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Ensaios-->A INTENTONA COMUNISTA DE 1935 EM POUCAS PALAVRAS -- 27/11/2018 - 12:35 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

A INTENTONA COMUNISTA DE 1935 EM POUCAS PALAVRAS

Luiz Ernani Caminha Giorgis (*)

            Em 1908 surge, no Rio de Janeiro, a Confederação Operária Brasileira (COB), inspirada em Karl Marx e Friedrich Engels. Seu órgão oficial é o jornal “A Voz do Trabalhador”, que adota uma linha grevista-reivindicatória e contrária ao Serviço Militar.

            Com a Revolução Comunista na Rússia em 1917 a COB ganha força e passa a atacar acintosamente o Governo Federal.

            Em 1922, é organizado o Partido Comunista Brasileiro (PCB), no Rio de Janeiro, negando o sentimento de Pátria e manifestando a tomada do poder pela força. O PCB lança o jornal “O Movimento Comunista” e em seguida o “A Classe Operária”. Em seguida, surgem no cenário duas novas organizações, a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) e a Federação Sindical, ambas nitidamente subversivas. A agitação reinante faz o Presidente Arthur Bernardes decretar o Estado de Sítio, somente suspenso em 1927, já com Washington Luís. No mesmo ano o Congresso aprova lei colocando o PCB na ilegalidade. O movimento comunista passa a ser clandestino. Em um congresso, o Partido escolhe Luís Carlos Prestes para líder que, convidado, aceita. Prestes era conhecido nacionalmente pela participação na Coluna de Miguel Costa (movimento tenentista).

            Em 1931, Luís Carlos Prestes segue para a União Soviética, onde faz cursos de liderança comunista. No regresso, assume a direção do Partido. As atividades comunistas ganham incremento. Em 1934, surge a Aliança Nacional Libertadora (ANL), nova organização comunista, melhor estruturada. A ALN será o dínamo da Intentona e Prestes é o Presidente.

            Neste contexto, o deputado Carlos Lacerda lê em plenário um manifesto de ataque ao governo, combatendo o imperialismo e o latifúndio. O manifesto favorece os comunistas.

            Em 1935, chega ao Brasil o agente do Komintern Artur Ewert, para auxiliar na articulação do movimento. A propaganda comunista chega aos quartéis, através de elementos doutrinados por Prestes e por Agildo Barata, entre outros. O assalto comunista torna-se iminente.

            A 23 de novembro inicia-se o levante em Natal, estendendo-se ao Recife em 24 e ao Rio a 27. Na Capital Federal, irrompe no 3º RI (Praia Vermelha) e na Escola de Aviação (Campo dos Afonsos). No 21º BC em Natal, às 1930 h de 23Nov (sábado), dois sargentos, dois cabos e dois soldados prenderam o Oficial de Dia (Ten Abel) e abriram o quartel para os demais revoltosos. Muitos eram remanescentes da recém extinta Guarda Civil. O armamento e a munição foram retirados das reservas e paióis. Armados, os revoltosos atacaram o quartel da Polícia Civil que, depois de 19 horas de resistência, rendeu-se. Os comunistas só fugiram com a ação das tropas federais, depois de terem feito vários assassinatos, saques e arrombamentos, ao longo de quatro dias. Presos logo após, responderam processos na justiça.

            Em Recife, quando os militares comunistas souberam dos acontecimentos em Natal, insurgiram-se contra seus comandantes. Em Olinda, no dia 24, civis comandados por um sargento, atacaram a Cadeia Pública, apoderando-se do armamento. A Secretaria da Segurança Pública, bem como o QG da 7ª RM foram também atacados. No CPOR, um sargento matou um oficial e feriu outro, sendo preso em seguida. Os confrontos mais graves ocorreram no 29º BC. Um comandante de Companhia, o Ten Lamartine, colocou sua tropa contra as forças legais, no que foi seguido por outras sub-unidades. Lamartine apossou-se de todo o armamento e suas tropas ocuparam vários pontos do Recife. Com o reforço de tropas das Alagoas e da Paraíba o comandante das forças legais, Ten Cel Afonso de Albuquerque, conseguiu cercar os rebeldes. Resultado: dezenas de mortos, cerca de 100 feridos e 500 rebeldes presos.

