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Poesias-->Três Janelas Para a Guerra -- 20/03/2003 - 21:58 (Francisco Nazareth) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


“Três Janelas Para a Guerra”

 

 

1

 

Raios de morte

Sobre o deserto

Anunciam

Que o sol parou de brilhar.

Nem armas, nem barões,

Nada assinalado:

Nos tempos que correm

Abafou-se o grito do Ipiranga

E a Africa geme muda

A fome de outrora e de sempre

Saciada em vão

Pelo sangue dos de hoje.

Na imediatez

Da esfíngica figura,

Simultânea em todas as casas

Tornadas negras

Pela outra, ou mesma,

Que é branca,

Raiva e indignação tornam-se espectros de "nome".

No dia de amanhã

Não haverá misericórdia.

No dia de amanhã

A repetição adormecerá

Na indiferença,

Mas permaneço acordado

Em coro de indignação.

Marcharei pelo inferno

Da dor vermelha

E declararei, sem compromisso,

Que a fome de todos

Caberá, pelo menos, na minha voz.

 

2

 

São doze horas em Sydney,

Da noite ou do dia,

Não importa:

O "outro" tinha razão

Quando dizia

"The revolution will not be televised".

Só falta acrescentar antes: "only".

Tudo, ou todo,

Ou todo de tudo,

Ou tudo de todo o RESTO

Está lá:

No simulacro "(trans)vestido"

Da dor,

No espectáculo da demência

Que é insónia

E é falência e incúria,

Sendo ainda amnésia

E injúria,

Dor feita indiferença

No rosto espelhado do "outro",

Esse "mesmo"

Onde nos convenceram

Que devemos ver

O MAL.

Nos restos de Bagdad,

Com os quais falta acabar

O que ficou destes doze anos

De permanente suplício

Auto - e hetero - consentido,

Há um povo.

Gente em dor permanente

Gente como tu e eu

Que nos convenceram

A não ver como tal.

 

3

 

Há uma canção antiga

Do Michael

Que diz:

"The only thing to fear

Is fearlessness".

Mais uma vez, profético:

Com o medo

Foi-se o respeito ...

Triste associação.

Na TV (australiana ou qualquer outra),

Essa janela torcida

Por onde nos obrigam

A ver um mundo

Forçado a existir daquele modo,

Vejo um camponês dos Açores.

A paz com que guarda

Um pequeno rebanho

Devia ser exportada.

Em lugar disso

Quatro países, incluindo o dele,

EM NOME DELE - talvez sem ele saber -

Decidem pela voz de UM

Exportar a dor.

Os sons frenéticos são

Os do costume.

Já ninguém liga

E todos dizem

Em coro de imensidão

Não saber onde está a flor.

Há uns anos - lembro -

Cantava-se em coro com o Ney

"A Rosa de Hiroshima".;

Quem se atreve hoje a abrir

A gaveta da memória?

 

Francisco Nazareth

Sydney, 20/03/03

 

 

 



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