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Ensaios-->Aplausos a Rogério Sganzerla -- 18/03/2014 - 19:52 (Alexandre Pereira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Aplausos a Rogério Sganzerla

Estou satisfeitíssimo com o filme que acabei de assistir, 'Copacabana moun amour', 1970 ( creio eu), do cineasta barriga-verde-carioca Rogério Sganzerla. Recomendo. Falar do filme é fácil, sua essência, mais difícil...para mim impossível.
Comecei a assistir o filme, bastante curioso, já que filmes marginais foram desastrosamente banidos pela simpática e tensa ditadura militar e, deparei-me, logo no início, com um filme de falas desencontradas, personagens sem foco, num estado de loucura pura. Pensei ( eu desacostumado com filmes marginais - nenhum filme marginal que assisti, ainda mais desse brilhante cineasta, foi vão), será que este é um filme descentrado com a pretensão de uma sofisticação? Não, o filme me envolveu, e trouxe uma estética metarealidade extraordinária (explico depois).
Aplausos, porque hoje em dia não encontramos filmes assim, com um teor político-crítico sob a estética dionisíaca, tranvestido de 'gente doida', é o meu Brasil!! ninguém entende nada, tá todo mundo chapado!!! Quem não tiver de sapato, não sobe!!! Hoje encontramos filmes de entretenimento, hollywood, enlatado ( feito pela fábrica, formatadinho), ou filmes que 'revelam' uma revolução, uma crítica social, que não saí do que é permitido dentro do estabelecido. Claro que há exceções, mas infelizmente a maioria tem um discurso preso a convenções. Este filme, compreende uma linguagem estética revolucionária (no mínimo crítica), com um discurso simples para quem está aberto, entregue, sem racionalismos ou academicismos. É aqui que quero, um pouco, chegar. Ele rompe com uma ordem academicista.
Parece que agora eu entendi aonde que o cinema marginal, numa das figuras ilustre de R.S. quis chegar, quando lançou seu movimento numa crítica ao cinema novo. Primeiro, quero ressaltar, que apesar da crítica (uma dádiva ao cinema nacional), o cinema marginal não se opôs como inimigo, para anular o outro, e sim como irmão, na tentativa de construir uma estética firmemente brasileira, cinematográfica, onde um 'supera' o outro.
O cinema novo, na figura de Glauber Rocha, veio para firmar uma estética e uma luta das massas do que seria verdadeiramente brasileiro, ou potencialmente brasileiro. E assim, trouxe um cinema que rompeu com o 'americanismo dos EUA' trazendo uma panfletagem revolucionária oriunda das lutas dos movimentos socialistas revolucionários. Para isto, valorizou a massa de trabalhadores do campo e da cidade, valorizando figuras como o cangaceiro ( e sua luta, dentro da contradição da sociedade), o retirante, o negro, o povo, e os valorizando, colocando-o no foco, como herói. Mas a estética é a discursão mais importante: para mostrar a contradição de nossa vida brasileira, a loucura dionisíaca foi a adotada, com muita justiça, mas de forma planfetária.
O cinema marginal tirou esta panfletagem, destituiu o povo de seu heroísmo, e chutou o balde da ordem revolucionária. Este filme, para mim, supera o 'O bandido da luz vermelha' de R.S.. Ele é muito parecido com o 'A idade da terra' de G. Rocha. Ambos (Copacabana... e a idade...) produzem uma estética dionisíaca. Vejam: enquanto que Glauber contrapõe esta estética com a estética apolínea dos burgueses, dos dominadores/opressores, este filme se firma no dionisíaco sem se preocupar com 'qualquer coisa sei lá eu que bixo é este que vocês falam, burgueses, isto é nome de prato de macarrão é?'. É dionisíaco, é terra, é entrega, é o estado de se estar na rua, vivendo, sem compromissos. E, a loucura é a plena auto-gestão da sobrevivência racional-intuitiva e inteligênte. Este é o Brasil!!! Que caretismo é o academicismo, é sério, porcamente, hein!!! 'Quem não pode, avacalha!!!' chega de romantismo!!
'Tenho nojo do povo'. Ahaha, quem é o povo, você?...é auto-regulação, cada um sabe de si, se sou povo, sou massa, sou a sem-eu.
Canivete, tamancos na estrada: 'não sou tarada!! vocês são tarados!!'.
É um filme formidável, Viva o cinema marginal de Rogério Sganzerla, pena que esse cara se foi. Pena que não há imortalidade e viviríamos na luxúria!!!! Viva a Galinha Preta, c`a vela e cachaça.

Como numa mesa de bar, podemos ficar aqui falando do filme por tempo, espero que vocês leitores e construtores deste blogg possam assistir e comentar. Sobre a estética metarealidade extraordinária, as palavras falam por si, mas sua sanidade explícita, vulgo loucura, é uma realização da realidade subjetiva fora do comum, onde a fantasia subjetiva se encontra amparada na realidade, ela é real. É como se os instintos e suas perversões, o id, tomassem conta das atitudes dos personagens ainda com o ego segurando de leve suas rédeas.
Outro tema, a colocar, é a atuação dos atores que conseguiram uma desinibição marcante. Foram ótimos . Gostaria de ir adiante, mas encerro para não ficar chato

Este filme passou no Canal Brasil na Sessão Interativa, que consiste em o público votar em um dos três filmes indicados. Não votei, mas queria muito votar neste filme para que ele ganhasse, fico muito feliz que o público o elegeu.


EMRIQI
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