            No Rio de Janeiro aconteceram os fatos mais graves, por ser a Capital Federal. Os dois locais de maiores levantes comunistas foram o 3º RI (Praia Vermelha) e a Escola de Aviação (Campo dos Afonsos). No 3º RI, a doutrinação comunista tinha atingido oficiais e graduados, em todas as sub-unidades. Os líderes eram os capitães Álvaro de Souza, Agildo Barata e José Brasil. A unidade estava de prontidão no dia 26 Nov, em função dos acontecimentos no NE. Neste dia, à tarde, o Cap Agildo Barata recebeu ordem de Luís Carlos Prestes para deflagrar o movimento na madrugada de 26/27. O 1º tiro foi disparado às 0200 h, no pátio do Regimento. Em seguida, a Companhia de Metralhadoras foi atacada e reagiu, sob o comando do Cap Álvaro Braga. Depois de muito tiroteio e prisões de oficiais legalistas, os comunistas, ao amanhecer, dominaram o RI, inclusive com a prisão de seu Cmt, Cel Afonso Ferreira.

            A reação legalista, comandada pelo General Eurico Gaspar Dutra, não tardou, tendo a tropa cercado o 3ºRI. Sob ataque de Infantaria e Artilharia, os amotinados não resistiram e renderam-se, por volta de 1300 h do dia 27 Nov.

            No Campo dos Afonsos, o ataque rebelde iniciou por volta de 0200 h do mesmo 27 Nov, liderado por dois capitães. Dois outros capitães, legalistas, foram assassinados enquanto dormiam. Um outro oficial foi morto após ter sido preso, já desarmado e incapaz de reagir. Os amotinados apossaram-se do armamento e munição e buscaram os hangares, para acionar os aviões, mas as baterias de obuses do Grupo Escola de Artilharia impediram o acesso. No 1º Regimento de Aviação, vizinho à Escola, o Ten Cel Eduardo Gomes comandou a reação com êxito, até a chegada das forças legais. Muitos revoltosos fugiram e 254 foram presos.

            Anos depois, os comunistas da Intentona de 1935 foram anistiados e perdoados pela Sociedade, mas realizaram, em 1964 e 68, novas tentativas.

            O saldo da Intentona Comunista de 1935 foi de mais de 100 mortos, entre civis e militares, e 500 mutilados e feridos.

 

(*) O autor é Coronel de Infantaria e EM do EB.

 
 
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Nomes dos militares mortos durante a Intentona Comunista:
 
1. Abdiel Ribeiro dos Santos - 3º Sargento
2. Alberto Bernardino de Aragão - 2º Cabo
3. Armando de Souza Mello - Major
4. Benedito Lopes Bragança - Capitão
5. Clodoaldo Ursulano - 2º Cabo
6. Coriolano Ferreira Santiago - 3º Sargento
7. Danilo Paladini - Capitão
8. Fidélis Batista de Aguiar - 2º Cabo
9. Francisco Alves da Rocha - 2º Cabo
10. Thadeu Augusto Lima Costa - 3º Cabo
11. Geraldo de Oliveira - Capitão
12. Jaime Pantaleão de Moraes - 2º Sgt
13. João de Deus Araújo - Soldado
14. João Ribeiro Pinheiro - Major
15. José Bernardo Rosa - 2º Sargento
16. José Hermito de Sá - 2º Cabo
17. José Mário Cavalcanti - Soldado
18. José Menezes Filho - Soldado
19. José Sampaio Xavier - 1º Tenente
20. Lino Vitor dos Santos - Soldado
21. Luiz Augusto Pereira - 1º Cabo
22. Luiz Gonzaga - Soldado
23. Manoel Biré de Agrella - 2º Cabo
24. Misael Mendonça –Ten Cel
25. Orlando Henrique - Soldado
26. Pedro Maria Neto - 2º Cabo
27. Péricles Leal Bezerra - Soldado
28. Walter de Souza e Silva - Soldado
29. Wilson França - Soldado
30. Jeferson Almeida Xavier - Soldado
31. Bolívar Bueno -Soldado
32. Adalberto Noronha Ventura - 2° Sgt
 
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