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Cronicas-->Sobre: Umas Cronicas e outras agudas -mscx -- 30/09/2002 - 21:24 (m.s.cardoso xavier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Resenha do Livro: "Umas Cronicas e Outras Agudas" de autoria do escritor: Adhemar Fernandes Dantas. Campina Grande/Pb/Edição do autor/1996: 120p.
Por: Maria do Socorro cardoso xavier.

Primeiro, a justeza do título. Consta a obra de duas partes: "Cronicas" com esta explicação: `Aqui., duas ou mais Cronicas estão encadeadas, em função de um título; e "Agudas" com a explicação: "aqui, as Cronicas são soltas, refletindo, apenas, um instante de emoção de fato; reais que me atingiram como um raio".
Obra de um imaginário riquíssimo do cronista, médico, teatrólogo e humanista Adhemar Fernandes Dantas, médico paraibano de Santa Luzia/Pb e radicado em Campina Grande. Descendente remotamente de índia e de padre, tão comum no Nordeste colonial. A obra trás a marca do misticismo x religiosidade, mesclados com o "bom sauvage" de Rousseau, o ingênuo rústico, bem mais puro que o civilizado.
Uma capa simples em preto e branco, com desenho de um coração; bastante simbólico, pelo que sugere o pulsar de vida.
Livro possuidor de uma linguagem clara e ao mesmo tempo metafórica, dependente do tema abordado pelas Cronicas, assaz diversificadas. O autor trás uma soma de experiências atávico-telúricas, herdadas de sua ambiência rural e transmutando aqueles valores para a urbanidade.
Adhemar Dantas é daqueles sábios anónimos, filósofos do cotidiano, de aspecto simples; não obstante, uma mente privilegiada. Tem sempre mais do que demonstra ter. É o herói predestinado nordestino, cujo sonho de menino camponês vê realizado, após tantas andanças, em busca da sobrevivência e de um ideal, ora duplamente atingido - a realização pessoal e profissional, fortalecida pela sensibilidade social, espiritual e lúdica, bem marcantes, que só os grandes espíritos soem ser.
O livro é fértil em vivências, no diálogo integrativo com o homem rural, do povo, ao captar seu linguajar, seus dramas, anseios e o cómico dentro do trágico da vida desértica do nordestino- suas perplexidades em busca da terra de Canaã. Nas "Agudas", segunda parte substancial do livro, fica esse clima bem evidenciado, revelando-se, por igual, os textos portadores de sentidos e significações profundas. Em "Tita" configura-se a crítica ao caótico social, quando o cronista afirma: "O governo diz que o desemprego é um fenómeno estrutural inevitável, só que para Tita, simplesmente representa o sustento de sua família". E assim o autor vai recriando tipos em peculiares ao meio rupestre, daquele universo matuto, sua mentalidade, seu comportamento do dia a dia. É, sem dúvida, também um livro de memória valioso, registrado com emoção e realismo, no qual ressalta a sabedoria popular, a exemplo, da crónica "Aquela Gente".
Tanto nas "Cronicas" como nas "Agudas", o autor enriquece os textos com um gratificante senso de humor; lembra o teatrólogo e escritor paraibano, Ariano Suassuna. Rabelais tinha razão: "rir é o melhor remédio".Não obstante, o autor se angustia com as desigualdades sociais. Diversas Cronicas espelham um saber diversificado, as partes completam um todo universal, uma síntese, o homem: um ser complexo, criador, agente ativo e passivo do drama humano, estando holisticamente configurado em sua obra polissêmica.
Muitos fenómenos que envolvem o homem: o nascer, o viver, o morrer estão envoltos em mistérios, ainda não desvendado pelas filosofias e teorias científicas. É preocupação do autor: "que tinta indelével seria aquela das pinturas rupestres do Nordeste, se após 500 anos a Capela Sistina já foi retocada para não se apagar?" São estes e tantas outras especulações filosóficas e indagações científicas contidas neste inédito livro: Umas Cronicas outras Agudas de Adhemar Dantas.
Sua obra é um misto de realismo e metafísica. Prescruta os grandes enigmas da vida, mas na impossibilidade da verdade absoluta acerca de Deus- também tortura para tantos filósofos do passado - o humanista Adhemar Dantas revela uma profunda angústia existencial e ontológica.
Enfim, o autor deixa transparecer no decorrer do seu trabalho, crenças, valores, contradições, seu logos e sua praxis, fundindo tantas experiências ricas, no àmbito real e ideal, demonstrando uma considerável cultura geral adquiridas ao longo de sua existência. Seu livro é a recriação de um universo poético, real, vivido, bonito, curioso, com tiragens até de um realismo fantástico.


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