Minha mãe digital
que embalou minha ira adolescente
dormente, sem surpresas,
num quadrado bestial.
Mais sonoro que as cidades e
mais forte que as cabeças,
O saber de tuas empresas, frascos,
potes, certezas, tão depressa nudezas e
cordialidades.
Queria adentrá-la,
como num coito coibido,
e sair brilhando, ofuscante :
cantor destaque, ídolo atleta, invejado.;
o maior pinto, o cérebro mais inteligente
- se eu pudesse, eu venceria-.
-Me deixe entrar, mamãe!...
-Me mima, me nina, me cala,
esta alta estima que fala,
porque eu sou ninguém, eu não tenho a verdade, eu estou errado.
Só você pode,só seus deuses,
veneráveis e únicos,
e eu os venero à todos,
com olhos, ouvidos e mente.
Eu mudo, eu doente,
nunca tão belo,
tão culto,
tão nobre,
tão querido,
tão alçegre.
Você ama os extremos, e eu os aceito.
O que você regurgita,
informação semi-digerida:
-Eu quero, eu quero, eu quero!
Estímulo, informação dirigida,
meu mundo tão pequeno,
só cresce, só ganha,
você me é tão útil, e a tantos,
-E tu tão cheia de intenções, sua piranha.-
Mercado, futilidade, lucro, crescer, comprar, quimera:
-Que nada, é só relaxar!
O crédito é uma facilidade que no mundo, em verdade, nada é relax, nada facilidade.
Que falte comida, que falte fortuna, que falte educação, que falte amor, mas que você não falhe,
nem a mim, nem à outros tantos, nunca.
Tão frios, tão vulgares, tão vazios,
quanto eu no seu seio,
em tantos lugares no mesmo anseio.;
A óptica,
da mesagem psicológica de tua mente nefasta:
Que invejar outrem em vida melhor,
já basta!
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