Quando chegam as tardes de inverno, eu vou ao portão ver o horizonte vermelho acenando para minhas lembranças que choram meus olhos menino e te vejo partindo sem olhar pra dizer adeus.
Uma música fazendo ondas no vento gelado vai e vem dizendo-me que os teus passos te levaram a seguir rastros de lágrimas e não mostraram como voltar. O teu sorriso de criança repete alvo e no infinito mostrando-me que a lua era tua, e que a mo deste pra testemunha das juras de amor que se enrubescia assistindo aos primeiros beijos... Vêm as estrelas, vai-se a tarde, teu cheiro embriaga as rosas do meu jardim, rosas que por anos persistem em trazer-me a lembrança dos teus lábios, e vejo que as estrelas suportadas pelo negro da noite são memórias dos teus olhos a brincar de me amar. E o negro da noite...? ah...São teus cabelos esvoaçando ao correr menina pros braços meus.
Quando chegam as tardes de inverno, eu vou ao portão pra ver o horizonte vermelho acenando para minhas lembranças que choram meus olhos menino e te vejo partindo sem olhar pra dizer adeus.
Uma música bailando no vento gelado da noite esvoaça meus cabelos grisalhos, ainda assim ouço o choro do menino que insiste em não envelhecer tentando esperar a menina que um dia se foi levando uma semente sem dizer adeus.
A música ecoa num vai e vem querendo morrer, indo e vindo arrastada pelo vento frio da esperança ferida. Um sopro resvala meus ouvidos e ouço tua voz, um vulto apressado se desfaz na névoa dos meus pensamentos, sinto teu cheiro, minha voz quer ser grito, mas contenho-me, pois, não quero assustar meus delírios.
A música está se acabando, vai morrendo com ecos de lembranças. Tento sobreviver mantendo-a acesa neste turbilhão de sonhos que insistem em ouvi-la como se fosse um rádio mal sintonizado do outro lado do mundo.