Ele foi de pau de arara,
num ano de estiagem,
do Nordeste, no Sertão;
sem bilhete de passagem
(seguro só de ilusão...),
levando como bagagem
um saco com roupa e pão.
Porém, no bolso da cueca
escondeu algum dinheiro
e, uma vez no seu destino,
comprou seu próprio fiteiro
e alguns anos passados,
depois de dias suados,
transformou-se em quitandeiro.
Já tendo conta no banco
e com família formada,
resolveu voltar à terra
só de passeio. E, na estrada,
o ônibus sobra na curva,
a sua vista se turva
e ele não viu mais nada...
Foi que uma empresa fantasma
vendeu passagem barata:
- carro sem manutenção
(era quase uma sucata),
tendo bonita a pintura,
andar nessa viatura,
pra quem levou vida dura
era a melhor solução...
Agora, não tem mais jeito,
não pode mudar a sorte:
- quis fazer economia
e encontrou foi a morte,
deixando os entes queridos
mais pobres e mais sofridos,
passando grande agonia!
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