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cronicas-->Tudo rouba o tempo -- 03/10/2002 - 12:38 (Renato Essenfelder) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O tempo é um ladrão de dedos ágeis, flor de cafajeste que tudo nos leva muito depressa ou devagar. Em nossa queda pelo mundo nos sustenta com suas mãos de fumaça, e soltos nos caça com sua mira infalível de predador. Nos rouba a inocência, bondade, as dúvidas e segredos. Tudo. Nos deixa enfim perplexos e mudos na hora do abandono final, e distantes de suas asas outras vidas esperamos viver.

O tempo é a criatura que devorou o criador, a besta fera que ganhou vida e vingativa insiste em nos dominar. É o peso nos pulsos esquerdos e alvo dos olhos nervosos e apressados, ansiosos e tementes à perdição. É o próprio parricida, disfarçado em segundos, milésimos, anos lustros décadas e luas. E tantas outras máscaras mais.

É a criatura controladora do bom funcionamento social, é o bicho que afasta diferentes idades, é quem separa mães e filhos no início do expediente.
Pois somos criados em cativeiro pelo tempo, amarrados sob rigorosa pesquisa científica.

Tantas reações! E que mais se pode fazer? Todos com seus compromissos, quanta urgência, segundos salvam vidas em hospitais. Menos produz vitórias em jogos olímpicos, que dirão os deuses disso? O tempo é sempre vencedor.

E o que são segundos? Nada palpável, nem finas ampulhetas os seguram em suas celas de vidro. As estatísticas: a cada minuto morre um punhado de gente no mundo, e de quebra vão-se sessenta segundos, mas desses não se fala. Da gente morta toda, quantos eram conhecidos? Nem mesmo segundos... No nosso tempo cada qual com sua aflição, o mundo um langoroso ou pontual tempo de vida. Não há mundo que resista à tua morte.

Na corrida do bem viver largamos pesos e empecilhos para chegar com segurança recorde ao fim do percurso. Nascemos pesados de dúvidas, carinhos, lembranças de muitas vidas corridas e membros ineptos. A ciência, para otimizar o tempo nosso de vida, nos ensina a correr e corremos, e para melhor superar os obstáculos como um balão vamos nos livrando de nossos extras, lançando a infància e demais fases da vida com todo seu pacote de chumbos ao tempo.

E no fim do percurso seguimos trópegos com medo do pódio, afastamos a faixa e consagração, engatinhando, buscando o que não se pode recordar, o que o tempo roubou de nossos zelosos cofres secretos. No fim do tempo o tempo é infinito, e enfim vive-se sem conformes nem competições, cientes de que a besta fera nada mais virá assaltar.

Mas então sem tempo é tarde para recuperar os pesos lançados ao espaço, a infància, a pureza, a descoberta e os primeiros passos.
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