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Ensaios-->O pensamento único das faculdades de Educação -- 03/10/2013 - 15:40 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
As faculdades de Educação
 
Bráulio Tarcísio Pôrto de Matos - Prof. da Universidade de Brasília

Um “personagem” importantíssimo no mundo da Educação são das ins-
tituições que dão formação profissional inicial aos professores, principalmente
as faculdades de Pedagogia.
 
Assim como todos os cursos de graduação, os de Pedagogia são bastante
diversificados. Uma divisão fundamental está entre as instituições públicas
e as particulares. Nas primeiras estão os alunos que passaram por processos
seletivos mais rigorosos, mas as últimas são muitíssimo mais numerosas e 
populosas, inclusive em ensino a distância. Sugerimos ver nosso subtópico 1.1.1.
Apesar das diversidades estruturais, há impressionante semelhança de pensamento 
entre as faculdades de educação. Isto é claro na bibliografia de referência,
nas ementas. O maior exemplo está na admiração ao educador Paulo Freire, quase
uma unanimidade, comprovada pela lei 12.612 de abril de 2012, que o institui
como “patrono da educação brasileira”. Outras referências muito fortes são Antônio 
Gramsci, Pierre Bourdieu e Dermeval Saviani. O que mais chama a atenção
em relação ao “pensamento único” vigente nas faculdades de educação no Brasil é
a maneira altamente seletiva como se exercita ali o criticismo: praticamente com-
pulsivo contra autores e teorias educacionais considerados não-progressistas; 
praticamente inexistente em relação aos “gurus” da causa educacional progressista.
 
A convergência de pensamento nas faculdades de Pedagogia pode ter
várias origens. Ao que sabemos, tampouco existe diversidade de filosofia cien-
tífica dentro das graduações de Medicina, Engenharias e Exatas como Física,
Química e Matemática. Nestas últimas a uniformidade filosófica parece estar
no algo grau de desenvolvimento técnico, com divergências pontuais e muito
objetivas, quase meramente tecnológicas. A título de comparação, há muita
diversidade filosófica dentro das faculdades de Direito, História e Economia.
Nestas últimas, há vários mestres de referência, mas com pensamentos 
fundamentalmente divergentes entre si, como Hans Kelsen e Miguel Reale.
Entretanto, não é tanto um eventual atraso tecnológico relativo da Pedagogia 
em relação às engenharias o ponto mais importante a ressaltar aqui. O
que impressiona, nesse caso, é a presença acentuada nas faculdades de educa-
ção de um discurso contra o chamado “conteudismo” e “tecnicismo” no âmbito 
da formação dos futuros docentes, ou seja, não é prioritário que o estudante
efetivamente saiba usar a norma culta da língua, fazer contas e lembrar os
fenômenos históricos e naturais.
 
Acreditamos que a uniformidade bibliográfica das faculdades de Educação resulta 
de três fatores, dentre outros. De um lado, há relativa uniformidade 
de origem social dos estudantes, ao contrário do que acontece no
Direito, na Arquitetura e na Administração. De outro lado, há verdadeira
reverência em favor das instituições públicas, que são autênticos centros de
irradiação de cânones (o fenômeno da canonização do conhecimento também 
está nos vestibulares tradicionais). Por fim, há muita uniformidade na
profissão de destino dos estudantes de Pedagogia; serem da valorosa carreira 
de professor de Educação Básica na rede pública, esta que possui mais
de 70% de todos os estudantes. Neste sentido há muita diferenciação em
comparação aos egressos de faculdades de Computação, Comunicação ou
Educação Física.
 
Mais relevante do que a pouca diversidade filosófica é a distância entre
o que é ensinado nas faculdades de Pedagogia e aquilo que é necessário em
sala de aula. Nos cursos de graduação há pouco espaço para prática e o conteúdo 
e direto necessário aos alunos, especialmente na área de exatas. A título
de contraste, basta notar que, enquanto os cursos de Pedagogia dos países asiáticos 
destinam praticamente metade das disciplinas cursadas pelos alunos ao
aprendizado do conteúdo e das metodologias de ensino de Matemática, Ciências 
e Língua materna, a tendência no Brasil é ofertar uma ou duas disciplinas
semestrais em cada uma dessas disciplinas básicas ao longo de quatro ou cinco
anos de estudos. Isso para não falar da precariedade do sistema de estágio 
supervisionado praticado no Brasil.
 
Em razão do parágrafo acima, as escolas se tornam, cada vez mais, as
verdadeiras formadoras dos profissionais. Nestas os graduados recebem 
treinamentos, cursos e bibliografia mais diversificada, inclusive internacional. De
certa maneira, isto é positivo, mas em grande parte é um risco, pois alunos não
podem servir como experimentos. Ademais, os cursos de graduação são longos
e custos. Portanto, seria natural que os estudantes saíssem de lá tão preparados
quanto possível. Uma comparação interessante, mas exagerada, está naqueles
que concluem o Ensino Médio, mesmo nas melhores escolas. Estes não estão
preparados para o mercado de trabalho. Quando muito, estão preparados para
passar em vestibular e só então, quem sabe, obter boa formação para o mun-
do real. Vale lembrar que todos os anos 2.800.000 jovens concluem o Ensino
Médio no Brasil (324.000 em instituições particulares). No entanto, menos de
1.400.000 entram anualmente em curso superior. Destes últimos, 350.000 em
universidades estatais.
 
A conta do parágrafo acima não fecha e as faculdades de Pedagogia são
essenciais para solução. Se a Educação Básica, especialmente Ensino Médio,
tiver professores e gestores mais capazes de atender as necessidades reais do
estudante, especialmente a deste promover o próprio sustento mediante o 
próprio trabalho (como empreendedores ou assalariados) então todos ganharão. 
O descompasso entre vagas de Ensino Superior e egressos do Ensino Médio não
será tão preocupante. Afinal, mesmo nações avançadas têm pequeno percentual 
de habitantes com diploma universitário, como 28% nos Estados Unidos.

 

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