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Cordel-->OS BRAVOS DA POSSE -- 10/12/2003 - 16:32 (Altamirando Rodrigues da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

OS BRAVOS DA POSSE
AUTOR: ALTAMIRANDO RODRIGUES DA SILVA
I
São muitos os sofrimentos
Passados pelos posseiros
Que se embrenhavam mata adentro
Com espírito de aventureiros
Passarei a narrar agora
A vida desses mateiros
I
"Entre por mata adentro
Dê campo a imaginação
Pense você sozinho
Com uma foice e um facão
E tentar abrir clareira
Para tirar o sustento do chão
I
Você sozinho e Deus
Jogado a toda sorte
Sem ter noção do tempo
Sem conhecer Sul ou Norte
Viver da caça de da pesca
Até a lavoura criar porte
I
Sujeito a sol e chuva
Ataque de fera e febre
Picadas de insetos e de cobras
Comendo carne de lebre
Dias noites sem companhia
Morando em pé de pau ou casebre
I
Durante a luz do dia
Trabalhando abrindo espaço
Na mata bruta natural
Madeira caindo a regaço
É bravura sem limite
Tirar o sustento no braço
I
Todo dia, toda noite
Iguais sem mudança
As feras sempre rondando
Procurando jeito de encher a pança
De carne fresca e cansada
Do mateiro sem vigilância"
I
Todo este sofrimento
Para poder marcar a posse
Dentro da mata fechada
Não tendo choro nem tosse
O machado e o facão necessários
E muita fé em Oxossi
I
Sito aqui o machado
Porque a moto-serra é coisa nova
O machadeiro no fim de tarde
Parecia ter tomado uma sova
Com rabo de jacaré fêmea
Quando está na desova
I
Quando a área era devoluta
E mata virgem sem explorar
Quem queria pedaço de terra
E sem dinheiro para comprar
Teria que enfrentar o inexplorado
Para poder se arranchar
I
Quantas propriedades existem
De homens de dinheiro
Só depois de muitos anos
De sofrimento e cativeiro
Comendo pão que o diabo amassou
Para se tornarem fazendeiros
I
Hoje, estão numa boa
Mas, já velhos e cansados
Só Deus sabe do sofrimento
E do suor por eles derramados
Para terem uma terrinha
E pequeno rebanho de gado
I
Mas, também existem outros
Que desistiram no caminha
Hoje, vivem sofrendo
Sem terem o seu cantinho
Arrependidos e na miséria
Sem ter sequer um ranchinho
I
A perseverança é louvada
Já dizia o meu saudoso pai
-Trabalhem e economizem
Juntem um pouco e guardai
Para quando chegar a velhice
Terem um teto e um assoalho
I
Verdadeiramente não é fácil
Enfrentar a natureza bruta
Precisa de força de vontade
Fé em Deus e cuca astuta
Pois o fruto é demorado
Só quem confia é que desfruta
I
Nossa vida é um mistério
Que precisamos desvendar,
No trabalho está a chave
Do sucesso para encontrar
A oportunidade de vida melhor
E não vir a mendigar
I
Todo homem do trabalho,
No pesado ou na leveza
É importante que seja honrado
Inteligente, sem avareza
Olhando sempre para frente
Para ver o futuro com clareza
I
Sito aqui o posseiro
Devido a sua perseverança
São poucos os homens na terra
Com tamanha esperança
Uma vida inteira de sofrimento
Para fazer uma poupança
I
Muita gente sem tino
Com espírito de murrinha
Só de pensar em dar duro
Corre-lhe um frio na espinha
Vive no mundo a calotear
Sempre com inveja da vizinha
I
O sucesso é muito curto
De quem vive sem trabalhar
Dando calote na humanidade
Por ai afora a esnobar
Sua consciência pesa tanto
Que ele não agüenta carregar
I
Eu já tive oportunidade
Infelizmente, para as coitadas
De levar calote em negócios
De pessoas mal intencionadas
Hoje, levo vida tranqüila
E a delas atribuladas
I
Uma das coisas de prazer
É fazer negócio seguro
Mesmo havendo atraso
Tira-se a diferença nos juros
Sem sonegação do devedor
Um bom negocio tem futuro
I
Mas se o negocio é mal feito
Com gente sem consciência
Você perde sua condição
E o outro a inteligência
Pois ele como caloteiro
Será conhecido na adjacência
I
Quase sempre confiamos
No homem trabalhador
Que adquire com sacrifício
Derramando o seu suor
Comprando e pagando honestamente,
A seu crédito dando valor
I
Poucos homens que desbravaram
As florestas virgens e fechadas
Não usufruíram das terras
Por eles cultivadas
Criando patrimônio sólido
Para suas famílias serem confortadas
I
Muitos posseiros sucumbiram
Morreram buscando a sorte
Com eles, a esperança e o sonho
Antes de completarem o corte
Ficando apenas a lembrança
Daqueles que encontraram a morte
I
O mateiro tem uma força,
Uma energia inexplicável
Apesar da má nutrição
Sua resistência é inigualável
Não se sabe como ser forte
Levando vida miserável
I
Só pode ser força Divina
Somada a um ideal
Temperado com caráter firme
Herdado do ancestral
Adicionado a o costume
Desses homens sem igual
I
Eu fico a imaginar
Os sofrimentos passados
Por esses homens pioneiros
Abrindo clareira a machado
Nas matas virgens deste mundo,
Lugares nunca dantes explorados
I
Embora conheço a Historia
Desses homens de valor
Muitos dos seus descendentes
Hoje, são Doutor
Mas não valorizam a origem
Do dinheiro que os formou
I
Outros esbanjam a toa
O dinheiro da herança
Em poucos dias estão pobres
Não acreditam na poupança
Ficam pobres e desmoralizados
E viciados na gastânça
I
O futuro destes é incerto,
Habituaram se na boemia
Quando quiserem tomar pé
Chorarão a riqueza que existia
Arrependidos e sem dinheiro
Nem para o pão de cada dia
I
Para esses desprevenidos
Tenho um conselho a dar:
-Firmem seus pensamentos
E comecem a trabalhar
Esqueçam da orgia
Ponhas a cabeça para funcionar,
I
Tenham fé e tracem uma meta,
Trabalhem honestamente,
Verão o fruto dos seus suores
Soldo, que receberão contente
E aprendam a valorizar
O que vocês ganharem no batente.
I
Tenho absoluta certeza
Que sairão vencedores,
O trabalho enobrece o homem
Só no trabalho existem valores
O resto é tapeação
De quem quer viver de favores
I
O espaço está aberto
Para quem quiser recuperar
O tempo perdido na vida
E querer se reabilitar
O trabalho é a decisão
De quem quer se libertar
I
Muitos homens de posses
Iniciaram com pouco ou quase nada
Trabalharam com fé e perseverança
Levando vida equilibrada
Hoje, estão supridos
Desfrutando vida folgada
I
O mesmo pode acontecer
Para quem se atina a trabalhar
E levar vida humilde
Não ficar a engalanar
Economizando um pouco do ganho
E aprendendo a economizar
I
Busquem no subconsciente,
Nos arquivos ali guardados
Relembrem os exemplos
Dos seus antepassados
Trabalhem com coragem e alegria
Porque serão recompensados
I
Vejam, que naqueles tempos
As dificuldades eram maiores
Para conseguir alguma coisa
Enfrentavam condições piores
Os meios hoje são outros
As condições são melhores
I
A tecnologia facilita
O homem de hoje nos negócios
Dinamizando o seu trabalho
Abrindo novos consórcios
Tirando os riscos das feras
Colocando os riscos dos sócios
I
Mas, há quem se dá bem
Trabalhando na sociedade
Diferentes dos posseiros
Que suavam de verdade
Dando duro no machado
Para adquirir propriedade
I
O trabalho de hoje em dia
Ficou mais refinado
Acabou aquela dureza
De estar desabrigado
Hoje, presta se serviços
Em salas de ar condicionado
I
Secretária e secretária eletrônica
Fax e telefone celular
O computador está presente
É visto em todo lugar
Facilitando os negócios
De o empresário regular
I
Hoje toda economia
É informatizada
Quem não tem computador
Está na era atrasada
O fax já perde espaço
Para fontes on-line interligadas
I
A evolução tecnológica
Está veloz como nunca vi
Lança-se uma máquina hoje
Amanhã virá outra substituir
Hoje, os computadores
Comunicam-se entre si
I
Na era da informática
O homem não precisa ser pensador
Basta estudar processamento
E digitar computador
Informa-se do mundo na hora
O tempo do machado acabou
I
O mundo requer do homem moderno
Estudos e atualização
Mesmo ele sendo Bacharel
Atualizar é a razão
Quem não se atualiza
Está fora de questão
I
E o sujeito analfabeto
Está perdido e sem trampo
A tecnologia o engoliu
Sou sincero e sou franco
Este coitado hoje em dia
Sequer, terá conta em Banco
I
Pois , mesmo tendo o dinheiro
Mas, não sabe digitar
Na hora de sacar ou ver saldo
A coisa vai pegar
O computador ali na sua frente
Pedindo para o digitar
I
E ele ali diante da máquina
Sem saber o que fazer
Não sabe digitar os números
Pois, nunca aprendeu a ler
É como se estivesse em outro mundo
Esse coitado vai sofrer!!!

