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Artigos-->CRACK CONSUMO NO BRASIL -- 21/09/2013 - 11:52 (edson pereira bueno leal) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


CRACK  CONSUMO NO BRASIL



 



Edson Pereira Bueno Leal, setembro de 2013.



2009



 



Relatório do Escritório de Drogas da ONU , Unoduc , apresentado em junho de 2009 mostra que as apreensões de crack no Brasil passaram de 145 kg ( em 2006), para 578 kg( em 2007 ) . ( F S P , 26.06.2009, p. C-4) .



O governo federal vê sinais de endemia de consumo de crack em algumas partes do Brasil e em junho de 2009 lançou novo programa de combate às drogas em cinco regiões metropolitanas , Porto Alegre, Rio de Janeiro, Vitória , Salvador e Brasília , chamado de Ações Integradas , o projeto , com recursos de R$ 54 milhões, funcionará em três frentes – prevenção , tratamento e repressão . Serão treinadas 80 mil pessoas entre professores, profissionais de segurança pública e de saúde , melhora de estrutura física e de equipamentos em clínicas e hospitais da rede de tratamento do pais e intensificar as operações de combate ao tráfico . ( F s P , 26.06.2009, p. C-4) .



Em 2011 foi lançado novo programa com recursos prometidos de R$ 4 bilhões até 2014, mas até setembro de 2013, só R$ 1,6 bilhão havia sido efetivamente gasto. ( F S P , 20.09.2013, p. C-4) .



 



2010



 



Pesquisa feita pela Confederação Nacional dos Municípios , abrangendo 71% dos municípios brasileiros indicou que o crack está presente em 98% dos municípios pesquisados , mas apenas 14,8% contam com centros de atenção psicossocial para o tratamento de usuários .( F S P , 14.12.2010, p. C-4) .



O consumo está se generalizando pela classe média . “Estudantes de faculdades particulares, advogados, publicitários e até médicos são as novas vítimas dessa substância , afirma o médico Luiz Alberto Chaves de Oliveira , presidente do Conselho de Drogas e Álcool de São Paulo e diretor da Clínica Vitória , em Embu , na Grande São Paulo , que cobra em média r$ 9000 por mês por uma internação.



Segundo Roberto Monteiro, secretário de Segurança do Ceará, “ o problema do crack é tão grande , que a gente chega a ter saudade do tempo da maconha “ . ( Veja, 24.12.2008 , p. 55) .



 



2011.



 



Uma pesquisa  da Fundação Oswaldo Cruz indica que há em 2011 , 1 milhão de viciados nessa droga no Brasil. Vinte anos atrás restrita a São Paulo , a droga  hoje faz vítimas em nada menos que 98% dos municípios brasileiros”. ( Veja, 22.06.2011, p. 96).



Pesquisas da Unifesp apontam um número maior de viciados em 2011, 2,8 milhões de usuários de crack e cocaína e entre os 3,8 milhões de usuários de maconha, 2 milhões também usavam crack simultaneamente. ( Osmar Terra, F S P , 1.6.21013, p. A-3) .



Segundo o psiquiatra Ronaldo Laranjeira , da Unicamp , um dos maiores especialistas no assunto “ Há dez anos , 200.000 brasileiros haviam tido contato com o crack; Em uma década , esse número saltou para 800.000”.



A gravidade do problema aumenta quando se verifica que o crack deixou de ser restrito a marginais e a moradores de rua , mas atinge a jovens de classe média e alta .



Em dezembro de 2010 , o Instituto Nacional de Políticas Públicas do Álcool  e Drogas traçou um perfil da população da cracolândia em São Paulo e descobriu que, do total de 178 ocupantes, dezessete tinham curso superior completo . Outros 24 jovens estavam matriculados em faculdades – dois deles em cursos de medicina . ( Veja, 25.01.2012, p.64-69) .



No Recanto Paz, em Pernambuco, 80% das internações são por causa do crack . O tratamento  de seis meses custa R$ 8.000,00 . 



As internações em clínicas particulares são muito caras, chegando a mensalidades de até R$ 50.000,00 . Segundo o psiquiatra Pablo Roig, proprietário da Clínica Greenwood , custo de internação de R$ 23.000,00 por mês , “ Antes praticamente todos os pacientes vinham por causa da bebida ou cocaína .  Nos últimos cinco anos , o número de viciados em crack subiu 60%. Hoje é o nosso principal problema ”. ( Veja, 25.01.2012, p.64-69) .



