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Ensaios-->O tridente do diabo: Mantega, Augustin e UNICAMP -- 24/02/2015 - 11:22 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

 

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No que deu a  nova matriz econômica do ministro Mantega, do Arno Augustin e dos economistas da UNICAMP

                        (Belluzzo - convém lembrar -  foi um dos gênios do Plano Cruzado). Sem citar que a nova classe média deverá voltar

                        de onde foi retirada com a recessão + alta da inflação desenhada para esse ano e também com um 2016 também muito difícil.

 

Reconstrução

 

BENJAMIN STEINBRUCH

Evito sempre citar muitos números em minhas colaborações nesta página por entender que o excesso de cifras torna o texto árido e aborrece o leitor.

Mas peço licença hoje para fazer uma exceção, porque é necessário mostrar a dramática situação da indústria brasileira, cuja produção regride ano a ano a olhos vistos.

Os números do ano passado já são conhecidos : a indústria como um todo teve uma produção 3,2% inferior à de 2013. A situação é muito grave na indústria de transformação, que apresentou queda de 4,2% --a extrativa cresceu 5,7%.

A situação não seria ainda tão grave se algumas categorias da indústria de transformação tivessem escapado dessa tendência recessiva. Nada disso, todos os grandes setores terminaram o ano passado com quedas, algumas impressionantes.

A indústria de bens de capital, cuja atividade reflete o ritmo de investimentos no país, teve redução de produção de 9,6%. A de bens de consumo duráveis, prejudicada bastante pela diminuição das vendas de veículos, caiu 9,2%.

Nas categorias de bens intermediários e de bens de consumo não duráveis, as quedas foram menores, respectivamente de 2,7% e de 0,3%.

Quando se tira um retrato da indústria manufatureira em dezembro para compará-lo com o de um ano antes, o resultado é deprimente, com números negativos de dois dígitos.

A categoria de bens de capital mostra redução de produção de 11,9%. Principal razão : a retração de 17,6% na fabricação de máquinas e equipamentos de transporte.

É deprimente também a observação desse retrato em seus detalhes, quando se olha o que ocorreu em subsetores da indústria.

Alguns exemplos : a variação da produção acumulada nos 12 meses de 2014 foi negativa em 57% nos artigos de joalheria/bijuteria; 25% em componentes eletrônicos; 24% em caminhões e ônibus; 19% em tubos de aço; 16% em fundição.

O tamanho desses números negativos e a magnitude das perdas mostram que o país não enfrenta um problema trivial. Não há nenhuma dúvida, a indústria está minguando.

O índice de utilização da capacidade instalada, um bom indicador da saúde do setor, caiu seguidamente no ano passado.

Estava em 84,6% em janeiro e encerrou dezembro em 81,3%, segundo dados da Fundação Getulio Vargas.

Infelizmente, 2014 não foi um ponto fora da curva para indústria brasileira. O setor regride sistematicamente desde a crise global de 2008, à exceção do forte avanço de 2010, promovido por causa dos estímulos ao consumo interno. Levando em conta todo o setor industrial, inclusive a indústria extrativa, a produção se encontra hoje em um nível aproximadamente 6% inferior ao de antes da crise mundial.

Em termos globais, a indústria brasileira perde participação. Trinta anos atrás, chegou a responder por quase 3% da produção industrial mundial. Hoje, segundo estimativas, tem pouco mais de 1,5%.

O setor não retomará seu ciclo de crescimento sem redução de suas fragilidades decorrentes de elevados custos, que minam a competitividade da produção. E as razões desses custos são por demais conhecidas:

(1) elevada carga tributária e complicado sistema de arrecadação que exige esforço infernal para o cumprimento das obrigações --são urgentes a reforma tributária e a simplificação do sistema;

(2) política cambial que não estimula a exportação;

(3) política monetária que jamais permite aos setores produtivos conviver com taxas civilizadas de juros;

(4) legislação trabalhista que engessa as relações entre empregado e empregador;

(5) enormes deficiências na infraestrutura.

A correção de rumo da indústria brasileira exige um esforço genuíno para enfrentar esse conjunto de fatores que elevam custos e tiram competitividade. E também clama por ações para estimular a inovação, a abertura de novos mercados externos, a preparação de mão de obra, a proteção do mercado interno contra a pirataria e a concorrência desleal de muitos produtos importados, o crédito de longo prazo, a desoneração de insumos básicos para beneficiar toda a cadeia produtiva, o incentivo à economia verde.

Essa reconstrução não é uma tarefa para amadores e nem pode ser feita unicamente por obra e graça das forças do livre mercado.

Folha, 24.02.2015

BENJAMIN STEINBRUCH, 61, empresário, é diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional e Presidente do Conselho de Administração da Empresa. Escreve às terças-feiras, a cada 14 dias, nesta coluna.

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