Na outrora cova que morri, vivias
e em cada vinho que bebi, bebias.
Beijos celestes, carnes necrosadas,
passos taciturnos de suas pegadas.
Não te estribes de mim, incauto e belo:
asas noturnas neste céu funéreo.
Repousa-te agora, sombra infante, no vil mistério!
Mas que paixão que me embriaga o corpo.
Que riso louco que este crânio rira.
Ver-te ausente meu estranho corvo:
súcubo eterno da misteriosa lira!
Quisera eu beijar vermelhos lábios,
embevecer-me desta loucura santa.
Anoitecer entrecortando abraços
que ao invés de ossos
que na cova alço:
me preencher de tua caveira fria!
Versos funestos que da pele expiram:
suor sagrado que não é pecado,
é um desejo do corpo sepultado,
ressuscitado, que em sua sombra vira.
Amaldiçoada, nesta noite inflamo:
voando triste neste céu funéreo.
Nele repousa o corvo que ouviste
cantar seu nome neste céu etéreo!
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