No Centro Terapêutico Viva, um dos maiores do interior de São Paulo, localizado em Piedade , que cobra R$ 14.000 por quatro meses de tratamento, 95% dos internos são pacientes devastados pelo crack . ( Veja, 19.11.2008 , p. 114-117).



No Rio Grande do Sul os dados são preocupantes . Segundo as autoridades de saúde do Estado , a partir de 2006 o crack se estabeleceu como o pior problema de saúde pública no Estado . O secretário estadual de Saúde , afirma “ Temos uma epidemia , já que hoje há cerca de cinco usuários para cada grupo de mil habitantes , e isso está se alastrando rapidamente “ . estima-se que existam no Estado 50 mil dependentes , o dobro do existente em 2005 . A Polícia civil gaúcha apreendeu 20 kg em 2005 , 119 kg em 2007 e 97 quilos de janeiro a junho de 2008 . Usuários de crack estão ocupando 80% dos 30 leitos do setor de urgências psiquiátricas do hospital estadual São Pedro.



A seção gaúcha da Organização Amor-Exigente , espalhada pelo país e que dá apoio a famílias de dependentes , contabiliza que, em 2003  o crack representava 25% dos pedidos de ajuda entre viciados e em 2008 ele está por trás de 73% dos chamados . ( Veja, 19.11.2008 , p. 114-117).



Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, desde 2007 o crack vem substituindo a merla [ um subproduto da cocaína,  em pasta] , usada predominantemente por pessoas pobres da periferia  , a maioria moradores de rua , mas  atraindo a classe média . Em 2006 a corporação aprendeu 2,85 gramas de crack . Em 2007 o total saltou para 562 gramas . De janeiro a maio de 2008 já são 722,5 gramas e no final de maio apenas uma operação apreendeu 1,9 quilos . ( F S P , 27.07.2008 , p. C-6 )



 



 



CRACK JÁ É VISTO COMO EPIDEMIA .



Especialistas em saúde já estão tratando como epidemia o vício do crack no Brasil. A droga, antes considerada marginal e restrita a moradores de rua, hoje avança sobre outras classes sociais. Segundo a Associação Brasileira do Estudo do Álcool e Outras Drogas, 40% dos dependentes no Brasil são da classe média.



Levantamento realizado em 2010 pela Confederação Nacional dos Municípios em 4.430 das 5.565 cidades brasileiras , revelou que o crack é consumido em 91% delas. ( Veja, 18.01.2012 , p. 67) .



Como consequência desse aumento no consumo de crack, as clínicas de reabilitação estão lotadas e as famílias, em desespero, tentam fugir do vício. “Você acaba fazendo dívidas. Você pega uma e fala que vai pagar. No dia seguinte, você vai pagar três”. Esse é o depoimento de um estudante de direito que largou a faculdade por causa do crack.



O  perfil do consumidor desse tipo de droga mudou no Brasil. Antes marginalizada e quase exclusiva dos moradores de rua, o crack ganhou, agora, espaço em todas as classes sociais. “Eu perdi a vontade de viver, perdi o emprego, um pouco da amizade da minha avó. Perdi o contato com meu irmão, com alguns amigos, com parentes”, conta um dependente químico.



Há  uma década, a maioria da pacientes que se internava em uma clínica, em Campinas, era dependente de cocaína. Hoje, a cada dez dependentes, nove são viciados em crack. Números que se repetem em quase todo o país.



Em Goiânia, a epidemia de crack já é um problema nos hospitais públicos. Lá, um dos maiores hospitais que atendem pelo SUS dependentes de drogas viu triplicar, nos últimos três anos, o número de pacientes dependentes de crack.



No Núcleo de Estudos e Pesquisas em Atenção ao Uso de Drogas (Nepad) ,da Universidade do Estado do Rio de Janeiro , até 2007 não havia usuários de crack . Em 2009 eles representam 30% da demanda . ( Veja, 4.11.2009, p. 67) .



Antes, eles representavam 20% das internações, hoje são 60%. A maioria não quer se tratar e abandona a clínica, em média, duas semanas depois de dar entrada no hospital.



