da Costa do Marfim, quase todo colhido com trabalho escravo infantil, conforme constatou recentemente uma reportagem na TV a cabo (no Canal GNT) e produzida por jornalistas independentes.
 

O soja, com a maior safra de todos os tempos engolindo e derrubando os cerrados do Centro-Oeste, plantada com sementes naturais, tem um vigoroso e ilegal assédio das sementes transgênicas da Monsanto, modificadas para serem resistentes ao seu herbicida e de descendência difícil, colocará o produtor futuramente nas mãos da empresa, pois as sementes monopolizadas terão disponibilidade e preços de acordo com os interesses dela.
 

A soja é exportada principalmente para ser ração para bichos, no exterior, e não é divulgado que tudo o que é exportado pelo Brasil tem total isenção de impostos. Indo para fora: zero de imposto mas, aquele destinado para o brasileiro comer, recebe no mínimo 30% de impostos diretos e indiretos.
 

Ainda existe um "cala-boca" para alguns governos municipais e estaduais, que é a compensação pela arrecadação perdida devido à isenção. Aí, o governo federal desvia o que você, eu e todos nós pagamos em inúmeras taxas e impostos, para pagar ao estado ou município o que deveria ser recolhido pelos exportadores isentados. O vil mercantilismo colonial que só beneficia os exploradores. Cruel ciranda de exploração!
 

O ferro-gusa, na sua fabricação, utiliza a madeira de nossas matas transformadas em carvão. Quase toda produção é mandada para o exterior com total isenção de impostos. O ferro-gusa, fornecido à indústria de artefatos de ferro ao lado, paga cerca de 30% de impostos. E ainda haverá acusações que nos responsabilizam pelo desmatamento das nossas florestas.
 

A saca de 60 quilos de café é exportada a 40 dólares. No exterior, torrefeito, reduz-se a 48 quilos e sob a forma de pó é vendido em xícaras de cafezinho a US4 1,75. Isto rende para o dono da cafeteria estrangeira quase 12 mil dólares.
 

Em contraste, o brasileiro que colhe o café recebe R$ 5 por dia - salário de miséria. Isto é o salário do bóia-fria: R$ 60 por mês. É pior que escravidão, pois ao escravo seu dono dava a comida e um pano de algodão para vestir. Agora, o coitado do trabalhador "livre" tem que prover de roupa e alimento a si e seus filhos. Vamos continuar aceitando esta indignidade no século XXI?
 

A grande embromação do "mercado" cota o nosso minério de ferro baseado no americano (do estado de Wisconsin), que tem teores de 32% de ferro e o nosso, de Carajás, tem no mínimo 60%. Portanto, para cada tonelada que compram, damos de presente um pouco mais de 300 quilos de ferro. Por isso, grandes graneleiros americanos e japoneses se apressam em levar o que mais puderem tirar daqui, para estocar na sua região. Ficarão aqui, novamente, um buracão e uma miséria sem tamanho.
O minério de ferro na cotação atual - 5 a 7 dólares a tonelada, estabelecida no exterior (por que?) nos obriga - no instante em que um brasileiro viaja para passar uma semana nos EUA, gastando US$ 4.500 - a vender 65 caminhões de minério para ter a moeda necessária para o viajante. Sessenta e cinco caminhões de minério para uma simples viagem. É justo?

 

Nossas riquezas têm que ser negociadas com preços que permitam aos trabalhadores e produtores criarem os seus filhos com dignidade e honra. Além disso, principalmente alimentos, não podem ser exportados se não há excedentes. Soja e açúcar exportados a preço vil com isenção de impostos e nós com milhões passando fome, entorpecidos por ridícula campanha de propaganda de esmola - o Fome Zero.
 

Brasileiro não quer esmola, precisa é de um salário justo para criar os seus filhos com honra e um pagamento correto e condizente para as riquezas que vendemos.
 

Chega de doação aos estrangeiros!
 

Exportação não é a solução!
 

Rui Nogueira, médico e escritor

Rui Nogueira
Médico, Pesquisador e Escritor
rui.sol@ambr.com.br

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