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Ensaios-->Estrutura dos gêneros literários em Ravenala -- 04/01/2017 - 18:49 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Mude a denominação do anjo. Podes ser processada por segregação. Racismo. Anjo das trevas parece mais adequado.
— Anjo das Trevas não tem  o mesmo efeito literário que Anjo Negro.  Teológico, talvez tenha. Literário, não! Ademais, negro é cor. Não raça.
— Vais escolher então, o efeito teológico ou literário?
— A Bíblia pode ser considerada como literatura?
Robert ficou embaraçado.
— Isso é polêmico. Os livros bíblicos apresentam a estrutura literária praticada na época em que foram escritos. Sob essa ótica, é literatura. Mas... se fosse literatura, não estaria comprometida com a verdade. Enfim, a religião não é uma ciência, nem a Bíblia, um livro. Embora etimologicamente o seja, a Bíblia é uma pessoa. É Deus falando pela boca daquele que proclama   a Palavra.
— Vais deixar estas coisas numa prancheta?  Inscreve-as num livro, a fim de que tua palavra seja eficaz e duradoura. É preciso  transformar o negrume em brancura e colocar um ponto de luz na escuridão.
— As trevas também me assustam. Anjo das trevas me assusta mais que anjo negro.  Treva é a ausência de Luz, como no princípio. Negro é ausência de cor. O anjo mau é anjo de luz, decaído. Anda na escuridão com sua luz fosfórea, competindo com o Acendedor de Lampião. Manterei o Anjo Negro, e deixo, aqui, por antecipação, minha defesa. Negro não remete a raça nem etnia. Negro é cor, ou ausência de cor. É dúbia interpretação, pensar de outro modo.
— Não te lembras daquele teu poema? Não pôde participar do Concurso de Poesias do Marista, com o título  ‘Mulatinha’.  E mesmo sendo uma alusão à beleza negra, o título foi assinalado como "não politicamente correto".
— O Brasil tem essas coisas. Se por um lado, peca por excesso de zelo, por outro, relega a plano inferior a própria vida. ‘Vem cá meu dengo...vem cá meu nego...’ não é tratamento carinhoso com que alguém se dirige à pessoa amada?  Ora, mulata já não significa mais  a filha de escravo e escrava sexual do patrão. Não é isto. Mulata é delicada, tem pele morena, cheiro de cravo e canela. Mulata é Ravenala, mulata é Gabriela.
— Nunca vi mulata branquela. 
— Também não é preconceito chamar loira de branquela? Se não for, há uma balança com dois pesos e duas medidas na Lei. Afinal somos a mistura de muitas raças. Mas cor não é raça.  Todo sangue é vermelho, portanto o sangue de Caim era igual ao de Abel. Um era mau, o outro bom, e em nada dependeram da cor de suas peles para serem bons ou ruins. Esaú era cabeludo. O irmão não o era. Um era mau, o outro bom, e em nada dependeram da ausência de pelos, ou presença de cabelos no corpo para serem bons ou maus. 
— Vais transformar o romance em novela? Já emendaste a alça do intestino de vários contos entre si, para obteres o romance. Agora queres eliminar episódios? Preocupa com classificação não! Nem todos os países usam o mesmo critério. O que é romance aqui pode ser  novela lá. Quantas páginas terá teu livro? Quantas palavras? 
 Ravenala permanecia calada, apenas  movia os olhos como que falando através  deles, sem falar. Então, Robert continuou:
— Por que não um romance de ideias, de modo a  permitir a  Nietzsche reconhecer que Deus está vivo!  O sexto selo já foi aberto, não sentes esta manifestação do final dos tempos: o aquecimento global, o martírio dos cristãos, e a matança de crianças inocentes...
— Não quero fazer  Nietzsche chorar.
— Tens muito fôlego. Vejo isso nas braçadas de seus parágrafos. Neste caso, transforme teu  ensaio em Romance de formação. 
— O retrato de James Joyce é grande demais! Não cabe na moldura de minha parede.
—  Não queres tratar de parusia, então por que retomas temas escatológicos?
Robert assumia a função de catalizador, ora sugeria cortes, ora tentava impedir que Ravenala o fizesse.  
— Escrevemos um conto ou romance ou novela?
—  Não quero compromisso com esta ou aquela estrutura. Quero contar histórias minhas e dos outros. O que vi o  que li ou ouvi. A todas essas coisas, acrescentarei uma pitada de humor.
Adalberto Lima
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