Foi o que aconteceu com o filho de uma dona de casa. O adolescente, de apenas 15 anos, se viciou em crack e não aceitou o tratamento. Hoje, ele está detido em uma unidade para menores infratores e deve ficar lá por 45 dias. Ele foi denunciado pela própria mãe por roubo e até por agressão.



“Eu acho que o certo seria ter uma forma de a gente, pai e mãe, assinar e obrigá-los a se tratar. Não tem. Então, a solução foi denunciar meu próprio filho. Se eu não denunciasse, ele ‘matava eu’ e minha mãe, ou ia se matar no crack, ou morrer na mão de traficante”, diz a mãe.



Os especialistas dizem que essa mudança no perfil das internações tem relação com os efeitos do crack, a chamada sensação instantânea. De acordo com os médicos, o crack vai direto para o pulmão e, de lá, chega ao cérebro em apenas oito segundos. A cocaína, por exemplo, demora até 20 segundos para fazer efeito.



As consequências do crack são tão avassaladoras que, em apenas um ano de consumo, os usuários podem sofrer danos irreversíveis. A dificuldade é ainda maior na hora de abandonar o vício.

Em Sergipe uma jovem de 21 anos teve uma crise nervosa por ficar sem a droga. Com uma vassoura, ela destruiu parte da casa. Tudo acompanhado pelo filho, de apenas quatro anos de idade. Sem força para lutar contra o vício, a jovem pede ajuda: “Eu preciso de ajuda, urgente. Do jeito que eu estou indo, vai dessa para a pior”, diz.



Para os especialistas, as famílias que vivem esse drama precisam de ajuda de políticas públicas.“Nós não temos a regulamentação dessas políticas e a prática para oferecer os serviços necessários. Então, por exemplo, não existem internações involuntárias, para pessoas que precisam de tratamento e que não querem esse tratamento. Ao mesmo tempo, as que existem voluntariamente têm pouca ajuda do governo”, diz Maurício Landri, especialista em tratamento de droga. ( Jornal Hoje, outubro de 2009 ) .



 



2013.



 



Pesquisa da Fiocruz, encomendada pela Senad ( Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas), foi divulgada em 19 de setembro de 2013 e é o maior estudo do tipo feito no mundo. A pesquisa foi feita com 25  mil pessoas em 2012 em 26 capitais e no DF.



A pesquisa foi feita só nas capitais , com dados recolhidos em 2012 e estima que existem 370.000 usuários nas capitais e Distrito Federal de crack e drogas similares – pasta base, merla e oxi.



Os pesquisadores estimam o total para todo o Brasil de 700.000 viciados, abaixo de outras estimativas como já citamos .



O estudo revela a surpreendente informação de que 38,7% dos usuários das capitais está no Nordeste, seguido por Sudeste ( 29,6%), Centro-Oeste ( 13,3%), Sul ( 9,7%) e Norte ( 8,9%) . Ou seja , a mídia destaca muito a cracolândia em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas o problema é mais grave ainda no Nordeste.



 O Nordeste também tem a maior proporção estimada de crianças usuárias ( menores de 18 anos) : 18.9% , contra 13,5% da média.



Outro estudo, de abrangência nacional e feito entre 2011 e junho de 2013 , em 7.381 usuários regulares de crack e similares, busca traçar o perfil do viciado de crack: 78,7% são homens, 80% são “não-brancos”, e 41,6% foram detidos no ano anterior . Ou seja, para o crack vale também a máxima da cocaína: cadeia ou cemitério.



Cerca de 55% pararam de estudar entre a 4ª e a 8ª série do ensino fundamental demonstrando que o vício também é uma questão falta de informação .



Nas mulheres viciadas o quadro é trágico. Cerca de 46,6%, disseram ter engravidado ao menos uma vez após começar a usar o crack, o que significa transferir as consequências danosas do vício para uma criança que não tem nada a ver com a questão . Cerca de 10% estavam grávidas no dia da entrevista. Cerca de 44,5% disseram ter histórico de violência sexual e 29,9% trocam dinheiro ou drogas por sexo, ou seja , o crack é o caminho para a desgraça e também para a prostituição .( F S P , 20.09.2013, p. C-4) .

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