MELODIA DA MEMÓRIA
Gritos no silêncio me arrepiam
Os sons parecem vir de longe
Ruídos abafados que me invadem
Me assaltam, me maltratam,
Mas não calam,como se fossem
Uma estranha melodia da memória
Uma sinfonia composta de pedaços
De uma partitura rasgada, inacabada
Num ritmo desconexo que invade a
Minha alma, espalhada em cada página
Perdida, largada, riscada dessa música
Sem harmonia, sem nexo, sem parceria
Tento ouvir os sons que vêem de fora
Vozes, risos, euforia, música ao vivo
É a vida explodindo em taças de vinho
Em meias de seda e vestidos de cetim
É a dor compartilhada em baixelas de prata
Alegria mascarada com hora marcada,tal qual
Cinderelas modernas que há muito perderam o rumo
O príncipe virou sapo e hoje chora
Mudo e surdo em cima do muro
Volto aliviada, com a alma lavada e,
Na calmaria da casa vazia
Sinto a alegria da vida vivida
Encontrei, enfim, o resto da minha partitura
E livre de qualquer amargura,
Adormeço na quietude da sala escura
MORGANA
Rio de Janeiro, 18/02/03
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