TEMPO DE COLHEITA
Voltar
Encarar o desafio
Há tanto tempo adiado,
Mal disfarçado entre o susto e a dor,
A expectativa e o temor
A esperança fez o cimento virar grama
Tempo que não foi apenas de contratempos
Entre um e outro, houve momentos
De muita magia, de pura energia,
De soltar as amarras, desfazer os nós,
Esquecer as mágoas, de ser um só
De quebrar o azul
De passear entre o verde e o vermelho,
De vagar entre dois extremos
De nunca ficar ao meio
De ultrapassar as barreiras do cotidiano
No êxtase de estar aqui
De olhar para mim além do espelho
Sem questionar, medir, comparar,
Apenas ser, essência do nada
Que espera fascinadamente
O brotar da semente que irá revelar
O que foi semeado
É tempo de espera
Sem hora marcada, cartola da vida,
Tempo mágico, quase trágico
Que balanço , qual um pêndulo,
Entre mundos opostos,
Mas estranhamente interpostos
Como um bailado de loucos
E vi de tudo nesta estadia
Da cara do sapo à alma do príncipe,
Do lobo ao cordeiro,
Vi homens em desespero,
Mulheres sem dinheiro,
Crianças sem paradeiro
E agora que se aproxima o fim
Desta pausa, não planejada
Na minha vida agitada por fúteis folguedos,
Se apodera de mim uma mistura imperfeita
Entre o medo e a euforia
Que traz de volta minha velha ousadia:
Estou pronta para próxima partida
MORGANA
Rio de Janeiro,14/02/03
RESPEITE OS DIREITOS AUTORAIS
|