Meu homem ,
como um corcel selvagem,
andava vadio e errante,
- também feito de metades
e cigano urbano como eu -
percorrendo encantos na terra,
desvendando mistérios do céu,
buscando seu próprio reflexo
e um colo pra descansar...
Havia explorado tantas grutas,
descampado tantas matas,
mulheres mil pela vida,
que chegou já de partida,
como quem nem ia ficar...
Mas hora frágil como passarinho,
ou ágil e silencioso como um felino,
foi entrando de mansinho,
fazendo ninho,
tomando posse, fazendo morada...
Meu homem, é assim mesmo,
ele tem uma mistura rara:
metade bicho, metade gente,
visão aguçada, andarilho aprendiz,
carrega a experiência dos sábios,
uma colméia de mel nos lábios,
a entrega de um zangão,
a força de um garanhão,
com a coragem de um leão,
contida em seu coração.
E possui um toque macio,
sabe amar suavemente,
mas quando fareja meu cio,
o cheiro da fêmea fremente ,
aceita meu desafio,
me cobre de virilidade,
e vira orgia de bicho,
em total intimidade...
Metades perdidas se encaixam,
em perfeita harmonia ...
gêmeas almas se encontram,
em perfeita alegria...
almas...ânimas...divididas...
animais alados
viajantes fadados
à divina fusão:
um dia...
** MEUS REFLEXOS E REFLEXÕES **
www.centaura.com.br |