Na minha história, enfatizo as figuras dos nossos posseiros e desbravadores, inclusive acostumo dizer, os desbravadores entremeios, ou seja: entre os colonizadores do princípio da exploração das terras brasileiras que eram acompanhados por uma legião de escravos e serviçais que conduziam víveres e toda a parafernália que proporcionava mordomias aos seus comandantes e os "madeireiros" ou grileiros de hoje, que desmatam nossas florestas naturais com os moto-serras e tratores de esteira, transportados muitas vezes, até por potentes helicópteros, contrabandeando nossas riquezas, quase sempre para o exterior. Qual o mérito dessa ação?
Falo sim, do posseiro que arriscava a sua vida embrenhando pelas matas virgens para tentar marcar uma área nas terras devolutas do Estado, e o único recurso que possuía era muita fé em Deus, muita força e determinação, uma coragem fenomenal, uma espingarda soqueira de dois canos, um facão de 20" bem afiado, munição para a espingarda, porque dela dependia a sua sobrevivência na selva, alguns cães vira-latas magros, mas bons de caça, poucos companheiros, alguns até com família e tudo, conduzindo apenas pequena traia e o sal. Ai, quando atingia a ultima demarcação de posse iniciava-se a sua, na qual narrei em verso, esperando que o leitor tenha gostado.

Prado, dezembro de 1989.




























































































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