Ontem eu sonhei com você Júlia.
Estávamos em uma praia deserta, mais precisamente, em uma ilha paradisíaca do Pacífico. Como sempre, você estava linda. Uma linda mulher. Você corria pela praia e deixava pegadas maravilhosas na areia. Você estava com um biquíni vermelho e vinha em minha direção. Sorridente, morena e bronzeada.
Júlia, eu estava sentado em frente a choupana, tomando uma caipirinha de vodca. Você chegou e não disse nada. Apenas sentou ao meu lado. Ficamos ali, bebericando e contemplando a imensidão do mar e do céu. O som do incansável vaivém das ondas é a nossa música predileta.
Penso na paz e na felicidade. Júlia: será que a paz existe? Será que seremos felizes? Você está calada, Júlia, e temos mar, areia, céu, coqueiros e uma cabana para descansar.
Júlia, para amarmos alguém, essa pessoa precisa ser bela, ter dinheiro e ser famosa? Diga-me, Júlia, tu és bela, tem dinheiro e é famosa... quantos amou?
É possível sermos coerente com um amigo, existe o amigo verdadeiro? E os desafetos, os incompreensíveis. A nossa agressividade é fruto da ignorància, da perspicácia, da ganància ou da má fé. Qual será a finalidade do ser humano nesse pontinho azul do universo. Esse mundo é pequeno, Júlia, mas têm muita gente. Gente que ama, sonha e é sensível. Gente que odeia, e faz a guerra.
Júlia, como podemos nos corresponder com uma pessoa que não conhecemos, ou que conhecemos apenas o nome ou o codinome em uma página virtual. Como podemos ter certeza que uma pessoa é linda, sendo o que sabemos dela é muito pouco. Apenas o nome numa telinha. Eu sei que é bela. É bela porque escreve bonito, porque escreve sem preconceito, porque é inteligente.
É bela porque conversa com John Lennon.
Nesse instante, Júlia faz um sinal para que eu entre na cabana. Talvez esteja achando meio enfadonha essa minha conversa. Entramos. Lá fora anoitece. Um vento forte movimenta os coqueirais e a lua cheia ilumina a praia deserta.