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cronicas-->NO TEMPO DO CAMBUCÁ -- 03/10/2002 - 19:00 (Hilton Görresen) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


No meu tempo de criança, havia uma fruta chamada cambucá. Era uma baga esférica, com epicarpo amarelo e consistente, de polpa amarelo-avermelhada, espessa, gelatinosa e agridoce. Deu pra entender? Eu também não, hehehe! Só sei que era gostosíssima. Se fosse pela definição do dicionário, acha que minha turma iria se arriscar a entrar no morro do velho Jango e empoleirar-se naquela árvore enorme, folhuda, para catar as frutinhas? O velho era ciumento de seu frondoso cambucazeiro, o único da cidade, ou quem sabe do sul do Brasil. Dizem que possuía uma espingarda que dava tiro de sal para espantar os "distraídos" que entravam em seu terreno.
Pois um belo dia a gente estava lá. O Carioca, que era mais leve, havia subido na árvore, catava as frutas e as atirava para nós. A gente separava uma para ele e comia duas ou três. Irmãmente. Numa hora, o Juca - que estava de frente para mim - arregalou o zolhão e quase engoliu o enorme caroço da fruta. Olhei para trás e lá estava o velho Jango, parado, o rosto carrancudo. Pernas pra que te quero! Desabalamos pelo meio do capim-serra, até alcançar o outro lado do morro. Aí nos lembramos do Carioca. Será que havia conseguido se safar? Esperamos um pouco, aí o remorso começou a bater. Que sacanagem, abandonar o amigo naquela situação! Corajosamente, voltamos pelo meio do mato, silenciosos, afastando ramos e cipós. Chegando mais perto, deu para ouvir a voz grossa do velho:
- Quero ver você se mexer!
Santo Deus! O Carioca, coitado, devia estar todo amarrado, com um lenço tapando a boca, a espingarda apontada para sua cabeça, como, aliás, acontecia nos filmes de faroeste. Então o velho riu satànicamente:
- Hahaha! Agora vou te papar!
Putzgril! Será que o velho Jango era tarado? Custasse o que custasse, tínhamos que defender a honra do amigo. Saltamos corajosos por entre as folhas. E lá estavam os dois sacanas, refestelados na sombra da árvore, diante de um tabuleiro de damas. O velho era tarado sim, mas por um bom jogo!

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