Encruzilhada de Emoções: Livro de Yolanda Queiroga de Assis: João Pessoa/Pb: Reprint. 111p.
Por: Maria do Socorro cardoso xavier
Trovadora e sonetista paraibana de Pombal, cidade quatro- centenária. Radicada em João Pessoa, Yolanda possui extensa e significativa obra, com mais de uma dezena de livros publicados; entre eles: Psicose; Aspectos; Árvore Cortada; Estepe; Fantasmas Dispersos; Fiapos de minha vida; Feixe Desfeito; Sombras; Soprar dos Ventos; Palco do meu eu.
Sua poesia rimada, mesmo que não o fosse, trás uma musicalidade natural, num ritmo cantante e ainda um pólo irradiador jorrante de emoções. Também marcante o sentimento de amor, angústia, tristeza, a mística transcendental, tudo isso espraiando-se por todo livro. a palavra lhe fascina, embora sem pretensões pedantescas.
Será o desencanto aío retratado, mera ficção ou ele embasa uma realidade uma realidade como mola propulsora do seu cantar dolente? Depreende-se pelos eus versos lineares cheios de sinceridade que a poeta parece ter tudo: lar, família, estabilidade, mas é como se lhe faltasse algo. Uma ànsia do desejado não conseguido? Um estado de tédio, talvez próprios do século XX que assola tantos?
Há na autora uma matriz inesgotável, vinda de tantos mundos interiores, cujos pilarers básicos- o chamamento do amor pretérito, o luar, o sol de ontem chocam-se com a escuridão e crepúsculo assustador de hoje. Seu "eu" incansável de emoções interiores, em suas visões de ser e do mundo, encontra na autora imagens singulares, ora com metáforas, ora de forma direta acessível ao leitor. Neste feixe de sentimentos, muitas vezes desfeitos, a autora contempla um palco iluminado, porém solitário, desvencilha-se da encruzilhada de emoções para outorgar ao exterior sua codificação do mundo.
No apêndice deste livro, ela nos surpreende com textos em prosa reveladores de uma tendência ao romance, utilizando um rico vocabulário. Vejam-se as narrativas: "Retrospecção", "A árvore do eu", "Aspectos da vida do poeta do "Eu", "Devastação da imagem de Augusto".
Yolanda, prossiga em sua caminhada; seus projetos são bem vindos de beleza e verdades deramadas, qual canto pungente vai dando vida aoseu "aurorecer" - neologismo este muito usado (talvez criado?) pela autora. assim escrevendo seus sentidos versos, faz sua autoterapia, expulsando possíveis duendes deste conflituoso e fértil eu.
Para terminar estas assertivas sobre esta obra, calharia bem em sua performance, a expressão da poeta Cecília Meireles: "Canto porque o momento existe, não sou alegre nem triste, sou poeta".
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