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Ensaios-->MOJICA e BOCCACCIO, à luz da psicanálise. O que há em comum? -- 18/03/2014 - 19:47 (Alexandre Pereira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MOJICA e BOCCACCIO, à luz da psicanálise. O que há em comum?


Nada acontece ao acaso? Hoje eu assisti a um filme e estou agora lendo um livro. E ambos dizem a mesma coisa, a séculos de distãncia. Parei de ler para escrever.

O filme O Estranho Mundo de Zé do Caixão, 1967, é composto por 3 curtas-metragens. Um deles, “A Ideologia” conta a história do professor Oäxiac Odéz que vai a TV debater com jornalistas a sua idéia: de que o instinto prevalece sobre a razão. Coloca a “atração” no pólo dos instintos e o “amor” no pólo da razão. Ao final, o entrevistador, em off, duvida das afirmativas do professor e este o convida para conhecer as experiências que confirma a sua tese, “e traga a sua esposa”.
Ao receber sua honrada visita, o professor mostra em seus porões, experiências sádicas-masoquistas, canibalismos, ninfeta ardendo em ácido jogado por dementes, repreendidos por ela e, excitados. Um horror!!! Sob a manifestação dos convidados, o professor os prendem em jaulas separadas por 7 dias, sem comida e água.
No 4º, 5º, 6º dias, ao perguntar sobre quem quer comer, o marido sugere que dê a esposa e ela sugere ao marido. Sobre quem será sacrificado, cada um se auto-sugere.“É a razão vencendo, verá se no 7º dia será assim”.
No 7º dia, a mulher morta de sede, não quer saber de mais nada, “Água!!!”. O professor pergunta: “Quer que eu mate o teu marido?” – “Água, água!!!”. Zé enfia a faca no pescoço dele, jorra sangue e enche um copo e dá a ela, agora solta. Esta bebe tudo, e se joga para o pescoço do marido, insaciavelmente, querendo mais matar a sua sede.

Na belíssima novela de Giovanni Boccaccio, O Decamerão, do século XVIII, na parte antes das novelas, ele apresenta o contexto que é a Peste do século XIV que dizima a cidade de Florença.
Uns se trancam em suas casas se isolando dos enfermos. Outros acreditam que a solução é gozar o máximo da vida, beber imoderadamente, fazer o que der na telha, sacanear os outros com pilhérias. Muitos fugiram da cidade deixando a casa abandonada e ocupadas por enfermos. Vale lembrar que a peste dizima, e médicos, curandeiros, as autoridades não dão a solução porque são múltiplas as soluções e as conclusões. As autoridades largaram o seus ofícios para velar a morte de familiares. O caos se instaura e os bons costumes são esquecidos, “um irmão deixava o outro; o tio deixava o sobrinho; a irmã à irmã; e, freqüentemente, a esposa abandonava o marido. Pais e mães sentiam-se enojados em visitar e prestar ajuda aos filhos, como se o não foram”. “O hábito foi que nenhuma mulher, por mais pudica, bela ou nobre que fosse, se sentia incomodada, por ter a seu serviço, caso adoecesse, um homem, ainda que desconhecido; (...) a ele, sem nenhum pudor, ela mostrava qualquer parte do próprio corpo, do mesmo modo que o exporia a outra mulher, quando a necessidade de sua enfermidade o exigisse”.
Esta é a obra que impulsionou a imoralidade do século XVIII.

NECESSIDADE diante da vida. Este é o alarme que ambos os autores fazem diante da moralidade. A moralidade é um consenso. Mas que consenso é este? Um consenso que esconde parte da vida? Por que a necessidade revela o que escondemos? O que escondemos? É a cultura? Por que não podemos aproximar o natural do cultural? A estética apolínea é para se afastar da morte? Da miséria? Da força da terra? Da natureza?

“Para as mulheres que escaparam com vida, isso foi, quiçá, motivo de deslizes e de desonestidade, no período que se seguiu a peste”
Moralidade, hipocrisia, até onde está encarnado o nosso medo? O poder? A dominação? Até onde temos que manter o status quo? A nossa miséria espiritual?

Necessidade é a defesa, que se torna neurótica, de uma criança quando enfrenta pais alienados dos filhos, autoritários e infelizes. Não é uma acusação! É uma reflexão acerca da sobrevivência física e emocional de uma pessoa cuja lógica não é formal.

Freud deu a pista, em seu livro “Mal da Civilização” colocando que a repressão dos instintos é a repressão sexual, responsável pela construção da civilização pela sublimação da pulsão sexual. A civilização é o que de concreto denota a separação do natural e cultural no ser humano (para parte dos sociólogos).

Tudo!!! Tudo o que estamos falando aqui é de SEXO!!!

Mas Freud, ao colocar que o ser humano tem que passar do princípio do prazer para o princípio da realidade, ele firmou a posição de que o mundo é assim mesmo. De que não podemos com a cultura, com esta cultura.
Reich trouxe a questão de que tudo é princípio de prazer, que somos governados apenas por este princípio e que o princípio de realidade é derivado da do prazer satisfeito. Quanto mais satisfeito, maior serão nossos sentidos para a realidade. Reich descartou o instinto de morte como instinto do animal. Assim, Reich salienta a auto-gestão, como o princípio de realidade satisfeito em suas necessidades.
Para mim, a morte descrita por Mojica da forma como ele coloca é uma neurose. Mas é uma neurose encarada de frente, com todos os seus simbolismos. È um se entregar para o misterioso, que só pode ser um orgasmo intenso, um renascimento, e não como encaramos o orgasmo como a morte, porque não agüentamos tamanha entrega. É o corpo encouraçado.
Encerro estas considerações sobre a moralidade (cultura) e necessidade (instinto), para abrir campos para vocês estarem juntos nestas reflexões.


EMRIQI
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